Posted by : CanasOminous Jul 22, 2014

Capítulo 8
O Encontro

A euforia da garota podia ser claramente vista dia após dia, ela contava os segundos para que o fim de semana logo chegasse, por mais que não fizesse ideia de como ir vestida, o que conversar, ou sequer o que fazer em um encontro como aquele.
Helen estaria saindo com o rapaz mais almejado da escola, ambos compartilhavam a mesma atração, mas diferentemente da jovem menina, Wes era alguém que já tinha maior experiência no assunto. Helen não queria que nada saísse errado, mas não chegou a consultar Stella ou sou tia para saber exatamente como vestir-se, trataria de tais assuntos ao lado da maior estilista que já conhecera, sua Suicune.
O fim de semana chegou num piscar de olhos, e nunca antes as aulas passaram tão rápidas. Os dias praticamente não existiram, foram tratados mais como uma contagem regressiva ao tão aguardado momento em que fosse à um “encontro”. Seus Pokémons compartilhavam a mesma empolgação.
— Tá chegando, tá chegando! — repetia o Groudon.
— Vamos lá, querida! Você já está aí deitada há muito tempo, não é melhor começar a se trocar e preparar as suas roupas? — indagou Sarah, a Suicune.
Helen deu uma risada, virando-se assim para seus bonecos com um largo sorriso estampado no rosto, um sorriso que desde o dia em que atendera aquele telefone não havia desaparecido:
— Estou pensando o que devo fazer. Sou eu, ou ele quem deve pagar as contas?
— Compartilhem os dois. — explicou Mew.
 Deixa tudo para o macho, essa é a função dele. — brincou o dragão.
— Aproveite para fazer compras também, e já peça um anel de namoro. — emendou o Giratina traiçoeiro que aproveitava-se de qualquer oportunidade para benefício próprio.
— Namoro? Eu não estava esperando isso logo de cara... É muito cedo para que eu pense em beijo e coisas do tipo? — indagou a menina.
Suicune e Mew, as mais experientes e velha da equipe, sabiam que era muito improvável que aquilo acontecesse. Elas sempre estavam ao de Helen com conselhos de amigas.
— Não espere tantas coisas de seu acompanhante. Aproveite esta oportunidade para se conhecerem melhor, para saber se ele é realmente aquilo que você esperava. — explicou a Mew.
 Chega logo pulando no colo dele e gemendo: Sou toda sua a partir de agora! Hah, hah, hah... — brincou o Groudon, recebendo um empurrão da Suicune que teria mandado-o para outra região.
— Trate de não contaminá-la com esse seus pensamentos ruins. — respondeu Sarah.
 Qual é, só estou dizendo o que eu acho que ele gostaria de ouvir! — disse o Groudon — Tudo bem, vou ser bem sincero, observando o rapaz por esse tempo devo dizer que ele prefere uma garota mais recatada e tímida, e você fita esse perfil perfeitamente, Helen.
— Você acha mesmo? — perguntou ela animada.
— Meus caros companheiros de equipe, agora peço que abram espaço, porque o Amor verdadeiro está chegando. Deixe este trabalho para o grande Groudon das profundezas do mundo, sou o mestre do flerte e senhor dos amantes. Vou ensinar tudo que você precisa saber para cativar esse rapaz.
Helen empolgou-se com a iniciativa de seu bichinho. Era uma cena estranha ver uma criatura imensa como aquele Groudon dando-lhe aulas sobre como fazer bonito na frente dos rapazes, mas Helen ouvia cada ideia atentamente.
 Primeiramente, tenha senso de humor e ria de tudo que ele falar. — explicou o dragão.
— E seu não achar graça?
 Ria da mesma forma, mas você vai rir, aposto na capacidade desse Wes como um bobão, afinal, eu e ele compartilhamos a mesma personalidade. Estou certo disso? — riu o dragão, vendo a menina acenar positivo — Vamos lá, finja que está saindo comigo.
Suicune a Mew não esconderam uma risada, enquanto o Giratina fazia questão de pagar para ver aquela cena bizarra.
 Interessante, uma treinadora saindo com um Pokémon. — disse a serpente.
— Fica de boa aí, Gilbert. Eu sei que sou mais bonito e atraente do que aquele rapaz, e minha senhora se encontrará muito mais apaixonada por mim no fim do dia. — gabava-se o Pokémon  — Pegue-me no colo. Vamos dar uma volta no apartamento.
