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Posted by : CanasOminous
Nov 12, 2014
CAPÍTULO 3
A Essência de um Livro
Brendan guiava
Courtney em direção de seu quarto para que ela pudesse tomar um banho e em
seguida descesse para lanchar. Sua mãe preparava uma ótima refeição naquela
tarde, pois era raro receberem visitas, e os moradores de Littleroot costumavam
ser muito educados e corteses com os viajantes.
O quarto do garoto
era perfeitamente organizado, ele tinha sua própria área de estudos e uma
grande estante com uma coleção de livros e vídeo games. Brendan parecia ser um
garoto introvertido que não saía muito, e no momento parecia muito animado em
ter visitas. Tudo combinava em cores e parecia estar em sua perfeita
localização, o garoto colocou sua mochila em um canto e então ligou seu
computador. Courtney permaneceu caminhando pelo cômodo por um tempo, o pequeno
Mudkip havia comido uma tigela inteira antes de deitar-se em sua cama de
gravetos e dormir por longas horas. O Pokémon era tão preguiçoso que só
acordava para deixar sua pele úmida em uma bacia de água que havia no banheiro,
Mudkip nunca fora muito treinado e era uma criatura muito sedentária.
— Você pode tomar
banho aqui mesmo, minha mãe falou que já trás as roupas para você vestir
enquanto as suas estiverem lavando. Vou deixar toalhas e as outras coisas na
pia do banheiro, se precisar de alguma coisa é só pedir. — disse Brendan.
— Garoto, você tem
certeza que seu nome é Brendan mesmo? Não tem nenhuma outra pessoa com esse
mesmo nome na cidade? — perguntou Courtney.
— Não que eu saiba,
conheço quase todo mundo de Littleroot, posso afirmar com certeza que eu sou o
único Brendan.
Courtney coçou sua
cabeça, e em seguida entrou no banheiro. Ela pareceu surpresa ao deparar-se com
uma imensa banheira no local, faziam anos que não via uma tão grande, pois
odiava água.
— Eu odeio tomar
banho. — resmungou novamente.
Courtney despiu-se
por completo e então ligou o chuveiro e deixou a água escorrer. Ela esperou que
a banheira estivesse completa e com a água muito quente para só então entrar.
Era uma sensação muito boa, como se voltasse no tempo em que ia aos Hot Springs
de Lavaridge. Lá ela permaneceu por várias horas, relaxando como não fazia há
muito tempo. Pela primeira vez um banho estava sendo agradável.
— Courtney? —
perguntou Brendan, batendo na porta do banheiro e chamando pelo nome da moça.
— Fala, garoto. Tô
te ouvindo.
— Hm, minha mãe
trouxe as roupas. Depois você as pega?
— Entra aí.
— Você está louca?!
Você está tomando banho, eu não vou simplesmente chegar e entrar no banheiro
com você aí dentro!!
— A porta não está
trancada, aproveita.
Brendan pareceu
largar as roupas em frente a porta e sair logo em seguida. Certamente, Courtney
não sabia como lidar com crianças. Não entendia a inocência delas, estava
acostumada com pessoas de mal caráter que sempre procuravam aproveitar-se de
todas as ocasiões, mas aquilo parecia ser diferente.
Depois de terminado
o banho, Courtney saiu do banheiro e deparou-se com um pequeno vestido de tons
rosados. Odiava rosa, odiava cores claras que traziam uma sensação feliz,
porém, ou ela vestia aquele vestido ou saíria nua pela casa, decidindo então
vestir a roupa. Courtney olhou-se no espelho e pôde ver a simplicidade de tal
roupa, aquilo a deixava mais meiga e delicada, sendo essa a primeira vez que se
via assim em muito tempo.
Ela desceu as
escadas e deparou-se com uma linda mesa na cozinha. A mãe de Brendan elogiou
sua aparência e chamou-a para sentar-se. Courtney ainda não comera naquela
manhã, então provavelmente estaria com muita fome. Quando se aproximou da mesa
Brendan foi ao seu lado e puxou a cadeira para que ela se sentasse. Courtney
estranhou tal ato, pois nunca lidara com homens cavalheiros, com exceção de seu
chefe.
— Na moral, você é
estranho, garoto.
— De nada. — brincou
Brendan.
Courtney parecia não
ter o mínimo de etiqueta. Por sorte, Brendan e sua mãe eram pessoas simples, e
por isso não a julgavam por agir de tal forma. O menino ria quando via a forma
que Courtney comia, era como uma pequena criança presa no corpo de uma mulher
adulta, e talvez, por aquele motivo, Courtney tanto o fascinava. Ela estava com
muita fome, e por isso comia como se fosse o último dia de sua vida.
