Posted by : CanasOminous Apr 25, 2012

Introdução

Ano passado passado acabei por me deparar com um livro que ganhei de aniversário de um grande amigo meu, De Onde Vêm as Boas Ideias?. Após começar a faculdade de Design Gráfico me encontrei na necessidade de lê-lo, ele poderia ser utilizado como fonte de conhecimento e ainda valeria um tempinho para as 200 horas de atividades complementares que preciso realizar. Demorei duas semanas para ler, indo aos poucos quando me sobrava tempo e disponibilidade, e no fim das contas posso dizer que a obra de Johnson me abriu os olhos para muitos caminhos que eu poderia trilhar aqui no blog. Então, aproveitarei essa postagem para falar um pouco sobre isso. Acho interessante que o público mais jovem acompanhe tais passos, conheço muitos escritores que podem se interessar, e tenho certeza que podem vir a se surpreender com essas histórias fascinantes do autor e das loucuras que passam por minha mente.



Afinal, de onde vêm as boas ideias? 

Essa é uma pergunta que todos gostariam de saber responder. Ah, se eu pudesse ter ideias tão boas quanto ele! Me perdoe, mas, você acha que aquele sujeito mais criativo fez um pacto com Darkrai para ter essa criatividade? Óbvio que não, mas vamos aos poucos. Por muito tempo se dava todo o crédito desses misteriosos presentes para a fé, sorte, fontes mitológicas, mas presumir que a criatividade é um aspecto elevado, concedido apenas à alguns é um tanto cômico. Steven Johnson pode nos dar a resposta. Ele descarta o senso comum de que os grandes criadores já nascem geniais e, isolados em glorioso isolamento em seus estúdios e laboratórios recebem as grandes descobertas. Eu mesmo me via nessa situação, sentado em frente ao computador esperando as ideias brotarem como magia. Steven Johnson defende que as grandes invenções não brotam de mentes solitárias, e sim, do coletivo.

Charles Darwin e Tim Berners-Lee

No livro Johnson descreve sete séculos de progresso científico e tecnológico para mostrar que tipo de ambiente alimenta a genialidade. Ele percebe que grandes vizinhanças criativas, como a World Wide Web de Tim Berners-Lee, são como recifes de coral agrupados, diversas colônias de criadores que interagem entre si e influenciam um ao outro. O próprio livro começa com a longa história de Charles Darwin, e aquilo até nos faz pensar: O que isso tem haver com o assunto de ideias? Johnson dedica a sua pesquisa inicialmente à biologia, e depois revela que a evolução depende de meios em que espécies diferentes entrem em contato. Com as ideias não é muito diferente.
Com as ferramentas presentes nos dias de hoje, qualquer pessoa é capaz de criar algo inovador. É preciso, porém, saber cultivar. O engraçado da leitura do livro é que os assuntos estão em constante mudança, por um momento falamos de algo, e o autor logo cria um paralelo inesperado e revelador. Viajando em alguns sites à respeito do livro encontrei uma pequena lista que falava basicamente o assunto principal dos capítulos. Nela, Johnson nos mostra os sete padrões fundamentais dos processos de inovação desenvolvidos pelo homem e pela natureza. 
  • Descobertas surgem a partir de outras descobertas;
  • Redes de informações se chocam constantemente;
  • Intuições que são lentamente construídas;
  • As intuições acidentais;
  • O aprendizado a partir dos erros;
  • As invenções de uma área que encontram aplicação em outra;
  • Os processos generalizados de sedimentação do saber.

Geralmente é preciso que alguém de fora faça perguntas bobas para que uma solução pouco convencional seja gerada. O trabalho toma muito tempo, suor e persistência. Como Albert Einstein disse: “A criatividade é o resíduo do tempo desperdiçado”.

Marquei, inclusive, uma coletânea das frases que mais me inspiraram no livro. Aquelas que fizeram um grande efeito em mim e me deixaram nessa vontade de compartilhar esse conhecimento com os outros. Admito que eu ficava atrás do computador esperando a inspiração chegar de forma repentina, e nem sempre a espera era gratificante. O que eu poderia ter feito nesse tempo? Será que eu não poderia ter compartilhado essas ideias com outras pessoas para aprimorá-las e torná-las mais exitosas? Acho que fiquei escondido por muito tempo guardando tudo para mim, ainda tem muita gente que faz isso, pensam que vão roubar suas ideias, quando são esses momentos que tornam as ideias realmente úteis.


