Posted by : CanasOminous Nov 29, 2014

Support Conversation (Wiki x Glory)
Gênero: Romance, Yuri;
DisclaimersLinguagem levemente acentuada, Consumo de Álcool;
Tema: Um pouco mais do passado de Wiki e sua vida;

Esse capítulo não é recomendado para menores de 16 anos!

Os primeiros feixes de luz passavam pelas persianas, iluminando o cômodo que já era dominado por um cheiro forte de cigarro. Uma moça passou a mão pela cabeça, ainda tentando descobrir onde estava. Piso de madeira, cama desarrumada e tudo fora do lugar, uma verdadeira bagunça. Dizem que nos primeiros 3 segundos depois de despertar não nos lembramos de absolutamente nada, mas a mulher levou um pouco mais do que isso para situar-se.
Ah, pelo menos não estava sozinha. Era Wiki quem estava ao seu lado, vestindo apenas uma camisa branca quase transparente, seus cabelos curtinhos na altura dos ombros estavam ainda mais bagunçados do que o costume. Olhava para fora da janela entre as persianas que iluminavam seus olhos de vidro com uma clara expressão de saudade, esperando por alguém que ainda não voltara. O rosto estava sem maquiagem, e mesmo assim ela era dona de uma beleza que poucas mulheres teriam ao despertar logo às seis da manhã.
A moça ao seu lado ajeitou-se na cama, esticou o braço e tentou roubar o cigarro da outra numa tentativa frustrada.
— Eu não sabia que você tinha voltado a fumar — disse, por fim.
— Bom dia, Glory. E eu não voltei, só fumo quando estou apaixonada, preocupada, irritada, frustrada ou cansada — respondeu Wiki, tragando a fumaça.
— Ou seja, o tempo todo.
Glory apoiou-se com dificuldade na cama e por fim conseguiu arrancar o cigarro da mão da companheira.
— Chega disso.
— Cuida da sua vida — Wiki falou sem nem tentar impedi-la. Glory apagou o cigarro num cinzeiro e levantou-se para abrir a janela de modo a permitir que o ar circulasse, estava realmente muito abafado.
— Céus. Minha cabeça está horrível, nem lembro o que aconteceu... — disse Glory.
— Mas você lembra o que fizemos ontem, não? — Wiki sorriu com certo ar malicioso.
— Disso eu lembro — a outra respondeu com uma risadinha insinuativa.
Por fim, Glory sentou-se na cama, ainda tentando raciocinar onde estava e como havia acabado ali. Bem, aquela era a Fire Tales. Conforme suas lembranças foram retornando, lembrou-se que Wiki a convidara para beber um pouco, e agora estava no dormitório de uma de suas maiores guildas rivais. Não que ligasse muito para aquilo, apesar de sempre estarem brigando e discutindo, aquelas duas eram amigas desde que Kabutos e Omanytes ainda perambulavam pelo fundo do mar.
Glory espreguiçou-se, logo foi procurando onde estava cada uma das peças de sua roupa espalhadas nos lugares mais bizarros formando uma trilha que terminava na banheira. Pelo visto, as duas haviam tido uma noite daquelas.
— Acho que bebi demais... — comentou Glory mais uma vez, percebendo que passara dos limites. — Fazia algum tempo que não passávamos algumas noites juntas para fofocar e colocar os assuntos em dia. E para ser bem sincera, acredita que senti saudade disso?
