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- Vista's Time Machine - Episode 4: The Little Angel
Posted by : CanasOminous
Jun 21, 2014
Support Conversation (Vista x Mikau)
Gênero: Cotidiano familiar;
Tema: Wiki e Marco encontram um bebê e ficam desesperados para cuidar dele enquanto não acham a mãe, e para piorar; parece que o culpado é Vista e mais uma de suas invenções!
Sugestão da leitora: Bruna.
Notas: Este é um dos melhores capítulos que escrevi recentemente, aproveitem a leitura!
Por
mais que ainda fosse tarde, o céu começara a escurecer com mais pressa do que o
normal. Após um dia cheio de trabalhos e tarefas no laboratório de Vista, o
sempre revolucionário Metagross, tudo que Marco desejava era deitar-se em sua
cama e deparar-se com uma Wiki que adorava andar pelos corredores só de moletom
e roupas de baixo, mas acabou deparando-se é com um saco de lixo que já estava
ali há dias.
O
Mothim levava tranquilamente o saco preto para fora, assobiando tranquilo e sem
nenhuma preocupação. Mesmo que aquela não fosse a sua obrigação, geralmente
sobrava para o pobre Duke realizar tal tarefa, mas Marco estava de bom humor
naquela noite tão agradável e tomou qualquer atitude antes mesmo que alguém o
obrigasse.
— ♪ ♪ ♪
As
proximidades do dormitório eram sempre movimentadas, especialmente quando Aerus
aparecia para criar alguma festa ou então quando Karl e Lyndis passavam
correndo por ali gritando feito loucos, mas não naquela hora. Não havia ninguém
no pátio.
Após
descartar os entulhos, Marco teve a nítida impressão de que ouvira um choro.
Seria possível? Uma criança na base da Fire Tales?
Preparando-se
para partir, ouviu o mesmo som estridente. Um choro bem baixinho, tremido. Seria
o de uma criança? Voltou e observou tudo com mais atenção, deparando-se com um pequeno
berço azulado e de lençóis finos feito seda. Desconfiado, Marco surpreendeu-se
ao ver que ali havia um pequeno bebê de olhos claros que tremia de frio. Ao
colocar os olhos no Mothim, por obra do destino, a criança parou de chorar.
O rapaz
imediatamente levou a mão até sua boca num sinal de surpresa.
— Como isso é possível? Quem deixou este pequeno anjo
aqui?
Não
desconfiaria de ninguém na guilda, afinal, nenhum de seus companheiros faria
uma atrocidade de abandonar um bebê naquelas condições. Com tantas guerras e
batalhas se aproximando, será que alguém realmente teria interesse em... ter um
filho?
O frio
vinha aumentando nos últimos dias, e o rapaz jamais poderia deixar aquela
criança ali. Tomou o bercinho improvisado nos braços e levou-o em direção de
seu dormitório para dar a notícia a Wiki e Vista. Eles saberiam o que fazer.
Antes
que ele subisse as escadas, Sophie, a recepcionista, notou que Marco carregava
algo.
— O que está levando escondido aí, mocinho? — indagou a Gardevoir num ar gentil. Marco
começou a suar frio, mas ela logo emendou: — Espero que não sejam os biscoitos que deixei
em cima do balcão lá no bar.
— Fica tranquila, S-Sophie. São só... alguns aperitivos.
Ela
acenou com a cabeça e logo voltou a ler seu jornal. Por sorte, o bebê permanecia
calmo e silencioso, como se fosse levado para dar um passeio.
Entrando
em seu quarto, Marco procurou por Wiki desesperadamente, mas não havia sinal da
mulher. Abriu espaço na mesa e ligou o aquecedor para que o ambiente ficasse
mais confortável. Começou a encarar aquele jovem com atenção, mas sua mente
girava a milhão. Como aquilo poderia acontecer justamente com ele, e naquela
noite?! Teria sido melhor deixar Duke levar o lixo para fora...
O bebê
abriu os olhos sonolentos, e Marco começou a sua suar frio.
— O-oi, amigão... Como é que está aí?