"O truque é descobrir maneiras de explorar os limites e possibilidades ao nosso redor."


"O caminho mais curto para a inovação é estabelecer novas conexões."

“O segredo para ter boas ideias não é ficar sentado em glorioso isolamento, tentando ter grandiosos pensamentos. O truque é juntar mais peças sobre a mesa.” 

"A maioria das ideias importantes vêm à tona durante reuniões regulares no laboratório, em que cerca de uma dúzia de pesquisadores se encontrava e, de maneira informal, apresentava e discutia seu trabalho mais recente.”

Cara, essa para mim essas foram fascinantes. Vejo isso como uma explicação que não devemos ficar sentados esperando as ideias para um enredo surgirem na fanfiction, é preciso juntar todo o tipo de informação, como num brainstorm. Nessa etapa é importante a participação de parceiros e amigos para análise, e veja só, esse não foi sempre o intuito da Aliança Aventuras? Nossas reuniões costumam ser desastrosas, mas sempre propagam ideias. É esse conceito que eu levo, junto peças sobre a mesa.


" (...) O costume de manter um livro de citações. 

Parte do segredo de cultivar intuições é simples: Anote tudo."

Essa eu achei bem interessante, já teve aquela sensação de ter uma ideia fantástica, e não ter onde anotá-la? O pior é chegar em casa para colocá-la em prática, e a ideia já ter desaparecido há muito tempo. Na antiga Grécia os filósofos tinham esse costume, de carregar um livro de citações com frases que apreciavam. Eu realmente pretendo colocar isso em prática. Quando ideias surgem repentinamente, por que não anotar em um bloquinho?

"O sonho de Kekulé não revelou de algum modo uma verdade reprimida. O que ele fez foi explorar, tentando encontrar novas verdades para um meio de experimentação com novas combinações de neurônios."

Provavelmente já ouviram falar daquele sujeito que sonhou com uma cobra engolindo o próprio rabo, e assim, criou a hipótese das ligações múltiplas para a fórmula hexagonal da estrutura do benzeno. (Sim, minha gente, esse cara contribuiu muito para a tabela periódica de Química que vocês tanto amam.)  A questão é, será que foi esse sonho que deu a ideia para Kekulé? Foi justamente o sonho que causou uma epifania nele? Ahh, a cobra tem tudo haver com a tabela, né? É claro que não, o acaso favorece a mente conectada! Outra citação do autor à respeito disso é da ave Archaeopteryx, vamos criar uma historinha para vocês entenderem melhor.


Vamos para o mundo Pokémon os Archens foram baseados nessa criatura. No conceito de história, essas aves foram as mais primitivas de todas, e também as primeiras a voar. O que conta aqui é como elas descobriram isso. Não deve ter sido do dia para noite, uma epifania que disse à elas que elas poderiam voar. O acaso favorece a mente conectada, se elas tinham penas, como utilizá-las de forma benéfica? Este é outro dos casos que Johnson utiliza no livro.


" (...) Não quer dizer que o erro seja a meta, afinal, continuam sendo erros, por isso se deve passar por eles depressa. Mas são um passo inevitável no caminho da verdadeira inovação.”


"Estímulo não condiz necessariamente à criatividade. Colisões sim, — as colisões que ocorrem quando diferentes campos de conhecimento convergem num espaço físico ou intelectual compartilhado."

"Um brejo criado por um castor, tal como a florescente plataforma criada pelos fundadores do Twitter, ambos convidam à variação por ser uma plataforma aberta, em que os recursos são compartilhados na mesma medida que são protegidos. A informação não apenas flui nesse sistema; é reciclada e usada para novos fins, transformada por uma rede diversificada de outras espécies no ecossistema, cada qual com sua função distinta."



Estive pensando, por que não gerar um ambiente em que diversos tipos de pensamento possam se colodir e se recombinar de maneira produtiva? O Twitter não foi criado com os propósitos que tem atualmente, duvido muito que os criadores tivessem em mente que ele seria utilizado para fazer propagandas de restaurantes por exemplo como é citado no livro. Vejo que devemos reciclar a informação, usá-la como for útil para nós. Se você está aqui, num site de Pokémon, provavelmente veio para saber de Pokémon. Mas quanto já aprendeu lendo um texto como esse? É muito mais do que somente compartilhar recursos, essa convergência de ideias é o foco intelectual e que deve ser compartilhado.