— Nem me fale, eu também estava precisando de alguém para desabafar... — respondeu Wiki, apoiando os braços sobre os joelhos, com o olhar fixo na estrada ainda dominada por uma fina camada de neblina da manhã.
— Seus queridos amigos da Fire Tales não conseguem cumprir essa tarefa? — caçoou Glory com certo tom de deboche.
— Bem, sim... Mas há assuntos que só mulheres entendem. Prefiro até mesmo manter o Mozilla afastado disso, mandei-o sair em uma missão com os meninos, pelo menos assim tenho um pouco de paz, no sentido mental. Ele fica meio irritado quando comento desse assunto, deve sentir que estou largando ele, mas tudo isso é uma briga que acontece dentro de minha cabeça, dá pra entender?
— É. Mais ou menos.
Glory apenas balançou a cabeça, e na sequência frisou:
Aquele assunto?
— É. Aquele assunto.
Casamento. As duas já haviam falado muito sobre isso na noite passada. Wiki havia chorado um pouco, e depois bebido o bastante para ficar louca e apagar a mente diante de qualquer resquício ou ideia que restasse. Wiki era uma garota forte na frente de todos os demais, tinha uma inteligência insuperável, mas quando se tratava de assuntos amorosos e com foco no futuro, revelava o lado de uma garota um pouco insegura e cheia de vontades.
Glory abotoava sua camisa enquanto procurava por alguma coisa para comer na cozinha.
— Sabe do que eu sinto falta? — a enfermeira perguntou.
— De mim.
— Eu ia falar que era de pizza, será que você não tem nenhuma congelada na geladeira?
— Não, sua vadiazinha desgraçada. Admita, não consegue viver sem mim, né? — brincou Wiki. — Você deve sentir falta desse corpinho todos os dias.
— Hah, hah. Tão bobinha... Quando foi que sua mente começou a retardar? Foi depois de andar com essa gente esquisita da Fire Tales?
— Ei — emendou Wiki —, não fala mal deles.
Glory havia acabado de encontrar a tão comentada pizza congelada, e enquanto aproveitava para esquentá-la, apontou para sua amiga indicando justamente o que esperava dizer.
— Pra falar a verdade, é disso que eu sinto falta.
— Dane-se a sua pizza — Wiki retrucou.
— Dá pra escutar? Eu sinto falta de você, sim, mas da minha amiga antiga.
A mulher cruzou as pernas, procurando outro cigarro na bolsa.
— Está insinuando que eu piorei?
— Muito pelo contrário, minha querida. Você... melhorou. E muito — respondeu a enfermeira, um pouco constrangida ao admitir aquilo, mas logo sendo despertada pelo apito do micro-ondas. — Ah, não dê ouvidos às besteiras que estou dizendo. Ainda devo estar meio bêbada de ontem.
— Não, não — Wiki levantou-se no mesmo instante ajeitando a camisa branca. Parecia ter ouvido algo que gostara. — Você acha mesmo que melhorei?
— Se compararmos você atualmente ao seu “eu” do passado... — Glory abocanhou um pedaço de sua pizza, cruzando as pernas e compartilhando algumas memórias antigas. — Lembro do tempo em que você ainda trabalhava em Veilstone como garota de programa.
— Bons tempos? — Wiki perguntou.
— Depende do ponto de vista...

