Posted by : CanasOminous Nov 1, 2013


Já fazia quanto tempo que estava fora?
Watt nem percebera que quase três meses haviam se passado, e a rotina de treinos na casa da família Sicília Italy sob ordem de Don Corleone continuava num ritmo intenso. Estava longe de Aerus, longe de muitos de seus amigos da Fire Tales, e mal esperava por voltar.
Os irmãos, primos e tios de Al Capone eram todos corteses e amistosos. Apesar dos Pokémon Noturnos parecerem antipáticos e misteriosos, ali estava uma típica família de origem italiana, com muito gestos das mãos e comida farta todas as noites após o treino massivo, com vinhedos da melhor colheita nas redondezas e a famosa recepção capaz de fazer qualquer um sentir-se em casa.
Watt tinha bons amigos em sua equipe. Lembrava-se de quando recrutara Marco, o Mothim, como o primeiro membro oficial. A guilda ainda nem existia naquela época. Logo vieram Akebia e Panetto, Karl e Lyndis, Milena e Tom Sawyer, Eva continuava com suas saídas às escondidas para comunicar-se mentalmente com Chaud onde ela sabia que podia manter contato com ele mesmo à distância, e Al Capone estava sob cuidados de sua própria família.
Por algum motivo, o pobre Watt sentiu-se mais sozinho do que esperava.
Ei, Bola de Pelos, bora começar a treinar?
Watt virou-se depressa ao ter a impressão de ouvir Aerus, mas viu nada além do vulto e do movimento de soldados que caminhavam por todos os lados na guilda aliada.
Watt, querido, não se suje dessa maneira... Vou pedir para o Aerus preparar a banheira com água quente para nós, vou limpar essas suas orelhinhas e deixar seu cabelo brilhando!
— Titânia?
Watt estava ouvindo coisas demais. Balançou a cabeça tentando livrar todas aquelas memórias de seus bons amigos, mas nada adiantava. Precisava ocupar a mente com outras coisas.
Carmine, uma das irmãs de Al Capone, trouxe-lhe uma taça de vinho. O pequeno Pachirisu parecia uma criança para quem o observasse, mas a família mafiosa de seu companheiro já ouvira todos os boatos sobre o sub-administrador da Fire Tales, e fazia questão de servi-lo como um verdadeiro guerreiro respeitável.
— Está servido, signore?
— N-Não, obrigado... Eu não bebo — disse-lhe Watt educadamente.
— Oh, então gostaria que eu trouxesse um pouco de suco? — perguntou Carmine com sinceridade, tentando não parecer grosseira.
Watt ficou até com vergonha de aceitar o suco.
— Obrigado, estou bem assim, moça. Hm, valeu...
— Grazie.
Carmine voltou a deixá-lo sozinho com seus pensamentos, e não demorou muito para que as vozes na cabeça de Watt se tornassem mais intensas.
E quando vamos começar a treinar sério?
Watt soltou um longo suspiro enquanto encostava a cabeça em uma das paredes.
— Ahh, Aerus... Como sinto a sua falta...
— Aerus? Tudo bem, posso ser insignificante, mas trocar o meu nome pelo de alguém qualquer já uma discórdia, uma desgraça! Ohh, como pude ser renegado dessa maneira...
Watt tomou um susto quando viu Alexay parado ali perto dele, escondido atrás de uma moita somente com sua alta cartola à mostra. O Pachirisu levantou-se de maneira esguia, nem se lembrava há quanto tempo aquele sujeito o estava seguindo, mas Alexay dizia ser parte integrante da Fire Tales, e os acompanhara até mesmo ali em seus treinos excessivos para melhorar sua força. Ninguém havia notado sua presença, ele era praticamente uma sombra.
Alexay ergueu-se num salto e falou em voz alta com grande entonação:
— Belíssimo dia para uma caminhada, não?
— Nem me fale... — Watt olhou para o horizonte distante, as colinas e plantações de uva cultivadas pela Sicília Italy, mas nem mesmo o sol brilhante lá no alto o trazia animação.
Alexay deu um tapa forte em seu ombro e quase o desmontou.
— Vamos lá, deixe de negatividade. A vida brilha, e brilha forte! Venha, caminhemos.

Alexay estendeu o braço de maneira cortês, e após um suspiro descontente, Watt encaixou sua mão como se fosse sua esposa, e ambos fizeram sua caminhada matinal aos domingos em volta do parque como verdadeiros burgueses. Alexay estava todo contente, alisava o bigode mantendo o queixo erguido sempre disposto a exalar sua notoriedade imaginária. Watt já caminhava sendo forçado.
Quando Al Capone e seu irmão Virgil Sollozo passavam por ali, eles até pararam para ver aquela cena.
— Hm, senhor Fuarrint... algum problema? — indagou o corvo.