Tinha
cabelos roxos e um rostinho bem rechonchudo. Devia ter menos de 1 ano naquelas
circunstâncias, e se alguém da guilda o estivesse escondendo, como é que
conseguira tal proeza durante 1 ano inteiro? Eram muitas perguntas que rondavam
pela mente do jovem, e por mais que ele desejasse que aquilo fosse um sonho que
logo terminaria, a criança continuava ali, encarando-o assustada.
— Você... Está com fome? Deve estar assustado, não é?
Acordar em um lugar novo, deparar-se com alguém que nunca viu na vida... Qual o
seu nome?
Suas
mãos suavam. Marco começou a limpá-las em suas mangas, olhando de um lado para
o outro e desejando que Wiki chegasse logo, ela saberia o que fazer.
Ele
logo correu para esquentar um pouco de leite que tinha na geladeira, mas não
demorou para ouvir alguns toques sutis vindos do banheiro, seguidos de um chute
intenso que quase arrebentou a maçaneta e jogou-a para longe. Wiki estava lá
dentro, vestindo apenas um moletom quentinho e as roupas de baixo com rendas
bem femininas, mas tinha um olhar que não parecia nem um pouco contente.
— Estou esperando você escondida naquele banheiro já faz
mais de vinte minutos, por que não veio me ver?! — gritou ela.
— Shhhhhhh! W-Wiki, não faça barulho! — pediu Marco.
— Eu faço o barulho que eu quiser! O quarto é seu, as
coisas são suas, você é quem paga as contas e compra a comida, mas eu falo do
jeito que eu quiseeeer, OUVIU?!
Preparando-se
para levar uma bronca daquelas, subitamente Wiki parou de gritar e seus olhos
de vidro se arregalaram. A mulher não acreditou quando viu aquela pequena
criança sobre a mesa, olhando para ela com a mesma curiosidade compartilhada.
— Eu não acredito, Marquinho. Seu filho já tem esse
tamanho? — perguntou Wiki, perplexa. Ela logo estalou os dedos das
mãos. — Quem é a vadia?
— Não inventa, Wiki. Esse filho jamais poderia ser meu, eu
o encontrei hoje lá no pátio enquanto levava o lixo para fora, parece até que
alguém esqueceu ali.
— Ou tentou se desfazer dele — disse ela, sem palavras para
aquela ocasião.
Era
difícil ver Wiki ser surpreendida por algo, mas pela primeira vez, Marco notou
claramente que ela estava assustada com aquela situação. Por mais que fosse uma
mulher tão cheia de experiência, sua vivência com crianças parecia ser
extremamente delicada. Marco olhou para o bebê, que olhou para Wiki, que voltou
a olhar para Marco. Era difícil dizer quem estava mais boquiaberto naquela
situação.
— Eu... Posso pegar nele? — perguntou Wiki, com uma voz tão calma e
gentil que seus amigos teriam duvidado ser dela.
A moça
segurou a criança com suavidade, deixando-a perto de seus seios enquanto sorria
comovida e especialmente contente.
— Que sensação estranha — comentou Wiki. — Segurar uma criança assim, uma vida.
— Não acredito que você nunca tinha cuidado de nenhum
bebê, pensei que fosse expert nisso — disse Marco, que logo levou um empurrão,
preferindo ter ficado quieto.
— Ei, estou ficando mais comportada ultimamente, tudo bem?
Tive amigas que tiveram filhos bem cedo, mas eu sempre.... me sentia muito insegura
perto de crianças. Nunca deixei de tomar todas as precauções — ela sorriu novamente como uma jovem
apaixonada, balançando a criança de um lado para o outro como seu pequeno
tesouro. — Mas se eu tivesse experimentado antes, talvez eu mudasse
de ideia mais cedo.
Marco
engoliu seco, mas logo o assunto se perdeu.
— Qual o nome dele?
— Já disse que não sei, eu o encontrei agora.
Pensei em mostrá-lo para a Sophie que é enfermeira, mas achei que seria melhor
falar com você antes.
— Que bonitinho, você confia mais em mim! — respondeu Wiki, acariciando os cabelos do
jovem. - Fez bem. Olha só para esse menino, esse cabelinho roxo tão lindo, e
esses olhos quase brancos de tão claros que são! Será que um dia terei um
filhinho tão lindo assim?
— It could be yours.