Helen segurou seu bichinho de pelúcia e começou a andar pela área imaginando cada lugar e cada cena de como passaria o seu dia ao lado do verdadeiro Wes. E naquele ponto, o dragão era um perfeito ator.
 E aí, Helen! Cara, você está maior bonitinha. Eu já disse que curti muito esse seu corte de cabelo, não é?
Helen riu de forma acanhada, mas não respondeu. O Groudon logo emendou:
— E então? Acabou o assunto para a noite inteira?
— Ah... Não sei, não sei o que responder...
 Segunda lição. Na moral, não se faça de tímida burra. Uma coisa é ser meiguinha e ter esses seus olhos expressivos de Anime; outra é não saber conversar com ele por falta de assunto. Você é uma garota inteligente, sobre o que tentaria falar com ele em um encontro?
— Bom... Wes, você gosta de ler O Senhor dos Anéis?
— Não. — respondeu o dragão.
— Vish. Então, conhece algo da saga de Percy Jackson ou Harry Potter?
— Não.
— Você não gostaria de algo como Crepúsculo, gostaria?
 O que é isso? — perguntou o dragão.
— Melhor não saber. Enfim, imagino realmente que o Wes verdadeiro não goste de ler... Mas é uma das coisas que mais faço em meus dias, eu não iria conversar com ele e falar sobre Pokémons.
 E qual é o problema nisso?
Helen parecia pensativa, tendo vergonha de responder aquilo na frente de seu Groudon, que por sinal também era um Pokémon. A menina coçou a cabeça um pouco sem graça, desviou o olhar de seu bichinho de pelúcia e gaguejou:
— Bem, ele é tão... descolado. Não gostaria desse tipo de coisa, aposto que zombaria de mim se soubesse que eu gosto.
— Quero que entenda algo, princesa. Se você gostar disso esse sujeito não teria a cara de pau de chegar e falar que odeia. O máximo que ele pode fazer é evitar o assunto, mas ouça, se ele sabe que isso é importante para você então ele nunca faria uma brincadeira de mal gosto. E se fizer, peço para que me chame, porque faço questão de acabar com ele.
Helen ficou estática ouvindo o conselho de seu bichinho de pelúcia. Por um momento sentiu-se protegida pela armadura vermelha de seu protetor como há muito não sentia, como se ele mesmo compreendesse tudo que Helen precisava para ela.
— Eu queria que o Wes verdadeiro fosse como você... — comentou ela bem baixinho.
 Isso eu não posso prometer. Sou um fruto da sua imaginação, mas posso garantir algo: Eu sempre estarei com você, e você sempre terá alguém por quem é amada.
Helen sorriu e abraçou seu Groudon com enorme força e carinho. Sentia ele como seu amor verdadeiro, como o maior protetor e como o espelho de homem que buscara para a vida. Não se importava do Wes verdadeiro passar a evita-la caso o encontro fosse um desastre, pois sabia que ao voltar para casa teria alguém para apoiá-la.
O Groudon emendou cada uma das aulas com cuidado, quando faltavam duas horas para o encontro a menina já começou a se arrumar. Escolheu as melhores roupas de sua amiga Suicune, e aparentemente, o senso de modo da estilista começava a funcionar.
— Isso fica bonito?
 Tenho algumas ideias melhores, mas preciso que você as veja para entender melhor. Pesquise na internet algumas combinações que eu for dizendo, e no fim do dia eu a tornarei a Campeã da Região.
Helen apreciou muito a ideia e logo ajeitou todas as roupas desejadas. Ficou horas no banheiro se lavando e tentando ajeitar o cabelo, por sorte um pouco depois sua tia chegou do trabalho.
— Voltou mais cedo hoje? — perguntou Helen.
— Pedi para sair para que eu pudesse ajuda-la com esse encontro. Vamos lá, deixe-me fazer uma bela maquiagem em você. — sorriu a mulher — E veja só, quem escolheu essas roupas lindas?
— Foi a Sarah. — respondeu Helen de modo automático.
— Quem?
Helen hesitou por um momento.
— Uma amiga minha...
A tia assentiu com a cabeça, e logo foi em direção do banheiro junto da menina. Pediu para que ela se sentasse em frente ao espelho então começou a seção de maquiagem. Terminado a tarefa a menina começou a procurar os acessórios que dariam o toque final para sua roupa daquela tarde. No fim a missão estava completa, ela parecia estar com seus dezoito anos de idade, uma verdadeira mulher.