— Não, não. Tudo tranquilo — ele respondeu tranquilamente, e assim que passou virou-se para trás simulando um corte no pescoço ao realçar seu desespero. — ...me tira daqui, me tira daqui...!
Alexay não ouviu aquilo. Gostava de suas caminhadas ao lado do suposto... amigo.
— O céu está lindo, não?
— Sim. — Watt não parecia muito animado com a conversa.
— E essas flores? Nossa, que aroma perfeito. Mais que perfeito! Perfeitíssimo.
— Muito.
Os dois continuaram a caminhada até que Alexay tocou em um assunto de maior interesse seu.
— Já viajou para Kanto, meu pequeno nobre de cauda felpuda?
— Kanto? — Watt indagou. Sua voz mudou no mesmo instante. — É a região mãe, não? Uma das mais famosas, e provavelmente também a mais bela e nostálgica dos arredores. Adoro minha Sinnoh, mas Kanto... Me parece ser um lugar bem legal.
— Nunca estive lá — confirmou Alexay em responder o que o pequeno estava para perguntar. — Mas sonho em ir. E certamente irei! Oh, já imaginou-me a reinar em terras estrangeiras? Kanto, meu jovem, Kanto! É lá onde um Pokémon elétrico provou do que é capaz pela primeira vez, é a terra das oportunidades e do sucesso. Ahh, meu querido, Kanto é fenomenal...
Ele balançou a cabeça.
— Ainda iremos juntos para lá.
— Nós dois?
— Ora, com toda certeza! Ah, este é meu maior sonho, como nos velhos livros da literatura, berço de toda a nossa nação! Kanto, Kanto, Kanto...! Ainda ei de vê-lo tornar-se algo mais do que és hoje, Watt, Faísca Branca! Você será o mais poderoso de todos, e viveremos somente da beleza, da riqueza e da fama que conquistarmos por lá!
— Bem, e já marcou nossa viagem? — brincou o esquilo.
— Ainda não, meu pequeno aluno, ainda não... Mas quando estivermos prontos, é o primeiro lugar que irei. E você ainda ouvirá muito de Alexay, aquele que perdeu tudo, mas deu a volta por cima.
Os dois continuaram com sua caminhada pelas vielas movimentadas da guilda, mas em momento algum realmente forçaram os treinos.
Karl e Lyndis levavam tudo aquilo muito a sério, mesmo de noite estavam treinando e se exercitando. Durante o dia todos davam tudo de si para melhorar, afinal, o tempo passava mais depressa do que imaginavam e logo o Torneio de Guildas bateria a sua porta. Don Corleone era um homem poderoso e influente, por ter feito parte de guildas lendárias no passado ele sabia muito bem como fazer jovens soldados se tornarem verdadeiros guerreiros.
  
Todos os membros da Fire Tales estavam lá, todos os filhos de sangue e membros diretos da guilda.  Era hora do jantar. A mesa da Sicília Italy se estendia de uma ponta à outra, era imensa. Todos direcionavam a atenção à cadeira onde Corleone residia.
— Nenhum de vocês são novatos — disse Corleone sentado em junto de toda a família em volta. A única regra que o Honchkrow havia imposto a seus convidados era que a hora do jantar era sagrada, e não importava o que estivessem fazendo, deviam parar e reunir-se ali como uma família.
Don Corleone continuou seu discurso:
— Estou velho para sair correndo atrás de crianças. Não tenho nada a ensinar-lhes, a não ser conhecimento e sabedoria. Isto, mio caros, jamais será o bastante. Sempre procurem por mais.
O velho Corleone agradeceu Arceus pela comida, e assim fizeram seus cinco filhos, tios, tias, primos, primas, cunhados, genros, noras, amigos e todos os demais membros da Sicília Italy que compunha uma das maiores e mais poderosas guildas da atualidade.
— Amém — disse Watt bem baixinho, com os olhos abertos, encarando a comida, mas sem muito apetite para a refeição.
Quando terminou, os treinos mais uma vez começariam. A equipe de guerreiros Dark-type atuava melhor de noite, e Al Capone conseguia assim mostrar para sua família como se tornara poderoso nos últimos meses ao lado da Fire Tales, mas mesmo assim, ele sempre seria o filho mais novo da turma.
— Cazzo, Al! Ataques de fogo? Quando conseguiu dominá-los? — indagou Virgil, seu irmão mais velho estava impressionado com o Heat Wave que Al Capone tornara seu símbolo.
— Digamos que eu tive ajuda de uma menina — o corvo direcionou seu olhar para Lyndis, que treinava suas chamas lá longe ao lado de Karl. — Essa é a minha garota de que venho falando.
— Uma gracinha — respondeu Virgil com uma risada.
— Mais respeito, fratello. Ela é praticamente minha filha, uma integrante da família.