— A comida não vai
fugir de você, Courtty. — brincou ele.
— Nossa, é que isso
tá muito bom! É sério, você cozinha muito bem! Parabéns, mãe do Brendan! —
respondeu Courtney.
— Não há problemas,
querida. Quero que fique aqui o quanto achar necessário. Você é sempre muito
bem vinda.
Assim que todos
terminaram a refeição, Courtney subiu para o quarto de Brendan. O garoto entrou
em seu computador enquanto a mulher deitou-se sobre a cama com seus braços
abertos. Parecia estar tendo um ótimo dia.
— Ahh! Nunca comi
tanto! — disse Courtney.
Brendan sorriu ao
ver a situação da mulher, mas em seguida desviou sua atenção para seu
computador. Courtney virou-se e apoiou seus cotovelos sobre a cama, olhando
para a mesa de estudos do jovem.
— E aí, o que está
fazendo de bom?
— Estou vendo se
comentaram em minha história na internet.
— Você escreve? Que
perda de tempo.
— É claro que não,
você não sabe como é boa a sensação de escrever uma história! Escrever é como
um momento único em meu dia que posso estar em harmonia comigo mesmo e me
livrar de todo o resto.
Courtney parecia já
ter ouvido aquilo em algum lugar. Não era a harmonia consigo mesmo que ela
sempre procurou? Estar em paz e entrar em um mundo onde pudesse sentir-se bem?
Aquilo parecia lhe interessar, ler seria mesmo algo tão bom?
— Você sabe
escrever?
— Ah, é claro que
sei. Só que no computador eu digito, então acabo agilizando o trabalho. É muito
legal, você já tentou escrever uma história assim? — perguntou Brendan.
— Não. E também não
quero tentar. Não gosto dessas coisas.
Mentirosa. Por que
não pedir ao garoto para ensiná-la a ler e escrever? Nunca. Aquilo seria
constrangedor. Uma das líderes dos Magmas sendo ensinada por um moleque de
quatorze anos. Sua honra não permitia tal ato, embora seu coração implorasse
por misericórdia.
— Quer ler a minha
história?
— Eu não gosto de
ler.
— Quer que eu leia
para você então?
Courtney manteve-se
calada, como se afirmasse com todas as forças que estava ansiosíssima para
ouvir algo. Brendan sorriu um pouco encabulado, pois tinha vergonha de ler em
voz alta, e ainda por cima nunca havia lido suas histórias para ninguém. Aos
poucos o garoto abriu um programa que tinha sua história, eram alguns capítulos
curtos, mas Courtney não tinha nada de melhor a fazer, e quem sabe acabava
aprendendo alguma coisa divertida com aquilo.
— Só não dê risada
quando eu terminar, tudo bem?
Courtney sorriu com
uma sensação de que riria de forma irônica somente para constranger o garoto.
Ela já preparava a risada, mas ao ponto em que o enredo foi tomando forma ela
começou a ganhar mais atenção de modo que até se esquecesse de rir. Era um
pequeno conto sobre Roselias, com uma moral no final que sempre representava uma
fase na vida de um autor. A cada palavra Courtney parecia ter sua atenção mais
voltada ao ponto de sentar-se na cama para ouvir a história. Era como uma
criança que aguardava pacientemente um presente, e Courtney agora ouvia
encantada o conto do pequeno Brendan.
Assim que o garoto
terminou sua história ele virou-se e pôde ver Courtney com os olhos fixados no
computador.
— Foi você mesmo
quem escreveu? — perguntou ela.
— Foi sim, mas tem
uns errinhos de concordância que eu precisaria perguntar para o meu professor
de gramática mais tarde. Mas de certo modo, foi tudo eu que fiz. — sorriu
Brendan — Você gostou?
— Nossa, que
história fantástica! Tipo, nem sei como explicar, parece que eu pude ver tudo
que você falava! Ainda não acredito que foi você quem escreveu, você deve ser
um verdadeiro escritor. — elogiou Courtney.
— Heh, heh... Claro
que não, sou apenas um simples escritor que faz isso porque adora. Se você
gostou da minha história você iria se apaixonar por grandes escritores como
Machado de Assis, Miguel de Cervantes, Alexandre Dumas... Já ouviu falar desses
escritores? Presumo que já tenho visto seus livros.
— Não leio. Eu já
disse, detesto ler, mas da sua história eu gostei. De verdade!
Brendan sorriu e
agradeceu o elogio de forma encabulada. Por algum tempo Courtney permaneceu
rodando na cama como uma criança que se divertia com algo que nunca vira. Era
uma sensação boa, uma sensação de ser amada e ter um objetivo em sua vida. Aos
poucos sua missão ia sendo esquecida, de forma que ela ganhasse mais apreciação
pelo pequeno Brendan que se mostrava cada vez mais inteligente.