— Ellie, você está linda! — afirmou a tia mordendo a ponta de um de seus dedos.
— Obrigada. — assentiu a menina.
— Agora vá arrumar o seu quarto, e me avise quando for para levá-la ao shopping.
Helen concordou e pegou todos os seus bonecos jogados no quarto para deixá-lo em perfeito estado quando voltasse. A menina agradeceu o apoio de Suicune e de Mew, e até mesmo agradeceu o Giratina pelo apoio contra sua vontade em alguns instantes. Por fim, foi em direção de Wes e deu um suave beijo no rosto do dragão de pelúcia.
— Obrigada por tudo.
Quando a menina preparava-se para sair notou o boneco do Pikachu caído próximo à cama, como alguém que se escondia. Helen pegou-o em seus braços e afirmou não o ter visto a tarde toda enquanto se preparava.
— Por onde andou?
Will não respondeu, parecendo um pouco frustrado com algo.
— O que houve? Está com ciúmes? — sorriu ela.
— Não gosto muito desse sujeito, Helen. — respondeu o Pikachu.
— Não seja bobo, ele é apenas um amigo meu.
 E por isso eu não gosto dele. — assentiu o Pikachu de forma séria.
Helen estranhou a reação do pequeno Pokémon, mas não tinha tempo para discutir naquele instante, por isso guardou-o na prateleira e foi embora. Sua tia levou-a de carro até a porta do shopping, estava chegando até mais cedo de tão eufórica e ansiosa que estava. A tia desejou um bom encontro e pediu para que não voltasse muito tarde. Helen assentiu, e virou-se para caminhar até o local combinado.
Wes não havia se atrasado, muito. Foram apenas cinco minutos, uma vez que precisou ir até o local de ônibus, mas aqueles longos cinco minutos pareceram uma eternidade para a menina. Helen abaixou a fronte ao vê-lo, mas lembrou-se de toda a ajuda que seu Groudon lhe dera, e por isso, ergueu o rosto para encará-lo nos olhos. O rapaz ficou sem palavras.
— E aí, Helen! — disse ele fazendo uma pausa — Cara, você está... deslumbrante. Oh, deixei essa palavra marcada no meu dicionário a semana inteira.
Helen não escondeu um sorriso espontâneo.
— Você também, Wes. Está muito atraente. — respondeu um pouco sem graça.
— Olha, obrigado por ter aceitado o meu convite. Já preparei algumas coisas para que a gente faça, vamos dar uma passada no cinema mais tarde. Quer assistir algum filme de... Sei lá, de romance?
— Ah... Lançaram o terceiro filme de robôs gigantes que destroem o planeta com bombas e aquela atriz que fica mexendo no motor do carro só de shortinho... Esqueci o nome dela... Gosta desse tipo de filme?
Case-se comigo — foi o que provavelmente Wes pensou naquele instante, mas preferiu não comentar nada, o rapaz apenas riu mexendo suas mãos e mostrando a felicidade.
— Putz! Putz! Cara, curto muito filme assim, pensei que você fosse querer assistir um outro gênero, mas pra falar a verdade, não tenho nada contra filmes de romance. Mas dahora que você gosta de filmes assim, muito legal mesmo.
Helen sorriu, completando assim sua primeira missão. O Groudon estaria orgulhoso dela naquela situação, mas de fato, sua maior lição era que ela apenas agisse como realmente era. Não precisava enganá-lo, nem ser alguém falsa, bastava mostrar-se como agia ao lado de seus próprios Pokémons.
Os dois pegaram os ingressos, mas ainda demoraria uma hora até a seção do filme. Eles caminharam juntos, às vezes em silêncio, embora Wes já notasse que ela se soltava mais e tinha um caminhar mais firme no shopping que fazia muitas pessoas pararem para olhar. Helen virou-se para o rapaz e perguntou na tentativa de iniciar um diálogo:
— Bom... Você gosta de livros?
— Sei que é esquisito dizer isso, mas eu gosto sim. No trabalho fico lendo aqueles do vestibular quando meu avô dá um descanso, então tenho lido bastante nos últimos meses. — explicou Wes.
— Verdade? — perguntou Helen animada — Que tipo de gênero você gosta?
— Olha, eu leio de tudo. Li até mesmo esses famosos do momento, aquele Harry Potter, Percy Jackson, O Senhor dos Anéis, e pra falar a verdade consegui até mesmo ler a saga inteira daquele Crepúsculo, dá para acreditar?
