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- Doctor Knife - Episode 5: Box of Happiness
Posted by : CanasOminous
Apr 30, 2014
Support Conversation (Yoshiki x Aerus)
Gênero: Drama;
Tema: Com a aproximação da Liga Pokémon, a batalha contra a Elite dos 4
e os Remarkable Five, Jade e Yoshiki pretendem fechar o consultório do
Doctor Knife e encerrar seus atendimentos como psicólogo;
Notas do Autor: Este episódio ocorre algumas semanas antes do Capítulo 94,
antes que a Fire Tales inicie a batalha contra os Remarkable Five.
Jade permanecia inquieta no sofá, remexia-se toda alvoroçada
enquanto seus olhos iam de uma ponta a outro do escritório antigo onde já
presenciara tantas consultas de seu companheiro. Eram caixas e mais caixas...
Yoshiki estava sem camiseta vestindo apenas seu kimono apoiado em um dos
ombros, carregando os caixotes mal organizados e desorientados, espalhados pela
sala pouco iluminada.
O rapaz limpou o suor do rosto e
suspirou, finalmente dirigindo seu olhar para a garota que o examinava, aflita.
— Yoshi-kun, acho que perdi a minha caixa vermelha — disse Jade.
— Sinto em lhe dizer, mas você não irá encontra-la tão cedo. — O Toxicroak
respondeu com uma risada sincera, mas viu a feição entristecida da companheira
e comoveu-se. — Bem, mas
se você tivesse me avisado antes, eu teria ficado de olho.
— E-Eu preciso daquela caixa — Jade falou, entrelaçando suas
mãos e olhando para todos os lados, indecisa. — Ali dentro tem uma coisa muito
importante e que eu precisava ver antes de irmos para a batalha contra a Elite
e os Remarkable Five.
Faltavam
apenas algumas poucas semanas para que a Fire Tales cessasse os treinos e
partisse para a última etapa de sua jornada, enfrentar os maiores guerreiros da
região. Com as obrigações aparecendo, Yoshiki suspendera seu consultório. O
Doctor Knife não mais residiria ali, atendendo seus pacientes desafortunados e
recebendo cada alma com um sorriso maníaco. Todas aquelas brincadeiras ficaram
para trás em um tempo que não existiam tantas obrigações e preocupações, e
agora, parecia tão distante.
Vendo
aquele cômodo, vazio do jeito que estava, restavam apenas memórias.
— Afinal de contas, que caixa é essa? — perguntou Yoshiki.
— É o presente que o Marco Polo deu para mim há muito
tempo... Lembra? Quero dizer é só a caixa, o presente eu já comi. Ela é
vermelhinha, tem um lacinho bonitinho, e é muito importante — dizia Jade,
encenando com as mãos e tentando demonstrar como era seu objeto desaparecido.
— Marco... Marco... A mariposa? — indagou Yoshiki com uma
risada.
— Ele mesmo, o garotinho que gostava de mim. Um amor.
Escreveu até uma carta adorável, gosto de pessoas empenhadas. Guardei a caixa
como uma lembrança, e passei a colocar dentro dela várias coisas importantes de
minha vida.
— E posso saber o que havia lá dentro?
Jade
remexeu-se em seu sofá, acanhada.
— Ah, isso só vou poder contar se me ajudar a encontrar.
Yoshiki
sorriu. Estava exausto, então aproveitou a pausa para sentar-se ao lado da
garota no sofá velho do consultório e esticar um dos braços para abraça-la pelo
ombro. Jade aninhou-se mais perto de seu peito, suspirando cada vez que olhava
para aquela sala desocupada e sem nada.
— Lembra de todas as consultas que fizemos aqui? — perguntou
a Yanmega.
— Algumas não tem como esquecer, como a primeira, em que
recebi o Duke e quase arranquei um dedo dele. Keh, heh, heh...
— Teve também a do Gigante Coffey, e aquela em que o Mikau
veio perguntar para você o que achava de ficar com duas garotas ao mesmo tempo
— Jade riu com deleite, uma risada adorável de se ouvir. — Lembra quando o
senhor Panetto veio perguntar se era esquisito ele assistir programas de
culinária no período da manhã? Ou quando o General falou de seus pesadelos, e
até mesmo o Al Capone veio pedir dicas e sugestões de como cuidar de crianças?
— Acho que atendemos todo mundo nessa guilda — concluiu
Yoshiki, descansando a cabeça no encosto do sofá.
Jade
ergueu-se num pulo, apoiando-se em um dos caixotes e ficando de frente para seu
parceiro.