"O banho ou o passeio nos tiram do foco centrado em tarefas da vida moderna. (...) Faça uma caminhada; cultive intuições; anote tudo, mas mantenha suas pastas em desordem. abrace a serendipidade; cometa erros produtivos. cultive diversos hobbies; frequente cafés e outras redes líquidas. siga os links. permita que outros se baseiem em suas ideias; tome emprestado; recicle, reinvente."

É assim que Steven Johnson termina seu livro. Tive o intuito de criar esse texto pensando em meus companheiros ficwriters, mas acho que tudo isso vai muito além de uma fanfiction. Todos os fatos se interligam neste último momento que você nota o quanto aprendeu. Ideias não brotam na cabeça de pessoas pré-selecionadas, é preciso saber cultivá-las. Quer uma sugestão de livro? Se não tiver interesse no assunto não chegue nem perto, a leitura pode parecer complicada e cansativa, elas formam juntas um conjunto de informações à respeito dos primórdios até a criação das redes mais atuais, mas fornece uma fonte de conhecimento inigualável. É interessante ler livros desse tipo, nunca perderei meu fascínio por contos de aventura e guerreiros, mas De Onde Vêm as Boas Ideias? nos permite ingressar na mente de um dos mais influentes pensadores do ciberespaço.

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  1. Canas, amei esse post. De onde vem as boas ideias? Eu também possuía um pensamento meio fechado, mas essas palavras me alertaram sobre algo que já estava presente no meu dia-a-dia. Já pensou como temos uma maior dificuldade de aprender com aqueles professores fechados e que raramente criam debates com seus alunos? Eu pessoalmente não tenho o habito de estudar para provas, nunca tive. Ler é bom e eu mantenho isso, mas devemos ter o conhecimento conosco, de forma gradual. Muitos cometem o erro de nunca prestar atenção na aula e dias antes morrem de estudar. Se tivessem se concentrado mais no início, provavelmente o conhecimento já estivesse com eles e nem precisariam estudar.

    Ah, eu também tenho o habito de pensar caminhando, e com algum objeto em mãos. Geralmente um celular, um livro... qualquer coisa vale. Ou andando de bicicleta. Parabéns pelo post, é de mentes como a sua que precisamos, caro Canas.

    Au revoir õ/

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  2. Cara, de onde você tira as suas boas ideias?
    Gostei bastante deste post, ele possui o intuito de revelar um dos maiores segredos do sucesso, e praticamente nos dá o passo a passo de como encara-lo e supervisiona-lo.
    Tiveram várias citações que vou deixar marcado sobre a cabeceira de minha cama, coisas que normalmente passam despercebidas na correria do dia.
    Conheço diversas pessoas alienadas nas mesmices da vida, presas no cotidiano e nos horários, eu mesmo tenho que tomar cuidado em não me perder neste ano. É engraçado, mas justamente por esta alienação, que a internet nos causa, que opinei por não possuir contas em sites como facebook, acabo utilizando este tempo para outras coisas, talvez ele seja bom para compartilharmos ideias, mas acho que esta finalidade se perdeu a algum tempo, como você mesmo mencionou.
    Canas acho que fui muito sério neste post kkkkkkkkkk
    Mas o que realmente quero dizer, é que estas palavras serviram como uma ótima luva de pelica para muuuuuitas pessoas.
    Agora vou deixar o meu lado intelectual para trás, porque isso não combina comigo kkkkkkk
    Caaaaanas meu velho.... tava com saudade deste blog kkkkkkk
    É sério, às vezes eu entrava na página inicial e pensava, “ Ca..lho!!! Quero ver isso logo”, mas ai a escola aparece, o tempo diminui, as inscrições de vestibulares chegam... é cara, o foda é suportar esta fase, mas tudo logo passa!
    Agora é Fééééééériasssssssssssssssssssssss (com alguns dias de aulas, mas isso não conta)
    Manoooooo, agora cê vai me ver por aki com frequência!!!!!!
    Eu, Arthur Vicenza de Oliveira estou de volta
    Ahhhhh estava ansioso para falar isso!
    Flw brother

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