• • •

As luzes das lojas noturnas iam se apagando e o movimento começava a perder força. Mais uma das noites turbulentas da grande cidade de Veilstone chegava ao fim, e enquanto para alguns o dia estava começando, para muitos outros tinha acabado de terminar. Wiki tivera uma madrugada cheia; muitos afazeres, muitos clientes, e a mesma rotina de sempre. Só esperava voltar para casa e descansar.
Morava em um humilde apartamento alugado; um quarto, uma cozinha e um banheiro. A sala ficava no meio de tudo. Entrou e acendeu a luz, mas aquela iluminação quase não fazia diferença, tudo sempre ficava com aquele ar sombrio e abandonado, de gente triste e sem muitas condições. Abriu um notebook que ganhara para terminar um curso online que havia começado. Fora seu trabalho costumeiro, tinha o hobbie de passar o tempo livre estudando para, quem sabe, um dia melhorar de vida. Ser garota de programa não era fácil. Mas era por opção. Sempre adorara a vida noturna e o tipo de lugares que frequentava, só esperava que não durasse para sempre.
Sem ninguém para recebê-la em sua casa, era difícil que Wiki abrisse a boca para falar alguma coisa (geralmente a usava para outras coisas). Vivia em seu mundo escuro, levando a vida que podia. Não necessariamente ruim, embora muitos considerassem desprezível. 
Ainda lembrava-se da manhã em que recebeu uma mensagem de seu trabalho, e foi surpreendida por tratar-se de seu gerente, um sujeito que até tinha intimidade para chamar de “amigo”.
“Tem um cara querendo ver você, Wiki.” — estava escrito.
“Muitos caras querem falar comigo, chefe. A diferença é que nem todos podem.” — ela digitou em resposta. — “Estou cansada hoje, muito cansada, então se conseguir ser discreto, manda ele pastar. Amanhã chegou aí às onze da noite sem falta.”
A resposta veio bem rápido.
“Bem, mas creio que este aqui você vai querer ouvir...” — disse o gerente na mensagem, o que imediatamente despertou a atenção da mulher.
“Por acaso ele seria um ricaço que vai me tirar dessa vida miserável? Pode dizer que estou toda disponível a hora que ele quiser no meu apartamentinho de um quarto e um banheiro.”
“Hah, hah. Espero que não, você é uma de minhas melhores garotas.”
“Obrigada pelo elogio?” — ela riu sozinha. — “Tô brincando, chefinho. Adoro vocês e todo mundo aí da boate!”
Mentirosa, sua mente continuava matutando enquanto digitava.
O homem do outro lado continuou a explicar:
“É o seguinte, hoje pela tarde apareceu um garotinho esquisito com orelhinhas de esquilo.”
“Adoooro garotinhos” — respondeu Wiki, irônica. — “Posso pensar no caso.”
“Calma, não terminei. O nome dele é Watt Fuarrint, é apenas um Pachirisu. Ele disse que está recrutando guerreiros para formar uma guilda, só não sei direito o que ele veio fazer em uma boate, mas enfim... Eu recomendei você. Sei bem que têm andado deprimida nos últimos tempos.”
“Chefe, eu tô bem, olha só! Estou até sorrindo aqui do outro lado, hahah. Só você que não consegue ver” — respondeu Wiki numa falsidade tremenda. — “Meus clientes estão felizes, eu estou feliz, tá todo mundo feliz! Não preciso de nenhuma guilda nem nada. Sei como funcionam. Não preciso de... companheiros, parceiros ou amigos... Não preciso de nada disso. Dá muito trabalho.”
“Tudo bem, tudo bem. Amanhã ele vai passar aqui de novo, e disse que vai trazer o irmão dele, um cara chamado Aerus. Pela cara de insistência do garoto, eles provavelmente não vão desistir até leva-la com eles. Pensa direitinho no assunto, tá?”
“Tranquilo, chefe. Estou bem como estou, não preciso de mais ninguém para ser feliz! Beijinhos, bye, bye, obrigada por me avisar!”
Dois minutos depois, Wiki havia ligado para sua amiga Glory, aos prantos.
Meniiiina!!! Eu não sei o que fazer preciso de ajuda, por amor de Arceus!! — lamentava-se Wiki.
— O que aconteceu, mulher?! Você tá GRÁVIDA?!! — gritou Glory do outro lado.
— Claro que não, você sabe que isso é impossível... Preciso seriamente da sua opinião para algumas coisas. Acho que... Estou achando que encontrei a minha chance de mudar de vida.

