Posted by : CanasOminous Jun 4, 2014

Capítulo 2
Charadas na Escuridão

— Acorde. Acorde.
— Me deixa em paz...
— Não, não deixo. A não ser que você queira se atrasar para a aula.

Helen deu um pulo da cama quando olhou para seu despertador em baixo do travesseiro e a figura de um Pikachu de pelúcia derrubado no chão.
O relógio marcava sete e quinze, sendo que sua aula estaria começando assim que ele marcasse os trinta minutos. A menina soltou um grito ao perceber que estava atrasada, e num rápido salto entrou no banheiro para trocar-se antes que fosse tarde demais. Sua tia já havia ido trabalhar. Fez todas as suas necessidades e correu para fora, deixando tudo para trás como estava. Não haveria nada de importante naquele dia, porém, a menina era daquele tipo de aluno que odiava chegar atrasado, todos caçoavam e prestavam atenção em quem chegasse atrasado, e naquele momento era tudo que Helen menos queria.
O ônibus de seu horário já havia ido embora, precisava seguir a pé.
Estava um sol de matar, e Helen passava mal quando exposta a calores intensos, numa situação de ansiedade para não atrasar-se para a aula era pior ainda, sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento. Helen corria de forma desengonçada, seus passos mais rápidos eram como se alguém caminhasse normalmente ao seu lado. Faltavam ainda duas quadras até o colégio, e três minutos para o fim da maratona. Para melhorar, um rosto bem familiar na rua.
— Opa, vou ter companhia hoje fora da sala! — era Wes que já caminhava com as mãos no bolso admitindo a derrota para o relógio.
Helen preferiu não dar ouvidos e continuar correndo.
— Eu não vou me atrasar, e não vou ficar fora da sala! — gritou ela.
Wes caiu na risada seguindo com seus passos lentos e descontraídos. Helen corria, deu duas olhadas no relógio em perfeita sincronia com o da escola, e notou que já haviam se passado dois minutos do tempo em que os portões se fechavam. Quando esse tempo estourava, o aluno deveria ir para a diretoria pedir permissão para entrar. Helen atrasou seu caminhar até parar no meio da calçada, Wes logo a alcançou.
— Quando um aluno chega três vezes atrasado ele leva uma advertência.
— Eu não estou atrasada, foi um acidente!! E essa é a minha primeira vez, tá bom? — respondeu Helen de forma irritada. O rapaz recuou e deu uma risada ligeira.
— Calminha, amiga! Você vai precisar se atrasar mais umas cem vezes para repetir que nem eu, eu só estava brincando.
Helen abaixou a fronte e voltou a caminhar. Wes tentava acompanhá-la com os passos mais lentos possíveis. Ele tinha que olhar para baixo quando se dirigia à humilde figura daquela garotinha. Helen tinha por volta de um e sessenta de altura, enquanto Wes chegava perto dos um metro e oitenta. Eram duas figuras estranhas caminhando lado a lado naquela manhã, uma era recatada demais, e outro muito espontâneo. Wes adorava conversar com todos os alunos, e mesmo que fizesse brincadeiras e a perturbasse freqüentemente, ele ainda não possuía uma intimidade tão grande com a moça.
— É a primeira vez que te vejo chegando tão tarde. Eu podia jurar que você vinha de carro.
— Eu perdi a hora. Acho que desliguei o despertador e coloquei ele em baixo do travesseiro. Tive sorte porque meu amigo me acordou. — respondeu Helen.
— Você mora com seus pais? Sozinha? República?
— Praticamente sozinha, minha tia nunca está presente. — continuou a garota.
— Ah, dahora.
Provavelmente Wes não havia se dado conta da gafe cometida na fala de Helen. A menina disse que seu “amigo” havia acordado-a, sendo que antes afirmou morar sozinha com a tia. Por sorte Wes era uma figura lenta e desnorteada, mas com um rapaz do jeito dele Helen imaginava que bastariam dois segundos para que todo o colégio descobrisse que ela brincava sozinha e criava amigos imaginários. Ou melhor, Pokémons imaginários.
— Diga aí, garota. Qual a sensação de chegar atrasada na aula? — perguntou Wes com as mãos atrás da cabeça e bocejando pelo sono.
Helen parecia pensativa. Ajeitou a mochila nas costas e olhou para o alto.
— Me sinto burra. Ainda mais do que já sou.
— Noooooossa, falou que os caras que chegam atrasados são todos burros. Mancada.
— N-Não foi isso que eu quis dizer. Eu estava brincando, me perdoe! Me perdoe!
Wes caiu na risada e colocou a mão nos cabelos finos de Helen, bagunçando-os de um lado para o outro enquanto a menina se encolhia como um animalzinho que teme por maus tratos.