Subitamente,
Vista surgiu no quarto explodindo uma das paredes e fazendo uma barulheira
daquelas, só para garantir sua entrada triunfal de sempre. Com o barulho todo e
o susto que levara, o bebê começou a chorar de tal maneira que o ciborgue
preferiu ter entrado pela porta uma única vez.
— Olha só o que você fez, Mecha-boy!!! — gritou Wiki. — Seu BESTA!!
— Ai, caramba!! Aconteceu o que eu não queria!! — choramingou Marco. Era ele que quase estava
começando a chorar. — O que vamos fazer? O que vamos fazer?!!
— Shit. I'm sorry,
é que nunca lidei... Com essas coisinhas estranhas — disse Vista, cutucando a criança bem de
longe com uma de suas garras e tomando as devidas precauções, como se ele fosse
mordê-lo.
— Faz ele parar de chorar agora, antes que alguém ouça! — disse Wiki.
Vista
pegou o berço inteiro com o bebê e jogou-o dentro de um compartimento secreto
no peitoral de sua armadura, mas o eco do choro começou a tornar-se ainda mais
alto do que o esperado.
— Ai, meu Arceus! E se o Aerus entrar aqui e ver esse bebê?
Ele vai dizer que eu sou o pai, e aí acabou minha vida! - Marco corria de um
lado para o outro, desesperado. — Isso porque eu ainda nem tive a oportunidade
de fazer nada com nenhuma garota ainda... Vou morrer viIIIIIISSSH!
— Acho que ele molhou as calças — comentou Vista, sombrio.
Wiki
pegou a criança de volta e a balançava de um lado para o outro.
— Droga, Mecha-boy! Estava tudo perfeitamente bem sem a sua
presença, por que você tinha que aparecer?!
— Eu vim porque eu sei exatamente porque essa criança esta aqui,
e especialmente porque minha máquina do tempo é a culpada por essa
catástrofe... — admitiu o Metagross.
— Quer dizer que foi você quem trouxe esse bebê para cá?! — Wiki perguntou, indignada.
— Correção: Eu não. Foi a máquina.
— Você me tira do sério, Vista! E como pôde ser mal o
suficiente para largar uma criancinha tão linda no meio do lixo, como se
tentasse descartá-la? Você não tem coração?
— DAMN, WOMAN! Eu estava desesperado — respondeu o robô, numa rara situação em que
parecia perder o controle. — Fiz uma viagem no tempo tranquila para um futuro
distante, e quando voltei, encontrei-me com essa... coisinha.
— Não o chame de coisinha, ele é tão fofo — disse Marco.
— É uma coisinha que só baba, faz barulhos estridentes e
fica com o nariz fungando o tempo inteiro.
I HATE CHILDREN.
— Não é de se surpreender... Mas eu gostaria de saber
exatamente o motivo de você ter viajado no tempo, e o que o senhor fez no
futuro para que essa criança acidentalmente aparecesse aqui, bem na sua guilda — continuou Wiki.
Vista manteve-se
em silêncio, ocultado por seu manto negro. Precisava dar a notícia de algum
modo.
— Eu não sei de quem é essa criança. Minha máquina do tempo
cria vários futuros a cada instante, mas no fim de minhas viagens, a lendária
guardiã do espaço, a senhorita Paula, reverte os erros cometidos. Mas sempre
ficam falhas, e dessa vez, temo que eu tenha ido longe demais.
— Você SEMPRE vai longe demais!! —contestou Marco, e a criança ainda chorava.
O rapaz
terminou de aquecer a mamadeira e logo deu o leite quente para que a criança
adormecesse. Ele logo se aquietou, o que permitiu que os três relaxassem. Por
sorte os demais membros da guilda estavam bem acostumados com gritos vindo
daquele quarto, então não era nenhuma novidade.
— Posso segurá-lo de novo? — perguntou Wiki.
— Pode sim. E enquanto isso, Vista, arrume a parede que
você destruiu. Vamos nos acalmar e pensar seriamente no que fazer nesta
situação tão delicada...
O ar
dentro do quarto começou a ficar mais tenso. Ninguém falava nada. Wiki, que era
sempre tão barulhenta, vestiu algumas calças e decidiu comportar-se enquanto
cuidava do menino de cabelos lilás. Vista andava de um lado para o outro, devia
estar pensando em equações e possibilidades de levar aquela criança de volta
para seu tempo de origem. Marco não se cansava de olhar para o pequeno.
