Archive for March 2013

Artbook - Stereo Hearts


Autor(a): Leeca (part. CanasOminous)
Finalizado: 14 de Janeiro, 2013
Técnica: Pintura Digital
Resolução: 1391 x 2056
Tamanho: 422 kb
Descrição: Marco (Mothim) & Mozilla (Porygon-Z) Shippig. Pokémon Gijinka. Technologic Hologram.

Notas do Autor (Capítulo 67)

Contest? O que é isso? É de comer? *risos*

Cara, faz muito tempo que não trabalho com uma apresentação de Contest, acredito que tenham se passado 8 meses desde que a competição em Pastoria foi realizada. Aos que se lembram devo realçar que ela deu muito o que falar, o assunto em si não foi nem a apresentação, e sim, aquela velha história de preconceito contra a diferença de classes sociais, algo que venho trabalhando em Sinnoh há muito tempo. Mais uma vez darei continuidade à essa projeto, diferenciando o tema central de um Contest e variando sempre que possível.

A verdade é que meus Contests já não são como os Contests que vocês estão acostumados. Eu elaborei meu estilo, não sou de chegar e fazer um episódio inteiro de apresentações seguidas repletas de cor e brilho.  Vou guardar isso para o Grande Festival, batalhas épicas entre grandes coordenadores e apresentações com seu jeito natural de ser. Mas por enquanto meu foco é outro, eu sempre procuro trazer uma lição de vida, e é isso que fiz mais uma vez. O Capítulo 67 retrata um lado do espelho que tentamos não ver, uma possível atitude que parece que muitas pessoas adotam. Afinal de contas, minhas apresentações não são bonitas aos ouvidos, ainda que devam ser ouvidas. Elas demonstram um roteiro que elaborei para o Lukas desde o princípio: As diferenças sociais.

O Arco de Snowpoint

É, meus companheiros, este é o Arco de Snowpoint repleto de histórias, lições e mensagens. Gosto desse clima calmo que a cidade transmite, e no geral estarei tentando manter essa ordem cronológica das coisas, equilibrando as aparições dos Irmãos Wallers num nível equivalente, sem que um se sobressaia pelo outro. Continuarei seguindo esse clima manso, afinal, eu não tenho pressa para terminar a Saga Platina. Vamos ir aproveitando cada instante dessa boa e velha história... Obrigado pela leitura companheiros, estamos passando por uma calmaria neste instante, mas lembrem-se que uma tempestade pode estar por vir! Bom feriado ae, galera.