• • •

Wiki e Glory já terminavam de deliciar-se com a pizza aquecida, e agora riam ao lembrar-se de todas aquelas histórias de quando eram mais jovens. A Porygon-Z remexia em seu café, concentrada no ar quente que saía da xícara.
— Quando cheguei na Fire Tales, combinei com meu Mestre de que eu viria embalada em uma enorme caixa, como se fosse um presente — contou Wiki, relembrando todas as besteiras que fez. — Nossa, e eu estava tão envergonhada...
— Você? Envergonhada? Não acredito — respondeu Glory.
— Pois pode perguntar ao Mozilla! Eu pedi para ele ser o primeiro a dar as caras, eu não quis me mostrar até que pediram para que mostrássemos algumas de nossas habilidades, e foi muito aos poucos que fui me soltando... Geralmente nos julgam muito cedo por nossos atos, ainda mais por causa de nossa habilidade, Adaptability — explicou Wiki. — Somos robôs, as pessoas pensam que não deveríamos ter sentimentos ou emoções; mas acho que nossas experiências atingiram tamanho nível que hoje somos mais imperfeitos do que qualquer outro.
— Você e o Mozilla são uma curiosidade exótica, mas depois de um tempo acho que dá pra acostumar. Até que aprendi a gostar — Glory riu. — Hoje ninguém segura, né?
— É porque nós aprendemos a fazer o melhor uso disso! — Wiki falou e as duas caíram na gargalhada.
Glory sorria para ela de maneira sensual, balançando a cabeça e sem tirar os olhos do rosto da moça que tanto apreciava.
— Eu realmente sinto falta daquela Wiki tão insegura que me ligou chorando uma tarde para perguntar se deveria ou não entrar em uma guilda maluca com Pokémons malucos. É que naquela época você dependia tanto de mim, sabe? Éramos praticamente irmãs.
— É verdade... Até você roubar aquele cara que dormia comigo e pagava as minhas contas, sua desgraçada.
— Nossa, guardou mágoas disso, sua rancorosa? — brincou Glory, não escondendo que realmente fizera aquilo, e com gosto. — Ah, a gente brigava por coisinhas tão bobas... É uma pena que tenhamos ficado tanto tempo distantes. Nos encontramos como rivais mortais até alguns meses, e olha só como estamos agora. Compartilhando a mesma cama.
— Mas só por hoje, depois que os rapazes voltarem da missão quero que você SUMA daqui, ou o Vista vai arrancar seus braços fora.
— Ele não conseguiria — insinuou Glory, alongando suas pernas num movimento sensual e balançando de um lado para o outro com a pizza na mão —, ou então quem ficaria para fazer aquela massagem que você taaanto adora?
Os olhos de Wiki brilharam.
— Faz em mim hoje...? Poooooor favor, por favor, por favor!
— Nãooo, demora tanto! Só se você também fizer uns favorzinhos mais tarde.
— Tanto faz, eu faço qualquer coisa, só estou precisando de uma massagem, anda logo! — argumentou Wiki.
— E isso é jeito de falar com a sua deusa da massagem? Antes quero que diga: Oh, Glory, louvada seja as suas mãos de anjo! Poderia satisfazer-me e purificar-me com toda a sua glória?
— Sai do meu quarto — Wiki apontou para a porta.
— É brincadeira, amorê — respondeu Glory, meio assustada. — Eu só ia pedir para você parar de fumar.
— Augh! Por que todo mundo fica tão revoltado com isso? Eu não fumo na frente de ninguém, sei que é errado. Da última vez que o Marquinho viu ele ficou tão triste, mas tão triste, que fiquei meses sem tocar em um maço! Mas deu vontade, é só isso. E tem mais, isso nem me afeta. Sou tipo um robô imune à muitas coisas... Imune a ficar doente, imune à dar a vida...
— Você ainda é uma androide, ou já conseguiu criar uma poção milagrosa para transformá-la em humana?
— Hah, hah. Estou morrendo de rir — respondeu Wiki com certo sarcasmo.
— Isso deve danificar seus circuitos internos... Já pensou que pode ser esse o motivo de você nunca encontrar um parceiro? Homens não gostam de mulheres que fumam, e nem de muito atiradas, e você se enquadra no perfil perfeito do que os homens detestam.
Wiki chegou até mesmo a levantar-se de sua cadeira, pronta para argumentar ou ficar realmente frustrada. Ergueu o indicador, preparou-se para dizer algo realmente rude, mas logo desistiu e voltou para a cama, sentando-se na mesma posição que estava pela manhã.
— Mas tem quem goste, ouviu?
Glory percebeu o quanto infeliz havia sido o comentário que fizera e foi até a amiga, sentando-se atrás dela e massageando-a pelas costas, só para começar.