— Essa mulherzona é minha sobrinha então? Mamma mia, mas que pernas!
Al Capone só teve tempo de começar a correr atrás de seu irmão enquanto Virgil pulava telhados e se esgueirava pelas ruas agora tão movimentadas da casa principal. Watt procurava seu professor particular por todos os cantos.
— Alexay? Alexay? Alguém viu um cara esquisito de cartola e bigode por aí?
— Estou aqui, criança.
Watt virou-se para uma cabaninha improvisada que mais parecia feita de papelão. O esquilo teve de ficar de joelhos para enxergar lá dentro.
— O que o senhor está fazendo aí?
— Dormindo — ele respondeu como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. — Por que a pergunta?
— É que está de noite... Deveríamos estar treinando.
— Noite é para dormir, jovem gafanhoto. Os Starlys vão para o ninho, os Bidoofs vão para suas tocas, e nós, Luxrays, dormimos.
— Tecnicamente é quando vocês deveriam caçar — acrescentou Watt. — De qualquer maneira, senhor, você vem?
— Boa noite.
Watt percebeu que não conseguiria nada de seu tutor naquela noite, mas antes de ir embora, Alexay virou-se para ele e tentou esboçar um sorriso em meio à sua cara marcada e as olheiras profundas.
— Você ainda não percebeu a lição que tenho para te ensinar?
— Que lição?
— Boa noite, sonhe com Kanto!

Todos seus companheiros haviam tido uma madrugada tão exaustiva de treino que mal tiveram energia para levantar-se e pegar o primeiro café da manhã. Eram seis horas em ponto quando Alexay despertou, disposto a começar ali o seu treino. Ele não conseguiria adequar-se à rotina dos Murkrows, a noite não era um bom horário para ele. Watt estivera esperando-o, desenvolvendo suas próprias técnicas mas sem muito sucesso. Havia chegado ao seu ápice e não sabia mais como melhorar.
O Pachirisu sentiu alguém cutucá-lo com uma bengala.
— Ei! O que pensa que está fazendo?
— Hora de treinar, criança. O dia começa agora! E a propósito, lindo dia, não? Belíssimo dia, na realidade!
Watt e Alexay se afastaram mais da guilda até uma área em campos vastos, distantes do portão central e longe dos vinhedos de Corleone. Alexay sentou-se sobre uma pedra e ficou ali, observando o esquilo testar seus ataques elétricos e dar o melhor de si.
— O que achou dessa, professor?
— Fantástico, formidável, um espetáculo!
Watt sorriu e agradeceu os elogios. Aquilo o motivava.
— E quando é que o senhor vai demonstrar seus verdadeiros poderes?
— Em breve, minha criança, em breve. Agora, mostre-me novamente aquela técnica com as ondas elétricas! Fabulosíssimo!
Os treinos mal tinha começado quando um batedor da guilda passou voando por ali. Provavelmente era mais um dos irmãos de Al Capone, e trazia uma notícia urgente para seu pai. Watt acenou lá de baixo e pediu para que o Murkrow descesse.
— Bom dia, Clemenza. Qual o motivo da urgência?
— Um ataque — ele arfava de cansaço. — Estão vindo atacar-nos com um exército comandado por Montanha, o Rhyperior. Ele é um dos sub-capitães dos Remarkable Five, e devemos estar preparados!
— Ora essa, este seria o momento perfeito para testarmos nossos poderes! — disse Alexay animado.
Clemenza balançou a cabeça.
— Não se treina em guerras, compagno. Eles nunca te dão uma chance para treinar.
E logo alçou voo e partiu em direção de sua sede para alertar o restante da guilda.
Watt e Alexay arrumaram suas coisas e também retornaram. Tinham de se preparar para aquilo, e estavam assustados com a experiência. Não queriam relembrar o que havia acontecido com a Fire Tales e a Rip Tide antes de iniciarem seus treinos.
Não demorou para que os tambores do exército inimigo começassem a serem ouvidos. A equipe de Watt estava mais poderosa do que nunca, ele olhava para Lyndis e sentia que ela poderia destruir qualquer um ao lado de Karl dando-lhe o devido suporte; Al Capone e sua família eram indestrutíveis; Milena e Sawyer também vinham melhorando e aprendendo novas técnicas mais rápido do que qualquer um.
Então por que ele ainda se sentia tão inseguro?
O exército não era grande, mas haviam alguns brutamontes gigantes na linha de frente. O maior deles era Montanha, um Rhyperior de dois metros de altura por dois de largura, feito inteiro de músculos que mais pareciam pedras. Tinha a cara fechada e armadura completa, e sua única arma era uma furadeira letal. Don Corleone foi recebê-los ao lado dos cinco filhos nem um pouco contentes.
— Então, os franguinhos decidiram sair do ninho — disse-lhe o Montanha com uma risada cínica e torta.