— Ele é tão bonitinho, não é?
— É sim. Devíamos dar um nome — sugeriu Wiki.
— NO. NAMES. — Rugiu Vista. — Quando se dá nomes, logo vem a afeição, e
daqui a pouco teremos um pequeno moleque catarrento correndo nu pelos corredores
enquanto vocês tentam dar banho nele. Please,
NO.
Wiki
fez uma careta, descontente com aquilo. A criança dormia em seu colo, e Marco
ainda o olhava com extrema curiosidade. Observou sua companheira, e depois o
bebê, revezando olhares. Não podia ser...
— Wiki, percebeu como esse menino é...
— Parecido comigo? — Ela perguntou, como se praticamente soubesse
no que Marco estava pensando. — Claro que percebi, mas... É estranho. Muito estranho.
Marco
chegou mais perto dela para que ciborgue não ouvisse a conversa.
— Acha que o Vista tentou saber como seria seu casamento
no futuro, e acabou trazendo seu filho acidentalmente?
Em um
raro sinal de vergonha, as bochechas de Wiki coraram.
— Nossa, isso seria tão... mágico —Ela falava com a voz carente e amorosa. — Veja só, meu coração está até batendo mais
forte.
— E que nome você está pensando em dar pro
moleque? Google? Faça-me o favor, andrógena, he couldn’t be your son! —
desdenhou Vista. — Sem contar que não tem nada a ver com você.
— Você não se cansa de ouvir a conversa dos outros, não? — reclamou ela, enfurecida. — Olha só o cabelinho dele, claro que pode ser
meu. É só eu encontrar um marido bacana, esperar alguns meses e pimba! Pronto. Tá aí minha criança!
Desse jeito, não vou fazer questão de convidá-lo para o meu chá de bebê.
— Wait a minute. Estou tentando imaginar como seria você
casada — murmurou Vista, levando apenas alguns segundos para anunciar
com uma voz mecânica. — ERROR 404. File
not found.
Wiki
revirou os olhos.
— Você me dá nos nervos.
A noite
caiu fria. Marco imaginava como aquele bebê estaria se ainda estivesse
abandonado completamente sozinho perto do depósito. Vista acabara de bolar um
plano, e enquanto não pudesse mandar o pequeno "Google" de volta para
o futuro, teriam de escondê-lo de todos os demais para não arranjar confusão.
— Levem-no para o laboratório. Eu que causei tudo isso, eu
que irei resolver.
O grupo
saiu do dormitório como verdadeiros gatunos. Ninguém os viu, nem mesmo Sophie
que estava na entrada da recepção. Eles fizeram seu caminho até o local de
trabalho de Vista, mas assim que as luzes foram acesas, algo se moveu lá
dentro.
Wiki
abraçou a criança com mais força, como se quisesse protegê-lo.
— Tem alguém aqui. Será que vieram pegar meu filho?
— Wiki, ele não é seu... — respondeu Marco.
— Silence.
Vista
ativou um dos canhões em seu braço e movimentou-se sorrateiramente pelos
aposentos. Ferramentas estavam remexidas, e praticamente tudo fora revirado
como se alguém estivesse em procura de alguma coisa que não encontrou. Se
houvesse um ladrão ali, logo ele seria exterminado. Marco também colocou-se em
prontidão. Era difícil fugir dos olhos infra-vermelho do ciborgue. Logo, ele
avistou seu alvo.
Vista
fez apenas um sinal para que seus amigos ficassem afastados e protegessem as
crianças. Ao aproximar-se de um caixote, revirou-o com violência e pôde ver
escondido logo ali atrás... outra criança. O Metagross imediatamente
afastou-se. Nada o teria deixado mais assustado.
— É uma menina — disse Marco, já menos tenso com a notícia. — É apenas uma menina perdida.
A
garotinha estava ajoelhada, protegendo o rosto e o corpinho tão singelo de
menina. Devia ter seus 8 anos. Tinha cabelos longos azulados, olhos calmos, ternos e suaves. Ela estava mais amedrontada do que todos os demais. Vista
esticou uma de suas enormes mãos em direção dela que apertou-se ainda mais em
seu canto.
