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Posted by : CanasOminous
Sep 19, 2014
Support Conversation (Beliel x Lyndis)
Gênero: Romance;
Tema: Qual o nível de aproximação romântico entre Beliel e Lyndis?.
Notas I: Vencedor da enquete sobre qual deveria ser o próximo Support, com 62% dos votos.
Notas II: O desenho da Litos foi feito primeiro, logo, o desenvolvimento do capítulo foi criado depois baseando-se na imagem.
Image by: Litos
Beliel podia sentir alguém aproximar-se.
Aquele caminhar pesado e a respiração ofegante lhe eram bem característicos, só
podia ser ela. Manteve as mãos entrelaçadas uma na outra enquanto encarava seu
tabuleiro de xadrez enquanto a garota ia se aproximando, até que parou ao seu
lado.
O Houndoom não precisou virar-se para
cumprimenta-la ou perguntar quem era. Sempre que Lyndis se aproximava, sentia
uma aura emanar por todas as sombras que o cobriam. Enquanto seu mundo era
repleto de formas vazias, sem cor e nem sentido, ela era um pequeno foco
laranja que servia como um farol nos dias tempestuosos.
Ele levou a mão até uma torre branca no
tabuleiro, e passou para o próximo turno.
— Como pode saber que essa é a peça certa? —
Lyndis perguntou, ainda de pé ao seu lado. — Sem querer ofender, é claro.
—
Formato — Beliel respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Hm,
interessante. Mas como consegue diferenciar quais são as brancas e quais são as
pretas?
Os olhos
brancos do homem piscaram. Ele não respondeu. Apoiou-se as mãos em seus joelhos
para virar-se em direção daquele foco luminoso que tanto lhe agradava. Lyndis
cruzou os braços e sorriu, claramente devia estar ali por algum motivo, e ele
logo descobriria qual era.
— Ouvi
dizer que você é um homem de palavra.
—
Precisamente — Beliel concordou, com um menear suave de sua cabeça.
— E o
que ordenam para você cumprir, é feito sem hesitação.
Mais uma
vez ele acenou, positivamente. A ruiva podia gabar-se por ser uma moça de
estatura média, e mesmo assim, chegava a parecer uma menininha perto do homem
que mesmo sentado tinha quase a sua altura. segurou em das mãos dele e logo o
obrigou a levantar-se.
—
Perfeito! Então eu quero que você seja o meu parceiro de dança hoje.
—
Perdão? — Beliel virou-se um pouco atordoado, surpreso por uma notícia
daquelas. Estava acostumado a ser requisitado quando guerras começavam ou monstros
do mundo inferior revelavam-se hostis, ou mais comumente para matar alguém; mas
uma proposta de dança era novidade até mesmo para ele.
Lyndis
explicou-lhe o que procurava:
— Meu
amigo Karl saiu com a mãe dele hoje, e eu fiquei sozinha. Amanhã estarei
apresentando uma competição para nosso coordenador, e preciso praticar um
estilo de dança que não é bem o meu forte. Para isso, preciso de um parceiro.
— Mas eu
não sei dançar — respondeu Beliel.
— Não se
preocupe. Siga os meus passos, que eu o guiarei.
Lyndis
segurava na mão do Beliel, levando-o para algum lugar da guilda que ele não
sabia dizer exatamente onde era. Sabia que estava vazio e não tinha ninguém em
volta. Quando estava em um lugar desconhecido, limitava-se a ficar parado,
ouvindo os sons ao seu redor, presumindo e imaginando o que haveria ali.
Pôde ver
a chama de Lyndis brilhar bem fraquinho em sua frente. Ela parecia estar
mudando suas vestes para algo mais fino.
— Não se
importa se eu me trocar aqui, não é? — ela brincou, já se trocando.
—
Garanto que não vou ver nada — ele respondeu com um certo tom de ironia, ainda
encarando ela.
A moça
soltou seus longos cabelos que brilharam, permitindo que seu companheiro se
sentisse estranhamente atraído por todo aquele calor. Sem hesitar muito, Lyndis
ligou um aparelho de som que começou a tocar uma valsa lenta e tranquila, um
ritmo musical do qual ela nunca fora muito apegada.
—
Detesto esses ritmos lentos e melosos. Só dá pra dançar com parceiro, não tem
energia, não tem vibração, não tem nada — disse ela. — Mas fazer o que? É só
uma apresentação mesmo.
— Você irá
dançar com aquele seu amigo? — Beliel perguntou.
— Quem?
