Posted by : CanasOminous Aug 10, 2012

A sensação indesejável de incômodo e insegurança tornou aquela uma das piores noites que Dawn havia tido. Demorou para adormecer, ficou perdida em seus devaneios virando de um lado para o outro  durante horas apenas a fitando a escuridão a tentar esvair seus pensamentos de um passado que há muito havia deixado para trás.
Muito tempo se passou desde que ocorreu o incidente em que a menina perdeu os seus pais, em breve completaria seis anos. Apenas com a ajuda do Professor Rowan ela conseguiu iniciar uma nova vida com novas ambições e desejos para se realizar. Porém, Dawn nunca mais foi capaz de sonhar de verdade. Não chegou a encontrar-se com o que realmente desejava e acabava lidando como se tudo fosse apenas passageiro, e certamente era, mas a diferença é que na vida devemos lidar com cada dia como se fosse o último, e não apenas pensar que tudo se resume à um fim. Caso o contrário não vivemos. Apenas existimos.
Estes foram os últimos pensamentos da garota antes que ela adormecesse durante a madrugada. Despertou ainda muito cedo, tão cedo que nem sequer Lukas pensava em levantar-se e nem o sol havia se erguido completamente com todo para anunciar mais uma rotina exaustiva para os cidadãos da cidade de Jubilife. Faltava pouco para as seis da manhã e um frio aconchegante tornaria aquela ocasião perfeita para apenas ficar na cama e descansar, mas Dawn não estava muito disposta a refletir e se ali ficasse teria tempo demais para perder-se em sua indisposição. Levantou-se e saiu do quarto.
Estava vestida com um pijama rosa listrado, rapidamente tirou-o e vestiu um abrigo para o frio sereno que cobria a cidade; usou meias para abafar o som de seus passos. Fez o maior silêncio que podia, odiaria acordar um dos avós dos Wallers por conta de alguns problemas com o sono que tivera, mas para sua surpresa a avó dos garotos já estava de pé e com a mesa do café da manhã pronto. Dawn surpreendeu-se com a presença da mulher àquele horário.
— Puxa, acordei a senhora? — indagou ela.
— De maneira alguma. — respondeu a velhinha abanando a mão — Já tenho o costume de acordar cedo, então aproveitei para preparar a mesa do café para vocês estarem bem satisfeitos antes de saírem em jornada. E eu sabia que você acordaria antes. Eu sei de tudo. — continuou a velinha com uma risada enquanto colocava um pouco de café em duas xícaras
— Creio eu que o Luke não tenha puxado nada da senhora, se depender dele aposto que acordaria todo dia depois do meio dia. — brincou Dawn.
— Isso porque eu o acordava nove horas quando ele morava aqui, e ainda assim acho nove horas muito tarde. Daqui a pouco vou acordar todos, preciso que o Luke limpe o aquário, vá na padaria e depois colha algumas berries no quintal. Depois de se aposentar é quando a vida começa de verdade, menininha. Vocês ainda são novos.  — disse a velhinha com uma risada.
Dawn agradeceu a xícara de café tomando um rápido gole para manter-se disposta.
— Certamente, a senhora é mais saudável do que nós quatro juntos. — falou — Ah, e a propósito, estou de saída. Não quer que eu vá na padaria comprar os pães?
 Hai, hai. Seria muito bom. — disse a avó, procurando uma pequena bolsinha e entregando algumas moedas nas mãos da menina — Aqui está, dõmo arigatō!