— Vou te dar um
livro de presente, você iria adorar! — disse Brendan.
— Se você me der um
livro eu juro que quebro ele na sua cara.
— N-Nossa, custava
dizer não?
— Eu odeio livros,
odeio essas coisas demoradas. Não gosto de ficar muito tempo fazendo a mesma
coisa. Sei lá, eu não gosto de livros. — disse Courtney.
— A prática da
leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a
compreender o mundo à nossa volta. Eu não tinha esse hábito, mas desde que
descobri o verdadeiro significado eu percebi que foi a melhor decisão que
tomei! — disse Brendan — Deve ter acontecido alguma coisa para você odiar tanto
os livros, não quer me contar?
— Não é da sua
conta.
— Courtney, às vezes
eu acho que você é muito ignorante para uma mulher bela e delicada como você.
Então por que você age dessa maneira? — questionou Brendan constrangido.
— Que droga!! Eu só
não gosto que falem de leitura e livros para mim, eu não gosto, tá bom?!
Preciso explicar mais alguma coisa? Que saco.
Courtney virou-se na
cama e não encarou mais o garoto. Brendan também não fazia questão, e logo se
virou para continuar mexendo em seu computador. Pareciam dois namorados que
tinham acabado de brigar, e embora Courtney soubesse que ela estava errada seu
orgulho nunca a permitiria pedir desculpas.
A noite foi passando, de modo que Courtney até
mesmo se esquecesse de sair e procurar por um alojamento. Ela praticamente já
estava alojada na casa de Brendan, mas aquilo não o irritava, mas apenas o
deixava confuso para tentar descobrir o motivo dela odiar tanto os livros. As
estrelas começaram a cobrir o céu da
noite, mas nenhuma nuvem aparecia de modo que uma tempestade como na noite
passada não fosse nem um pouco evidente.
Brendan desligou seu
computador e em seguida foi falar com sua mãe, deixando Courtney sozinha em seu
aposento. Ela olhou para Mudkip que a encarou de forma sonolenta e tornou a
dormir. Quando ficava sozinha a lembrança de sua missão lhe vinha à tona, e
sabia que aquela seria a oportunidade perfeita para descobrir se Brendan era
realmente um espião inimigo. Ela começou a revirar o quarto de forma cautelosa
que não levantasse questionamentos, embora não houvesse nada muito suspeito.
Livros, bonecos, vídeo games, CDs, aparelhos frequentemente encontrados no
quarto de uma criança.
Courtney deitou-se
na cama derrotada. Por um momento lançou um rápido olhar por todo o quarto
quando pôde avistar um pequeno livro no alto da estante. “Capitães da Areia”.
Parecia ter alguma relação com desertos e montanhas, achou ser interessante.
Courtney começou a folhear o livro, mas logo fechou-o estressada por não
encontrar nenhuma imagem.
Ao entrar no quarto,
Brendan deparou-se com Courtney com o livro em suas mãos. Parecia que ela fazia
algo completamente abominável, pois parecia preocupada e seu coração batia
forte.
— Decidiu ler um
livro? — perguntou Brendan de modo sereno.
— Não. Eu estava
procurando informações, tentando descobrir se você era um espião infiltrado no
corpo de um menino, mas cheguei á conclusão de que não é. — respondeu ela de
modo sério.
Brendan riu por
pensar que ela estava apenas sendo irônica, e em seguida sentou-se ao lado de
Courtney.
— Capitães da Areia.
É um livro muito bom, já ouviu falar?
— Não gosto de
livros.
— A linguagem é bem
simples. É um romance, ele fala sobre menores abandonados que moram na rua e
assim levam uma vida como bandidos. Mas é muito interessante ver o lado dos
supostos “vilões” se você consegue me entender. Vemos que assim os vilões
também têm coração e aprendem a amar.
Courtney ficou
quieta por um instante. Poderiam os vilões aprender a amar? Aquele livro
parecia mais interessante do que aparentava, mas era como se Brendan
conseguisse ler a mente da moça.
— Quer que eu leia
para você?
Courtney apenas
acenou com a cabeça positivamente. Brendan sorriu, e após vestir seu pijama
montou um colchão ao lado da cama para começar a ler a história. Courtney
recebera uma camisola da mãe de Brendan, e os dois agora pareciam duas pequenas
crianças que compartilhavam bons momentos.
As horas passavam.
Envolvidos pela leitura os dois aos poucos entravam no mundo em que os livros
os convidavam a participar. O ronco de Mudkip ecoava pela casa inteira, a Mãe
de Brendan só terminava de limpar a casa na companhia de seu Lotad e logo
estaria indo dormir.