— Se afaste! — gritou a menina. — Eu não vou deixar vocês me pegarem!
Vista
obedeceu e afastou-se. Por mais que fosse rude e violento, em seu coração ainda
vivia uma máquina. Podia odiar crianças, mas não se imaginava fazendo mal algum
contra elas. Abandonara aquele outro bebê por estar desesperado, mas agora,
encontrar mais um? Aquilo estava indo longe demais.
Marco
tomou frente e ajoelhou-se em frente da menina, falando de maneira suave e
gentil:
— Não tenha medo. Nós queremos ajudar.
— Não, não! — A menina se espremeu ainda mais. — Onde está o papai? O que vocês fizeram com
ele?
— Nós não sabemos quem é o seu pai... — desculpou-se Marco. — Mas quem é você, e de onde veio?
Wiki
também chegou bem perto dela e sorriu de maneira confortante. Ajoelhou-se para
ficar na altura da garota e seus olhos brilhavam.
— Qual é o seu nome, minha linda?
Sentindo-se
mais confortável com os dois, e longe de Vista, a garotinha falou:
— Meu nome é Milita... E-Eu não sei como vim parar aqui...
Onde estão meus irmãos? E o papai?
— Seus irmãos? — Wiki perguntou, lembrando-se da criança que
encontrara. — Está falando dele?
— Midas! — disse Milita, aliviada por ver um rosto conhecido.
— Graças a Arceus o nome dele não vai ser mais Google... — comentou Vista, de longe.
Marco
ajudou a menina a levantar-se, e após arrumarem a bagunça que estava no
escritório, tentaram acalmá-la como pudessem, para extrair o máximo de
informações possíveis. Wiki ainda estava maravilhada com todas aquelas crianças
na guilda, mas perdera um pouco as esperanças de que pudessem ser filhos seus
num futuro distante, afinal, Milita tinha o cabelo azul... Quem mais na guilda
tinha cabelo azul?
— De onde você vem, little
sister? — indagou Vista tentando
manter toda a calma possível, mas amedrontando a menina com seu tamanho
assustador.
O robô
deu de ombros e logo se virou.
— I give up. Não
conseguirei extrair nada dessa garotinha!
— Milita, você pode nos ajudar? É só dizer de onde vem,
quem é o seu pai e como chegou aqui.
A
garotinha virou a cara.
— O papai disse para eu nunca falar com estranhos... E é
pra eu bater neles, se continuarem insistindo.
— Papai interessante que você tem — comentou Wiki. — Ele parece ser um homem de atitude.
— Ele é sim, é o meu herói! No começo, a mamãe dizia que
ele era muito mal e fez coisas horríveis, mas que no final virou o melhor pai
do mundo. — A garotinha sorria de maneira revigorante quando falava nele, e
começou a imitá-lo com as mãos, como se carregasse duas pistolas. — Estava sempre atirando em tudo, pshh, pssh!
Um
breve silêncio formou-se na sala.
— A shooter? — Vista e Wiki se entreolharam, captando a
ideia no mesmo instante. — Marco, vá nos dormitórios e convoque a presença de nosso
atirador até aqui.
— Ele não vai vir, o senhor sabe muito bem — respondeu o
Mothim.
— Oblige him.
Vista
começou a trabalhar imediatamente nos reparos de sua máquina no tempo enquanto
Marco corria em direção dos dormitórios. Tudo começou a fazer sentido. Milita
observava o Espectro Mecânico, espantada. Ele trabalhava com pressa, como se
sua vida dependesse daquilo. Wiki andava de um lado para o outro, pensativa.
— Quem diria que isso aconteceria no futuro, Mecha-boy? O Mikau, com dois filhos
lindos como esse?
— Wiki, em minhas viagens no tempo aprendi muito, e uma
das principais lições é sobre as burradas que fazemos entre as dimensões.
Coisas que vemos, destinos que mudamos. Essas duas crianças jamais poderiam ter
vindo aqui!
— E o que pretende fazer? Jogá-los fora como da primeira
vez? — gritou
Wiki, indignada. — Vou me certificar de que você construirá tudo direito,
para que eles tenham uma viagem segura e nada saia errado.