— Feche sua boca atrás de seus dentes podres, soldado — respondeu Virgil, já impaciente com aquela falta de educação.
Godfather precisava ser calmo e evitar qualquer tragédia.
— Se um ninho é onde você se sente bem e seguro, é ali onde deve ficar. Todos precisam criar asas e voar para longe um dia, mas espera-se que sempre tenham um lugar para voltar — respondeu o velho Don Corleone. — O que buscam em minhas terras?
O Montanha olhou para seus comparsas e riu.
— Venho sob serviço de Bonna Party, mandante dos cinco notáveis, com o objetivo de iniciar um campeonato direto de seus guerreiros contra os meus. Acha que estão preparados para encarar meus desafios?
— Não queremos batalhas — respondeu Carmine, a única filha mulher.
— Oh, mas se não aceitarem nossas condições, receio que teremos de iniciar uma guerra, — disse o Montanha — e isso acabaria resultando em ainda mais perdas. O que me dizem?
Bonasera não estava disposto a colocar a vida de nenhum de seus irmãos em risco.
— Iremos dar-lhes dois minutos para desaparecerem de nossa vista, capisce?
Don Corleone tinha de agir com sabedoria e evitar perdas tanto para sua família quanto para os visitantes da melhor maneira que pudesse. Foi então que Al sugeriu:
— Meu bom pai, estamos aqui visando treinamento, justamente para encarar de frente esses impostores no futuro. O Presidente é um dos membros dos Remarkble Five, e já tivemos problemas com ele. Quero certificar-me de que nunca mais se envolverão com nossa família.
Don Corleone não iria concordar. Presava pela paz e tinha uma reputação a cuidar, não queria que aqueles a quem dera abrigo terminassem feridos ou até mesmo algo pior diante de tal ameaça. Após muito refletir, o velho chegou à uma resposta:
— Compagno, eu vou fazer-lhe uma proposta que você não pode recusar — disse Godfather. — Volte até minhas terras ao anoitecer, que iremos nos preparar para seu pequeno campeonato. Se sairmos vitoriosos, vocês irão embora pacificamente, pagarão uma multa para nossa família e seus bens serão confiscados.
— E se nós ganharmos? — indagou o Rhyperior.
Godfather continuava sério.
— Bueno, isso não vai acontecer.

A Fire Tales se preparou, mas o medo crescente no coração das demais pessoas continuava intenso, pois os Remarkable Five vinham atacando e exterminando guildas por todos os cantos da boa Sinnoh. Liderados por um exército de tochas e escudos pesados, Montanha foi seguindo à frente com sua armadura prateada e uma risada maldosa no rosto. Era o tipo de mercenário contratado somente para causar discórdia, somente para piorar as coisas e que fazia a festa ao conseguir disseminar o caos.
Em um dos pátios principais da guilda Don Dorleone organizou a arena de treinos para iniciar o campeonato. Não gostava de intrigas dentro de sua família, mas precisava colocar um fim àquele mal e estava certo de que seus filhos seriam capazes. Porém, Al Capone o alertou:
— Pápa, se esses impostores estão aqui, é por nossa causa. Deixe que lutemos contra eles, eu e meus amigos da Fire Tales.
— Non.
— Papá, per favore...
Don Corleone não podia recusar uma oferta de seus filhos, e ainda mais o mais vinda do caçula da família. Ele sabia que Al Capone era sábio e tinha controle da situação. Confiava plenamente em seus parceiros. O Montanha já gritava do outro lado:
— Quem de vocês vai vir morrer primeiro?
Tom Sawyer foi o escolhido. O cãozinho seria o adversário de um brutamontes vestido com armadura completa dos pés à cabeça, elmo de ferro e um centro pesado cheio de espinhos. O gigante parecia louco para estrear logo a sua arma. Sawyer o olhou debaixo para cima.
— Oi, moço. Tudo bão?
O soldado inimigo mergulhou sua arma contra o pequeno antes mesmo que a batalha começasse, mas quando a poeira baixou foi possível ver Sawyer segurando o centro com uma das mãos. Seu chapéu havia caído pela força do impacto, mas ele continuava agindo de maneira tão natural quanto antes.
— Oxi, e eu nem sabia que já podia começar! Force Palm.
Com um empurrão simples de sua mão, o adversário foi arremessado para fora da arena e seu corpo ainda tremia na tentativa de recuperar-se. Ele era lento e tinha pouca visão do ambiente com toda aquela roupa, o que deu uma imensa vantagem para que Sawyer o derrubasse e adquirisse a vitória.
— Sawyer, sua mão está sangrando! — disse Milena.
O Rioluzinho nem tinha notado que quando defendeu-se do centro de espinhos aquilo também o ferira, ainda que não o impedisse de lutar. Demorou para cair a ficha e ainda mais para começar a doer, mas enquanto a Fire Tales cuidava de seus feridos o Montanha judiava e excomungava aqueles que haviam sido derrotados.