Capítulo 67

Os Dois Lados do Espelho

          Lukas tomava seu café da manhã tranquilamente na lanchonete mais próxima da pousada. A neve fofa da noite passada derretera um pouco, mas ainda fazia um frio muito forte nos arredores. O jovem aproveitava para degustar do aroma perfeito de seu chocolate quente e fondues, os mais apreciados de toda a Sinnoh. Estava sozinho pelo fato de procurar fazer sua inscrição para a Competição antes mesmo das oito da manhã, e era possível ver pouco movimento nas ruas.
O rapaz folheava uma revista de curiosidades não tirando sua atenção das palavras ali grafadas. Ocasionalmente sua mão levava a xícara até sua boca, mas seus olhos não se despregavam. Lukas continuou ali lendo uma matéria sobre astros e planetas quando viu que uma garotinha passava ao seu lado na rua, do lado de fora. A menina parou e ficou encarando a mesa do rapaz que sentiu-se constrangido com a situação. Ele não era muito de apreciar que outras pessoas ficassem lendo uma notícia sobre seus ombros, mas manteve a educação e não falou nada
A garotinha continuou ali, mas agora sua cara estava colada no vidro.
Ou a matéria era extremamente interessante, ou ela não tinha noção dos limites de distância para o bem estar pessoal. Por fim, Lukas fechou a revista e virou-se para o lado com uma feição não muito paciente. Ao forçar a vista notou que a garota estava vestida apenas com um blusão muito maior para seu corpo, e suas perninhas descobertas eram tão finas quanto pedaços de gravetos. Seus olhos estavam prensados não na revista, mas em uma pequena fonte que jorrava chocolate em abundância. Sua língua ia de um lado para o outro demonstrando o desejo de experimentar o alimento.
— Ah, não, essa menina de novo, não... — comentou uma garçonete que passava ali perto naquele instante. — Senhor, mil perdões pelo incômodo, eu irei mandá-la sair daí.
— Quem é essa mocinha? — perguntou Lukas interessado, vendo que os olhos da criança ainda acompanhavam sua xícara de chocolate quente.
A garçonete arqueou os ombros, um pouco descontente.
— Deve ser uma dessas crianças pidonas. Ela aparece aqui toda manhã e fica importunando os clientes. Eu irei mandá-la para longe imediatamente.
— Não, não — pediu Lukas, gentilmente. — Pode mandá-la entrar e vir até aqui?
A garçonete a princípio esboçou uma feição confusa, mas cedeu ao cumprir as ordens do cliente e mandar que aquela pequena criança entrasse na lanchonete. Estava bem vazio, e mesmo assim as poucas pessoas estranharam a entrada de uma figura tão diferente em seu meio. Lukas pediu para que a garotinha sentasse, e em seguida pediu para que a garçonete trouxesse um lanche para ela.
Lukas segurou na ponta de sua xícara enquanto demonstrava um sorriso sábio e compreensivo.
— Então, notei que você estava de olho no meu chocolate... — brincou ele.
— Uhum... Parecia tão gostoso — respondeu a mocinha, na maior naturalidade possível.
— Mas você sabe que não é nada bonito ficar encarando outra pessoa para pedir algo. Se você desejasse algo, bastasse pedir com educação.
— É que mesmo assim às vezes não ganho nada... — respondeu a criança de maneira entristecida. — E se eu não me esforço pra ganhar alguma coisa, às vezes passo o dia inteiro sem comer.
Lukas imediatamente ajeitou-se em sua cadeira, um pouco surpreso.
— Você é de Snowpoint?
— Sô sim, moro aqui pertinho — acrescentou a garota.
— Onde?
— Ali.
Lukas virou-se e olhou para o vidro notando que havia uma ponte ali perto, e logo abaixo era possível notar de relance um barraco, que no momento estava vazio. O jovem sentiu um apero forte no coração ao perceber que aquela jovem menina era uma moradora de rua. Logo a garçonete chegou e serviu o lanche, Lukas empurrou-o em direção da menininha e tentou forçar um sorriso.
— Tome, eu pedi para você. Pode comer.
Os olhos da garota brilharam, e ela não demorou nem dois segundos para que ela agarrasse o sanduíche e devorá-lo.
Agora muitas coisas faziam sentido. A feição esfomeada, as roupas precárias, o olhar solitário... Lukas não imaginou que teria de se deparar com uma situação como aquela em uma cidade tão linda quanto Snowpoint, e logo antes de sua apresentação, quando na verdade ele deveria estar preparado-se. Lembrou-se inclusive do pouco que sabia sobre a infância da Dawn, sobre tantos outros fatos que fizeram sua amiga viver nas ruas de Jubilife por tanto tempo. Lukas viu naquela jovem criança a visão de sua própria amiga.
— Qual o seu nome? — perguntou Lukas.
— Dan. — A garotinha respondeu de boca cheia.
Ótimo, seria alguma influência do destino aquela garotinha ter um nome tão parecido com o de Dawn? E afinal de contas, Dan sequer era nome de mulher, mas aquilo fez que Lukas pensasse: E quem se importa? Ela não tem ninguém mesmo...
Lukas aguardou pacientemente que sua hóspede terminasse sua refeição, ocasionalmente ele a via guardar pedaços do sanduíche no bolso, mas preferiu não questionar. No fim encontrou-se na obrigação de pedir mais um prato feito para que ela estivesse bem alimentada até de noite. O rapaz apenas continuava ali, tomando goles lentos em sua xícara de porcelana, como se fosse um velho senhor observando atentamente cada detalhe dos jovens ao seu redor. Ela era morena, tinha olhos escuros, grandes e expressivos; e mesmo com um sorriso amarelado todos aqueles pontos se uniam para formar a figura de uma garota que seria muito mais linda se começasse, ou pelo menos tivesse a chance, de se cuidar.
A garotinha espreguiçou-se ao terminar, encolhendo seus braços na sequência para aquecer-se do frio.
— Ahh, estava tão bom! Deu até para esquentar, fazia tempo que eu não comia tanto! Obrigada, tio.
— De nada, criança — Lukas não deixou de sorrir ao saber que agora era ele quem era chamado de “tio”. Certamente, Marshall adoraria ouvir aquela história quando eles se encontrassem. — Bem, tenho algo importante marcado para daqui há pouco, então preciso ir andando. Acha que vai ficar bem?
— Pode ter certeza, sei me virar por essas ruas muito bem. Só estou com um pouco de medo do frio dessa noite, ontem foi bem difícil continuar acordada. Eu pensei que não fosse acordar.
Lukas parou de sorrir, pensando se tudo aquilo não passava de encenação. Uma criança não seria capaz de dizer algo tão sério, e isso o fez pensar se não estava sendo tão ingênuo em ajudá-la, dando comida e atenção. As pessoas ao redor falavam sobre ele, comentavam sobre suas atitudes em ajudar alguém tão debilitado, mas ela era uma criança como tantas outras, por que com ela deveria ser diferente? As pessoas comentavam à seu respeito a todo instante.
— Você... Gosta de Contests? — perguntou Lukas.
— O que é isso?
— São apresentações de Pokémons, com muita música, dança e carisma! Os Coordenadores treinam por muito tempo para encenar e receber fitas, ficam famosos, e competem por uma vaga no Grande Festival.
— Nunca vi — acrescentou a garotinha de maneira curiosa. — Mas sei onde são feitos. Já passei algumas noites perto de um salão grandão, e eu ouvia muita música bonita lá de dentro durante a noite. Eu sempre quis ver o que era.
— Quer ser minha convidada então?
A mocinha quase pulou de felicidade, suas mãos e mexiam e suas perninhas pareciam poder romper se ela continuasse pulando daquele jeito. Porém, ela logo parou e seu entusiasmo desapareceu.
— Não posso.
Lukas pareceu decepcionado, mas tentou compreender os motivos da jovem.
— Você será minha convidada, não precisa pagar nada.
— É que eu preciso arranjar comida para meus irmãos. Eles vão ficar com fome.
Inconscientemente as mãos da garota foram até seu bolso, onde Lukas lembrou ter visto o pedaço de sanduíche ter sido escondido. Aquilo o deixou com um imenso aperto no coração, sentiu uma raiva tremenda daquela vida tão injusta, mas como ele poderia ajudar? Compraria comida para todas as crianças pobres da cidade? Ajudaria todos os mendigos que encontrasse? Era impossível, e o dinheiro que seu pai dera não era infinito.