— Tô zuando, menina. Só não entendi porque você disse que se sentiu mais burra do que já é. Tipo, você é inteligente, saca? Consegue se virar sozinha, não tem as melhores notas, mas também não fica de recuperação. E isso é o importante.
Aparentemente, Wes era uma figura bem observadora na sala. Sabia até mesmo as notas que a menina tirava.
— Agora, me pergunta quantas matérias eu vou ficar de dependência até o fim do ano.
— Quantas?
— Cinco. — disse Wes de boca cheia, como se tivesse orgulho de tal número. — Na verdade, todas por falta. Eu sempre perco as datas das provas, acabo esquecendo o dia e deixo tudo para depois. É... Se eu não me esforçar vou passar mais alguns bocados com a galera. Mas eu sou inteligente quando quero, acredite.
Helen parou para analisar os fatos e percebeu que realmente era uma figura mediana na sala. Não era das mais inteligentes, mas não estava na corda bamba como seu companheiro de atraso. Wes seguiu o caminho inteiro fazendo piadas e entretendo Helen, aquela havia sido a conversa mais longa com um colega de escola que já tivera, e havia apreciado muito aquilo. Os dois ficaram na diretoria para registrar o atraso, os seguranças já deixavam Wes passar como se ele fosse um membro VIP.
Os dois se dirigiram à sala de aula e esperaram. Esperaram mais um dia maçante e de lavagens cerebrais sobre provas no fim do ano.
Já que todos os lugares da frente estavam ocupados Helen foi obrigada a sentar-se no fundo com Wes e outros garotos da pesada. O ruivo cutucou a menina e disse baixinho:
— Seria melhor se a gente tivesse se atrasado mais algumas horas do que ficar ouvindo esse velho dar aula, não é?
Helen não conteve um leve riso. Wes logo retomou sua posição no assento quando o mesmo velho professor chamou sua atenção pela terceira vez. Na próxima, a porta da rua seria serventia da casa.
Helen permaneceu encolhida em seu canto nas horas seguintes. Wes também tinha seus amigos, e não poderia dar atenção para a menina a todo momento. Mais uma vez, o sentimento de querer voltar para casa era o que mais a cercava. Will, seu Pikachu de pelúcia, estaria esperando para iniciarem mais uma aventura, e agora, Helen já começava a imaginar como seria a viagem daquela manhã.
Assim que o sinal soou ela partiu. Não deu nem tempo para que Wes se despedisse, ela realmente estava com pressa. Seguiu até a rua e pegou o ônibus para seu apartamento. No elevador pensou em como elaborar uma nova aventura, sendo que sua mente trabalhava a mil com ideias inovadoras e formas divertidas de se entreter com seu novo amigo. Assim que abriu a porta foi correndo até o seu quarto, e lá estava o Pikachu de pelúcia caído no chão. Da mesma forma que havia deixado-o de manhã.
— Se não fosse por mim, você teria se atrasado para a aula. — disse Will.
— E eu me atrasei. — respondeu Helen com uma risada, erguendo-o no colo e colocando-o na mesa para em seguida arrumar sua cama. O ratinho elétrico continuava a observá-la com seus olhos de botão envernizados.
— Diga-me, Senhorita. O que faremos hoje? Qual será a aventura dessa manhã?
— Vamos explorar a escuridão da caverna misteriosa, lembra-se?
— Sim, eu me lembro. Você acha que está pronta para encarar os desafios deste lugar? Ouvi dizer que lá habita um guardião terrível, e ele não permite que ninguém saia vivo. Aceitará mesmo essa missão, Senhorita Helen? — indagou Will.
— Sim, eu aceito. Tenho você ao meu lado, não preciso de mais ninguém.
Mais uma vez o apartamento transformou-se em um continente sem fim. Helen caminhou até a floresta com velocidade, e em meio aos pinheiros gélidos podia notar uma caverna solitária acampada no meio do bosque. Um forte calor era exalado de dentro da porta escura, mas a garota e seu companheiro não temiam mal algum.
— Will, acho que uma caverna gigante como essa não seria adequada para uma floresta de coníferas no meio de áreas com clima amenizado. Podemos transformar tudo numa área vulcânica, o que acha? — disse Helen.
O Pokémon elétrico apenas concordava.
— Só se você quiser, Senhorita.
Agora a sala era um vulcão em atividade, a ocasião perfeita para a primeira aventura de Helen e seu Pokémon. Com passos latentes ela adentrou o domínio do inimigo, caminhou com imensa cautela para ver se ninguém a observava, mas do alto da montanha havia Skarmorys sentinelas que vigiavam tudo em volta. Helen precisava silenciá-los.