— Saia de perto de mim!
— Você está tensa demais, querida. Relaxa... Ainda tá esperando o seu homem perfeito cair de paraquedas na sua porta?
— Mais ou menos — Wiki riu.
— Já pensou que ele pode estar ao seu lado esse tempo todo, e você ainda não notou?
— Nossa, lá vem você com esse discurso... Glory, não somos mais adolescentes pensando no que ser da vida. Olhe só para nós, nem sei mais quantos anos você tem, mas a situação tá ficando crítica. E se... E se eu ficar para titia?
— Carrancuda e mal humorada desse jeito, não duvido nada.
— Ohh, pra ser bem sincera, eu encanto tanto os homens que todos eles gostariam de dar sua virgindade para mim! — respondeu Wiki, levantando-se na cama e apontando para o espelho. — Diga, espelho meu, se somos ou não somos a mulheres mais perfeitas desse mundo? Hah, hah, hah!
— É por comportamentos assim que você ainda está solteira, sabia?
Wiki voltou a abraçar seus próprios joelhos, escondendo o rosto.
— Desculpa, fico meio excitada quando tomo café. O Mozilla tem esse mesmo efeito, só que o caso dele é com chocolate quente, vai entender...
Glory aninhou-se ao lado da moça, retomando sua massagem.
— Não tem mais ninguém interessante na Fire Tales? Nenhum amigo de um amigo de um amigo, ou sei lá, coisa do tipo.
— Não tem como, é que... Não consigo olhar para meus companheiros daqui e pensar em fazer alguma maldade com eles, sabe...? Não quero tentar, como se eu fosse uma espécie de maçã do éden prestes a corromper qualquer um que chegue perto de mim... Simplesmente não consigo.
— Nenhum deles? — repetiu Glory. — E aquele menininho lindo que vive colado em você, o Marquinho?
— Meu tesouro — respondeu Wiki, piscando várias vezes de modo apaixonado.
— É melhor tomar conta dele, ou eu vou roubá-lo. De novo.
— Nem brinca, eu arranco seu nariz fora.
— Não fale do meu nariz — Glory sabia que era enorme.
— Acho que o Marco é a pessoa mais especial que tenho aqui, junto do Vista e do Mozilla, e ainda assim... Mesmo que eu seja atirada, mesmo que eu viva me jogando para cima dele... Acredita que nunca fizemos... nada?
Glory arregalou os olhos, e aquela provavelmente fora a notícia mais avassaladora de sua manhã.
— Nada?
— Nadinha.
— O QUÊ?! Vai dizer que nunca tirou a pureza do garotinho?!!
— Claro que não, que tipo de mulher você pensa que eu sou?
— Pervertida, cheia de fetiches e que só pensa em sexo 24 horas por dia.
— Nossa, você tem uma péssima imagem de mim. Mas não escondo, é a mais pura verdade! — Wiki admitiu. — E olha só para mim... Uma mulher experiente, que sempre que chega na hora H, acaba se arrependendo...
Wiki soltou um suspiro quando a massagem já chegava em seu auge, escorregando para seu busto. Glory continuou a pergunta por ela:
— Se arrependendo de quê?
— Ah, sei lá... Tenho medo de tentar ir além e perder a amizade que tenho com eles, sabe? E se não der certo? E se ele não gostar de mim, ou querer que sua primeira vez seja com uma garota especial que não seja de um jeito tão... “eu”?
Glory deitou Wiki na cama, segurando o rosto dela bem firme enquanto as duas se encaravam:
— Seus amigos têm sorte de não conhecer esse lado seu que só eu conheço. Carente, medrosa, cheia de dúvidas... Falando assim, você realmente parece a adolescente de sempre que nunca se apaixonou.
A essa altura, Wiki já não dizia muitas palavras, encantada com a massagem. Glory levou as mãos até a camisa da companheira e não teve muita dificuldade em despi-la, ela só vestia aquilo. Começou a massagem pelas costas e foi indo aos poucos até chegar nas pernas e na parte onde ela mais adorava. Com as bochechas coradas, Wiki realmente sentiu-se nos tempos quando ainda nem sonhava em fazer parte de uma das guildas mais famosas de Sinnoh. E agora, não trocaria aquilo por nada.
Os suspiros foram ficando mais intensos quando Glory subitamente parou a massagem e soltou um comentário.
— Você devia arriscar mais.
Wiki até abriu os olhos depois dessa.
— Eu? Tá falando de mim?
— Sim.
— Quer que eu me arrisque mais ainda? Acho que sou a garota mais oferecida dessa guilda, a única que pega uma metralhadora e que sai atirando pra todo lado junto de um robôzão que mais parece um tanque de guerra, que pega os rapazes e joga no banheiro feminino para fazer as maiores loucuras, e você vem me falar para arriscar mais?