— Inúteis, imprestáveis! Vocês são parte do exército que me forneceram? Estão sendo derrotados por crianças!
— Oh, mon... Crianças ou não, você está falando da Fire Tales — disse Akebia em resposta. — Panetto, querido. Podemos ir lá e começar a destruir essa gente rabugenta? Eles estão precisando seriamente de umas férias...
As batalhas começaram a serem feitas em duplas. Akebia e Panetto. Karl e Lyndis. Milena mantinha-se na defensiva cuidando dos ferimentos de seus aliados, mas em momento algum eles deixavam de se importar um com os outros.
A equipe de mercenários do Montanha tinha muitas baixas, até que ele decidiu por enfrentá-los de frente.
— Al Capone, eu desafio você e seu irmão Virgil a me enfrentarem!
— Perfetto. — Virgil parecia empolgado. — O mais novo e o mais velho chutando a bunda de alguns bandidos folgados, não sou do tipo que costuma dar trégua para quem invade a casa de minha família, capisce?
— Esperem! — respondeu alguém de longe. — Eu serei o seu adversário.
Todos se viraram e olharam para trás onde havia um pequeno esquilinho branco. Watt gelou ao ver que todo mundo olhava para ele, então apontou para o lado.
— N-Não fui eu quem falei isso... Foi ele.
Alexay tomou frente todo torto e com os cabelos despenteados. O Montanha riu mais alto.
— Você e mais quem, esquisitão?
— Faísca Negra e Faísca Branca, o imperador dos trovões! — ele disse com toda pompa, colocando em sua frente o Pachirisu inofensivo. — Com essa bola de pelos ambulante, faremos todos vocês vomitarem arco íris com sua explosão de fofura!
O Rhyperior começou a rir, foi aumentando o tom da voz e logo não aguentou-se. Se seu exército não estivesse tão assustado eles teriam rido também, mas todos conheciam a reputação de Watt Fuarrint. Teria aquele esquilo a reputação que tanto falavam? Então, Montanha parou e franziu o cenho.
— Vou arrancar a cabeça de vocês.
O gigante não esperou que a batalha fosse preparada, e avançou em direção de Alexay como um touro. O Luxray desviou-se com agilidade, da mesma maneira que Watt não encontrava dificuldade naquilo, mas se por um instante fosse descuidado o golpe o apunhalaria em um instante.
— Está na hora de provar se sua eletricidade está realmente eficiente! — disse o burguês falido. — Avance, meu pequeno!
Watt descarregou sua energia com o Discharge, mas aquilo não fez nem cócegas no Rhyperior que continuou avançando. As pessoas se afastavam para não serem atingidas, mas o Montanha continuava a acertar casas e inocentes ao redor.
— Não posso atingi-lo, Alexay! Pokémons terrestres são imunes à eletricidade!
— Então seremos uma exceção á regra — respondeu Alexay. — Corra o máximo que puder!!
Watt desviou-se novamente, e quanto mais mandava faíscas de energia elétrica contra seu adversário, mais percebia que era impossível ir contra uma lei da natureza. O Montanha ria cada vez mais alto enquanto empurrava pessoas em seu caminho e chutava caixotes:
— Então você era o pequeno imediato da Fire Tales? Grande merda! Vou guardar uma de suas patas como amuleto da sorte, e mando o restante para o seu amigo dragão.
Watt cerrou os punhos.
— N-Não envolva o Aerus na conversa.
O Rhyperior freou.
— Uhh, que medo... E o que você vai fazer, seu merdinha?
O Pachirisu deu um salto para cima do corpo do gigante, incontrolável pela raiva. O Rhyperior agarrou o pequeno pelo pescoço, e Watt só teve tempo de mordê-lo na mão fazendo o gigante gritar de tanta dor que sentia.
— Super Fang! — disse Al Capone de longe ao ver o golpe. — Não importa a defesa do oponente, aquilo causou um sério dano.
Watt caiu no chão, mas percebeu que não teria tempo de virar-se para sua própria defesa. O Rhyperior ergueu sua furadeira contra o peito do esquilinho e mergulhou a arma com toda sua força em direção do chão.
— W-Watt! — gritou Milena espantada.
— Chefinho! — Lyndis já corria para socorrê-lo junto de Karl, mas era tarde demais.
Um mar de sangue jorrou.
Watt piscou e viu toda aquela vermelhidão espirrar em seu rosto. Tudo aquilo havia acontecido rápido demais, quando foi que havia se tornado fraco a ponto de não conseguir mais encarar seus inimigos? Ouviu a voz e Aerus e Titânia em seu ouvido, eles gritavam para que ele não desistisse mesmo na pior das circunstâncias. 
— Irmão, você está aí?