Dawn agradeceu e logo saiu da pequena casa para comprar os pães. Ela gostava de sentir-se importante, quando morava em Sandgem não tinha ao certo um motivo para ir à padaria todos os dias, por isso só ia quando o Professor pedia, mas ainda assim eram raras as vezes. Era uma pequena tarefa que ela sentia falta no cotidiano, e ainda assim poderia aprender com uma mulher valorosa que ainda mantinha-se casada com seu marido mesmo depois de quase 60 anos. A avó de Luke era um exemplo de esposa, e Dawn esperava aprender isso com ela.
— Ah, só fico imaginando se o Luke também ficaria rabugento depois de velho. — pensou ela em voz alta, não escondendo uma risada na sequência.
Dawn chegou até a padaria, pediu dez pães e alguns frios e logo saiu. As ruas de Jubilife eram cheias até mesmo àquele horário, pois a cidade nunca dormia. Porém, especificamente naquela parte mais afastada à oeste da cidade não havia muito movimento. Dawn conhecia pouco daquelas áreas, de certa forma sentia que já estivera lá mesmo que com lembranças longínquas, mas ainda assim não escondeu certo desconforto. Era um local afastado demais. E agora, ela era apenas uma garota sozinha a caminhar no sereno do amanhecer.
Enquanto a menina fazia seu caminho alguns rapazes que estavam sentados na frente de uma casa imediatamente se levantaram ao avistá-la. Eles pareciam ter a mesma idade, ou eram até mesmo mais velhos. Ficaram a assoviar e a elogiar a menina que caminhava sozinha e sem companhia. Dawn segurou os pães com mais força quando eles começaram a se aproximar, tentando ignorá-los um pouco constrangida, mas eles persistiram.
— Aí, gatinha! Tá perdida na cidade? — perguntou um dos rapazes.
— Não. Estou apenas de passagem. — respondeu ela sem desviar o seu olhar centrado.
O rapaz riu e apontou para os colegas que riram. Eles apertaram o passo para continuar a segui-la, Dawn sentia-se cada vez mais incomodada com aquilo e almejava apenas que aquela área estreita da cidade terminasse.
— Tu num é daqui, nunca te vi. Tá perdida é? — repetiu ele de forma maliciosa.
— Por favor, peço para que se afastem.
— Olha só, a Purrloinzinha está ficando bravinha. — sorriu o indigente, fazendo a garota parar ao erguer-se em sua frente e impedir o caminho— Vamos lá, me conta de onde você é. Uma jovem linda assim não ficaria andando por aí sozinha, você deve estar procurando algo. Quer companhia, né?
— Eu estou acompanhada, e saibam que estou muito bem sem a presença de nenhum de vocês. Agora, se me derem licença.
O rapaz puxou Dawn e a encarou de forma séria dizendo palavras com maldade e ambição. 
— Tu tá no nosso domínio, vai fazer o que a gente quiser agora.
Os olhos de Dawn concentraram-se em uma lembrança antiga de Jubilife na qual uma garotinha solitária caminhava sozinha e de repente é abordada por alguns garotos de rua. Os meninos tentaram aproveitar-se da ingenuidade da menina naquela época que lutou e esperneou da forma que pôde, e as palavras daquele rapaz pareciam ser exatamente as mesmas que Dawn chegou a ouvir naquela época: Tu tá no nosso domínio, vai fazer o que a gente quiser agora.
— Saia de perto de mim! — gritou ela, afastando o rapaz com força e tentando correr para algum lugar.
Os pães caíram. Dawn não encontrava nada nem ninguém para ajudá-la, ela nem pensara em levar Lairon ou algum de seus Pokémons para a padaria, e para acrescentar, o sujeito não ficou muito feliz com o empurrão que levara. Ele passou a mão no rosto e lançou um olhar de tamanho ódio que fazia todas as lembranças ruins armazenadas no íntimo voltarem à tona. Era como se seu próprio passado voltasse ali para atordoá-la.
Então, nesse momento um homem apareceu caminhando pela mesma rua. Ele vestia um blusão preto e tinha uma feição um pouco triste, estava com as mãos no bolso e parecia sem rumo. Tinha sobrancelhas caídas, olhos chateados, uma barba mal feita no rosto e o cabelo bem curto. Dawn virou-se para o homem um pouco assustada como se agradecesse pelo fato de haver alguém na rua àquele horário. Os sujeitos mal encarados voltaram-se para o homem e o intimidaram:
— O que está olhando?
— Você. — respondeu o homem.
— Dê o fora daqui.
— Seria o contrário, eu vim aqui para que vocês desaparecem desse lugar. Este é o meu domínio.
Um dos rapazes ergueu a sobrancelha como se tentasse descobrir ao certo quem era aquele sujeito. Recuou ao poder notar melhor o rosto tão marcado e característico pela feição melancólica. Apenas uma pessoa de Jubilife manteria tanto respeito nas ruas da cidade.
— O q-que está fazendo aqui?
— Eu posso ter o lugar que eu quiser quando eu bem entender, e vocês sabem disso... — respondeu o homem da triste figura, direcionando-se para Dawn a indicando ela com o rosto — A menina. Deixem a menina em paz.
Os sujeitos foram afastando-se aos poucos. Dawn ficou a fitá-los tentando descobrir quem era aquele estranho o homem e porque impunha tanto respeito. Ainda sem perder a calma e a feição triste ele repetiu:
— O que estão esperando?
— Você vai pagar, Dean. Você vai pagar. — respondeu um dos malandros, apontando para homem enquanto se distanciava. Dean arqueou uma das sobrancelhas não gostando do que acabara de ouvir.
— Quer mesmo que eu acabe com vocês como na outra vez, não?
Os rapazes saíram de lá constrangidos procurando evitar mais conflitos. Dawn não acreditou no que acabava de ver. Ela havia conhecido um rapaz chamado Dean quando era mais nova e morou nas ruas, esse rapaz havia sido o responsável por salvá-la de um naufrágio e ainda cuidar dela por um mês que mais parecera um ano. Dean virou-se e a encarou com uma feição triste e que ainda assim tentava ao máximo esboçar um sinal de felicidade.
— Não é possível. É o mesmo rosto que um amigo meu tinha. — sussurrou a menina.
— Dawnzinha... Há quanto tempo... — disse Dean com a voz cansada.
Dawn aproximou-se do homem e para olhá-lo mais de perto. Estava velho, muito mais acabado de quando o vira da última vez, demonstrava a feição sofrida que tinha de costume. Estava mais encorpado e seria praticamente irreconhecível, mas certamente, jamais esqueceria do rosto da menina que conheceu quando era mais jovem.
— Dean, é você mesmo? Mas... Você foi preso, eu pensei que... Eu pensei que...
— O mundo dá voltas. Nunca mais saí dessa vida. Creio que eu continue na mesma situação de sempre, mas agora com um pouco mais de respeito, sabe?
— Você voltou! — gritou Dawn, correndo para abraçar o homem que corou um pouco sem graça. Ele observou os lados para ver se era observado. Ainda não estava habituado a tanto carinho, mas nem por isso deixou de apreciar o abraço como há muito não recebia.
— Não, Dawn, eu não voltei. É você quem voltou para nós.