— Menos uma — ela fez uma pausa. — Eu!
A
garota deslizou uma de suas mãos até as pernas do rapaz, retirando de leve os
chinelos básicos de Yoshiki e começando a massageá-lo bem devagar. Ele quase
soltou um suspiro de prazer, pois seus pés já lhe doíam do trabalho e treino
dos últimos dias.
— Você não vale, é minha assistente — Yoshiki balançou a
cabeça, aproveitando o momento.
— Não é justo. Eu exijo ao menos uma terapia comigo —
respondeu a menina. — Valendo, agora.
Yoshiki
voltou a prestar atenção em sua companheira, e assim ela começou:
— Sabe, estou perdidamente apaixonada por um cara.
— Espero que não seja uma mariposa — ele riu.
— Oh, não. Mariposas costumam ser bem sem graça, não há
perigo por perto, são elas que vão atrás do perigo. E eu, bem... — Jade começou
a massageá-lo com um pouco mais de força. — Eu gosto de viver nos limites. E
experimentar um pouco de tudo. Um pouco mais de audácia.
— Continue — respondeu Yoshiki com um sorriso de canto.
— Então, a verdade é que eu adoro este sujeito, mas...
Algumas coisas bem chatas têm aparecido em nosso caminho. Algumas pessoas
almejam ter uma vida tranquila e sem grandes surpresas, mas eu estou sempre em
busca de uma aventura.
— Que bela coincidência.
— E eu tenho medo de não estar mais ao lado dele para
continuar vivenciando tudo isso...
Yoshiki
abriu seus olhos e foi libertado de seu transe. Parecia que a brincadeira já
tinha terminado.
— O que quer dizer com isso? — perguntou ele, mas Jade virou
o rosto.
— Yoshiki, estamos chegando perto do final... Quem somos nós,
se não meros guerreiros que partem em uma guerra sem garantia de retorno? Ah,
eu queria tanto ter passado mais dias com você, ter sido uma assistente mais
efetiva, e quem sabe até mesmo continuar nossa vida num caminho diferente! Você
acha que eu fui boa o bastante para você?
— Ei — o rapaz levantou-se e levou o indicador em direção do
queixo da menina, encarando bem de perto aqueles olhinhos inchados de quem está
prestes a chorar, e selando um beijo rápido em seus lábios. — O que aconteceu
com a Jade que eu conhecia? Essa Jade pessimista deixou de existir há muito,
muito tempo.
— É que tenho medo de perder a única coisa que ainda me
importa nessa vida. De novo. — Ela lamentou, e aquilo deixou Yoshiki
profundamente entristecido.
Ele
levantou-se num salto, e ajeitando o kimono sorriu para ela.
— Onde está essa sua caixinha? Quero ver o que havia dentro.
— A consulta já terminou? — continuou Jade.
— Vou terminar hoje à noite, quando o trabalho da mudança
acabar e eu estiver em condições mais dignas de recebê-la da maneira como deve.
Jade
concordou com a cabeça, e logo ajudou Yoshiki a revirar os caixotes de papelão
em busca de um único presentinho de cor avermelhada. A menina não era nada
organizada, e as horas que seu parceiro passara para arrumar tudo em seu devido
lugar pareciam ser jogadas fora em sua presença. Pelo menos, agora o
consultório do Doctor Knife voltava a ficar como sempre estivera, um caos total.
Logo,
ouviu-se um barulho na porta de madeira.
— Olá, Yoshiki? Tá aí, meu bom companheiro? — A voz parecia
distante. — Não tem campainha, então pensei que eu pudesse ir entranndoOoOO...!!
A
dupla virou-se rapidamente em direção da entrada, onde avistaram Aerus
ajeitando seus óculos escuros e com a cara amassada por ter levado um capote
daqueles. Jade correu para ajuda-lo, e ainda não escondia uma risadinha.
— Desculpa, estamos de mudança! — ela disse de maneira meiga.
— Engraçado, pra mim está como sempre foi — Aerus também não
escondeu a risada, acariciando a parte machucada e olhando o chão à procura do
que o fizera escorregar. — Acho que esmaguei alguma coisa que não devia...
— Ahh, é a minha caixinha! — respondeu Jade aliviada,
observando o objeto amarrotado e destruído, mas agradecendo o seu descobridor
com um beijinho no rosto. — Eu e o Yoshi-kun estávamos à procura dela faz um
tempão, você poupou uma bela de uma desordem aqui no consultório.
— Mais do que já está — Yoshiki balançou a cabeça,
compreensivo.
Aerus
sorriu, e ao levantar-se explicou-lhes o motivo de estar ali.