Vamos lá, Bola de Pelos. Você é mais forte do que isso.
— E-Eu não sou, Aerus... Sou apenas um Pachirisu qualquer, alguém que nunca deveria ter saído de casa... Não sirvo para batalhas, não sirvo para tomar atitudes e muito menos para liderar... Eu não sou digno de lutar ao seu lado.
Não, cara, você é o sub-administrador da minha guilda, você é o braço direito da Fire Tales. Quando está ao meu lado somos invencíveis, eu sou a carga positiva e você a negativa, e juntos nada pode nos deter. Encontre a sua bateria, recarregue suas energias, faça com que eu sitna orgulho de você quando revê-lo depois dos Seis Meses!
Watt piscou e sua visão voltou a clarear.
Em sua frente estava o corpo de Alexay que havia se jogado para evitar o impacto da furadeira no pequeno Pachirisu. Sua voz tremia, ele mal conseguia falar. O Montanha arrancou a arma enfiada no peito do homem que se sacrificara para salvar seu aprendiz e empurrou o jogou no chão com uma das pernas.
— Criatura nojenta, esses insetos que vão em direção da luz são um desperdício... — grunhiu o gigante insatisfeito.
Watt tentou rastejar-se em direção de Alexay. Ele cuspiu sangue como um velho debilitado pela idade, mas ainda tentava manter a pose cortês mesmo diante de tal situação.
— V-Você melhorou, criança... — disse Alexay com um olhar esperançoso. — M-Mas ainda não encontrou a maldita resposta...?! 
O corpo do Alexay continuava ali até que o Montanha chutou-o para ainda mais longe com um sorriso malicioso em eu rosto.
— Você é o próximo, coelhinho da páscoa.
— A-Alexay... Alexay... Professor...
Watt começou a chorar. Lyndis e Al Capone tiveram de puxá-lo dali para que não fosse acertado pelo golpe seguinte. A garota agarrou-o pelo braço e só teve tempo de ver o chão onde estava ser estilhaçado. O esquilo continuava sem reação.
— Watt, levante-se, você precisa revidar!! — gritou Lyndis.
— Alexay... Ele foi atingido... para me salvar... Deu a vida para me salvar...
Lembrou-se da vez em que era ele quem havia se jogado na frente de Seth, o Dragonite, na Ilha de Ferro. De como Aerus ficara furioso e só conseguira derrotar o maior inimigo de sua vida pela raiva em seu coração. Dessa vez Watt não estava co medo, estava furioso.
Seus olhos começaram a brilhar num tom branco e chegaram a soltar fumaça como num curto circuito. Tudo que ele havia recebido até agora voltou na mesma intensidade. Todo o amor pelos companheiros, o carinho, a compaixão. Suas mãos liberavam faíscas que chegavam a queimar a grama seca ao redor. Era difícil dizer se aquilo fora uma descarga elétrica, mas o Montanha caiu para trás imóvel, como se tivesse levado um impacto por um canhão de luz invisível.
— O que ele fez? — indagou Milena.
— Acho que foi um Return, é uma técnica antiga e pouco utilizada que depende da intensidade que o usuário carrega para com seu treinador — explicou Al. — Quanto maiores forem os laços, mais poderoso. Quanto maior a bondade, mais intenso ele se torna.
Antes que seu inimigo tentasse se levantar, Virgil já tinha pisado sobre ele sendo acompanhado de seus outros quatro irmãos que apontavam armas e espadas em sua direção.
— É melhor ficar aí, compagno. Você já aprontou demais com a minha família, e mexeu com um, mexeu com todos.
Seus amigos logo foram ver o que havia acontecido com o pequeno, a explosão parecia ter descarregado completamente suas energias. Quando Watt abriu os olhos a primeira atitude que tomou foi olhar ao seu redor.
— Alexay, Alexay, Alexay... — ele repetiu. — Por favor, não morra.
Milena ajudou o esquilinho a levantar-se cm dificuldade. Tinha o braço ferido e suas bochechas ardiam, alguns ralados por todo o corpo e parecia até mesmo ter quebrado algumas costelas. Foi andando lentamente em direção do corpo estendido de seu mentor. Os olhos de Alexay continuavam fixados no céu. Quando foi que aquele louco surgiu para salvar nosso amigo? — perguntavam-se alguns.
Watt por fim ajoelhou-se ao seu lado e segurou em sua mão.
 — O senhor está bem, não é? Vamos lá, por favor, não me abandone... Ainda tenho tanto a aprender...
Alexay continuava com os olhos bem abertos, mas demorou a responder.
— Eu queria fazer uma piada agora, para que você se sentisse melhor... Mas não consigo.
Watt fungou.
— Você deu a vida por mim. Se ao menos eu tivesse sido mais forte...