Dean guiou a menina para uma área fora daquela rua pouco movimentada. Ainda era bem cedo, mas aos poucos o fluxo de pessoas aumentava e tudo se tornava mais seguro, especialmente ao lado de Dean que agora não era apenas um ladrão de comidas, era uma figura de muito mais respeito entre o povo do gueto. Os dois voltaram para a padaria para que Dawn comprasse seus pães de volta. Dean não entrou. O senhor da loja já era um velho conhecido dele e sentiria-se ameaçado ao ver um antigo ladrão com uma menina em sua padaria. O rapaz agora era mais cauteloso, certamente corria tanto quanto antes, mas agora precisava tomar mais cuidado por onde andava na rua. 
Assim que Dawn saiu com os pães os dois voltaram a caminhar. A menina voltou-se para ele e perguntou:
— Você não costumava roubar essa padaria quando era mais jovem?
— Todo dia. Mas depois de um tempo o senhor Emanuel deve até ter se acostumado. Hoje ele não liga mais, não mexo com esse tipo de coisa.
— Não muito, né? — riu Dawn, vendo Dean segurar um pedaço de bolo de chocolate envolto em alguns papéis.
O homem entregou o pedaço de bolo para ela que agradeceu com um aceno, em seguida ele enfiou a mão no bolso da blusa e voltou a caminhar. Dawn abaixou esboçando uma feição um pouco tímida. Fazia muito tempo que não o via e era como conversar com um desconhecido novamente. 
— Mas me conte sobre você. Nossa, virou uma mulher de verdade, eu não teria reconhecido se não fosse por seus olhos e pelo dom de meter-se em encrenca. Eu a vi assim que chegou na cidade, mas estava apenas esperando uma oportunidade para encontrá-la.
— E por quê não foi falar comigo antes? Digo, por que desapareceu por cinco anos? Cinco anos?! Cheguei a pensar que você tinha morrido.
Dean abaixou a cabeça um pouco pensativo passando a mão na barba sem ter uma desculpa certa.
— Eu fiz isso por você, sabe disso. Não sou do tipo de pessoa aceita pela sociedade, do tipo de gente que pode sair por aí caminhando como se fosse alguém normal. Eu não sou normal.
Dawn ficou quieta, notando que aquilo era verdade. Tudo que Dean fizera era por ela, para o bem estar dela.
Enquanto os dois faziam seu caminho pela praça ele retirou um bichinho de pelúcia que tinha no bolso do blusão, cabia feito uma luva de tão pequenino que era, ou então estavam faltando algumas partes e outros estavam emendadas com muito cuidado por terem sido arrancadas com o tempo. O brinquedo estava muito sujo, se aquilo era um azul no passado então já tinha se tornado cinza empoeirado. Dawn demorou a reconhecer o que era.
— Dean, eu não acredito... Esse era o meu Mudkip de pelúcia... Uma das poucas coisas que me restou de Hoenn... — disse ela, sentindo um imenso aperto em seu coração — Onde o encontrou?
— No depósito abandonado. O último lugar que nos encontramos, lembra? Você o esqueceu lá, e acho que desde então ele apenas ficou a esperar o dia em que pudesse reencontrá-lo.
— Obrigada, de verdade. Eu vou guardá-lo com carinho. Muito obrigada.
Dawn deu-lhe um beijo no rosto agradecendo o presente tão nostálgico e especial. O homem virou o rosto um pouco sem graça e Dawn riu ao notar a timidez aparente dele que não tinha mudado, por isso logo emendou outro assunto para confortá-lo.
— Mas me conte, e a Celia? Como ela está?
— Vivendo a mesma vida de sempre. Você conhece a mulher. Não vai cair tão cedo.
— Eu adoraria vê-la... — respondeu Dawn um pouco pensativa.
Dean soltou um longo suspiro virando o rosto um pouco constrangido ou chateado.