As pessoas da lanchonete ainda murmuravam a seu respeito. Sua mente trabalhava com milhares de ideias, e uma delas pareceu trazer a resolução perfeita. Lukas pediu para que Dan o seguisse até o Contest Hall, onde ele esperava colocar seu plano em ação. Ao alcançarem a porta de entrada a garotinha recuou assustada, fazendo com que o jovem parasse de caminhar antes de entrar.
— O que houve? Você queria assistir uma apresentação, não queria?
— Sim, mas... Aqueles homens não deixam — respondeu ela, apontando para dois guardas na entrada.
Snowpoint era reconhecida por ser uma cidade famosa entre turistas, então tudo era mais caro, tudo era mais restrito. Lukas segurou nas mãos da garotinha e a levou para dentro com pisos fortes, como se fosse sua irmãzinha. Os guardas não ousaram nem questionar. Lukas caminhou até a recepção e apoiando suas mãos sobre o balcão, sugeriu:
— Tenho uma proposta para a competição dessa tarde. Um evento, um evento especial.
A recepcionista surpreendeu-se com a sugestão, sendo que ela não vinha de algum sujeito qualquer. Lukas ganhara muita atenção na mídia, principalmente depois de Ike citar seu nome em frente de todas as câmeras, e também sua apresentação em Pastoria e a batalha de ginásio em Canalave. Certamente, a figura dos Irmãos Wallers impunha respeito por onde quer que passassem.
— Evento? E qual seria sua sugestão, senhor Wallers?
— Arrecadar fundos para a caridade. Todo o dinheiro conquistado será enviado para crianças de rua necessitadas, e também hospitais e escolas públicas. Os quatro coordenadores inscritos farão o melhor de si em suas apresentações, e todos os ingressos serão convertidos para as caridades.
Os olhos da recepcionista brilharam, e ela imediatamente percebeu como aquela ideia era brilhante. A mulher chamou atenção de duas amigas ali perto, que imediatamente aprovaram e chamaram a administração. Os encarregados perceberam que aquela seria uma excelente chance de chamar atenção.
— Imaginem como será magnífico? Já posso ouvir as manchetes! “Contest de Snowpoint arrecada fundos para crianças necessitadas!” Ohh, seremos aclamados por toda a mídia! Você é brilhante, meu jovem! Brilhante! — disse um dos administradores da competição.
Mais uma vez Lukas mostrava-se ambicioso com seus ideais nobres sobre direitos sociais. A última vez que fizera isso fora em Pastoria, e ele teve de lidar com uma breve discussão com um dos juízes que quase terminou sendo despedido do cargo. Por sorte, desta vez parecia que os encarregados pelas apresentações em Snowpoint eram menos restritos. O senhor esticou a mão para aceitar aquela proposta e imediatamente iniciar os preparos.
— Você têm uma mente fabulosa, meu jovem. Todos falarão de você, e seu nome estará nas alturas! Meus parabéns, continue assim, pensando no bem de todos.
Assim que Lukas deixou o salão a jovem Dan pareceu extremamente entusiasmada. Ela mal acreditava que tivera a chance de visitar um lugar que tanto sonhara ver, e agora, tudo parecia muito mais mágico do que realmente era.
— Eba, eu entrei no lugar, eu conheci como era lá dentro! — comemorava ela.
— Sim, sim. E muito em breve vocês também terão muito dinheiro para terem mais almoços, roupas, e um lugar melhor para morar! Sei que tudo isso irá ajudá-la a nunca mais passar vontade.
— Você é o melhor, tio! Obrigada! Obrigada! Eu não estou acreditando, vai ser muito legal, muito legal! Quando vou poder ver a apresentação? Posso chamar todos os meus amigos?
Lukas pareceu um pouco inquieto com a pergunta.
— Bem, você pode vir aqui de noite, se quiser... Mas os guardas não a deixarão entrar se você estiver com um monte de gente, ou se eu não estiver junto...
— Mas você vai estar comigo o tempo todo, não vai?
Lukas coçou a cabeça um pouco sem graça.
— Não sei, eu preciso me apresentar lá na frente, né? Se eu não me apresentar não tem como o público me ver, e assim o evento não daria certo.
— Ahh, tudo bem, então... Mesmo assim, obrigada por me mostrar o lugar.
Dan foi em direção do jovem, agradecendo-lhe com um suave beijo no rosto. Lukas retribuiu com um aceno sorridente, vendo que a garotinha agora desaparecia nos montes de neve com suas perninhas parecendo dois palitos enfiados em um bolo branco. Lukas levou suas mãos para trás, soltando um suspiro de gratificação. Ao virar-se, percebeu que uma figura desconhecida o observava, sentada sobre um banco de madeira na praça.
— Qual a essência das competições para você?