Casa comigo! — provavelmente Helen tivera a mesma reação, mas demonstrou tudo aquilo apenas num sorriso que quase não coube em seu rosto. Ambos adoravam ler, e compartilhavam gostos parecidos.
A dificuldade para eles tratava-se da área de exatas, mas parando para analisar as matérias que envolviam redação e português eles tiravam notas muito altas. Até mesmo Wes havia mostrado um aumento crescente em suas notas. Do primeiro semestre para o segundo todas elas haviam aumentado de três para oito, o que revelava que o descaso de Wes era pela falta de estudos, mas ele era inteligente por natureza.
A conversa estendeu-se por várias horas tanto que eles imploravam para que o cinema tardasse a começar. Wes pagou os dois convite, comprou as pipocas e entrou na sala do filme. Durante o filme Helen esqueceu-se de uma importante lição dada por seu Groudon: Coloque a mão do lado da poltrona para que ele a segure. Mas provavelmente os dois estavam tão entretidos com as batalhas cósmicas que o próprio rapaz teria se esquecido do motivo central do encontro. No fim do filme não se falava de outra coisa.
— Mano, tipo, mano! Meu Deus, que filme foooooda! Viu aquelas máquinas virando um jato, depois um tanque de guerra que se transforma num leviatã doidão que come prédios inteiros? — dizia Wes fascinado.
— Há, pensei que você tivesse ficado reparando em outra coisa. — brincou Helen fazendo menção às lindas atrizes da série.
— Está falando da atriz? Poxa, trocaram a antiga. Eu gostava da morena, acho que loira não faz o meu tipo, eu via loira por toda a parte onde eu morava. — brincou ele.
Helen abaixou a cabeça e corou levemente percebendo a indireta do: Eu gosto de morenas. Wes colocou a mão no ombro da menina e olhou o relógio, já era tarde. O filme era longo, e a conversa estendeu-se por tanto tempo que seria melhor a menina voltar antes que arrumasse encrenca com a tia.
— Vou te contar, me diverti muito, Helen.
— Obrigada pela companhia, Wes.
Os dois se encararam por longos minutos, Helen olhava para o alto como se visse seu próprio Groudon em sua frente, mas o dragão agora havia se transformado em um lindo príncipe, e ainda mais do que isso, era o seu amigo. Helen corou e virou-se ao notar que Wes aproximava-se lentamente, e nesse instante, notou três garotos os observando. Eram de sua sala, e por sinal, os mesmo que havia discutido com a menina no dia em que ela apareceu de cabelo cortado. Helen emendou sus braços para o ladocomo se tentasse proteger-se de algo.
— O que houve?
— São da nossa sala... — disse ela acanhada.
— Pega nada, deixa eles lá.
— Estão nos observando. Vão caçoar de você se o virem andando comigo.
— Caçoarem de mim? Helen, não inventa essas bobeiras, você está linda hoje, e não tem motivo para essa gente me julgar por estar saindo com quem eu quero. — respondeu ele de forma séria.
Helen olhou para Wes novamente e esboçou um sorriso de agradecimento em seu rosto pálido, mas em seguida a menina pôde ouvir um comentário que certamente não era sua mente que dizia. Wes também pudera escutar claramente o que eles disseram.
— Olha só o cara saindo com aquela esquisitona.
O comentário não foi para um colega, era de alguém que o fazia por maldade como se fizesse questão de que todos ouvissem. Helen passou a mão em seu rosto querendo desaparecer dali, ou apenas desejando que seu Groudon surgisse e espantasse todos aqueles sujeitos encrenqueiros, mas melhor do que isso, ela tinha alguém real ao seu lado.


Em um primeiro ato, o rapaz abraçou-a envolvendo os ombros dela como se fosse o par de asas de um dragão. Helen gemeu em silêncio, lamentou ter de passar por aquela situação mais uma vez, mas antes que seus medos a afligissem ela pôde sentir uma mão tocar sua cabeça e acolhê-la no conforto de um abraço. Os dois ficaram naquela situação por alguns segundos o que fez os colegas de sala se calarem. Wes agarrou na mão da menina e caminhou em direção daqueles três. Os garotos recuaram um pouco, mas Wes não deixou que nenhum deles saíssem.
— Quem é você para dizer algo dela? — indagou com enorme fúria.
— Não, não, cara. Você entendeu errado...