Tá falando do Karl? Sim, sim, nós faremos um par, e aquele vacilão me deixou
esperando hoje! Não tem problema, vou praticar alguns passos e já pego esse
estilo em um minuto.
Guiando
Beliel com suas mãos, ela levou a mão direita do companheiro até sua cintura
enquanto a esquerda permanecia levantada, como um gesto antigo de damas e
cavalheiros em festas requintadas dos tempos antigos.
— Ouvi
dizer que você é boa dançarina — comentou Beliel com os olhos esbranquiçados
presos no vazio, mexendo seus pés conforme Lyndis o guiava.
— Até
que você também leva jeito. Já dançou alguma vez na vida?
— Não.
— Ah.
Isso explica a festa no outro dia — Lyndis não poupou uma risada, o que fez
Beliel também rir somente por ouvir a dela. — Você parecia uma árvore que
nasceu no meio de um campo de futebol. Bem, na verdade deve ter sido horrível
ficar no meio daquela barulheira toda, me desculpe por te arrastar até lá.
— Não.
Foi interessante. Senti como se eu estivesse no meio de um terremoto —
respondeu ele com a mesma risada amigável, pegando o ritmo dos passos com uma
velocidade inacreditável. Karl teria levado semanas.
Lyndis
ousou ir um pouco mais na dança.
— Me
diga, por que nunca dançou antes? Nunca sentiu interesse?
— Talvez
porque eu não tenha tido a oportunidade — Beliel assentiu.
—
Estarei aqui sempre que precisar, tudo bem? — Lyndis emendou, revirando-se num
movimento rápido conforme o ritmo da música de maneira que Beliel a segurasse
como se tivesse experiência naquilo há anos.
A ruiva
se envolveu nos braços do homem e o olhou mais de perto. Será que ele sentia
que ela o observava tão descaradamente? O calor de seu corpo, as memórias do
momento em que o viu caindo, e pensou nunca mais poder vê-lo. Se um dia os dois
já foram inimigos mortais, por que aquela atração era tão grande?
— É a
primeira vez que conseguimos ter uma conversa séria desde que você entrou para
a guilda — comentou Lyndis.
— Refere-se
ao fato de que até agora as nossas conversas foram apenas superficiais? Ou por
que antes estávamos tentando matar um ao outro?
— Não é
disso que estou falando, é que... Olha só pra você, Beliel! Quem diria que estaria
de volta! — Os olhos da moça brilharam, e ela encostou a cabeça gentilmente em
seu peito bem estruturado. — Eu o vi cair bem diante de meus olhos. Por um
momento éramos rivais mortais, e no outro...
— Como
madeira e chamas — respondeu Beliel com uma risada. — A madeira não
necessariamente precisa do fogo para sobreviver, mas o fogo... Ele precisa de
algo, ou alguém, para apoiar-se.
— O fogo
consome tudo, ele destrói — disse Lyndis, encostando a mão no ombro definido do
homem. — Você não. Você é bom, é um fogo que não queima, a menos que queira.
Ele é quentinho e me traz conforto.
Lyndis
chegou a encostar a cabeça bem de leve no peito do homem, fechando os olhos e
procurando enxergar o mundo exatamente como ele. E podia sentir claramente que
era tocada, mas não com maldade ou com qualquer intuito malicioso, mas como uma
criança inocente que descobre o mundo. Beliel havia esperado tanto tempo para
senti-la que achava estranho toda aquela aproximação.
Guiando
sua mão mais uma vez até as dele, os dois pararam de dançar quando Lyndis fez
com que Beliel tocasse o seu rosto. Ela olhava profundamente em direção de seus
olhos brancos, como se tivesse a esperança de que algum dia eles voltariam a
enxergar.
— Quando
você caiu, lembro-me que disse que seu maior desejo era ter visto o meu rosto —
ela falou enquanto sentia suas bochechas esquentarem. — Sei que não pode ver,
mas também sei que pode sentir.
— Como
as peças de xadrez — Beliel sorriu, sabendo que aquela seria a melhor maneira
de explica-la. — Eu não as vejo, mas posso sentir o formato, o espaço que elas
preenchem.
Lyndis o
abraçou com força, envolvendo seus braços mais uma vez e pretendendo nunca mais
soltá-lo para dar-lhe a chance de se perder. Uma apresentação na semana que
vem? Nossa, nem se lembrava de quando fora a última vez que participara de uma,
mas ao menos seu plano dera certo. Sua respiração ficou mais densa, o fogo em
seus cabelos ruivos intensificaram a tonalidade tão vibrante e seu coração
palpitou com velocidade tremenda. Estava contente por estar ali, junto dele,
mas ao mesmo tempo, sentia-se como se tivesse sido a culpada por muitas
atitudes que já não tinham mais importância.
