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Posted by : CanasOminous
Jul 7, 2014
Havia um
sério desafio a ser lidado:
— Será que só eu nesse mundo nunca
sei o que dar de presente de aniversário para as pessoas?
—
Acredite, chefe. Não é.
De cara
para baixo na mesa, só faltava começar a sair fumaça da cabeça de Canas. Sinnoh
estava ali perto, organizando alguns documentos importantes e revisando o
capítulo que sairia naquele mês. Não havia nada que pudesse fazer para ajudar o
rapaz com suas ideias, ali estava um desafio que só ele poderia resolver.
—
Aniversário daquela sua amiga? — perguntou a mulher. — Dei uma olhada na lista
de aniversariantes no mês, esse você realmente não poderia deixar passar.
Canas
virou a cara para o lado, olhando em sua direção. Estava inconformado por não
ter uma ideia boa justamente quando mais precisava delas.
— Lembra
daquela vez que escrevi um capítulo especial para um garoto órfão? Ele tinha o
mesmo nome que eu... “Vamos Sonhar Juntos”, acho que o título era algo do tipo.
Nossa, aquele dia foi demais, todo mundo elogiou o ato e até hoje acho que foi
um de meus melhores. Ele adorou!
— Oh, veja
só, uma boa ideia — respondeu a secretária, terminando de endireitar seus
livros. — Por que não escreve um capítulo para sua amiga?
— Sei
lá, eu queria algo diferente, quem é que gostaria de ganhar um capítulo de
aniversário? Coisa esquisita. As pessoas gostam de desenhos, homenagens,
ursinhos de pelúcia, coisas que garotas curtem ganhar, mas um capítulo? Sei lá,
acho que não... Mulheres são difíceis de se entender. Preciso de mais ideias.
Ao
terminar suas funções no escritório, Sinnoh preparou-se para ir embora, mas
antes de fechar a porta deixou uma ligeira mensagem:
— Acho
que ela gostaria de um capítulo. É só uma sugestão.
Deixado
sozinho com seus pensamentos, ali estava ele sem saber o que dar de presente
para uma pessoa muito querida. Este era o contato limitado do mundo virtual,
como presentear alguém com algo importante quando o que você mais deseja é dar
um abraço na pessoa que está longe demais, e tudo que lhe resta é um
cumprimento rápido de uma mensagem? Como seria possível quebrar essa barreira
imposta pela realidade?
Bem,
nada que o universo da Aliança Aventuras não conseguisse resolver.
Dentro
de algumas poucas horas o horário o descanso terminaria. Era hora de voltar ao
trabalho, o portal para o universo de Sinnoh seria aberto e por lá eles
ficariam resolvendo assuntos pendentes do blog, tendo ideias juntos dos demais
personagens e fazendo os devidos planejamentos que começariam. Canas sabia
muito bem a quem recorrer para ter algumas ideias.
Na sala
de treinamento estavam Chaud e Eva, treinando algumas falas e cenas que viriam
a acontecer nas próximas batalhas da Liga Pokémon e preparando-se para
surpreender os leitores onde eles menos esperassem. Era uma área restrita, uma
vez que ninguém podia ter acesso ao conteúdo do roteiro antes da hora.
Trabalhadores andavam para todos os lados montando o cenário. Ali perto estavam
as duas celebridades, Chaud, sentado em uma cadeira de praia sem sua armadura e
folheando o roteiro, e Eva, tomando um refresco de limonada.
— Diga
ae, galera. Estão ocupados? — perguntou Canas com as mãos no bolso, surpreendendo
os companheiros de trabalho por sua súbita aparição.
— Você
por aqui, chefe? — indagou a jovem moça com um olhar apreensivo, principalmente
por estar sob supervisão do diretor. — Veio dar uma olhada em como andam as
cenas da Quarta Casa?
— Hoje
não, venho pedir exclusivamente conselhos, coisas que vocês são bons em
resolver — assentiu o rapaz de maneira amigável. — Vocês devem conhecer a
Vanessa, ela costuma comentar no blog pelo pseudônimo de Star-chan.
— Oh,
sim, sim! Uma das nossas mais antigas leitoras! — disse Eva empolgada.
— Se
não, a primeira — acompanhou Chaud.
— Pois
bem, a questão é que nunca fui uma das melhores pessoas para dar presentes.