— Will, utilize o Thunderbolt naquelas aves metálicas!
O Pikachu de pelúcia foi arremessado para o outro lado do quarto, e numa cambalhota a menina foi capaz de fechar a janela com grande êxito. Havia apagado os vigilantes, agora os olhos das janelas dos prédios vizinhos não poderiam mais vigiá-la. A escuridão da caverna tomou posse do ambiente. Helen e Will estariam cara a cara com o temível guardião das profundezas do mundo.
— Os Pokémons antigos contam histórias sobre este local, é conhecido como o Abismo do Mundo. Quer saber sua história? — indagou Will, vendo sua treinadora abanar positivamente com a cabeça — Os Sandshrews cavaram tão fundo por décadas que eles acabaram por despertar uma criatura sinistra nas escuridão... Sabe o que eles despertaram nas profundezas do centro do mundo?
O bichinho de pelúcia continuava em silêncio nas mãos de Helen, até que a voz rouca da garota pôde ser ouvida com certa relutância.
— Sombra, e chamas.
Helen fechou seus olhos mais uma vez voltando para a cratera do vulcão. Um rugido ecoou das profundezas, e uma cor tão vermelha quanto o sangue começou a tomar conta das paredes. Os pilares que sustentavam o teto estremeceram, Helen abraçou Will que observava tudo com enorme coragem. Estava disposto a proteger sua treinadora até o fim.
— O que é isso?! — perguntou ela perplexa.
— Ele é Groudon, o guardião das profundezas. Despertado em tempos antigos pela atividade de Pokémons terrestres, ele é o dono do submundo. Nós não podemos derrotá-lo, Helen! Precisamos correr!
A garota deu um pulo por cima da cama da tia e correu de volta para seu quarto. Podia sentir o teto desabando sobre ela, ouvia os barulhos de pedras caindo e o fogo rubro cobrindo tudo ao seu redor, quando retornou ao seu quarto era tarde demais. O guardião estava ali, em sua frente, apenas vigiando-a e encoberto por chamas negras. Helen pegou outro bichinho de pelúcia do alto de seu armário, mas agora, era a figura grandiosa de um temível Groudon.
O Pokémon rugiu, Will colocou-se em posição de ataque sem nada a temer, avançando diretamente na direção do oponente ainda envolto em sombras.
— Will, ataques elétricos não surtem efeito em Pokémons terrestres! — gritou Helen, fazendo uma longa pausa. O Pikachu virou-se para ela e respondeu.
— A não ser que você queira, Senhorita.
A garota sorriu, e uma enorme onda de trovão atingiu o corpo maciço do Groudon. Will era um guerreiro poderoso, mas sua força não se comparava ao porte físico do oponente. Era a maior criatura que ela jamais havia visto: Tinha aproximadamente trinta centímetros de altura. Mas em sua imaginação, as medidas se transformavam em trinta metros.
A onda de choque atingiu Groudon que foi muito atordoado, com um bater de suas garras Will foi arremessado para longe. Helen segurou seu companheiro e encarou a figura colossal do guardião aproximar-se cada vez mais. O dragão de fogo soltou uma baforada no rosto da menina, mas ela permaneceu estática e em silêncio.
— Quem invade o território do guardião da terra? Eu sou aquele que não pode ser derrotado, aquele que sempre prevalece no final. — disse o Groudon.
Helen não se mexeu, parecia refletir enquanto o dragão de fogo a fitava e parecia preparado para devorá-la.
— Não teme a morte, pequena?
Sua voz lembrava a partição de uma montanha ao meio, suas garras poderiam despedaçar a menina se bem desejasse, mas, o guardião nada fez. Os dragões continentais eram criaturas profanas, dormiam por décadas e quando despertavam causavam a maior discórdia na terra. Porém, não dispensavam o interesse por figuras heroicas e determinadas.
— Eu não tenho medo de você.
Helen parecia ter um plano.
— De fato, não é necessário. — rugiu o dragão, erguendo-se com toda sua imponência — Gosto de desafiar meus oponentes, e assim, descobrir se realmente são dignos de levar a vitória da vida. Aceita uma charada?
Dragões eram fascinados por charadas, e por ser uma exímia leitora de livros medievais, Helen sabia muito bem sobre aquilo. Adorava adivinhações, e estava pronta para apostar sua vida na competição contra aquele Groudon monstruoso.
— Aceito o seu desafio. — disse Helen.
— Como desejar. — rugiu a criatura, parecendo ter a proposta de sua charada na ponta da língua:

Sou aquilo que você nunca teve, aquilo que sempre buscou, mas que nunca lhe foi dado a oportunidade de ter. O sentimento que todos buscam durante uma vida, e quando é verdadeiro, dura para sempre.

Helen hesitou. Estava de volta ao seu quarto, ajoelhada com um Pikachu de pelúcia no chão e um Groudon fofinho em mãos. Por um momento parou para pensar na charada que havia criado para si mesma. Era uma resposta que ela sabia, mas que preferia não dizer. Doía demais saber que nunca sentiu “aquilo”, e que se dependesse de si mesma, jamais saberia.
— Desculpe-me, mas eu não sei. — respondeu Helen em resposta à charada que ela mesma havia criado.
O guardião soltou uma risada debochada, que por sinal, assemelhava-se muito à risada de Wes, seu colega do fundão na escola. O dragão a envolveu em silêncio com garras afiadas, agarrando-a lentamente na altura do pescoço.
— Sim, você sabe, mas não quer dizer. — disse o Groudon.
— Não, eu não quero. — assentiu ela.
— Então, serei obrigado a devorá-la sem hesitar.
Helen ergue-se e gritou em seu momento de agonia.
— Espere! A resposta é o amor! Sempre procurei por ele, mas nunca tive a oportunidade de ser amada. O amor é o sentimento que todos buscam, e quando é verdadeiro, dura para sempre! O Amor é a resposta.
O guardião recuou ao ouvir a confirmação. Nem mesmo Helen acreditou que havia dito aquilo em voz alta, por sorte não havia mais ninguém no apartamento. O dragão agachou na altura da menina e olhou diretamente em seus olhos amedrontados. Sua voz grave ecoou como uma promessa naquele instante.
— Se você nunca teve a oportunidade de ser amada, então eu o farei. Sigo junto de sua equipe para sempre, porque quando o amor é verdadeiro, ele não acaba.
Helen abraçou o bichinho de pelúcia de seu Groundon com enorme ânimo, havia acabado de conquistar o segundo integrante de sua equipe nos confins de uma caverna misteriosa. Will estava ao seu lado, na companhia do dragão colossal. O ratinho elétrico pencou a cabeça de forma pensativa.
— Qual é o seu nome, companheiro?
— Eu sou Wes, o guardião da terra.
— ESPERA! — gritou Helen — Como é que eu pude dar o nome de um cara da minha escola para um bichinho de pelúcia?! Isso é ridículo, como ele iria se sentir quando soubesse que eu chamo um boneco pelo nome dele?
— Tem alguma alternativa melhor, Senhorita? — perguntou Will.
Helen estava pensativa, realmente não conseguia pensar em nada mais adequado. Chegou a considerar o nome que havia dado para o mesmo Pokémon em seus jogos: Ruby. Clichê demais. Ou então Bruce, pensou até mesmo em Turbinado, mas nenhum dos nomes fitava com tamanha perfeição o dragão imensurável. Helen levou a mão até sua cabeça e balançou-a em sinal de desespero.
— Vamos fazer o seguinte, eu preciso pensar, e se surgir alguma ideia melhor eu mudo o seu nome, tudo bem? Por enquanto fica Wes.
Helen deixou os dois bichinhos em seu quarto enquanto preparava seu almoço. Fez um pouco de comida caseira, e pelo menos tinha noção do básico para se virar na cozinha quando necessário. Logo voltou para a caverna obscura do guardião da terra com um prato de arroz, e lá estavam Will e Wes sentados. Aguardando o retorno de sua treinadora.
— Senhorita Helen, devo dizer que o cheiro de sua comida é esplêndido. Você é uma cozinheira insuperável. — disse Will com toda sua devoção à treinadora.
O dragão continental não pôde conter uma risada.
— Com certeza, isso mais lembra o cheiro de enxofre da cratera do vulcão de meus domínios!
— Wes, seu maldito! Como pode dizer que minha comida é tão ruim assim? — gritou Helen. Ela havia acabado de repetir o nome do colega da escola quase que automaticamente. Era ele quem vivia fazendo brincadeiras e rindo da cara da menina, e para melhorar a situação, agora ela teria um Groudon com o mesmo nome para segui-la até o fim da jornada.
Helen sentou-se no chão e cruzou as pernas fazendo um sinal pensativo. Era difícil organizar suas ideias todas ao mesmo tempo.
— Estou pensando em montar uma equipe de seis integrantes. — comentou ela.
— Seis? Então, você pretende enfrentar a liga e se tornar uma mestre Pokémon? — perguntou Will, o Pikachu.