A
mulher respirou fundo.
— Eu irei ajudá-lo.
Vista
confirmou com a cabeça, afinal, Wiki devia ser uma das mulheres mais
inteligentes da guilda. A moça deixou o pequeno Midas sobre uma mesa e correu
para buscar as ferramentas, mas logo percebeu que Milita não estava mais em
lugar algum.
— Mecha-boy, a
garotinha sumiu!
— Shit. Não
deveríamos ter ficado falando alto, era só construir e jogá-los no portal. Fim
de assunto. Aposto que encontrariam o caminho de casa.
— Nada disso! — bradou Wiki. — Continue fazendo os reparos na máquina, eu
vou atrás dela. E não se esqueça, o Midas estará logo aí. Tome conta dele.
— EEEEEEU? NEVER.
—
Mas já era tarde, e Wiki já havia desaparecido nas sombras da noite.
Midas e
Vista trocaram olhares. A criança fez uma enorme bolha de baba que estourou,
fazendo o enorme ciborgue até largar sua ferramenta no chão.
Vista
continuou dando o seu melhor na máquina do tempo, no final de suas viagens
sempre acabava destruindo-a, e justamente quando mais precisava estava tudo
destroçado! Nem ele imaginava que poderia terminar em tempo recorde, e ao
ativar a energia viu que tudo estava conforme o esperado.
Respirou
fundo. Olhou para o pequeno Midas ao seu lado e segurou no berço, olhando em
direção do portal.
— Let's make a trip, little boy.
• • •
— Mikau, você precisa vir com a gente! É sério, é muito
importante! Importante mesmo!
— Dê-me um bom motivo para deixar a Milena aqui e sair com
você — disse o atirador, não convencido de toda aquela conversa.
Marco
nunca conhecera Mikau muito bem, e sempre sentira-se intimidado por ele. Não
via como um homem deixaria uma linda mulher esperando em seu quarto enquanto
saía para lugar nenhum com um conhecido. O Mothim não queria correr o risco de
falar exatamente o que acontecia, afinal, e se estivesse enganado? E se o filho
não fosse de Mikau, ou pior, de Milena? Toda aquela conversa de viagem no tempo
estava muito confusa e parecia só piorar.
Milena
segurou no ombro do rapaz e sorriu em sua direção.
— Vá. Pode ser algo importante, eles precisam de você.
— Não estou a fim de ir — admitiu o atirador.
— P-Por favor... — rogou Marco uma última vez. — Você precisa ver isso.
Após
muita insistência, Mikau vestiu uma regata branca e calças largas. Saiu na
noite tranquilo sem esperar nenhuma novidade, mas era visível no olhar de Marco
o quanto ele estava desesperado.
— Mikau, você precisa ver isso! Apresse o passo!
— Espero que não seja mais nenhuma experiência ridícula do
Vista. Não estou a fim de virar mulher de novo — disse o atirador.
— Tudo bem, admito que é uma experiência, sim... Mas dessa
vez é algo diferente.
Não
demorou para que Wiki surgisse correndo em sua direção e trouxesse a notícia
consigo.
— Marco, a Milita sumiu!
— COMO ASSIM?! — gritou o Mothim. — Ai, meu Arceus!! O Mikau vai matar a gente!!
— Quem é Milita? — indagou o Kingdra, indiferente, bocejando, e
com sono.
— Marco, vamos nos separar e procurar por ela agora mesmo!
A Milita fugiu quando eu e o Vista começamos a brigar, precisamos encontrá-la
para devolvê-la ao seu tempo de origem antes que o fluxo do futuro seja
alterado por nossas decisões no passado! — explicou Wiki.
— Tudo bem. Mikau, ajuda a gente a encontrá-la? — pediu Marco. — É uma garotinha de cabelos longos azuis,
deve ter uns oito anos... Se encontrá-la, vá direto para o laboratório do
Vista. Obrigadão!!
— Vocês são loucos...
• • •
Vista
caminhava tenso em direção de uma pequena cabana a beira mar. No braço direito,
um berço com o pequeno Midas adormecido. Não esperava bater na porta da frente,
então pensou se simplesmente deixaria o berço ali novamente como fizera antes,
mas... E se ninguém viesse?