— Shhhhhhh... — Glory a calou com o indicador, ainda por cima de seu corpo e com a bunda empinada. Ela deu uma risadinha antes de continuar: — Seus argumentos são inválidos. Você está solteira, eu não.
Dessa vez foi Wiki quem se surpreendeu.
— Não brinca. Por que não me contou ontem?
— Acho que contei, mas você estava bêbada demais para lembrar.
— Espera, não me fala... É o Conde.
— Heh, heh... Acertou.
— Cacete, sua Miltank desgraçada! Ele é um fofo, felicidades para vocês dois. Meio nariz empinado, mandão, insuportável e rabugento demais para o meu gosto, mas vocês se completam, sabia?
— O nariz dele também é meio grande... — Glory comentou.
— Quando vocês dois respiram juntos no mesmo quarto não acaba o ar?
Glory coçava sua cabeça mostrando o dedo do meio para a amiga.
— Começamos como colegas de trabalho e com um interesse em comum: Destruir todos vocês. É aquela coisa né, o mau atrai o mau. Pessoas que tendem a não gostar de alguém em especial costumam se dar bem, e foi assim que começamos a compartilhar este carinho mútuo. Só que, obviamente, fui eu quem tive que tomar partido, né. Ahh, hoje em dia não podemos depender dos homens para mais nada...
— E nem precisamos — Wiki levantou-se da cama num salto, indo em direção do armário e arrancando as roupas que restaram ali mesmo. — Você me deu uma bela ideia, e acho que vou coloca-la em prática hoje mesmo.
— Agora sim estou voltando a ver a amiga que eu conhecia! — respondeu Glory com uma risada calorosa. — O que pretende?
— Vou fazer uma surpresa para os meus meninos. Nada que eles nunca tenham visto, mas com alguns toques especiais — Wiki sorriu maliciosamente.
— Só me faça um favor. Depois que arranjar um namorado e casar, não esquece de chamar a velha amiga aqui para suas festinhas. Eu adoraria participar, e pode deixar que levo o Conde junto.
— Não se preocupe, querida. Nosso tempo de brigas já passou, não tenho mais motivos pra implicar com você! — respondeu Wiki. — A menos que você chegue perto do meu Marco, se você tentar, juro que dessa vez eu te caço até os confins do Distortion World pra arrancar sua pele. E a propósito, qual sutiã fica melhor? Esse ou esse?
— O branco traz toda a ideia de pureza, o que provavelmente não combina com você, guarda para seu casamento. Em você eu gosto mais do vermelho. E não é que você fica bem com essa cor, sua maldita!
— Como nos velhos tempos — comentou Wiki enquanto se olhava no espelho. Uma lingerie e um sutiã especial para aquela ocasião.
Já sentia-se revigorada e pronta para voltar a ser Wiki que todos conheciam assim que seus momentos de estresse e TPM passassem.
— Assim está perfeito! — disse a Porygon-Z. — Agora dá um fora daqui.
— Como é? Está me expulsando?
— Sim! Já tivemos uma noite boa, agora preciso de um tempo para o me Marquinho lindo e fofucho que está para chegar. Tenho algumas coisinhas a compartilhar com ele, e preciso dar uma geral em tudo antes dos rapazes chegarem! Valeu pela força, Glory, sua linda!
Wiki já preparava-se para empurrá-la por fora, pois tinha a impressão de que não demoraria muito para que Vista aparecesse ali explodindo a parede e fazendo sua entrada triunfal costumeira. Glory reclamava enquanto era jogada para fora.
— Ora, que falta de consideração! É assim que você trata as amigas? Vou preparar um exército e marchar para a destruir sua guilda se fizer essa desfeita comigo, sua  megera insolente!
— Pode vir, vou recebê-la com minha metralhadora e meu tanque de guerra particular — respondeu Wiki, fechando a porta com força enquanto caía na risada. Mas ela logo abriu-a novamente, pois esquecera de alguma coisa.
— Leva esse maço de cigarros embora. Se eu tentar comprar outro de novo, vou chamar você para vir dar um soco na minha cara.
— Eu faço isso qualquer hora que você quiser e sem motivos, meu bem.
— Nos vemos logo mais!
Antes que Glory fosse embora, Wiki deu um beijo de leve nos lábios da moça, sorrindo de maneira sensual e apaixonada, logo retomando a sua preparação no quarto, pois ainda tinha tudo para arrumar e a maquiagem para retocar. Havia muito a se fazer, defato. Glory ao menos parou de reclamar e ficou por um tempo parada em frente à porta.
Despediu-se dos limites da Fire Tales antes que os demais membros acordassem e tivessem conhecimento de uma invasora, afinal de contas, ainda eram inimigas mortais.