— Não, não. Acho que procuro algo a mais, procuro companhia, uma verdadeira equipe! Esses seis serão a minha elite principal, meus amigos inseparáveis, e com eles vivenciaremos grandes aventuras. — disse Helen.
— Hm. — o bichinho de pelúcia de Groundon parecia pensativo.
— O que tem a dizer? — indagou Helen.
— Não sei, quer que eu fale algo?
— O que achou da ideia?
— Sei lá, ela é sua.
— Idiota! — Helen arremessou o dragão gigantesco para o outro lado do quarto com apenas uma das mãos. Seu Pikachu estava pasmo ao ver a força de sua treinadora, mas não escondia o lado puxa saco de bater palmas para qualquer decisão de sua mestra.
— Um belo arremesso, Senhorita. Home-run! — disse Will.
A garota soltou um suspiro quando imaginou o dragão rindo do outro lado. No fim das contas, ele realmente lembrava o Wes que conhecia. O Groudou a divertia, era imponente e protetor, e pelo menos, Helen podia entender que ele a amava, o que era muito diferente do Wes verdadeiro. Ele nunca entenderia os sentimentos de uma garota franzina como ela.
— Mestra, você está bem? — perguntou Will.
— Sim, algumas vezes eu só queria que vocês fossem... fossem reais.
Helen parou novamente, e mais uma vez se encontrou sozinha no quarto. Pôde ouvir a porta sendo aberta e sua tia entrar com uma feição assustada. Helen estava sentada no meio de seu aposento em volta dos ursinhos de pelúcia, parecia estar muito cansada ou ter se esforçado muito para fazer alguma coisa.
— Ellie? Aconteceu alguma coisa? — perguntou a Senhorita Berlitz.
Helen apenas acenou negativamente com a cabeça.
— Não, senhora. Eu estava apenas alongando minhas pernas. Tive que correr para não chegar atrasada na escola.
A mulher deu um sorriso e balançou a cabeça com um aceno deixando o cômodo particular da menina. Helen voltou-se para seus dois companheiros, e assim, juntou-os para perto de si novamente.
— Fiquem quietos, e ouçam o que eu digo agora.
O Pikachu e a criatura terrestre ouviam atentamente as palavras de sua mestra.
— Esta é a nossa base, temos inimigos rondando pelo castelo quando menos esperamos, e se formos vistos, seremos todos capturados. Desse modo, nossa missão será em vão.
— E qual exatamente seria nossa missão, Senhorita? — perguntou Will.
— Por enquanto, nossa missão é criar uma missão. A segunda é que não podermos ser descobertos. — respondeu ela.
— Quer que eu destrua esses invasores? — perguntou Wes com seus enormes punhos entre garras afiadas.
Helen tocou levemente no rosto do dragão e sorriu de forma serena.
— Eu confio em sua capacidade, mas, por enquanto, nosso verdadeiro objetivo é ficarmos ocultos até descobrirmos onde estão nossos companheiros de equipe. Precisamos resgatar todos os seis antes que possamos seguir com o plano. Vocês têm ideia de onde podemos encontrar os guerreiros mais poderosos do reino?
Wes parecia pensativo, ele era uma criatura extremamente antiga na região, mas não era conhecido por suas amizades e parcerias com reinos distantes. O astuto Will era quem carregava as informações necessárias para sua treinadora.
— Temos dois locais para seguir. Um deles é guardado pela figura imensa de uma estátua sagrada que protege a espada Argentum, a lâmina de prata. Esse local é conhecido como o Castelo de Travos. O outro local só pode ser encontrado num mundo onírico conhecido como A Ilha dos Sonhos, agora, peço que a senhorita decida-se para qual dos dois pretende ir primeiro.
Helen precisaria seguir para os dois lados, de uma maneira ou de outra, mas ainda estava em dúvida para qual seguir primeiro. Will tomou frente novamente.
— Em ambos os casos haverá uma grande batalha a ser travada contra esses dois guerreiros, pois eles se sentirão no direito de testar seus poderes e saber se são dignos de se unir à sua equipe. Se você quer conquistar as figuras mais fortes deste mundo terá que enfrentar todos os seus desafios internos. O que você teme?
— Muitas coisas, Will. Muitas coisas... — respondeu a menina.
Ela queria sentir uma mão tocar em seu ombro, mas não podia. Imaginava que as garras imensas do dragão continental a envolviam como uma armadura que não podia ser destruída. Helen se confortou nos braços de Groudon e apenas almejou sentir o calor e a paixão da criatura continental.
 Vamos lutar até o fim para que você vença todos os seus medos.
  