Engolindo
seu orgulho, deu uma volta na cabana até encontrar uma varanda que dava uma
visão belíssima para o mar. A areia nos pés, as palmeiras balançando, uma paz
que há muito ele não sentia.
— Que paraíso você encontrou, hein, meu amigo — sussurrou Vista para si mesmo.
Uma das
janelas de vidro não estavam trancadas, pois não havia perigo numa região como
aquela. O ciborgue deixou o berço gentilmente na sala. Midas já dormia solenemente.
Porém, ao virar-se para ir embora, tomou um tiro na cabeça que chegou até a
fundar seu elmo de ferro, mas nada preocupante. Irritadíssimo com aquele ultraje, foi surpreendido por mais
uma criança.
— Who the hell are you? — bradou o ciborgue.
— Quem invade a casa do meu pai? Vou atirar em você com
meu Water Gun! — gritou a menina de cabelos azulados, presos em um rabo de cavalo.
— Quantas crias aquele bastardo espalhou pelo mundo?! — rugiu Vista, inconformado com tantas
crianças que vira num único dia.
A
menina ainda apontava a mão em sua direção, simulando uma arma, uma técnica já
bem conhecida do Metagross. Ela o encarava com fogo no olhar. Seus cabelos eram da cor dos mares revoltosos após uma manhã de ventanias e estavam presos em um rabo de cavalo improvisado. Ela não
demonstrava hesitação.
— Se você não sair da minha casa agora mesmo, vou atirar
em você de novo! E dessa vez não vou errar, ou melhor... Será com ainda mais
força, porque eu nunca erro!
— Onde está seu pai, menina? — indagou Vista, acariciando o local que fora
perfurado pelo projétil de gelo.
— Ele saiu para procurar por meus irmãos que sumiram de
repente, e... — dizia a menina, ao perceber que Vista trouxera um deles
de volta. — V-Você encontrou o Midas!
—
You're welcome — respondeu ele já preparando-se para ir
embora.
— Espere! Quem é você? Algum tipo de anjo da morte?
Vista
voltou o olhar sombrio para ela.
— Já
abandonei esse apelido há muito, muito tempo... Mas talvez o seu pai vá se
lembrar. — interveio o espectro. — Diga-me seu nome, e eu responderei.
A
menina estufou o peito e anunciou:
— Eu sou Aysha, a atiradora. Tenho 7 anos, e sou a filha
de Mikau, o Kingdra mais poderoso que este continente já viu.
— Vista sorriu e acenou com a cabeça.
— Então diga ao seu pai, apenas, que... Um velho amigo fez
uma visita. Farewell, Aysha. Que o futuro nos reserve um reencontro predestinado!
• • •
Mikau
andava sem interesse algum procurando aquela tal de Milita que não fazia ideia
de quem era. Nunca fora um bom rastreador, e estava prestes a voltar para o
conforto de sua cama quando avistou uma garota andando sozinha no pátio vazio
da guilda. Ele franziu o cenho, a menina o vira, mas não disse nada.
— Seu nome é Milita? — perguntou Mikau, mas sem uma resposta. — Se for, me segue logo que tem uma galera
estranha te procurando.
Ele
voltou a caminhar, mas a menina não o seguiu.
— Ei, você é surda? Ou vou ter que ir aí te buscar?
Libertando-se
do transe, Milita correu em sua direção com uma obediência que até mesmo Mikau
estranhou. Não sabia que se dava tão bem com as crianças.
Os dois
caminharam em silêncio, mas o atirador percebia claramente que aquela garotinha
não tirava os olhos dele. Virou-se ligeiramente para encará-la, e ela desviou o
olhar, envergonhada. Mikau divertiu-se com a cena. Seduzindo até mesmo as mais novas, hm? —
pensou num tom de deboche.
O homem
caminhava com as mãos no bolso, quieto como um túmulo. Foi quando, de repente,
sentiu que aquela mesma menina tentava segurar sua mão numa tentativa falha.
Ele imediatamente afastou-se.
— O que pensa que está fazendo? — indagou Mikau. Nem mesmo Milena andava de
mãos dadas com ele. Odiava aquilo. Odiava que o tocassem.
— D-Desculpa... Eu só pensei que você era...
