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Posted by : CanasOminous
Nov 29, 2014
Support Conversation (Wiki x Glory)
Gênero: Romance, Yuri;
Disclaimers: Linguagem levemente acentuada, Consumo de Álcool;
Tema: Um pouco mais do passado de Wiki e sua vida;
Esse capítulo não é recomendado para menores de 16 anos!
Os
primeiros feixes de luz passavam pelas persianas, iluminando o cômodo que já
era dominado por um cheiro forte de cigarro. Uma moça passou a mão pela cabeça,
ainda tentando descobrir onde estava. Piso de madeira, cama desarrumada e tudo
fora do lugar, uma verdadeira bagunça. Dizem que nos primeiros 3 segundos
depois de despertar não nos lembramos de absolutamente nada, mas a mulher levou
um pouco mais do que isso para situar-se.
Ah,
pelo menos não estava sozinha. Era Wiki quem estava ao seu lado, vestindo
apenas uma camisa branca quase transparente, seus cabelos curtinhos na altura
dos ombros estavam ainda mais bagunçados do que o costume. Olhava para fora da
janela entre as persianas que iluminavam seus olhos de vidro com uma clara
expressão de saudade, esperando por alguém que ainda não voltara. O rosto estava
sem maquiagem, e mesmo assim ela era dona de uma beleza que poucas mulheres teriam
ao despertar logo às seis da manhã.
A
moça ao seu lado ajeitou-se na cama, esticou o braço e tentou roubar o cigarro
da outra numa tentativa frustrada.
— Eu não
sabia que você tinha voltado a fumar — disse, por fim.
— Bom
dia, Glory. E eu não voltei, só fumo quando estou apaixonada, preocupada,
irritada, frustrada ou cansada — respondeu Wiki, tragando a fumaça.
— Ou
seja, o tempo todo.
Glory
apoiou-se com dificuldade na cama e por fim conseguiu arrancar o cigarro da mão
da companheira.
— Chega
disso.
— Cuida
da sua vida — Wiki falou sem nem tentar impedi-la. Glory apagou o cigarro num
cinzeiro e levantou-se para abrir a janela de modo a permitir que o ar
circulasse, estava realmente muito abafado.
— Céus.
Minha cabeça está horrível, nem lembro o que aconteceu... — disse Glory.
— Mas
você lembra o que fizemos ontem, não? — Wiki sorriu com certo ar malicioso.
— Disso
eu lembro — a outra respondeu com uma risadinha insinuativa.
Por fim,
Glory sentou-se na cama, ainda tentando raciocinar onde estava e como havia
acabado ali. Bem, aquela era a Fire Tales. Conforme suas lembranças foram
retornando, lembrou-se que Wiki a convidara para beber um pouco, e agora estava
no dormitório de uma de suas maiores guildas rivais. Não que ligasse muito para
aquilo, apesar de sempre estarem brigando e discutindo, aquelas duas eram
amigas desde que Kabutos e Omanytes ainda perambulavam pelo fundo do mar.
Glory
espreguiçou-se, logo foi procurando onde estava cada uma das peças de sua roupa
espalhadas nos lugares mais bizarros formando uma trilha que terminava na
banheira. Pelo visto, as duas haviam tido uma noite daquelas.
— Acho
que bebi demais... — comentou Glory mais uma vez, percebendo que passara dos
limites. — Fazia algum tempo que não passávamos algumas noites juntas para
fofocar e colocar os assuntos em dia. E para ser bem sincera, acredita que
senti saudade disso?
— Nem me
fale, eu também estava precisando de alguém para desabafar... — respondeu Wiki,
apoiando os braços sobre os joelhos, com o olhar fixo na estrada ainda dominada
por uma fina camada de neblina da manhã.
— Seus
queridos amigos da Fire Tales não conseguem cumprir essa tarefa? — caçoou Glory
com certo tom de deboche.
— Bem,
sim... Mas há assuntos que só mulheres entendem. Prefiro até mesmo manter o
Mozilla afastado disso, mandei-o sair em uma missão com os meninos, pelo menos
assim tenho um pouco de paz, no sentido mental. Ele fica meio irritado quando
comento desse assunto, deve sentir que estou largando ele, mas tudo isso é uma
briga que acontece dentro de minha cabeça, dá pra entender?