— Me desculpe, mas acho que ela não gostaria disso. — falou Dean um pouco cabisbaixo, tomando o máximo de cuidado com as palavras que escolhia — Não na situação atual, sabe? A Celia é uma mulher forte, não saberia encarar você da maneira que ela se encontra agora. ...Mas veja só! Você se tornou uma verdadeira moça, certamente, eu poderia dizer que ela ficaria orgulhosa.
— Eu entendo a situação... Mas eu juro, por mais que essa não seja a vontade dela eu ainda voltarei a vê-la. E a Celia não irá acreditar como me esforcei para seguir meus sonhos!
— Sonhos? Conseguiu virar pianista?
Dawn recuou.
— Bom, eu... Estava tentando ser pesquisadora.
— Ah, que bom. — comentou Dean, que provavelmente ainda não entendia a utilidade dos pesquisadores no mundo Pokémon — Parece algo bem... interessante. Mas eu pensei que você tivesse outros objetivos.
Dawn abaixou a cabeça admitindo.
— Eu tinha mesmo... Acho que falhei com a Celia. Vivi alguns anos de minha vida tão presa ao passado que me esqueci de seguir meu coração e fazer o que amo. Não fui capaz de viver como ela queria.
— Ei, ei! Não diga essas coisas. Você viveu, lutou para viver. Isso já faria a Celia ficar extremamente feliz por você. — o homem parou ao colocar as mãos no bolso da blusa, notando algo guardado, então voltou-se para a menina e anunciou — Olha, e eu tinha outra coisa para te entregar, mas só vou entregar se me prometer algo.
— E o que seria?
— Prometa que não vai se deixar se influenciar por nada. Que vai seguir seu sonho e viver intensamente.
Dawn riu, parecia uma promessa simples de ser cumprida daquela que apenas concordamos por nem entendê-las ao certo. Dean emendou o assunto e sacou duas pokébolas que tinha nos bolsos. Parecia que o bolso daquele blusão era capaz de retirar o tudo que ele imaginasse. O homem mostrou as duas pokébolas para Dawn e falou:
— Está vendo? Eram Pokémons de seus pais.
Os olhos de Dawn se arregalaram com mais uma notícia inesperada do homem. Dean era uma figura cheia de surpresas, mas naquele dia em especial tinha algumas a mais do que o normal.
— Como você...
— Na realidade alguém os encontrou antes, mas acho melhor poupar os detalhes, o que você precisa saber é que agora eles estão bem e a salvos. Encontrei essas duas pokébolas, e nelas descobri um Nosepass e uma Mawile. Acredito que eram deles.
— Era sim! Meu pai tinha esses dois Pokémons. Mas, eles estão bem?
— Agora sim, passaram por alguns maus bocados principalmente na questão de alimentação, mas passei a cuidar deles com o tempo e estão mais saudáveis. Mas por sinal, acho que agora é a hora deles retornarem para a garota que realmente os merece.
Dawn olhou para os pokébolas, mas negou com a cabeça. Segurou nas mãos de Dean afastando as cápsulas e tocando no peito do rapaz. Ela disse com palavras delicadas:
— Não posso aceitar.
— Como assim? São os Pokésmons de seus pais...
— Eu sei, mas, ainda não sou forte o suficiente para tê-los comigo. E outra, ainda não cumpri a promessa que acabei de fazer para você. Não vou me deixar se influenciar por nada, vou seguir meu sonho e continuar a viver intensamente.
Dawn segurou as mãos frias do homem com força e olhou a triste feição estampada no rosto Dean.
— Foi você quem cuidou deles, por favor, continue protegendo-os. Guarde-os como um símbolo de nossa ligação, como prova de que voltará a me ver e que algum dia nos reencontraremos.
O homem sorriu e foi aos poucos recuando a mão até guardar as pokébolas no bolso da blusa. Lairon, Leafeon e Glaceon ficariam extremamente animados assim que soubessem que depois de praticamente seis anos dois de seus parceiros de batalha ainda estavam vivos, mas Dawn preferia guardar aquilo até o dia em que realmente cumprisse sua promessa.
— Prometo que viverei sempre dando o meu melhor. — afirmou Dawn.
— Nós dois o faremos.