— Pode falar o que quiser de mim, pode me chamar de folgado, encrenqueiro, burro; mas eu nunca mais quero ouvir vocês três falando nada disso à respeito da Helen na minha frente.
Se aqueles garotos estavam em maior número, então a altura de Wes compensava por tudo. Ele era claramente o maior da sala, e não apenas isso, era o mais velho. Não frequentava academias, não sabia técnicas de luta, mas tinha músculos de trabalho e de alguém que já fora inclusive chamado para servir o exército. Os três sujeitos da sala correram feito crianças que arrumam briga com os mais velhos.
Helen viu um dragão protegendo-a do perigo, pôde ver um Groudon espantando um trio encrenqueiro de Pokémons que atordoavam sua treinadora. Quando ele virou-se havia apenas Wes, apenas seu velho amigo de sempre que agora esboçava uma feição séria, mas logo emendou um sorriso descontraído e animado.
— Acabei com eles.
Helen deu um forte abraço agradecendo-o por tudo que fizera. Wes ficara sabendo do dia em que eles arrumaram intrigas com Helen, e não ficou nada satisfeito com aquilo. Wes retribuiu o abraço e ficou assim por um tempo, e assim, encerrou o encontro.
A menina ligou para que sua tia voltasse e a buscasse. Wes voltaria para sua casa de ônibus, ela ficava do outro lado da cidade e só traria despesas para a tia de Helen se o convidasse para uma carona. Wes despediu-se com um aceno, e Helen retribuiu com um beijo no rosto. No caminho de volta a garota contou todas as novidades do rapaz, e a tia ouvira tudo atentamente. A menina estava tão feliz que mal podia conter sua felicidade, eram os melhores dias de sua vida, r agora, bastava chegar em casa para finalmente contar o que havia de novo para seus Pokémons, principalmente o que Wes fizera agindo como seu próprio Groudon.
— Helen, amanhã tenho trabalho, e estou exausta. Fico feliz que tenha aproveitado tudo, mas não vá dormir tarde, hein? Se não você não consegue acordar para a aula. — disse sua tia.
— Pode deixar, vou ficar em silêncio, só não prometo que dormirei cedo! — disse Helen com uma risada rasteira, insinuando que faria algo de especial ainda naquela noite.
A tia retribuiu o sorriso e entrou em seu quarto, quando ela dormisse mais nada poderia acordá-la, pois tinha um sono muito pesado. Helen abriu a porta, correu para seu quarto e juntou a equipe novamente de forma que os Pokémons ouvissem tudo que ela tivesse a dizer.
— Pessoal, tenho tanto a lhes falar! Tanta coisa boa, tanto que pude aprender ao lado dele. Opa, mas precisamos fazer silêncio, se não a tia vai ficar brava. — disse Helen, pedindo silêncio para seus brinquedos. Helen riu, estava rindo à toa desde que saíra do shopping, tanto que ela esticou os braços e jogou-se na cama como se deitasse em uma nuvem feita de sonhos e desejos que se realizavam.
Porém, logo o Groudon emendou com um assunto:
 Você encontrou o Amor dentro de você. — disse o Groudon — Todos nós cumprimos nosso dever.
— Espere... Quando aconteceu isso?
— Esse rapaz. — explicou a Mew — Ele foi tudo para você, ele despertou o sentimento da paixão, tornou-se seu amigo, a tornou mais bela para si mesma, e ainda enfrentou seus medos derrotando-os.
Helen ficou quieta por um instante ms notou ser verdade.
— O Wes fez tudo isso por mim? Então quer dizer que vocês todos foram libertados?
— Sim, minha querida. Assim como o Stanley, agora cabe a nós voltarmos para nossas regiões para que você possa seguir sua nova vida. Eu fui sua beleza interior, e olhe-se no espelho agora! Você não é mais uma menina, é uma mulher. — disse a Suicune.
— Você encontrou muito mais do que sentimentos nesse rapaz, você tornou-se amiga dele. Você sempre teve amigos, e foi descobrindo cada um deles aos poucos, mas agora, cultive-os, e nunca mais deixe que desapareçam. — continuou a Mew.
 No fim das contas, fui obrigado a ficar do seu lado para que vencesse suas fraquezas, e veja no que deu... Você tem alguém que a proteja, enfrentou seus medos e os derrotou. É preciso conhecer suas fraquezas para que possa derrota-las. Aprenda com seus erros, mas não se engane, eles ainda são erros, e por isso devem ser evitados. Você tinha medo e era covarde, mas aprendeu a perdoar e tornar-se corajosa... Vá embora logo, já passei tempo demais ao seu lado. — explicou o Giratina.