— É.
Mais ou menos.
Glory
apenas balançou a cabeça, e na sequência frisou:
— Aquele assunto?
— É. Aquele assunto.
Casamento.
As duas já haviam falado muito sobre isso na noite passada. Wiki havia chorado
um pouco, e depois bebido o bastante para ficar louca e apagar a mente diante
de qualquer resquício ou ideia que restasse. Wiki era uma garota forte na
frente de todos os demais, tinha uma inteligência insuperável, mas quando se
tratava de assuntos amorosos e com foco no futuro, revelava o lado de uma
garota um pouco insegura e cheia de vontades.
Glory
abotoava sua camisa enquanto procurava por alguma coisa para comer na cozinha.
— Sabe
do que eu sinto falta? — a enfermeira perguntou.
— De
mim.
— Eu ia
falar que era de pizza, será que você não tem nenhuma congelada na geladeira?
— Não,
sua vadiazinha desgraçada. Admita, não consegue viver sem mim, né? — brincou
Wiki. — Você deve sentir falta desse corpinho todos os dias.
— Hah,
hah. Tão bobinha... Quando foi que sua mente começou a retardar? Foi depois de
andar com essa gente esquisita da Fire Tales?
— Ei —
emendou Wiki —, não fala mal deles.
Glory
havia acabado de encontrar a tão comentada pizza congelada, e enquanto
aproveitava para esquentá-la, apontou para sua amiga indicando justamente o que
esperava dizer.
— Pra
falar a verdade, é disso que eu sinto falta.
—
Dane-se a sua pizza — Wiki retrucou.
— Dá pra
escutar? Eu sinto falta de você, sim, mas da minha amiga antiga.
A mulher
cruzou as pernas, procurando outro cigarro na bolsa.
— Está
insinuando que eu piorei?
— Muito
pelo contrário, minha querida. Você... melhorou. E muito — respondeu a
enfermeira, um pouco constrangida ao admitir aquilo, mas logo sendo despertada
pelo apito do micro-ondas. — Ah, não dê ouvidos às besteiras que estou dizendo.
Ainda devo estar meio bêbada de ontem.
— Não,
não — Wiki levantou-se no mesmo instante ajeitando a camisa branca. Parecia ter
ouvido algo que gostara. — Você acha mesmo que melhorei?
— Se
compararmos você atualmente ao seu “eu” do passado... — Glory abocanhou um
pedaço de sua pizza, cruzando as pernas e compartilhando algumas memórias antigas.
— Lembro do tempo em que você ainda trabalhava em Veilstone como garota de
programa.
— Bons
tempos? — Wiki perguntou.
—
Depende do ponto de vista...
• • •
As luzes
das lojas noturnas iam se apagando e o movimento começava a perder força. Mais
uma das noites turbulentas da grande cidade de Veilstone chegava ao fim, e
enquanto para alguns o dia estava começando, para muitos outros tinha acabado
de terminar. Wiki tivera uma madrugada cheia; muitos afazeres, muitos clientes,
e a mesma rotina de sempre. Só esperava voltar para casa e descansar.
Morava
em um humilde apartamento alugado; um quarto, uma cozinha e um banheiro. A sala
ficava no meio de tudo. Entrou e acendeu a luz, mas aquela iluminação quase não
fazia diferença, tudo sempre ficava com aquele ar sombrio e abandonado, de
gente triste e sem muitas condições. Abriu um notebook que ganhara para
terminar um curso online que havia começado. Fora seu trabalho costumeiro,
tinha o hobbie de passar o tempo livre estudando para, quem sabe, um dia
melhorar de vida. Ser garota de programa não era fácil. Mas era por opção.
Sempre adorara a vida noturna e o tipo de lugares que frequentava, só esperava
que não durasse para sempre.
Sem
ninguém para recebê-la em sua casa, era difícil que Wiki abrisse a boca para
falar alguma coisa (geralmente a usava para outras coisas). Vivia em seu mundo
escuro, levando a vida que podia. Não necessariamente ruim, embora muitos
considerassem desprezível.