• • •

— Eu estou morrendo de fome — resmungou Marco, com as pernas já clamando por uma cama quentinha e confortável. — Mal posso esperar pra chegar em casa e comer aquela pizza congelada que nós guardamos a semana inteira!
— A missão foi bem puxada mesmo... — dizia Mozilla, certificando-se de agasalhar o pequeno Mothim com sua blusa para que Wiki não visse seu braço enfaixado e nem os machucados e contusões no corpo do jovem. — Rank S não é para qualquer um, estou orgulhoso de que já consiga nos acompanhar, Marquinho.
— Ainda me lembro de quando o colocamos numa missão de Rank C e você quase perdeu. That was terrible, a imagem da guilda seria destruída se isso tivesse acontecido — brincou Vista.
— Será que a Wiki ficou bem nesse tempo? Estou preocupado... — continuou Marco, mas Mozilla deu de ombros.
— Não esperem um jantar de boas vindas ou qualquer coisa vindo da Wiki — respondeu Mozilla. — Ela provavelmente deve estar dormindo nua e com a casa inteira virada do avesso, então tentem só ignorar e agir com normalidade. Como de costume.
Assim que chegaram ao dormitório, Mozilla ainda estava procurando as chaves para abri-la quando estranhou o fato de que Vista não destruíra nenhuma parede para entrar. Talvez até mesmo o imbatível Metagross estivesse cansado demais para qualquer loucura.
Ficaram um tempão procurando as chaves, e todos sem nem imaginar o que os aguardavam. Um estranho silêncio dominava o ar.
Ao adentrarem, os três foram surpreendidos por Wiki que estava sentada na cama vestindo apenas uma camisola sensual por cima de suas roupas de baixo cuidadamente escolhidas. Agora estava maquiada, de cabelos penteados e querendo dar a impressão de que havia acordado daquela maneira, perfeita.
Os pequenos feixes de luz passavam pelas persianas, e tudo que se podia sentir era o cheiro doce de baunilha misturado com a pizza quentinha que acabara de sair.
— Surpresa, rapazes!

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  1. Canas, qual personagem vc mais se identifica? Que chega mais perto da sua personalidade, do jeito de pensar, agir...

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    1. Diga ae, companheiro! Olha, é meio difícil dizer um único personagem que me identifico porque em cada história posso dizer que me torno um pouquinho de cada um. Sou muito adaptável na vida real, consigo me encaixar em muitos grupos e brinco ao dizer que sou como um camaleão que vai se camuflando/adaptando ao ambiente, rs. Outro leitor daqui também já me chamou de Homem de 1000 faces por conseguir trabalhar tão bem com todos os personagens. E com isso, sou levado a pensar: Qual é a minha personalidade verdadeira? Será que foram os meus personagens que moldaram o que eu sou hoje em dia?

      Então, cara, são todos. No começo eu achava que era um grupinho especial, mas até mesmo os mais esquisitos e reprimidos personagens podem representar um lado meu oculto, mas que ainda possui experiências a serem compartilhadas.

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