Os dois se encararam com um olhar terno e carinhoso. Dean nunca chegou a sentir nada pela menina, talvez fosse apenas um apreço tão grande que sua maior vontade era chamá-la de filha, mas não o fez. Dawn virou-se subitamente ao ouvir uma voz conhecida e assim pôde ver Luke surgir todo estabanado como alguém que acabara de ser enviado para uma corrida sem estar preparado.
— Dawn, Dawn! — gritou ele ofegante — Caraca, pode onde esteve? Minha batian me acordou maior preocupada dizendo que você tinha se atrasado seis minutos e que a padaria não ficava tão longe! Ela é louca com horários, pensei que alguém tinha te levado embora. Aconteceu alguma coisa?
A menina virou-se para Dean que abaixou a cabeça e enfiou as mãos inclinando um pouco o rosto para não ser visto. Provavelmente naquele instante ele reconheceu Luke como o possível namorado da garota, alguém que se importava e que principalmente pudesse cuidar dela. Dawn ficou sem falas e não sabia ao certo como explicar toda a história confusa e dramática de sua infância para seu amigo, mas antes, Dean aproximou-se de Luke e apontou para ele:
— Ei, garoto. É bom cuidar dessa menina, hein?
— Ah. — gaguejou Luke um pouco surpreso — Pode deixar, tio, não vou deixar ela se perder por aí na cidade de novo. Desculpa aí cara, mas quem é você?
— Ele é o meu...
Ele é o meu pai de criação. Foi o que Dawn pensou em dizer, mas a palavra final acabou saindo apenas como um amigo. Quando uma tempestade aproximou-se e o perigo era certo, foi Dean quem alertou todos para voltarem; quando o barco naufragou e todos os tripulantes pensavam apenas em se salvar, foi Dean quem a resgatou; quando todas as pessoas ao lado dela desapareceram, Dean continuou até que o tirassem a força. Ele foi como um pai para Dawn, ele sempre teve sentimentos para com a humanidade, e depositou todas as suas esperanças na garota.
Fez um aceno para a menina e aos poucos foi se distanciando. Virou e foi embora. Dawn ainda o observava implorando para que ele se lembrasse da promessa, e uma última vez ele abanou a mão esboçando sua feição melancólica na tentativa de esboçar um sorriso sereno por trás da vida sofrida que sempre tivera. Luke voltou-se para Dawn e continuou a falar:
— É o seguinte, quando minha batian fala para você voltar em dez minutos, você tem que fazer isso em nove, se não ela pensa que você foi sequestrada. — brincou Luke, notando algo nos braços da menina — Ei,  e que coisa esquisita é essa?
— É um brinquedo que eu tinha quando criança. Aquele homem o encontrou e voltou aqui só para me entregar. — sorriu Dawn abraçando o bichinho.
— Que maluco bacana. Agora você tem aquele Piplup que eu te dei em Hearthome e um Mudkip de pelúcia para a coleção. Você podia juntar um de cada região, fala aí.
— Seria muito legal mesmo. Esse brinquedo é muito importante para mim, nunca mais vou perdê-lo. Ele é como um símbolo de esperança, e mostra que mesmo da chuva pode haver um dia bem claro na sequência.