Ainda
lembrava-se da manhã em que recebeu uma mensagem de seu trabalho, e foi
surpreendida por tratar-se de seu gerente, um sujeito que até tinha intimidade
para chamar de “amigo”.
“Tem um
cara querendo ver você, Wiki.” — estava escrito.
“Muitos
caras querem falar comigo, chefe. A diferença é que nem todos podem.” — ela
digitou em resposta. — “Estou cansada hoje, muito cansada, então se conseguir
ser discreto, manda ele pastar. Amanhã chegou aí às onze da noite sem falta.”
A
resposta veio bem rápido.
“Bem,
mas creio que este aqui você vai querer ouvir...” — disse o gerente na mensagem,
o que imediatamente despertou a atenção da mulher.
“Por
acaso ele seria um ricaço que vai me tirar dessa vida miserável? Pode dizer que
estou toda disponível a hora que ele quiser no meu apartamentinho de um quarto
e um banheiro.”
“Hah,
hah. Espero que não, você é uma de minhas melhores garotas.”
“Obrigada
pelo elogio?” — ela riu sozinha. — “Tô brincando, chefinho. Adoro vocês e todo
mundo aí da boate!”
Mentirosa,
sua mente continuava matutando enquanto digitava.
O homem do
outro lado continuou a explicar:
“É o
seguinte, hoje pela tarde apareceu um garotinho esquisito com orelhinhas de
esquilo.”
“Adoooro
garotinhos” — respondeu Wiki, irônica. — “Posso pensar no caso.”
“Calma,
não terminei. O nome dele é Watt Fuarrint, é apenas um Pachirisu. Ele disse que
está recrutando guerreiros para formar uma guilda, só não sei direito o que ele
veio fazer em uma boate, mas enfim... Eu recomendei você. Sei bem que têm
andado deprimida nos últimos tempos.”
“Chefe,
eu tô bem, olha só! Estou até sorrindo aqui do outro lado, hahah. Só você que
não consegue ver” — respondeu Wiki numa falsidade tremenda. — “Meus clientes
estão felizes, eu estou feliz, tá todo mundo feliz! Não preciso de nenhuma
guilda nem nada. Sei como funcionam. Não preciso de... companheiros, parceiros
ou amigos... Não preciso de nada disso. Dá muito trabalho.”
“Tudo
bem, tudo bem. Amanhã ele vai passar aqui de novo, e disse que vai trazer o
irmão dele, um cara chamado Aerus. Pela cara de insistência do garoto, eles
provavelmente não vão desistir até leva-la com eles. Pensa direitinho no
assunto, tá?”
“Tranquilo,
chefe. Estou bem como estou, não preciso de mais ninguém para ser feliz!
Beijinhos, bye, bye, obrigada por me avisar!”
Dois
minutos depois, Wiki havia ligado para sua amiga Glory, aos prantos.
— Meniiiina!!! Eu não sei o que fazer
preciso de ajuda, por amor de Arceus!! — lamentava-se Wiki.
— O que
aconteceu, mulher?! Você tá GRÁVIDA?!! — gritou Glory do outro lado.
— Claro
que não, você sabe que isso é impossível...
Preciso seriamente da sua opinião para algumas coisas. Acho que... Estou
achando que encontrei a minha chance de mudar de vida.
• • •
Wiki e Glory já terminavam de deliciar-se com
a pizza aquecida, e agora riam ao lembrar-se de todas aquelas histórias de
quando eram mais jovens. A Porygon-Z remexia em seu café, concentrada no ar
quente que saía da xícara.
— Quando
cheguei na Fire Tales, combinei com meu Mestre de que eu viria embalada em uma
enorme caixa, como se fosse um presente — contou Wiki, relembrando todas as
besteiras que fez. — Nossa, e eu estava tão envergonhada...
— Você?
Envergonhada? Não acredito — respondeu Glory.
— Pois pode
perguntar ao Mozilla! Eu pedi para ele ser o primeiro a dar as caras, eu não
quis me mostrar até que pediram para que mostrássemos algumas de nossas
habilidades, e foi muito aos poucos que fui me soltando... Geralmente nos julgam muito cedo por nossos atos, ainda mais por causa de nossa
habilidade, Adaptability — explicou Wiki. — Somos robôs, as pessoas pensam que não deveríamos ter sentimentos ou emoções; mas acho que nossas experiências atingiram tamanho nível que hoje somos mais imperfeitos do que qualquer outro.