— Estimo que tenha vindo fazer a nossa convocação para as
batalhas contra a Liga e os Remarkable Five — concluiu Yoshiki. — Saiba que
estamos preparados, senhor. É por este motivo que também arrumamos nossas
coisas, a viagem pode ser longa, e... Não tenho a plena certeza de que
voltaremos tão cedo.
— Fica tranquilo, cara. Vim aqui por outro motivo. Eu só
queria fazer uma consulta — respondeu Aerus. — Pode ser agora, cara?
— ...Mas nós fechamos — Yoshiki preparou-se para dizer, antes
que Jade o interrompesse com uma cotovelada.
— Claro que pode. Sinta-se bem vindo! Pode sentar,
hm... No chão, se quiser. Faremos a consulta agora mesmo.
Apesar
das últimas semanas terem sido bem movimentadas, era engraçado pensar como Jade
e Yoshiki receberiam o líder da Fire Tales dias antes da guerra começar. A
curiosidade do Toxicroak para descobrir o que havia dentro da caixinha de Jade
teria de ficar para depois, pois estava na hora do Doctor Knife entrar uma
última vez em ação.
Aerus
deitou-se no chão com o corpo esticado. Entrelaçou as mãos no peito e mais
parecia um defunto acordado. Os olhos o tempo todo estavam em movimento,
desconfiados de tudo, preocupados demais.
— Diga-me, Aerus Draconeon, líder da Fire Tales. O que o traz
aqui?
—
Doutor, acho que eu sou louco — disse o dragão.
—
Todos nós somos. Keh, heh, heh...
— Zuera, não é isso que eu vim perguntar, não. Eu
queria saber se fazer xixi na cama depois dos vinte ainda é normal — O dragão
continuou, o que fez todos no aposento caírem na risada.
— Bem, acho melhor perguntarmos isso para o Duke! — brincou
Jade.
—
Podes crer.
Aerus
riu e balançou a cabeça, aproveitado o momento para esticar-se no tapete do
chão e apoiar os braços atrás da cabeça. Ficou assim, rindo sozinho e olhando
para o teto por um tempão antes de continuar.
— É só brincadeira. Na realidade, eu queria saber se é normal
preocupar-se mais com os amigos do que comigo mesmo.
— Hm... — Yoshiki analisou aquela situação com cautela.
Geralmente o rapaz era conhecido por também fazer brincadeiras em suas
consultas, mas ultimamente todos na guilda vinham andando tão sérios e
apreensivos com a aproximação de uma guerra que nem tinham mais tempo para
sorrir. — Creio que, como um líder, é mais do que sua obrigação estar presente
e servir como exemplo para os demais. Sem você, eles não teriam em quem se
apoiar.
— E se eles não confiarem em mim? — continuou Aerus, olhos
fixos no teto.
Jade
levou uma das mãos até a testa do dragão e acariciou seu cabelo com afeição.
— Mas nós confiamos.
O
guerreiro respirou fundo novamente, e cada vez que fazia isso seu coração
parecia doer. Aerus olhou para Jade e depois Yoshiki antes de se confessar:
— Tenho medo de morrer, doutor.
— Todos nós temos, chefe. A morte está aí de olho em todo
mundo, só esperando a nossa a hora de ir lá e abraça-la — Yoshiki respondeu,
inalterável. — E não vou mentir pro senhor, o que eu mais quero nessa vida é
não ser o último a ficar para trás, sendo obrigado a ver todos meus amigos
caírem antes da minha hora.
Aerus
piscou, ainda olhando o teto.
— Sabe... Se eu encontrar essa tal morte antes da hora, acho
que vou mandar ela ir se foder e dar meia volta. Aqui pra você, oh! — Ele
ergueu o dedo do meio pra cima e ficou balançando-o de um jeito obsceno, o que
fez Jade cair na risada.
— Nada mal. Mas é bom correr, porque uma hora ela te alcança
— respondeu Yoshiki com uma risada.
Aerus
pegou impulso e voltou a ficar sentado, preparando-se para ir embora. A consulta
fora rápida e ligeira, e por um momento Yoshiki pensou se seria um simples
desabafo, uma premonição ou um aviso. Talvez, no fundo Aerus apenas queria
certificar-se de ver cada um de seus amigos, e agradecer-lhes por tudo que
fizeram.
— Tenho que pagar pela consulta, ou o amigão de vocês merece
um descontinho? — indagou o dragão com uma risada.