Por fim, Helen olhou para seu Groudon. O Pokémon parecia sério, tinha algumas palavras a dizer para sua mestra, e no fundo ele sabia que aquele rapaz seria tudo que ela sempre buscou. O Groudon sentia isso.
 Sabe que sempre vou estar com você, não?
— Você não pode ficar mais? Quero vê-lo todos os dias, sentir você em meus braços novamente, poder abraçá-lo e conversar sobre o que gosto... Não vá, Wes... Não vá.
 Eu não vou, sempre estarei aqui dentro, em seu coração. Por que eu sou o amor! Sou esse rapaz ao seu lado, aquele que vai cuidar de você para sempre, que vai dar tudo que você precisa todos os dias.
Helen ouvia atentamente, segurando o bichinho de pelúcia em seus braços. O dragão continuou:
— Você não pode viver para sempre nessa ilusão. Fui criado para ajudá-la, e agora minha missão foi cumprida. Eu não desapareceria deste mundo, não enquanto este amor durar. Então prometa-me que vai fazer de tudo para mantê-lo.
Helen gaguejou um pouco não encontrando palavras que saíssem de sua boca. Apertou o bichinho e abraçou-o com muita fora não escondendo algumas lágrimas, da mesma forma que abraçara Wes naquela noite. Carregou os quatro Pokémon, colocou cada um deles dentro de uma caixinha, e assim os guardou. Todos eles haviam cumprido suas missões.
Helen caminhou até sua cama estando muito exausta. Não havia nem trocado de roupa ainda, apenas deitou-se e lançou um rápido olhar pelo quarto, agora vazio e sem a presença de seus amigos. Soltou um suspiro de gratificação, até notar a presença de um Pikachu em cima da prateleira.
— Will? Eu pensei que você também tivesse cumprido sua missão... — comentou ela olhando para o Pikachu, mas o ratinho elétrico não respondeu.
Helen levantou-se e o colocou em cima da bancada encarando-o com uma feição animada e descontraída.
— Hm...E então? O que você representa em mim? Pensei que fosse a amizade.
 Eu sou o que você queria. — disse o Pikachu de forma séria.
Helen riu, mas aos poucos começou a esboçar uma feição de desentendimento.
— Heh, heh... Não entendi.
— Eu sou sua vontade, e sua vontade é não me deixar para trás.
Aos poucos a expressão da menina começou a alterar-se até virar uma de surpresa.
— Vou contar à você uma coisa que não contei para mais ninguém, mas acho que você está pronta para ouvir.
— Tudo bem, tudo bem! Estou a seu dispor. — sorriu Helen esbanjando toda sua felicidade. Por outro lado, o Pikachu permanecia sério. Ele nunca mudava aquela sua expressão de bichinho de pelúcia, mas naquele instante em que Helen conversava com ele o pequeno parecia extremamente irritado com algo. Helen agachou até a altura da mesa para encará-lo bem nos olhos, olhinhos de botão envernizado que agora se concentravam em sua mestra e diziam com certeza do que falava:
 Eu não sou um boneco.
Helen ainda ria, mas aos poucos o sorriso em seu rosto desapareceu. Ela atentou-se ao bichinho de pelúcia em sua frente que agora dizia não ser um brinquedo. A garota hesitou, caminhando para trás aos poucos. Will continuava ali parado com sua expressão que jamais mudara. Ainda era apenas um brinquedo, mas que agora falava diretamente da mente da garota:

— Eu sou real. Eu estou vivo.

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  1. Luiz Eduardo SouzaJuly 23, 2014 at 9:43 AM

    Ótimo episódio, Canas! Nossa, estou com peninha de todos os bonequinhos, infelizmente agora só falta libertar o Pikachu, estava tão bom de acompanhar as conversas deles...

    Oh que romance lindo! ashuashaushaus não entendo muito de romances, mas gostei muito que os dois se aproximaram mais e mais. E suas lições são incríveis! Continuo a achar sensacional essa relação entre os medos e erros da Helen representando cada Pokémon. Podemos ver que a Helen está combatendo os seus medos e corrigindo os seus erros, e sua paixão está contribuindo e muito para isso. Até o próximo comentário!

    (Trecho retirado da Arena Pokémon, 30/07/2012)

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