— Você e
o Mozilla são uma curiosidade exótica, mas depois de um tempo acho que dá pra
acostumar. Até que aprendi a gostar — Glory riu. — Hoje ninguém segura, né?
— É
porque nós aprendemos a fazer o melhor uso disso! — Wiki falou e as duas caíram
na gargalhada.
Glory sorria
para ela de maneira sensual, balançando a cabeça e sem tirar os olhos do rosto
da moça que tanto apreciava.
— Eu
realmente sinto falta daquela Wiki tão insegura que me ligou chorando uma tarde
para perguntar se deveria ou não entrar em uma guilda maluca com Pokémons
malucos. É que naquela época você dependia tanto de mim, sabe? Éramos
praticamente irmãs.
— É
verdade... Até você roubar aquele cara que dormia comigo e pagava as minhas
contas, sua desgraçada.
— Nossa,
guardou mágoas disso, sua rancorosa? — brincou Glory, não escondendo que
realmente fizera aquilo, e com gosto. — Ah, a gente brigava por coisinhas tão
bobas... É uma pena que tenhamos ficado tanto tempo distantes. Nos encontramos
como rivais mortais até alguns meses, e olha só como estamos agora.
Compartilhando a mesma cama.
— Mas só
por hoje, depois que os rapazes voltarem da missão quero que você SUMA daqui,
ou o Vista vai arrancar seus braços fora.
— Ele
não conseguiria — insinuou Glory, alongando suas pernas num movimento sensual e
balançando de um lado para o outro com a pizza na mão —, ou então quem ficaria
para fazer aquela massagem que você taaanto adora?
Os olhos
de Wiki brilharam.
— Faz em
mim hoje...? Poooooor favor, por favor, por favor!
— Nãooo,
demora tanto! Só se você também fizer uns favorzinhos mais tarde.
— Tanto
faz, eu faço qualquer coisa, só estou precisando de uma massagem, anda logo! —
argumentou Wiki.
— E isso
é jeito de falar com a sua deusa da massagem? Antes quero que diga: Oh, Glory, louvada seja as suas mãos de
anjo! Poderia satisfazer-me e purificar-me com toda a sua glória?
— Sai do
meu quarto — Wiki apontou para a porta.
— É
brincadeira, amorê — respondeu Glory, meio assustada. — Eu só ia pedir para
você parar de fumar.
— Augh!
Por que todo mundo fica tão revoltado com isso? Eu não fumo na frente de
ninguém, sei que é errado. Da última vez que o Marquinho viu ele ficou tão
triste, mas tão triste, que fiquei meses sem tocar em um maço! Mas deu vontade,
é só isso. E tem mais, isso nem me afeta. Sou tipo um robô imune à muitas
coisas... Imune a ficar doente, imune à dar a vida...
— Você
ainda é uma androide, ou já conseguiu criar uma poção milagrosa para
transformá-la em humana?
— Hah,
hah. Estou morrendo de rir — respondeu Wiki com certo sarcasmo.
— Isso
deve danificar seus circuitos internos... Já pensou que pode ser esse o motivo
de você nunca encontrar um parceiro? Homens não gostam de mulheres que fumam, e
nem de muito atiradas, e você se enquadra no perfil perfeito do que os homens
detestam.
Wiki
chegou até mesmo a levantar-se de sua cadeira, pronta para argumentar ou ficar
realmente frustrada. Ergueu o indicador, preparou-se para dizer algo realmente
rude, mas logo desistiu e voltou para a cama, sentando-se na mesma posição que
estava pela manhã.
— Mas
tem quem goste, ouviu?
Glory
percebeu o quanto infeliz havia sido o comentário que fizera e foi até a amiga,
sentando-se atrás dela e massageando-a pelas costas, só para começar.
— Saia de perto de mim!
— Você
está tensa demais, querida. Relaxa... Ainda tá esperando o seu homem perfeito
cair de paraquedas na sua porta?
— Mais
ou menos — Wiki riu.
— Já
pensou que ele pode estar ao seu lado esse tempo todo, e você ainda não notou?