Lukas virou-se ao reparar que um moço bem agasalhado com roupas de frio parecia ter ouvido toda a conversa. Suas vestes eram todas verdes, o que o deixava com uma expressão natural e tão próxima de bela. Seus olhos eram claros, e ele transmitia a clara feição de um jovem rico e bem cotado na sociedade. O moreno olhou para os lados um pouco confuso, pedindo para que ele repetisse a pergunta.
— Perdão? O senhor está falando comigo?
— Sim, eu perguntei qual a essência de uma competição para você. Não pergunto isso com um intuito de maldade ou soberania, quero apenas uma resposta sincera. Sabe, sou um renomado coordenador em minha região, e vejo que você também vem fazendo fama por aqui. Diga-me, qual a importância disso tudo para você?
Lukas pareceu pensativo.
— Creio que seja mostrar para o mundo como as coisas são belas. E também ajudar quem precisa. É, acho que ajudar quem precisa é o principal.
— Então você ajudará essas crianças hoje, e amanhã largará a mão. Será que no fundo você também não faz isso só para chamar a atenção da mídia? — acrescentou aquele rapaz de olhos claros.
— Não, de maneira alguma! Ao menos, sei que estou fazendo a minha parte. Estes ideais vêm me acompanhando há muito tempo, e eu faço o possível para ajudar as pessoas. Não tenho o intuito de fama ou dinheiro. Eu só... Eu só...
O rapaz de verde parou, levantando-se do banco.
— Por que a dúvida? A fama te atrai?
Lukas demonstrou claramente uma feição confusa com aquela questão, e o rapaz voltou a acrescentar:
— Os humanos são ruins, meu jovem. Mas ainda assim acredito na bondade.
Lukas parou para ouvir aquilo atentamente, e o rapaz continuou:
— Sabe, meus amigos sempre me chamavam de fotossintético. Eu era tratado como uma planta em minha região, os juízes só me conheciam por esse apelido: White Blossom, o florescer branco. Eu era muito famoso entre os Coordenadores, muito mesmo.
— Então no fim você também procurava apenas chamar atenção, certo? — respondeu Lukas, achando que agora encurralara o questionador, mas o homem virou-se e acenou de maneira negativa.
— Um dos motivos para me tratar como planta é porque acho os humanos ruins, mas ainda assim sei que devo praticar o bem e ajudá-los. Afinal, é o que uma planta faz. Mesmo que muitas vezes elas não sejam recompensadas por salvarem a humanidade, o que seria deles se tudo que é verde desaparecesse e os deixasse na mão? — explicou o rapaz de maneira eficiente. — Então volto a perguntar... Qual a essência das competições para você? Ajudar o próximo é um ato divino e notório, mas ainda há aqueles que o fazem para chamar atenção. Jamais se perca nesse brilho falso, e lembre-se... Para mudar o mundo, devemos começar mudando a nós mesmos.
O rapaz fez um aceno antes de despedir-se, retirando uma tulipa branca de dentro de seu sobretudo e entregando-o nas mãos de Lukas. O jovem observou a flor atentamente, que mesmo no frio infinito da região, ela continuava tão bela e cativante. Lukas virou-se ao perceber que ele já se distanciava, mas a questão não desapareceu de sua mente: Qual era essência das competições para ele?