• • •

Dean caminhou pelas ruas de Jubilife que já conhecia muito bem. Caminhou a manhã inteira, seus pés não tinham controle e apenas eram guiados para onde sua vontade o levava. Assim que escureceu ele chegou até uma área afastada que estava fechada mas em breve abriria assim que anoitecesse. Dean entrou no quarto à procura de uma amiga que estava sentada em um quarto simples e pouco iluminado.
Ela tinha traços de alguém que já foi muito bela, e mesmo que agora o tempo e as marcas deixadas por ele se tornassem mais evidentes ainda carregava indícios da juventude terna e delicada; estava um pouco magra e os cabelos despenteados como sempre, tinha as pernas cruzadas cobertas pela meia calça e um olhar perdido a observar o movimento na cidade através de uma pequena janela que parecia ser a única visão que ela tinha do mundo a fora. Dean sentou-se ao lado da mulher que virou-se para ele e sorriu. Ela soltou um suspiro que demonstrava seu cansaço e assim deitou-se no ombro do homem que respirou fundo e segurou nas mãos da moça com ternura.
— É, Celia... Nossa menina cresceu...

      

{ 11 comments... read them below or Comment }

  1. Adorei o capítulo. A volta do Dean e a participação especial da Celia(especial... ela mal apareceu).

    E dos objetos da Dawn, o que eu mais gostei era o Mudkip de pelúcia. Depois que li o Sadness 5 fiquei pensando... e o mudkip? E está aí a resposta. Com o Dean.

    Nosepass e Mawile. Eu tinha identificado a Mawile no trailer do AeS(quem não identificaria? É o único pokémon com uma boca enorme no lugar do cabelo!), mas nunca pensei no Nosepass. Se a Dawn pegasse eles ia ser mais legal. Já pensou, Nosepass evoluindo? Aqueles minipass(eu chamo eles assim) que ficam grudados no Probopass seriam o que no gijinka? Ursinhos de pelúcia? kkkkkkk

    P.s.: Canas, e o especial Diário da Dawn? Foi esquecido no armário?

    P.p.s.: Quando as novas fics vão estrear?

    P.p.p.s.: Se fizermos as contas dos pokémons dos pais da Dawn fica assim: Se cada treinador pode carregar no máximo 6 pokémon, os pais da Dawn teriam 12 no acidente. Como a Dawn tem 3, e o Dean 2, Faltam 7 para ser achados. Será que o mundo foi cruel com eles? E Canas, os pais da Dawn tinham quantos pokémos? Mais de 6 cada um? Porque se fosse assim, teríamos alguns pokémon no BOX que pertencem aos pais da Dawn.

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  2. Diga aí, Anderson! Cara, eu foquei tanto esse Mudkip de pelúcia durante o enredo porque desde o princípio eu queria dar essa atenção para ele. Acho que é uma cena comovente, encontrar esse tipo de coisa de quando somos criança mexe com a gente... Olha rapaz, e eu ainda não cheguei a pensar no Gijinka do Probopass, e muito provavelmente não vou pensar nele tão cedo pois tenho algusn motivos que só vão ser explicados mais lá para frente, mas esse Nosepass garanto que ficou show de bola (: Agora deixe-me responder essas suas perguntas.

    Question 1: Maluco! O Diário de Dawn é complicado kkkkk Infelizmente esse é um tipo de especial que depende de meus acontecimentos diários para tratar de qualquer coisa. Por não ser ligado ao roteiro e ser mais um extra que ocupa espaço quando não sobra nada eu posso muito bem pegar e pará-lo porque não vai afetar em nada o andamento do restante. Infelizmente eu dependo de acontecimentos de minha vida para escrevê-lo, e ultimamente eu tenho ficado muito em casa por conta das férias, por isso não saiu nada. Este é um especial que fica guardado para ser usado quando surgir a oportunidade cara, pode deixar que caso qualquer acontecimento inusitado aconteça estarei pensando no que fazer para ele.

    Question 2: Não sei cara, infelizmente ainda não é certeza. Fizemos uma reunião na quarta feira passada com todos os membros e todos confirmaram, porém, acabou que a Marian não compareceu. Ainda não consegui manter contato com ela, e isso acabou atrapalhando meus planos porque dependo dessa conversa com ela para entrar em um acordo. Conversei com o Sui e ele falou que os Templates estarão prontos nesse fim de semana. Então, caso a Zyky queira começar Oblivia talvez depois desse fim de semana ele já esteja disponível, quanto a Johto eu precisarei continuar procurando a Marina e tentar contatar ela para ver que dia será melhor para inaugurar a região, mas espero que os blogs já estejam prontos nesse fim de semana. Farei uma postagem em Sinnoh assim que eles forem lançados.

    Question 3: O restante dos Pokémons dos pais dela não importam. Se eles tinham um, dois, três, seis, isso não importa. Os que sobraram são os que estão com a Dawn, e esses dois novos descobertos. Infelizmente o restante teria o mesmo destino que você citou, eles podem ter afundado nas águas abissais do oceano para lá permanecerem até o fim de seus dias. Os Pokémons que tinham para serem apresentados dos pais dela já foram, não pretendo citar mais nenhum até para não aumentar a amargura da perda. Já cheguei a pensar em quais eram, mas vou manter no sigilo. Vamos nos manter concentrados naqueles que sobreviveram, e ficam os pêsames para os que partiram... R.I.P.