— Vou deixar essa passar. Keh, heh, heh... Já pensou nessa
filosofia, chefe? Trabalhar para ajudar os outros, lutar pelos outros,
viver pelos outros. Tudo para fazer as pessoas mais felizes. E nós? Onde
ficamos nessa história toda?
— Sei lá, não entendo pensamentos filosóficos... — Aerus
admitiu, dando de ombros. — Mas quer saber? Acho que eu também sou mais feliz
ajudando os outros, às vezes é essa felicidade alheia que me faz feliz, sacou?
As pequenas coisinhas... E quanto à vocês dois? O que faz vocês felizes?
Jade
e Yoshiki se entreolharam, e quando o rapaz preparava-se para dar uma resposta
a garota levantou sua caixinha vermelha meio amassada e mostrou-a para Aerus.
— É isso que vamos descobrir.
Aerus
fez um aceno cordial com a cabeça e partiu em direção da saída.
— Obrigado, caros amigos. Nos veremos na Liga dentro de
alguns dias.
Assim
que o dragão saiu, Jade sentou-se ali mesmo de pernas cruzadas e fez todo o
suspense possível para abrir sua caixinha sagrada. Yoshiki não se lembrava
dela, e muito menos teria noção do que haveria ali dentro. Aquilo começava a
instiga-lo mais do que sentir dor ou ver sangue.
— Abra logo essa caixa, Jade.
— Tá bom, tá bom, mas só não vá assustar-se, porque aquilo
que existe aqui dentro é muito sagrado, e você vai gostar — Ela levantou a
tampa, e assim abriu um enorme sorriso. — Tcharans!
Yoshiki
ergueu os olhos em direção da caixa e viu ali apenas um bolo de papéis
gentilmente amarrados num formato de pergaminho ou dobrados nos mais diversos
formatos.
— Papel — ele falou. — Só papel.
— Não é “só” papel, bobinho — ela arrastou-se para mais perto
de Yoshiki e sentou-se em seu colo enquanto abria um dos pergaminhos
gentilmente. — Leia só o que está nesse aqui.
O
Toxicroak forçou a visão para ler as letrinhas miúdas.
— “Primeiro dia no consultório”. O que isso quer dizer?
— Pegue outro e leia — respondeu a menina com enorme
ansiedade.
— “Primeira vez que eu e o Yoshi-kun fizemos amor” — disse ele meio sem reação ao
ler, mas não escondendo que gostou muito. — Ah. Eu lembro
desse dia.
— “Marco me deu um lindo presente”.
— Mais um.
— “Fiz uma serenata muito bonita para o meu amado.”
—
Continua, continua!
— “Queimei o almoço do Yoshi-kun e ele quase me arrancou
minha cabeça.” “Levei uma facada do Yoshi-kun, mas foi sem querer”. “Vi o
Mikau tomar um capote tão lindo no salão que nunca mais vou esquecer”.
“Encontrei a Titânia tomando banho e falei dos peitos dela, aí ela me pendurou
de cabeça para baixo.” “Fiquei acordada até de noite para ver as
estrelas”. — Yoshiki começou a rir daquelas frases curtas e tão inesperadas. —
O que isso tudo quer dizer?
— Toda vez que algo me faz sorrir ou me deixa feliz, eu anoto
num papelzinho e coloco aí dentro, por mais insignificante que seja. Até hoje
eu nunca tinha aberto para ver quantos papéis tinham, mas pelo visto está bem
cheia, tá quase caindo pra fora...
Yoshiki
não conseguiu esconder o sorriso ao ver tudo aquilo.
— E é tão bonito... Há quanto tempo você guarda?
— Desde que conheci você. Se procurarmos o papel mais antigo,
estará anotado: “O dia em que conheci a pessoa mais importante da minha vida”.
Essa caixa é para me lembrar de todas as pequenas coisas de nossa vida
cotidiana, e nunca ignorá-las. Essa é a minha Caixinha da Felicidade.
Yoshiki
soltou um suspiro, Jade ajeitou-se em seu colo e sentiu sua mão ser segurada. O
rapaz encostou o queixo no ombro dela e sussurrou bem baixinho perto de seu
ouvido:
— Acho que é dessa felicidade que o chefe estava falando.
Jade
virou o rosto para o lado e deu-lhe mais um beijo carinhoso.
— E quero que saiba que continuarei anotando cada pequeno
gesto que me faz feliz.
— Vamos começar uma caixa nova? — sugeriu
Yoshiki, já bem empolgado com a ideia. — Poderíamos colocar dentro de um jarro dessa
vez.
Jade o abraçou com ainda mais
força.
—
Mal posso esperar a próxima vez que a preenchermos toda!