Mikau
balançou a cabeça e voltou a caminhar com as mãos no bolso. A garotinha apreçou
o passo para acompanhá-lo ainda sem tirar os olhos dele, até que o atirador
decidiu quebrar o gelo.
— Você tem um cabelo muito bonito — admitiu.
— Mamãe sempre diz isso. Sou a cara dela — respondeu a
menina, meio tímida.
— Então sua mãe deve ser realmente muito atraente.
Milita
parou de andar ao ouvir aquilo, e foi logo seguida por Mikau que também parou,
olhando para trás.
— Então... Você não lembra? — perguntou a pequena.
— Lembra de quê?
— Da mamãe... De mim.
Mikau
franziu o cenho.
— Olha, garota.... Essa conversa está ficando bem
esquisita.
— Seu nome não é Mikau? — ela perguntou, como se já soubesse a
resposta. — Sou eu, a Milita.
— Eu... conheço você? Desculpe, não me lembro mesmo. De
repente você é filha de algum conhecido meu de Hoenn, não sei... Quem é seu
pai?
Os
olhos da garota começaram a se encher de lágrimas e ela não resistiu. Mikau
assustou-se com a cena, não havia ninguém ao redor. Uma criança perdida em sua
frente é o suficiente para que o mais árduo dos guerreiros se derreta. O homem
aproximou-se dela sem reação, mas Milita apenas chorava, chorava e chorava...
— E-Ei, calma, foi mal. Desculpe por não lembrar, mas eu
realmente não sei quem você é... Desculpa de verdade.
Ela
continuou chorando, levou as mãozinhas até seu rosto para tentar parar, pois
certa vez ouvira seu pai dizer que ela nunca deveria chorar e demonstrar
fraqueza diante dos outros. Completamente sem reação, a única alternativa que
Mikau encontrou foi a de agachar e cobrir a menina com seus braços, dando-lhe
proteção.
Milita
abriu os olhos e sentiu-se no conforto de um abraço tão conhecido.
— Me desculpe. Não faço ideia de quem você é, mas farei o
possível para que você se encontre com seu pai. Eu prometo.
— P-Pai... — Milita sussurrou, antes que seu corpo
começasse a desaparecer. Suas mãos foram perdendo a cor, Mikau afastou-se e viu
que ela parou de chorar, e com um último olhar esperançoso, a menina fixou os
olhos no rapaz e sorriu:
— Obrigada.
Não
demorou muito para que Marco, Wiki e Vista fizessem seu caminho até onde Mikau
estava. Eles só encontraram o homem agachado no chão, com as mãos a abraçarem
nada além de pequenos brilhos que se erguiam em direção do céu vazio.
— O que houve? Onde está a Milita? — indagou Marco, extremamente preocupado.
— Ela foi para o lugar que deve estar. A far, far away future — explicou-lhes Vista. — Acredito que meu companheiro atirador tenha
descoberto algumas coisas a mais do que deveria.
Mikau
não demonstrou expressão alguma. Não parecia preocupado ou assustado, apenas
confuso. Voltou o olhar para o ciborgue, e por fim falou:
— Então, esse era o showzinho que vocês queriam me
mostrar?
— M-Mikau, perdoe-nos, foi um acidente... — desculpou-se
Wiki, mas o rapaz logo sorriu e olhou em direção das estrelas. Era difícil imaginar no que ele pensou naquele instante.
— Milita. Adorei esse nome.
Image by: Litos
Ao que indica parece que ele ficou com a Akagi :3 ou eh isso que quer que nos pensemos :3 Obrigada por me deixar confusa '-'
ReplyDeleteQue filhos KAWAAAIS!!
WV
Diga ae, WV! Se olharmos bem para a cara dessa adorável criança, veremos que a Milita também se parecem com a Milena... Bom, vai saber, né? A Litos foi a artista desse desenho, e trabalhamos juntos no Support justamente para criar várias ideias bizarras na mente de vocês! O futuro é sempre muito incerto, e o Vista's Time Machine está cheio de universos paralelos, imaginários, coisas que nunca poderiam acontecer... Ou será que ele só estava prevendo o futuro? Pode ser os dois. (Ou as duas, sacou? kkkkk Ah, deixa pra lá...) Valeu pelo comment, WV. Beijos!
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