— Nossa,
lá vem você com esse discurso... Glory, não somos mais adolescentes pensando no
que ser da vida. Olhe só para nós, nem sei mais quantos anos você tem, mas a
situação tá ficando crítica. E se... E se eu ficar para titia?
—
Carrancuda e mal humorada desse jeito, não duvido nada.
— Ohh,
pra ser bem sincera, eu encanto tanto os homens que todos eles gostariam de dar
sua virgindade para mim! — respondeu Wiki, levantando-se na cama e apontando
para o espelho. — Diga, espelho meu, se somos ou não somos a mulheres mais
perfeitas desse mundo? Hah, hah, hah!
— É por
comportamentos assim que você ainda está solteira, sabia?
Wiki
voltou a abraçar seus próprios joelhos, escondendo o rosto.
—
Desculpa, fico meio excitada quando tomo café. O Mozilla tem esse mesmo efeito,
só que o caso dele é com chocolate quente, vai entender...
Glory
aninhou-se ao lado da moça, retomando sua massagem.
— Não
tem mais ninguém interessante na Fire Tales? Nenhum amigo de um amigo de um
amigo, ou sei lá, coisa do tipo.
— Não
tem como, é que... Não consigo olhar para meus companheiros daqui e pensar em
fazer alguma maldade com eles, sabe...? Não quero tentar, como se eu fosse uma
espécie de maçã do éden prestes a corromper qualquer um que chegue perto de
mim... Simplesmente não consigo.
— Nenhum
deles? — repetiu Glory. — E aquele menininho lindo que vive colado em você, o
Marquinho?
— Meu
tesouro — respondeu Wiki, piscando várias vezes de modo apaixonado.
— É
melhor tomar conta dele, ou eu vou roubá-lo. De novo.
— Nem
brinca, eu arranco seu nariz fora.
— Não
fale do meu nariz — Glory sabia que era enorme.
— Acho
que o Marco é a pessoa mais especial que tenho aqui, junto do Vista e do
Mozilla, e ainda assim... Mesmo que eu seja atirada, mesmo que eu viva me
jogando para cima dele... Acredita que nunca fizemos... nada?
Glory
arregalou os olhos, e aquela provavelmente fora a notícia mais avassaladora de
sua manhã.
— Nada?
—
Nadinha.
— O
QUÊ?! Vai dizer que nunca tirou a pureza do garotinho?!!
— Claro
que não, que tipo de mulher você pensa que eu sou?
—
Pervertida, cheia de fetiches e que só pensa em sexo 24 horas por dia.
— Nossa,
você tem uma péssima imagem de mim. Mas não escondo, é a mais pura verdade! — Wiki
admitiu. — E olha só para mim... Uma mulher experiente, que sempre que chega na
hora H, acaba se arrependendo...
Wiki
soltou um suspiro quando a massagem já chegava em seu auge, escorregando para
seu busto. Glory continuou a pergunta por ela:
— Se
arrependendo de quê?
— Ah,
sei lá... Tenho medo de tentar ir além e perder a amizade que tenho com eles,
sabe? E se não der certo? E se ele não gostar de mim, ou querer que sua
primeira vez seja com uma garota especial que não seja de um jeito tão... “eu”?
Glory
deitou Wiki na cama, segurando o rosto dela bem firme enquanto as duas se
encaravam:
— Seus
amigos têm sorte de não conhecer esse lado seu que só eu conheço. Carente,
medrosa, cheia de dúvidas... Falando assim, você realmente parece a adolescente
de sempre que nunca se apaixonou.
A essa
altura, Wiki já não dizia muitas palavras, encantada com a massagem. Glory
levou as mãos até a camisa da companheira e não teve muita dificuldade em despi-la,
ela só vestia aquilo. Começou a massagem pelas costas e foi indo aos poucos até
chegar nas pernas e na parte onde ela mais adorava. Com as bochechas coradas,
Wiki realmente sentiu-se nos tempos quando ainda nem sonhava em fazer parte de
uma das guildas mais famosas de Sinnoh. E agora, não trocaria aquilo por nada.
Os
suspiros foram ficando mais intensos quando Glory subitamente parou a massagem
e soltou um comentário.
— Você
devia arriscar mais.