Lukas preparou-se a tarde toda para sua apresentação ao anoitecer. Luke e Dawn o acompanharam em seus treinos, e toda vez que eles passavam próximo ao salão dos Contests era possível ver que investiam como nunca na divulgação. Eram anúncios para todos os lados, cartazes, panfletos, banners, e os visitantes vibravam. E o público adorava a ideia, e achavam ela tão bela, notória e solidária... Era por isso que todos adoravam competições, elas sempre pensavam no próximo.
Será que eles realmente só fazem isso para chamar atenção? — perguntava-se Lukas logo sendo interrompido por um toque de seu irmão.
— Ei, concentração, concentração. Você não vai querer fazer feio na frente de tanta gente, não é? Vai me dizer que a vergonha voltou?
— Não é vergonha, são só... pensamentos.
— E devo dizer que pensamentos e reflexões são muito mais perigosos vindos de você — acrescentou Dawn. — O que está deixando-o incomodado?
— Fui eu quem sugeriu essa apresentação que irá arrecadar fundos para as crianças, mas as pessoas.... Bem, parece que elas só pensam na imagem que irão construir. Elas não arrecadam com o intuito de ajudar, e sim, de melhorar sua imagem perante o público.
Luke pareceu pensativo, olhando para um dos cartazes que lhe fora entregue.
— Uma coisa você pode ter certeza cara, vai lotar. Eu sempre gosto das suas ideias mirabolantes, mas dessa vez parece que faltou alguma coisa. Parece que essa apresentação vai ser feita para... Para chamar atenção mesmo. É como se a fama fosse seu foco dessa vez.
Aquilo fez com que Lukas mergulhasse ainda mais em seus pensamentos. Faltava apenas trinta minutos para que sua apresentação começasse, e ele subitamente saiu correndo para longe dali.
— Aonde você vai com tanta pressa, cara? — indagou seu irmão.
— Eu preciso chamar alguém para assistir essa apresentação! Prometo que volto dentro do horário limite.
Luke e Dawn tiveram vontade de segui-lo, mas Lukas tinha pressa, e acompanhá-lo resultaria em um atraso ainda maior. Os dois foram até seus assentos, e viram que aos poucos um público muito refinado chegava. Haviam muitos espectadores da classe mais alta, estrangeiros, lordes e duquesas, e todos estavam extremamente comovidos ao saber que seu dinheiro seria convertido para entidades que necessitavam.
Dawn olhava para seu relógio impacientemente, torcendo para que Lukas apressasse sua busca. O jovem nunca fora de atrasar-se em apresentações, e a pontualidade era um de seus marcos. Agora, faltavam apenas cinco minutos, e praticamente todos os lugares estavam lotados, aquele seria um recorde para uma apresentação padrão fora do auge da temporada.
Subitamente, Lukas passou por um dos portões de entrada do salão. Todos os juízes voltaram-se para trás, assim como curiosos e visitantes. Ele estava sozinho, suas roupas nem tanto arrumadas como de costume, e uma gota de suor mostrava que ele estivera ocupado resolvendo algo. O garoto desculpou-se pelo atraso, e foi aplaudido pela imprensa.
— Com vocês, o idealizador deste evento! Lukas Wallers!!
Puderam-se ouvir muitos aplausos, e Lukas entrou calmamente, por algum motivo olhando para a esquerda há todos os instantes. Os quatro coordenadores se apresentavam enquanto os juízes tomavam frente no partido, e Lukas continuava de olho no canto esquerdo da plateia. Seu irmão notou que algo o deixara apreensivo daquela maneira.
— Quem ele está procurando? — perguntou Luke.
— Não sei, um amigo, de repente? — sugeriu Dawn.
Os dois continuaram prestando atenção no evento, até que puderam ver uma criança passar em sua frente e sentar-se nos poucos bancos vagos. Ela estava mal vestida, e seu cabelo parecia não ser lavado há algumas semanas. Logo outra criança surgiu, com uma aparência muito semelhante. E outra, e outra, e outra. Diversas crianças surgiam, muitas delas sem muito poder aquisitivo, mas era notável que estavam encantadas com tudo aquilo.
Ainda era possível ouvir alguns murmúrios na plateia:
— Quem deixou essa gente pobre entrar?
Mas os juízes não podiam dar atenção àquilo, e apenas continuavam a apresentar o evento. Lukas foi o quarto a apresentar-se, e deu o máximo de si em cada uma das categorias.
Lyndis apresentou uma dança incrível, e Eva simplesmente brilhou na categoria de moda em sua inauguração. Para a apresentação final, o jovem escolheu Watt, Akebia e Milena. Sua equipe principal combinou golpes com faíscas elétricas, uma cortina de pétalas brancas e uma cachoeira d’água que convertia-se em uma fonte que nunca secava. No centro de todos os golpes surgiu a ilusão de uma linda mulher de cabelos róseos, que transformava-se na figura lendária de Palkia, a guardiã do espaço.
As faíscas que brilhavam transformavam-se em estrelas, a água convertia-se em uma poeira cósmica e cada pétala rosa era um pequeno planeta naquela visão do universo. Todo o cenário parecia ter sido transformado em uma galáxia perdida, e o próprio Lukas surpreendeu-se com o resultado de sua apresentação.
Paula — sussurrou ele. — Você não consegue aparecer sem deixar tudo com um brilho autêntico seu, não é?