— Me
desculpe, Beliel. Meu desculpe por não ter te esperado. Eu pensei que você
tivesse morrido — admitiu, com o coração partido.
Ele
revelou um sorriso fraco, com os olhos vagando longe, na necessidade jamais
saciada de encontra-la.
— Quando
estive perdido no mundo inferior, havia uma luz fraca que me guiava para fora
daquela terra terrível. Era uma luz que persegui insistentemente, e que ainda
brilha para mim — respondeu o homem, vendo que logo Lyndis começava a chorar
como se fosse uma garotinha apaixonada.
— Eu vi
você morrer, Beliel. E-eu fiquei confusa. Você acredita em reencarnação, ou
qualquer uma dessas coisas sobre vida após a morte? Você esteve lá para dizer,
talvez isso explique porque somos tão estranhamente ligados.
— O
inferno é só mais um lugar que passamos — sua voz soou tranquila. — Fiquei
muito feliz de poder encontra-la mais uma vez.
— Eu
continuei seguindo. Prossegui com minha vida quando eu devia ter esperado,
Beliel, eu devia ter esperado...
O homem
levou o indicador até o queixo da moça, fazendo com que ela direcionasse o
rosto em sua direção. Apesar de cego, por que aqueles olhos eram tão cheios de
vida e emoções? Ela sentia como se eles pudessem enxergar tudo que existia
dentro dela.
Beliel
sorriu ao falar bem baixinho:
— Você é
a minha luz. E sempre será. Você é quem me guiou para longe da tormenta, e
mesmo que eu não possa tê-la só para mim, irei sempre procura-la — disse o
Houndoom. — Você é a minha esperança.
Lyndis o
abraçou, já devia ser a quarta vez. Toda vez que se separavam, bastava alguns
segundos para que ela se afogasse mais uma vez em seus braços sem aguentar a
distância de alguns poucos centímetros. Não se lembrava de quando fora a última
vez que recebera um abraço tão caloroso quanto aquele, que lhe transmitisse
segurança e confiança. Ainda não conformada, ela respondeu:
— Mas de
que vale a esperança, se você não pode tê-la?
— Ela me
dará forças para continuar seguindo.
As horas
se passaram silenciosas e lentas. Lyndis, que era sempre vista tão enérgica e
motivada, parecia abalada e comportada numa rara situação. Beliel já havia
conseguido melhorar nos passos, e inclusive parecia dançar melhor do que sua parceira
que estaria apresentando-se no fim de semana.
— Ah,
pra ser bem sincera com você, não tenho apresentação nenhuma esse fim de
semana.
Beliel podia
prever muitas coisas, mas dessa vez realmente fora surpreendido.
— Sua
pequena devassa — ele deu uma risada. — Ao menos, posso afirmar que aprendi
alguns passos de dança.
Quando
estava satisfeita com o resultado, Lyndis sentou-se no chão e abraçou seus
joelhos.
—
Obrigada por ter vindo, Beliel... Eu precisava ter essa conversa com você, ou
ia enlouquecer. Tinha muita coisa presa em minha garganta, eu só queria que soubesse
que... Eu ainda gosto muito de você.
O homem
virou-se para ela e fez um aceno com a cabeça.
— Não
preciso repetir que estarei sempre te esperando. Todos nós devemos estar sempre
em busca de algo. E você, senhorita Lyndis? O que busca nessa vida?
A moça
olhou em direção dele e soltou um suspiro, em seguida trocando a música de seu
aparelho de som para um estilo alternativo que fez Beliel até recuar quando
ouviu aquele barulho.
— Bem,
chega de drama. Uma coisa eu posso garantir para você: Enquanto estiver ao meu
lado, não vai conseguir ficar parado. Venha, está na hora de se mexer e acender
esse fogo! Garanto que ele não se apagará tão cedo.
Esse support conversation foi muito bom!!!!!!!!!!!!!!!E quem imaginária o Beliel dançando valsa,essa foi surpreendente!
ReplyDeleteObrigado, companheiro! Há tempos eu já estava na ansiedade para postar esse Support aqui no blog, por mais que eu seja um adepto ao casal Karl x Lyndis fiquei impressionado pela maneira como o Beliel conseguiu despertar a atenção dos leitores após retornar e entrar na guilda, tanto é que ele se destacou bem mais do que o próprio Seth, que supostamente deveria ser o seu chefe. Vamos ver como ele se sai agora na Quarta Casa, onde suas chances de brilhar ainda mais estão por chegar! ;)
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