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  3. é inacreditável, ontem eu passei a madrugada toda lendo o Sadness orchestra, e hoje eu leio o especial que dois personagens daquele especial apareceram, que incrível, Arceus leu meu comentário na página kkkk, foi muito legal esse capítulo especial, ei canas a Dawn vai ter esses dois Pokémons em sua equipe?

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  4. Adorei este especial... Retratou uma volta ao passado da Dawn, com seu reencontro com o Dean, mas uma pena que ela não tenha se reencontrado com a Célia... E este Mudkip de pelúcia finalmente voltou para a dona... E esse Nosepass e essa Mawile dos pais da Dawn, acho que uma hora eles voltaram para sua verdadeira dona...
    Bem vou ficando por aqui.

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  5. Haha, achei que já tinha comentado. Amnésia meu caro, amnésia. Como havia dito, li a Sadness Orchestra em apenas um dia e confesso que me arrependo de não ter lido antes. Cara, uma história emocionante que quase me fez chorar. Sério. Eu nunca pensei que a Dawn tivesse passado por tantas desgraças, mortes, etc. Acredito que se não houvesse lido o especial, não teria entendido exatamente nada do capítulo 16.5.

    Rapaz, como você disse, esse capítulo pode facilmente ocupar o lugar de parte seis do especial relacionado à vida da jovem Dawn, uma vez que este foge do enredo principal para dar um foco maior na aspirante a pesquisadora. Gostaria de ter visto o reencontro da garota com Célia, esse sim faria qualquer um chorar, eu acho.

    Depois de muito tempo, você finalmente pode revelar novos pokémons para Dawn. Nosepass e Mawile, realmente interessante. Coincidentemente, ambos possuem uma grande quantidade de metal em seu sangue (LOL, que tenso) e junto com o gigante Atros, temos um time formado apenas de criaturas metálicas. Seria você o pai da jovem Dawn? Um asiático apaixonado pela metal, que forjou sua morte para ver sua filha sofrer? *risos* Cara, eu não sei de onde tiro essas suposições, me sinto tão tonto quando digo isso *risos* Bem, se pude entender bem, os novos pokémons ficaram com o Dean e nas notas você disse que teria algo reservado para eles em Canalave, então será que esse reencontro estaria tão próximo assim? A Dawn mencionou que só aceitaria-os com ela, quando cumprisse sua promessa, então provavelmente isso acontecerá no arco de Canalave. Man, tantos acontecimentos reservados para esse arco, deixam esse Aipom aqui, cada vez mais curioso e louco para ler mais e mais.

    Bem, acho que é só isso que tenho a comentar. Até logo, brother! õ/

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  6. Você me conhece Léo, sempre dou um jeito de surpreender com estes spoilers descarados assim tão precocemente kk Quando a Dawn menciona o reencontro deles temos essa vaga ideia de que será algo que só vai aparecer láááááá para o último capítulo de toda a fic, mas deixei bem claro que esse reencontro está mais perto do que imaginamos. Vou deixar guardado por enquanto esse mega arco e o que pretendo fazer com esses dois Pokémons, mas garanto que ninguém sequer imaginou, eles ainda terão uma participação muito especial. E por sinal man, acha mesmo que eu teria uma filha tão linda quanto a Dawn? kkkk Shit, mas o pai dela é maior barbudo, será que vou ficar que nem ele quando eu ficar velho? D: kkkk No problem, ficar de barba é style, antes do fim das férias eu já estava parecendo um hermitão aqui em casa.

    Ah, inclusive, o João Pedro me perguntou se esses dois Pokémons vão ficar com a Dawn, então minha resposta por enquanto é não. Temos um código na Aliança que devemos evitar repetir Pokémons da equipe dos protagonistas, e tendo em conta de que temos uma Mawile em Hoenn eu obviamente não iria interferir na regra que eu mesmo criei e invadir a área do Shadow. Por isso deixo essa dúvida na cabeça de vocês, como é que vocês acham que encontrei essa solução sem interferir nas normas e ainda incluir os novos Pokés? kkkkkkkk É Canalave meus senhores, todas as ideias juntas em um único Arco disposto a brihar! Obrigado pelos comments pessoal, ainda nessa semana quero ver se lanço as Guilds parceiras e um novo episódio dos Fire Tales. Nos vemos logo mais!