A ilusão desapareceu, assim como a mulher de cabelos róseos. Os três Pokémons do jovem continuaram no palco, e foram aplaudidos de pé pelos juízes e por toda a plateia. Nota máxima! A apresentação fora fenomenal, e a repercussão de tudo não poderia ser melhor.
— Senhoras e senhores, temos um vencedor! Com uma apresentação autêntica e surreal, é Lukas Wallers quem fez a plateia vibrar com mais uma de suas esplêndidas e criativas invenções!
As crianças que estavam logo atrás começaram a levantar-se e aplaudir, fazendo os juízes olharem para trás e somente então notarem a presença de tantos jovens tão pouco favorecidos, de vestes sujas, cabelos emaranhados e sorrisos amarelados. Por um breve instante um silêncio pairou pelo salão, mas as crianças não se calaram, nunca tinham visto algo tão bem belo e surpreendente.
— Como ele fez aquilo? Como ele fez aquilo? — elas repetiam, na mesma velocidade que era possível ouvir: — Quem deixou eles entrarem? Quem deixou eles entrarem?
Lukas retirou a boina em sua cabeça, ajeitando o paletó e caminhando em direção de um dos organizadores que pareciam completamente sem reação naquele instante. O jovem olhou para os arredores, e aproveitando a ocasião que teria para discursar, resolveu desabafar de vez:
— Antes de mais nada, fui eu quem convidou todas essas crianças para o evento. Fui eu que corri atrás de cada uma delas, e inclusive, agradeço a jovem Dan pelo privilégio de comparecer à minha apresentação.
A garotinha encolheu-se em canto de maneira tímida, sendo cutucada pelos irmãos que riam sem parar. Lukas tomou fôlego antes de falar novamente.
— Nessa tarde conheci um rapaz que me fez a seguinte pergunta: Qual a essência dos Contests para você? Eu julguei que eu tivesse a resposta, mas a cada minuto que passava eu percebia que não tinha. Será que esse evento foi realizado para arrecadarmos uma melhor imagem de apresentações? Será que estamos aqui com o intuito de realmente ajudar essas crianças, ou apenas pensar que “fazemos nossa parte” dando dinheiro a elas?
O jovem ajeitou os fios do microfone antes de continuar:
— Não é apenas o dinheiro que as fará felizes. Creio que agora eu tenha uma resposta para a pergunta que aquele moço me fez. O sentido é fazer as pessoas sorrirem. Fazer as pessoas darem um passo para o futuro. Por isso digo que nosso intuito aqui não é adquirir fama, reconhecimento, ou simplesmente conseguir a próxima fita para participar do Grande Festival. Não há dinheiro nesse mundo que compense o carinho de uma criança que toca em seu ombro e lhe fala: Eu quero ser como você quando crescerEssa é a essência das competições. Ser um coordenador é manter-se fiel àquilo que você é, nos apresentamos não para mudarmos o mundo, mas para aprendermos a ser pessoas melhores, cada um de nós.
Toda a multidão permaneceu em silêncio, e por um instante apenas um rapaz levantou-se nos fundos da plateia. Era o mesmo moço que fizera a pergunta para Lukas no início da tarde, era o mesmo moço que agora carregava uma flor branca em seu agasalho esverdeado e aplaudia de pé a resposta que recebera. Agora parecia que Lukas havia captado a essência de uma competição.
Não demorou para que todos os outros também aplaudissem, e logo o auditório inteiro estava de pé para parabenizar o incrível evento. Ao término da apresentação os fundos não foram apenas convertidos para ajudar aquelas crianças. A prefeitura de Snowpoint responsabilizou-se por tomar conta daquelas criança, sendo que os próprios moradores da cidade agora trabalhavam numa possível melhora para que aqueles jovens nunca mais passassem fome ou necessidade.
Era um outro lado do espelho que as pessoas não queriam ver. Era o outro lado da janela que elas preferiam ignorar para não ver o mundo como ele realmente era.
Lukas foi recebido com um abraço caloroso de seu irmão, e Dawn teimava em afirmar que seus concursos melhoravam cada vez mais. Os olhos de Lukas brilharam ao ver Paula sentada em um dos bancos, aguardando o retorno do garoto e vestida de maneira tão bela com roupas e vestes de frio de uma maneira estilosa que só ela sabia fazer.
— A repercussão das apresentações são muito maiores do que imaginei. Este foi um dos espetáculos mais lindos que já presenciei — disse Paula com um sorriso singelo, agachando para cumprimentar o jovem.
— Puxa, mas você deu um toque especial só seu com aquela ilusão de toda a galáxia, foi incrível. — emendou o coordenador.
— ...Não estou falando da apresentação, e sim, da essência que você quis transmitir. A lição que toda Sinnoh pode aprender com essa mensagem. Aí está um dos motivos que me fazem acreditar mais e mais em você.
Lukas abraçou a moça e agradeceu por todo o apoio que ela dera, não escondendo a felicidade extrema em saber que pessoas que tanto adorava prestigiaram um momento tão importante para ele.
O público logo começou a se dispersar e Lukas foi até seu camarim para trocar-se. Ao abrir o armário onde deixara sua bolsa notou que uma pequena cartinha estava apoiada sobre uma mesinha de entrada. Parecia ser uma carta de um fã, e ao abri-la o garoto sentiu o doce aroma de flores e citronela do envelope.
Na carta, a mensagem era simples e definitiva.

Fazer as pessoas sorrirem. Fazê-las darem um passo para o futuro.
Apesar de todas as coisas terríveis à nossa volta, no fim continuo acreditando na bondade. Acredito que somos mais parecidos do que imaginei, não?
White Blossom, cultive um mundo melhor.”





 

Doctor Knife - Episode 2: Take Me Home

Support Conversation (Yoshiki x Coffey)
Gênero: Mistério;
Tema: Yoshiki exercendo sua função como psicólogo em Coffey;
Sugestão do leitor: Master Titan.