Wiki até
abriu os olhos depois dessa.
— Eu? Tá
falando de mim?
— Sim.
— Quer
que eu me arrisque mais ainda?
Acho que sou a garota mais oferecida dessa guilda, a única que pega uma
metralhadora e que sai atirando pra todo lado junto de um robôzão que mais
parece um tanque de guerra, que pega os rapazes e joga no banheiro feminino
para fazer as maiores loucuras, e você vem me falar para arriscar mais?
—
Shhhhhhh... — Glory a calou com o indicador, ainda por cima de seu corpo e com
a bunda empinada. Ela deu uma risadinha antes de continuar: — Seus argumentos
são inválidos. Você está solteira, eu não.
Dessa
vez foi Wiki quem se surpreendeu.
— Não
brinca. Por que não me contou ontem?
— Acho
que contei, mas você estava bêbada demais para lembrar.
—
Espera, não me fala... É o Conde.
— Heh,
heh... Acertou.
—
Cacete, sua Miltank desgraçada! Ele é um fofo, felicidades para vocês dois.
Meio nariz empinado, mandão, insuportável e rabugento demais para o meu gosto,
mas vocês se completam, sabia?
— O
nariz dele também é meio grande... — Glory comentou.
— Quando
vocês dois respiram juntos no mesmo quarto não acaba o ar?
Glory
coçava sua cabeça mostrando o dedo do meio para a amiga.
—
Começamos como colegas de trabalho e com um interesse em comum: Destruir todos
vocês. É aquela coisa né, o mau atrai o mau. Pessoas que tendem a não gostar de
alguém em especial costumam se dar bem, e foi assim que começamos a
compartilhar este carinho mútuo. Só que, obviamente, fui eu quem tive que tomar
partido, né. Ahh, hoje em dia não podemos depender dos homens para mais nada...
— E nem
precisamos — Wiki levantou-se da cama num salto, indo em direção do armário e
arrancando as roupas que restaram ali mesmo. — Você me deu uma bela ideia, e
acho que vou coloca-la em prática hoje mesmo.
— Agora
sim estou voltando a ver a amiga que eu conhecia! — respondeu Glory com uma
risada calorosa. — O que pretende?
— Vou
fazer uma surpresa para os meus meninos. Nada que eles nunca tenham visto, mas
com alguns toques especiais — Wiki sorriu maliciosamente.
— Só me
faça um favor. Depois que arranjar um namorado e casar, não esquece de chamar a
velha amiga aqui para suas festinhas. Eu adoraria participar, e pode deixar que
levo o Conde junto.
— Não se
preocupe, querida. Nosso tempo de brigas já passou, não tenho mais motivos pra
implicar com você! — respondeu Wiki. — A menos que você chegue perto do meu
Marco, se você tentar, juro que dessa vez eu te caço até os confins do Distortion World pra arrancar sua pele.
E a propósito, qual sutiã fica melhor? Esse ou esse?
— O
branco traz toda a ideia de pureza, o que provavelmente não combina com você,
guarda para seu casamento. Em você eu gosto mais do vermelho. E não é que você
fica bem com essa cor, sua maldita!
— Como
nos velhos tempos — comentou Wiki enquanto se olhava no espelho. Uma lingerie e
um sutiã especial para aquela ocasião.
Já sentia-se
revigorada e pronta para voltar a ser Wiki que todos conheciam assim que seus
momentos de estresse e TPM passassem.
— Assim
está perfeito! — disse a Porygon-Z. — Agora dá um fora daqui.
— Como
é? Está me expulsando?
— Sim! Já
tivemos uma noite boa, agora preciso de um tempo para o me Marquinho lindo e
fofucho que está para chegar. Tenho algumas coisinhas a compartilhar com ele, e
preciso dar uma geral em tudo antes dos rapazes chegarem! Valeu pela força,
Glory, sua linda!
Wiki já
preparava-se para empurrá-la por fora, pois tinha a impressão de que não
demoraria muito para que Vista aparecesse ali explodindo a parede e fazendo sua
entrada triunfal costumeira. Glory reclamava enquanto era jogada para fora.
— Ora,
que falta de consideração! É assim que você trata as amigas? Vou preparar um
exército e marchar para a destruir sua guilda se fizer essa desfeita comigo,
sua megera insolente!