Courtney não parava
quieta, e fazia um comentário a cada parágrafo para perguntar o que significava
determinada palavra. Era um momento dela, talvez o que Courtney procurava há
anos acabara de ser encontrado. A paz da leitura, a sensação de ter um momento
seu e sentir-se inspirada. Era aquilo que ela havia procurado durante toda a
sua vida.
Subitamente, Brendan
fechou seu livro e suspirou.
— Capítulo
encerrado. Amanhã tem mais! — sorriu ele.
— Desgraçado!! Como
pode parar em uma parte como essa?! Esse livro é tão legal, a linguagem parece
ser tão simples, e os personagens falam de forma tão... não sei uma palavra...
— Descontraída? —
perguntou.
— Acho que sim, seja
lá o que isso signifique. Estou adorando o livro, Brendan. Muito obrigada por
compartilhar isso comigo.
Courtney segurou o
menino por trás e então abraçou-o fortemente. Brendan podia sentir a mulher
abraçando-o, era uma sensação de poder estar sendo protegido, era como uma irmã
mais velha que ainda manteve a essência de uma criança. Courtney deu um leve
beijo sobre sua cabeça, e em seguida o garoto levantou-se e foi para sua cama.
Courtney estaria dormindo num colchão ao lado, mas qualquer alojamento já seria
melhor do que dormir na grama do lado de fora.
— Boa noite,
Courtty. — disse Brendan.
— Boa noite, garoto.
A
luz foi apagada de modo que as estrelas no céu fossem evidenciadas com seu
brilho e beleza. As estrelas eram lindas, e Courtney viajava em seus
pensamentos no livro e nos astros. Aprendera muito naquele dia, e provavelmente
não viria a esquecê-lo tão cedo. Estava tão animada que nem sequer conseguia
dormir. Seus olhos não pregavam, apenas imaginando as intermináveis aventuras
naquele vasto mundo. Brendan já estava dormindo, Courtney levantou-se no escuro
e olhou para os lados. Passou a mão em frente os olhos do garoto para ver se
estava acordado, mas não houve resposta. Em seguida ela passou para o outro
lado da cama e deitou-se ao seu lado, tal como na primeira noite. Não sabia
dizer se gostava da acomodação ou da companhia do garoto, mas pelo visto havia
funcionado. Courtney agora caía em um sono profundo.
Adorei o capitulo! *--*
ReplyDeleteAlem do enredo comum da fic, vocÊ citou a literatura e os escritores de forma maravilhosa e isso foi o que mais gostei neste capitulo.
Coutney gostou do livro e até chingou pelo capitulo terminar?! Isso prova que as pessoas podem mudar ao experimentar coisas novas.
Mudkip é de mais! adorei ele!
Aguardo o proximo capitulo.
FIRST \O/
(Trecho retirado da Arena Pokémon, no dia 21/12/11)
Adorei o capítulo²
ReplyDeleteConcerteza foi o melhor até agora, Brendan lendo para a Courtney foi demais, será que Courtney será incentivada aos livros para ter um amor e não ser mais vilã? Espero anciosamente o próximo capítulo.
(Trecho retirado da Arena Pokémon, no dia 21/12/11)
Cara, muito bom mesmo esse capítulo. Muito interessante esssa nova "cara" que você deu a fic. Muito criativo de sua parte falar sobre a escrita na própria escrita,kkk. Bom, espero muito pelo próximo capítulo.
ReplyDelete(Trecho retirado da Arena Pokémon, no dia 21/12/11)
WOW! que incrível! Mudkip até agora é um dos meus favoritos!
ReplyDeleteDe certa forma eu senti pena do Brendan .-. ter que ler um livro inteiro pra ela, e... Courtney tem em volta de 20 anos certo?
Se ela "ficar" com um garoto de 14, não seria assédio? '-'...
Aguardando próximo cápitulo, abraços!
(Trecho retirado da Arena Pokémon, no dia 22/12/11)
Yo Canas!
ReplyDeleteMais um ótimo capítulo cara, a forma como o Brendan lida com a Courtney e a faz "balançar" é ótima. Adoro quando personagens durões acabam ficando mais molengas por dentro, mostrando que se importam com os outros e você faz isso muito bem! Parabéns, cara! Abraço Canas!
(Trecho retirado da Arena Pokémon, no dia 12/01/12)
Cara,me dá o Mudkip,pq ele é o poké perfeito para quem quer fazer pouca coisa.Agora,o cáp ficou muito bom.
ReplyDeleteMudkip gordo e sedentário é vida <3 E quem diria que um bichinho desses poderia se tornar um Mega Swampert bombadão neh! kkkkkk Que bom que curtiu cara, abração!
Delete