Yoshiki estava em seu pequeno e humilde consultório, tinha a mão estendida sobre a mesa, batendo a ponta de uma caneta em volta de seus dedos numa velocidade impressionante. Era habilidoso com a técnica e em momento algum parecia temer errar e causar mais uma cicatriz em sua mão. Ele aguardava pacientemente a chegada de uma vítima, mas há tempos não aparecia ninguém. Jade estava deitada sobre uma poltrona suja brincando com um pequeno pedaço de barbante, seus truques formavam objetos para passar o tempo. Logo a moça parou e espreguiçou-se ao falar:
— Yoshiki, estou entediada. Podemos tentar algo novo? — sugeriu a garota.
O oriental parou e bateu a caneta com toda força contra a mesa, como se fosse um facão. Ficou em silêncio ao erguer seu olhar e pressentir uma estranha sensação, um vento que o incomodava e parecia anunciar a chegada de algo.
— Minha próxima vítima está a caminho. Keh, heh, heh... — sussurrou o psicólogo.
Jade ajeitou-se em sua poltrona olhando para a porta, apreensiva. Demorou um pouco, mas conforme se aproximava era possível ouvir passos pesados indo em direção do consultório. Yoshiki entrelaçou suas mãos e apoiou os cotovelos sobre a mesa. Estava ansioso por aquele momento, e sua tensão aumentava conforme os tambores rítmicos iam chegando perto.
Foi possível ver dois pés imensos debaixo da porta. Estava descalço, as unhas sujas e os calos demonstravam que ele era um andarilho que já viajara muito. A figura agachou e com suas mãos grotescas empurrou a portinhola de alumínio com certo receio. Jade pôde ver ali um homem negro com uma feição aérea  ele olhou tudo de relance e tentou entrar no consultório, mas bateu a cabeça no arco da porta, massageando a região que lhe doía.
— Tem alguém aí? — perguntou o visitante. — Estou precisando de ajuda...
Yoshiki ergueu seu olhar para poder encarar aquele gigante de olhos tão serenos. Coffey entrou e parou em sua frente com as costas encurvadas, assim que sentou-se sobre a cadeira a mesma veio a desabar, derrubando-o no chão. O homem pareceu mal sentir. Muito pelo contrário, ele apenas revelou um sorriso pacífico e cumprimentou-o.
— Oi — disse o gigante de maneira meiga.
— Seja bem vindo, destruidor — respondeu Yoshiki, voltando a sentar-se em sua almofada velha.
Jade estava apreensiva em seu canto. Já ouvira falar do imenso prisioneiro, mas nunca antes o vira perambulando pelo pátio dos Fire Tales. Temeu que algo perigoso pudesse acontecer, mas por sorte aquele homem não parecia buscar encrenca.
— Sua casa... — sussurrou Coffey com a cabeça baixa. — Sua casa é muito bonita.
— Eu não moro aqui, tecnicamente este lugar é onde atendo meus pacientes, como você. Sou um psicólogo soturno, o prazer é todo meu — disse Yoshiki, vendo Coffey forçar a visão como se não tivesse entendido muito do que o oriental dissera.
— Um psicólogo. — Repetiu Coffey com sua voz grave. — O que um psicólogo faz?
— Bem, eu resolvo problemas, dou conselhos. Eu salvo vidas. — respondeu Yoshiki, buscando uma faca dentro de seu kimono enquanto cortava a ponta de seu próprio indicador deixando escapar um pouco de sangue.
Coffey juntou as mãos e pareceu muito feliz com a notícia.
— Oh, então você é um anjo.
Yoshiki parou ao ouvir aquilo.
— Não. Acho que não.
Nunca ninguém o chamara daquela forma, primeiro porque ele apreciava fazer os outros sofrerem e propositalmente nunca os ajudava, segundo porque ele havia acabado de mentir. Como aquele misterioso sujeito poderia confundi-lo com algo tão divino?
— Posso te contar um problema? — perguntou Coffey como se fosse um velho amigo que compartilha segredos. — Eu tô perdido. Quero encontrar um caminho pra casa.
— Oh, uma criança perdida! Keh, heh, heh... — disse Yoshiki empolgado, levantando-se e indo direção do gigante. O rapaz tocou nos ombros definidos de Coffey e foi dando voltas conforme preparava um canivete e deliciava-se com a sensação de ter uma vítima em seu consultório. — Então diga-me, o que você faria se jamais.... jamais pudesse voltar para casa?!
Subitamente Yoshiki enfiou o canivete na costela de Coffey, mas a lâmina entortou de tal maneira que a pele do homem parecia ser feita de aço. Jade levantou-se estagnada com a cena enquanto Coffey continuava sonolento e pensativo ao seu lado, agindo como se nada tivesse acontecido.
— Bem, eu... Ficaria muito triste, muito triste mesmo — disse Coffey em resposta àquela primeira pergunta do psicólogo. — Mas num lembro de onde vim, num lembro nem quem sou eu. Você pode me ajudar? O que eu sou?
— Agora eu também estou tentando descobrir. —Yoshiki dessa vez brandiu uma katana exposta em uma das paredes, mergulhando a espada contra o pescoço de Coffey, mas mesmo com a segunda tentativa uma curvatura foi feita na lâmina que quase rachou no meio. Coffey coçou a nuca como se tivesse sido picado por um inseto.
— Chefe? O senhor está bem?
Yoshiki jogou sua espada para trás do sofá.
— Nunca estive melhor — disse ele com uma risada forçada.
O psicólogo imediatamente correu em direção de sua assistente que vira a cena, Jade estava ainda mais espantada com aqueles ocorridos.
— V-Você viu o que aconteceu? A pele desse homem entortou uma faca!! — disse a garota.
— Eu vi, eu vi, mas não é possível, ele deve ter uma fraqueza...
Yoshiki voltou pacientemente para sua mesa, sentando-se, pegando a caneta e puxando uma pasta para ouvir seriamente o que aquele gigante tinha a dizer.
— Primeiro, eu não posso resolver seus problemas. É, desculpa, o seu caso é meio complicado, então já aviso que não posso te ajudar.
— Que pena... — respondeu Coffey, mas ainda assim, o gigante continuou ali parado, como se esperasse que algo sobrenatural acontecesse.
Yoshiki arqueou uma das sobrancelhas e perguntou:
— E o que está fazendo aqui até agora? Eu já disse que não posso te ajudar.
— Eu só... Eu só queria conhecer vocês, só queria saber se precisavam de ajuda. O pequeno chefe disse que eu deveria andar pela base e fazer amigos. Vocês também estão procurando uma casa?
— Aqui é a minha casa, de certa maneira — assumiu Yoshiki de forma séria, já um pouco entediado ao ver que seus planos deram errado mais uma vez.
Coffey parou e lançou um olhar pelo local. Era simples e humilde, mas aconchegante e com traços característicos da personalidade daqueles dois. O gigante sorriu e balançou a cabeça lentamente.
— Eu queria ter um lar como esse.
— Não fique se fazendo de coitado, você tem a Fire Tales, tem essa bendita guilda inteira pra você. Agora faça-me o favor de dar a meia volta e sair pela porta que você entrou, a consulta terminou.
Os olhos amendoados de Coffey estavam semiabertos, e agora demonstravam uma certa harmonia, como alguém que finalmente assimila algo.
— Faz sentido — disse o prisioneiro.
— O quê faz sentido?
— Esse lugar. Tudo. Todos nós. Agora faz sentido que... a gente tornou esse lugar a nossa casa — respondeu Coffey de forma enigmática, voltando-se para o psicólogo em sua frente. — Você é um bom homem. Obrigado, obrigado por ajudar.
Yoshiki fez uma careta do outro lado da mesa. Estava frustrado por mais uma vez ter ajudado alguém quando não era essa a sua intenção.
— Você não bate bem da cabeça, né?
— Não — respondeu Coffey, apontando com o indicador para sua própria cabeça, em seguida desviando para a região de seu peito. — Não, com a cabeça, mas com o coração.
O gigante apoiou-se em seus joelhos e despediu-se num cumprimento antes de sair agachado pela portinhola de entrada. Jade ficou ali, observando a cena e tentando assimilar aquele estranho encontro. A moça voltou-se para seu companheiro e murmurou:
— Ele... Ele parece o andarilho daquela história.
— História? — perguntou Yoshiki interessado no assunto, ajeitando os facões em seu kimono e encerrando as consultas naquela noite.
Jade pareceu pensativa conforme se ajeitava em sua poltrona velha.
— Certa vez ouvi dizer que existia um homem solitário nesta vida sem sentido, que ele foi enviado do céu para a terra sem objetivo algum. Ele caiu neste mundo vazio e desde então têm procurado uma forma de voltar para sua casa. Dizem que é como um símbolo de boa sorte, que ele caminha por aí só para... dar um sentido aos que não possuem
— Então ele é um anjo — brincou Yoshiki pensativo, ignorando o fato daquela história ser verdade ou não. Mas ainda assim, não deixou de pensar a respeito por várias horas. — Quem diria que encontraríamos um em um lugar como esses...
— Bem, creio que basta procurar que encontramos mais coisas do que imaginamos nas pessoas — suspirou Jade. — Há certos sentimentos que apenas o coração pode revelar.
Jade virou-se em sua poltrona e procurou por um violão que lembrava-se ter guardado ali há muito tempo. Estava empoeirado, mas sentia que podia lembrar-se daquela canção que certa vez ouvira alguém cantar. A moça passou suas mãos lentamente sobre os fios do instrumento musical, murmurando uma canção bem baixinho conforme deixava seus pensamentos irem junto ao vento, deixando seus desejos para que aquele misterioso sujeito um dia encontrasse o seu lar.