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  1. Luiz Eduardo SouzaJuly 4, 2014 at 2:46 AM

    Nossa, Canas, como consegue ser tão criativo para chegar a esse ponto? Eu nunca conseguiria fazer um capítulo como você faz. Merece meus parabéns! É incrível como você consegue ligar a realidade à imaginação! Foi um grande prazer ter lido esse capítulo! Somente agora percebi que a leitura é muito boa! Pena que eu não tenha muita vontade de ler, heheheheheh.
    Pelo que vi, você deve ter tido uma infância ótima! Pena que nunca fui fã de carrinhos, bonecos e relacionados.

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 17/06/2012)

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  2. Explosion#InfernapeJuly 4, 2014 at 2:46 AM

    Canas, você é surpreendente!
    Como o Master falou, como você consegue ligar imaginação á realidade de um jeito tão fascinante? O capítulo ficou ótimo. Achei muito interessante a ligação que você fez entre Wes e Groundon.
    Essa aventura ficou super-legal e o drama de Helen fica cada vez mais interessante e com um gostinho de "quero ver o próximo capítulo". Parabéns pelo seu ótimo trabalho e espero que você o continue, mostrando o seu talento do mesmo modo que anda mostrando ^^

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 17/06/2012)

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  3. Cara, sem palavras... Por**, como você faz isso? Nós entramos no capítulo e ficamos imaginando as cenas e tal. Achei incrível a ligação entre o Wes e o Groudon. Parabéns Canas por mais essa incrível fanfic.