— Você foi o que eu nunca me tornei — falou Alexay. — Um verdadeiro guerreiro, o imperador dos trovões... Quando foi que não percebeu isso?
Ele levou sua mão cansada até o rosto da criança.
— Oh, meu caro Watt... A lição que eu queria te ensinar é que você é muito... — ele fez uma pausa. — Negativo. Sim, sim, negativo... Como os polos de nossa boa terra. Você precisa do lado positivo para ser forte, você precisa encontrar, precisa continuar procurando...
— A carga positiva?
Aerus, pensou Watt.
— Não — Alexay quase leu seu pensamento. — Você precisa trocar as baterias, encontrar novas fontes, alguém com quem possa lutar. Por muito tempo eu tentei desempenhar o papel como a carga que você precisava, mas nós dois somos negativos... Não combinamos, não damos certo. Eu tentei me tornar aquilo que você precisava, mas nunca daria certo.
Sua mão tremia, e ele sentia sua força indo embora cada vez mais depressa. O peito estava sangrando, a cartola estava destruída e suas únicas vestes da qual tanto se orgulhava estavam rasgadas e manchadas daquele tom vermelho que o fazia mergulhar na decepção.
Alexay descansou sua cabeça no colo do esquilo e olhou para o horizonte.
— Acho que não iremos mais para Kanto, meu pequeno amigo...
— Q-Que besteira, professor! — resmungou Watt ainda chorando. — Lembra-se que você falou que iríamos juntos? E-Eu só quero ir lá para conhecer tudo com você, quando a Liga terminar e formos os campeões. Quero levar você para lá, eu vou levar!!
— Criança, não posso — ele sussurrou. — Não posso... Eu só terei uma viagem agora. Eu irei para Kanto, sim, mas para a Eterna. Onde as histórias contarão meus feito, e as pessoas apontarão para mim ao dizer: Ali vai alguém que alcançou tudo em sua vida. — o velho conservava sua voz cada vez mais em silêncio. — Ah, a Eterna Kanto... Eu já posso vê-la, filho. Mais perto do que imaginei.
Watt o segurou no colo. Alexay sentiu o vento passar, a brisa fresca vinda das plantações de vinho da família de Al Capone, e lembrou-se da última manhã onde degustara de sua última golada. Da última risada, da última atitude em tentar tudo de novo mesmo após ter perdido o que lhe era importante.
— Não fique na minha frente, sua bola de pelos ambulante, está atrapalhando o vento — disse Alexay de maneira rude, o que fez Watt rir pela maneira controversa como seu velho professor sempre se comportava.
— Mas está ficando frio... É melhor você não tomar tanto vento, Alexay... Eu vou cuidar de você...
— Besteira — disse-lhe Alexay com um último sorriso esperançoso. — Porque vento... é vida.
Watt ainda chorava, e todos os demais assistiam a triste cena sem reação.
Alexay respirou fundo e sentiu a última rajada soprar seus ouvidos. Balançou a cabeça e abraçou Watt bem perto do rosto, sussurrando num tom sereno de melodia o seu último superlativo.
— Belíssimo.
E garantiu passagem para sua Kanto Eterna.

Don Corleone tratou de garantir todo o conforto para os feridos, e imediatamente começar a recuperar o que fora destruído na batalha. O restante do exército do Montanha havia fugido, mas tanto seu líder quanto alguns comparsas haviam sido presos sob custódia da máfia e interrogados para descobrirem mais sobre os planos dos Remarkable Five. A rotina demoraria a voltar, e para os membros da Fire Tales não seria tão depressa.
Na manhã seguinte, Watt foi sentar-se na colina onde Alexay o treinara pouco antes daquele triste ocorrido. Estava com a bengala velha e a cartola tão marcante de seu tutor apoiada sobre uma pequena cruz que se escondia na sombra do grande carvalho perto das plantações de uva da família de Don Corleone, em um lugar que poucos encontrariam ou sequer lembrariam de levar flores.
Al foi em direção do amigo e sentou-se perto de Watt na sombra da árvore, até que perguntou:
— Com todo respeito, senhor Fuarrint... Quem era ele? — indagou o corvo.
Watt desviou o olhar para o horizonte.
— Era apenas mais um homem, mais um ser esquecido pelo mundo... — Watt dizia com a voz chorosa e claro desamparo em seu coração. — Alguém que certamente não fará falta, que poucos irão lembrar-se e muito menos contarão histórias a seu respeito. Nossa existência é patética, Al... Alguns morrem para glorificar a história dos outros.
O mafioso colocou a mão no ombro do jovem e levantou-se.
— Então viva para manter acesa a chama em memória daqueles que passaram. Pode parecer egoísmo de minha parte, mas mantenha esses sonhos vivos, e cumpra com as lições que os sábios nos deixam. Eles conseguem compreendê-las mais rápido do que nós.