— Pode
vir, vou recebê-la com minha metralhadora e meu tanque de guerra particular —
respondeu Wiki, fechando a porta com força enquanto caía na risada. Mas ela
logo abriu-a novamente, pois esquecera de alguma coisa.
— Leva
esse maço de cigarros embora. Se eu tentar comprar outro de novo, vou chamar
você para vir dar um soco na minha cara.
— Eu
faço isso qualquer hora que você quiser e sem motivos, meu bem.
— Nos
vemos logo mais!
Antes
que Glory fosse embora, Wiki deu um beijo de leve nos lábios da moça, sorrindo
de maneira sensual e apaixonada, logo retomando a sua preparação no quarto, pois
ainda tinha tudo para arrumar e a maquiagem para retocar. Havia muito a se
fazer, defato. Glory ao menos parou de reclamar e ficou por um tempo parada em
frente à porta.
Despediu-se
dos limites da Fire Tales antes que os demais membros acordassem e tivessem
conhecimento de uma invasora, afinal de contas, ainda eram inimigas mortais.
• • •
— Eu
estou morrendo de fome — resmungou Marco, com as pernas já clamando por uma
cama quentinha e confortável. — Mal posso esperar pra chegar em casa e comer
aquela pizza congelada que nós guardamos a semana inteira!
— A
missão foi bem puxada mesmo... — dizia Mozilla, certificando-se de agasalhar o
pequeno Mothim com sua blusa para que Wiki não visse seu braço enfaixado e nem
os machucados e contusões no corpo do jovem. — Rank S não é para qualquer um,
estou orgulhoso de que já consiga nos acompanhar, Marquinho.
— Ainda
me lembro de quando o colocamos numa missão de Rank C e você quase perdeu. That was terrible, a imagem da guilda
seria destruída se isso tivesse acontecido — brincou Vista.
— Será
que a Wiki ficou bem nesse tempo? Estou preocupado... — continuou Marco, mas
Mozilla deu de ombros.
— Não
esperem um jantar de boas vindas ou qualquer coisa vindo da Wiki — respondeu
Mozilla. — Ela provavelmente deve estar dormindo nua e com a casa inteira
virada do avesso, então tentem só ignorar e agir com normalidade. Como de
costume.
Assim
que chegaram ao dormitório, Mozilla ainda estava procurando as chaves para
abri-la quando estranhou o fato de que Vista não destruíra nenhuma parede para
entrar. Talvez até mesmo o imbatível Metagross estivesse cansado demais para
qualquer loucura.
Ficaram
um tempão procurando as chaves, e todos sem nem imaginar o que os aguardavam.
Um estranho silêncio dominava o ar.
Ao
adentrarem, os três foram surpreendidos por Wiki que estava sentada na cama
vestindo apenas uma camisola sensual por cima de suas roupas de baixo
cuidadamente escolhidas. Agora estava maquiada, de cabelos penteados e querendo
dar a impressão de que havia acordado daquela maneira, perfeita.
Os
pequenos feixes de luz passavam pelas persianas, e tudo que se podia sentir era
o cheiro doce de baunilha misturado com a pizza quentinha que acabara de sair.
— Surpresa,
rapazes! ♥
Canas, qual personagem vc mais se identifica? Que chega mais perto da sua personalidade, do jeito de pensar, agir...
ReplyDeleteDiga ae, companheiro! Olha, é meio difícil dizer um único personagem que me identifico porque em cada história posso dizer que me torno um pouquinho de cada um. Sou muito adaptável na vida real, consigo me encaixar em muitos grupos e brinco ao dizer que sou como um camaleão que vai se camuflando/adaptando ao ambiente, rs. Outro leitor daqui também já me chamou de Homem de 1000 faces por conseguir trabalhar tão bem com todos os personagens. E com isso, sou levado a pensar: Qual é a minha personalidade verdadeira? Será que foram os meus personagens que moldaram o que eu sou hoje em dia?
DeleteEntão, cara, são todos. No começo eu achava que era um grupinho especial, mas até mesmo os mais esquisitos e reprimidos personagens podem representar um lado meu oculto, mas que ainda possui experiências a serem compartilhadas.