“Prenda-se a mim enquanto seguimos
Enquanto passamos por esta estrada desconhecida
E embora esta onda esteja nos amarrando
Saiba que você não está sozinho
Porque eu vou fazer deste lugar o seu lar

Acalme-se, tudo vai ficar claro
Não dê atenção aos demônios
Eles enchem você de medo
A dificuldade pode trazer você para baixo
Se você se perder, sempre poderá ser encontrado

Apenas saiba que você não está sozinho
Porque vou fazer deste lugar o seu lar.”
Clique aqui para ouvir a Jade's Song!

Sadness Orchestra Songs

Total Eclipse of the Heart
Celia's Song (Sadness Orchestra)



“E eu preciso de você agora esta noite.
E eu preciso de você mais do que nunca
E se você apenas me abraçar forte
Nós ficaremos abraçados pra sempre
E só vamos estar fazendo o certo, porque nós nunca estaremos errados.
Não há nada que eu possa fazer, apenas um eclipse total do coração.

Eu realmente preciso de você hoje à noite
A eternidade vai começar esta noite.”

Heaven
Dean's Song (Sadness Orchestra)


"Pensando nos nossos tempos de juventude só existia eu e você
Éramos jovens, selvagens e livres.
Agora nada pode te manter longe de mim
Já passamos por isso antes, mas agora já acabou.
E você continua me chamando pra mais.

Querida você é tudo que eu quero
E quando você está deitada em meus braços quase não consigo acreditar
Estamos no paraíso
E querida, é tudo o que eu preciso. Encontrei em seu coração
Não é tão difícil de ver que estamos no paraíso"


The Weary Kind
Ed's Song (Sadness Orchestra)



“Seu coração está à solta, você arriscou tudo
Por algum motivo, não parece mais que estou em casa.
Seu corpo dói... Tocando seu violão e eliminando o ódio no suor
Os dias e as noites parecem todos iguais, o uísque tem sido um incômodo
E não perdoa a estrada que por dentro chama o seu coração.

E aqui não é lugar para o tipo cansado
E aqui não é lugar para perder a cabeça
E aqui não é lugar para ficar para trás
Pegue seu coração louco e tente mais uma vez.”

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