Al Capone levantou-se e foi embora. Watt continuou deitado na grama sentindo o vento soprar bem perto de seu rosto, a brisa suave cantar-lhe os ouvidos e o sol lindo brilhar lá em cima. Ele virou-se de bruços para o chão e criou uma pequena faísca com o dedo indicador. Foi criando ondinhas elétricas fracas que se mexiam e dançavam antes de desaparecer. Sorriu por manter a mente ocupada, mas ainda lembrava-se de todas as coisas boas que havia passado até hoje. Todas as memórias, toda a essência de seu viver.
Belíssimo dia, não?

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  1. UP ALL NIGHT, LIKE THIS, ALL NIGHT, HEY! UP ALL NIGHT!

    E ai Canitas! Estamos em terras Italianos, compagne! O Google Tradutor foi um grande companheiro hoje; e o lenço de papel também. Qual é (!), eu sei que estou muito sensível neste ano, mas eu chorei duas vezes! Tava querendo matar alguém logo né e mesmo não sendo apegada a este Luxray não me contive.
    Kanto Eterna, um lugar onde um Burguês falido pode descansar após aventuras e desventuras; tem como não se emocionar? Ou só sou eu que me emociono fácil?
    Essa família do Al é bem grandinha kkkk e de onde tiraste esses nomes lindos (pra não falar outra coisa) pra alguns integrantes da prole?
    Epa Tom ocê ta parrudo viu sô! Essa banzé foi bom dimás (Like a Tom) superando a força da natureza, acho que só não perde para meu Scizor que usava Fly, ó bixinho bulinado só por causa que sabia usar Fly! Mas e ai os sentimentos ganham da natureza? Té mais Canitas, beijos!

    I WANNA STAY UP ALL NIGHT AND JUMP AROUND UNTIL WE SEE THE SUN!
    Buenanotte ZzzZzzzzZzzzz

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  2. Tava demorando pro canas matar alguém, eu acho que ele queria fazer isso desde que ele começou a fic, eu aposto que hoje ele pensou assim: "Cara... hoje eu quero matar alguém, mas não pode ser alguém muito importante senão os leitores vão me matar... já sei! Eu mato o Alexray! Ninguém lembra dele mesmo.", só que eu lhe digo uma coisa Canas, você é muito do mal, e eu gostava do nosso burguês falido, do bom humor dele e de como ele ajudava o watt, e como eu estou de mal com você eu não vou dizer tchau.
    De: Firewall
    P.S.: Quem será que vais ser a carga positiva do Watt? Eu já tenho minhas suspeitas.

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  3. Diga ae, galera! Poxa, eu já venho falando há muito tempo dessa vontade de mantar alguém, mas na verdade isso já estava nos planos há ainda mais. O Alexay e o Atros eram os primeiros da lista, mas num geral isso é só um preparo para a Liga, eu precisava mostrar que eu falava sério para que vocês botassem fé de que não era só conversinha kkkk Olha só, peguei um personagem completamente ignorado e desconhecido, alguém indiferente à qualquer atitude, mas que no fim das contas acabou mexendo conosco... Quando temos de nos despedir de personagens nunca é uma sensação legal, fica aquela ideia de que não poderemos voltar a vê-lo por mais que queiramos.

    Lux, os nomes dos irmãos e da família do Al Capone vêm todos de famílias mafiosas italianas dos filmes do Poderoso Chefão. Já falei sobre eles em alguns outros episódios, e acho que aos pouquinhos pudemos ir nos tornando mais próximos deles, essas famílias italianas são bem divertidas, digo por experiência própria kkkkkkkk É bom que o Watt vá se preparando para o que está por vir daqui para frente, muita coisa vai mudar e esse esquilinho vai fazer jus ao cargo de sub-administrador. Há tempos venho planejando este episódio, e cada vez mais fico na ansiedade para finalizar os Seis Meses e voltar à ativa a postagem dos capítulos principais. Obrigado pelos comentários ae galera, nos vemos logo mais!

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  4. Eu realmente não deveria ter perguntado se havia mais maneiras de tu destroçar meus pobres feels.
    Okay, eu já sabia que o Alexay ia morrer. E isso impediu que doesse? Óbvio que não ;-; (doeu principalmente quando ele falou sobre os planos e ir a Kanto e eu HAHAHAHAHAHAHA POBRE ALMA ILUDIDA :D ) Poxa, mano, ele morreu pra salvar meu adorado Watt, como poderia não chorar com isso? Pode deixar, Alexay, você nunca será esquecido, eu sempre me lembrarei de seu nome e de seus atos! T^T
    Btw, uma coisa que acho irônica é o Watt ter uma carga negativa. I mean, ele é tão gentil, compreensivo, sempre tentando ajudar.... Como pode ser negativo? E, aliás, quem raios será a carga positiva???

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