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  7. Mano, curto bastante quando há essas relações entre especiais e a estória principal. E o fato do Dean e da Célia terem aparecido e mostrado que estão bem fez meu coração respirar aliviado kkk Poxa, a véinha acorda cinco da manhã pra preparar café? Que isso velhinha, que isso? Ahh e Nosepass e Mawile? Pow, mistério resolvido naquela sombra do lado dela, tah explicado! Mawile cara, adoro esse Pokémon, e já tenho uma vaga ideia do que fará com ela. Adoro isso *3* Kkkk seria legal se ela tivesse uma personalidade duas caras, (porque ela tem mesmo duas caras kkk Digo, bocas). E o fato de ter colocado várias mensagens deu um toque a mais. Isso é algo que sei que posso esperar de você que não me arrependo. É como uma lição de vida por trás de tudo. Afinal, o caminho à frente é sempre mais importanque que o atrás. Capítulo show de bola, man, continue assim õ//

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  8. Cara, como que você conseguiu fazer esta interligação tão bem feita! Exatamente quando uma termina a outra começa. O “Time” foi muito preciso que até eu não acreditei, e a aparição do Dean foi bem épica, principalmente por ele ser uma figura que impõe respeito e o fato dele ter brigado com os mesmo que os atormentaram no passado! E por mais que a Célia só foi citada, achei que a presença dela fez diferença, e deu um ar especial a história!
    Uma parte que achei bem interessante foi a ênfase em itálico que você colocou ao se referir aos pokémons dos pais da Dawn que já haviam sido pegos anteriormente... olha ai um dos grandes dons do mestre Canas (interligar fatos inesperados)!
    Cara uma coisa que achei muito engraçado são os avós dos gêmeos... eles tem muita cara de avós kkkkkkk
    Parabéns pelo especial, que apareceu em excelente hora e uniu os dois laços dos destino

    Flw
    p.s. Será que a sessão deprê de capítulos vai acabar?? Kkkkkkkkk

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  9. Rapaz, esse especial deixou minha cabeça repleta de possibilidades acerca do passado da Dawn. Já me pergunto se os pais dela estariam mesmo mortos! Sinceramente não sei mais o que esperar da história dela, senão a resolução de tudo. Já não consigo mais criar teorias acerca de cada fato e acontecimento, e nem por isso descubro algo mais concreto. É cara, você é bom em nos deixar ponderando sobre essas coisas.

    Teremos mais sobre o Dean em breve? E a Celia? Eles me parecem personagens interessantes, não só pelo fato de estarem ligados à infância da Dawn, mas também pela própria personalidade que você atribuiu a cada um.

    Vou ficando por aqui cara! Até!

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  10. Canas, Canas...

    É incrível como você consegue passar para a gente direitinho esses sentimentos de melancolia, tristeza... Gosto muito disso. Achei que o passado da nossa Dawn seria mostrado apenas naquele especial dela, mas gostei disso também ser mostrado na história central.

    Cara, a Batian é muito fofinha. Sério. Eu fico imaginando ela colocando a mesa do café e dando as moedas pra Dawn... Pode parecer besta, mas sei lá, ela parece ser tão kawaii :3

    Cara, esses moleques de Jubilife são muito desgraçados. Puta que pariu! E a Dawn é muito desprevenida cara, quando ela precisa ameaçar o Luke está com o lendário canivete na mão, mas quando vai andar por lugares como esse o esquece e se quer leva os seus Pokémons! Oooh beleza! KKKK'

    Dean, Dean... Esse cara é muito gente boa. Depois de tanto tempo voltou a ver a Dawn. E quem diria que ele achou mais Pokémons dos pais dela néh? Achei que o time da nossa pesquisadora aumentaria, mas não aconteceu. Talvez seja melhor assim. Dawn, Dean... lembrem-se da promessa! E coitada da Celia man, queria que a Dawn tivesse visto ela... quem sabe assim a nossa velha conhecida ficaria um pouco mais feliz, não?

    Agora para o próximo capítulo. Parabéns, novamente Canas.

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  11. Nossa, eu ando tão emotivo ultimamente que eu quase chorei nesse capítulo, de verdade. Não li o especial da Dawn ainda, mas sabe Canas, você conseguiu me fazer olhar para Dean e sentir a tristeza dele sem conhecê-lo bem. Acredito, caro amigo, que você possui o dom de expor em palavras os sentimentos humanos na forma mais límpia que eles possam existir. Creio que isso já o torna um escritor fenomenal, mas juntando com sua qualidade na escrita, você se torna impecável. Na minha concepção, o que separa os verdadeiros escritores dos principiantes não é o fato de simplesmente escreverem bem, mas saberem sem exprimir na escrita.

    Esse episódio mostrou o passado de Dawn, dando-lhe uma resolução e um novo caminho. O que será que ainda encontrará a jovem mocinha de Sinnoh? Encerramos esse capítulo com a ciência de uma continuidade, pela qual esperaremos atentamente.

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