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 17/06/2012)

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  4. O Groudon realmente é a cara do Wes! Ela disse que vai ficar assim até ela arrumar um nome melhor, mas acho que no final das contas ela vai acabar adotando esse mesmo. E isso tudo ligado a essa charada... Se o Thiago estivesse por aqui ele me ajudaria a ver se isso vai mesmo terminar em romance, hehehe.

    Groudon é aquele típico cara do time que tem um poder altamente destrutivo, mas prefere ficar fazendo palhaçada. Peculiar. Agora veremos quais são esses outros dois guerreiros, que parecem ser poderosos.

    O pessoal comentou bastante sobre a ligação que você fez entre imaginação e realidade, então não vou falar sobre isso para não ficar muito repetitivo nos comentários. Mas vou ressaltar uma excelente qualidade sua, que é trabalhar nas personalidades de modo que os personagens ganhem vida. Wes e Groudon... Parece que você mudou apenas a aparência de uma mesma pessoa.

    Vou ficando por aqui. Aguardando o Capítulo 3.

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 19/06/2012)

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  5. Hey, Canas! Desculpe-me por ter demorado tanto para ler o 2º Capítulo. Mas o erro já foi concertado e cá estou eu comentando. Primeiro vamos aos elogios, é claro. Eu particularmente gostei do episódio por você ter voltado ele inteiramente pelo crescente "vício" da Helen pela sua aventura imaginária. Realmente, quando gostamos de algo, só queremos aquilo. Parabéns nessa parte.

    Agora voltando um pouco para a realidade. Acho que é impressão minha ou talvez seja verdade mesmo, mas você deixou um pouco de lado a solidão da personagem, correto? Afirmo com absoluta certeza que logo no primeiro episódio eu senti pena da Helen. O episódio ficou com um clima pesado que só você sabe deixar e já nesse episódio, você amenizou um pouco as coisas, certo? Enfim, responde essa aê!

    Para finalizar, gostaria de lhe dar os parabéns novamente e lançar um desafio a você... Nos inúmeros episódios tanto de AES quanto das outras fanfics que criou, não vi a presença do gênero terror. Adoraria ver sua percepção diante disso. Até mais Canas e tevejo no xat!

    Capítulo 003 NOW \\o//

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 19/06/2012)

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  6. Yo Canas ^-^
    Man, este capítulo foi ótimo! Pobre Helen, chegou atrasada na aula... (sou o campeão nisso, mas acho que o Wes me venceu Ò.Ó) mas acabou por ganhar algo em troca, uma companhia diferente. O Wes é um cara muito gente boa, é aqueles que sai cumprimentando qualquer um, animando o pessoal... Só assim para a Helen ir se enturmando aos poucos. As aventuras de nossa protagonista continuam, agora no Abismo do Mundo! Cara, que lugar assustador, tipo, temos aquela imagem perigosa, o poderoso guardião: Um grande Groudon \o/, que representará o Amor na equipe da Helen. Achei bem criativo aquela parte de ela também ter uma elite, com certeza contará com as criaturas mais poderosas da terra, e ao ver a capa da fanfic acho que já deduzi quem podem ser alguns dos próximos.

    Man, essa parada sentimental foi uma boa sacada, digo, o Pikachu é como a Helen gostaria que os outros fossem, o Wes (Groudon) é como ela imagina o amor de sua vida (engraçado, ele também tem o nome de Wes... Por que será, ein?). E agora, os próximos serão o quê? Esta aventura está servindo para a garota refletir e os Pokémons estão representando seus desejos que há pouco viviam ocultos. Está tudo muito interessante cara, meus parabéns. Flw man o/

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 19/06/2012)

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  7. Querido Canas õ/. Aqui estou, consegui ler mais um capítulo dessa maravilhosa fic *-*. Você realmente me surpreendeu nesse capitulo, foi simplesmente único! Acho que todos já ressaltaram a maneira como você liga o mundo imaginário e o real. Mas vc faz isso com uma perfeição que não se compara com qualquer outro trabalho que já li.

    Como outros já disseram, a personalidade de Groudon e Pikachu combinam com Helen e Wes. Sera que teremos personagens parecidas com outros conhecidos de Helen? Me resta esperar e ler os demais capítulos...

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 19/06/2012)

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