Lembro quando minhas irmãs sempre traziam algo para mim, a Sinnoh mesmo já me
deu tantas coisas boas, mas... Não sei, acho que nunca retribui ninguém...
— Ahhh,
nada a ver, liderar tudo isso aqui já não é fácil, este é o presente que você
dá para todos nós! — Eva respondeu com um sorriso encantador. — Mas veja bem,
você quer dicas para o que poderia dar à jovem Estrelinha, certo?
— Fiquei
sabendo que ela agora faz parte da equipe — comentou Chaud. — Por que não vai
pessoalmente dar um abraço? Ela deve estar na sala dos staff preparando novos conteúdos a serem postados.
— Ou
jogando Mario Kart 8 — respondeu Canas, já meio desconfiado, mas deixando claro
o tom de brincadeira. — Nem rola, se eu entrar lá vou parar para jogar também.
Enfim, a questão é que um abraço estaria fora de cogitação, coisa muito simples,
vamos deixar para uma ocasião no futuro. Aqui dentro deste universo é fácil,
mas lá fora? Vish, preciso começar a dirigir e ter um carro próprio para tentar
qualquer coisa... Por que tudo tem que ser tão longe, não?
— Tive
uma ideia, Caninhas! — interrompeu Eva. — Por que não manda a foto da Semana
R16 do Chaud sem camisa para ela? Seria um presentão, não acha?! Eu adoraria
receber um desses em casa! Nossa, fiquei até com calor...
— Eva,
melhor não dar ideia... — respondeu o ferreiro, ainda meio arrependido de ter
aceitado aquela sessão de fotos. — E acrescento que a melhor parte de se dar um
presente para alguém é justamente o fato desta obra ter sido feito com carinho
pela própria pessoa. O carinho se encontra nos detalhes e no empenho que torna
o presente especial.
— Então
o Canas poderia tirar um foto dele sem camisa e mandar para ela — concluiu Eva.
— WHAT?!! — O rapaz fez uma careta com a
ideia esdrúxula, só de pensar naquilo seu estômago já embrulhava. — Acreditem,
tem coisas que é melhor ninguém ver... Obrigado pela ajuda, galera. Isso
clareou a minha mente, vou continuar elaborando algo e espero conseguir há
tempo...
Mas o
tempo passava, e nada vinha. Já era véspera do aniversário, ou Canas passava a
tarde toda pensando no que fazer, ou terminaria vendo sua grande amiga e
leitora triste, sozinha e desamparada num canto por não receber seu presente na
data de aniversário... Ele odiava falhar com datas, e não poderia deixar aquilo
passar.
— Também
não é para tanto, Narrador. Conversei com a Vanessa e ela disse que não
esperava nada de especial, mas sabe como é... As boas pessoas merecem o melhor
todos os dias, então como eu poderia dar algo do mesmo nível para alguém que me
acompanhou por tanto tempo?
Sei lá,
a história é sua. Pensa você.
— Puxa,
muito obrigado pelo consolo, hein...
De
frente a porta da sala de produção, sua mão tremia e ele não sabia direito como
se comportar. É uma sensação angustiante ter de esperar um dia inteiro para
desejar um “Feliz Aniversário!” para uma pessoa e fingir que nada acontecerá.
Afinal de contas, por que comemorar aniversários? São datas fúnebres em que
comemoramos um dia mais de nossa existência nessa vida dolorosa e cheia de
problemas... Talvez fosse por representar um dia em que a pessoa se sinta
especial, que tudo se direcione a ela e que o mundo gire ao seu redor. Por mais
que haja uma centena ou até milhares de outros que fazem aniversário no mesmo
dia, Canas concluiu que o que torna esse dia especial não é a data, e sim, a
pessoa.
—
Beleza, será que ela vai ficar chateada de receber um abraço? Hm, talvez uma
mensagem no facebook, ou... Melhor não, essa é a coisa mais artificial do
mundo. Pelo menos é rápido, e estou meio sem tempo, e... Ahh, por que é tão
difícil dar presente para as pessoas?!
Ainda em
suas divagações em frente a porta, a maçaneta girou e, para sua surpresa, foi
Sinnoh quem saiu dali de dentro, carregando suas pastas e livros para lá e para
cá, como de costume. Ela e Canas trocaram olhares, e por conhecê-lo muito bem,
a mulher sabia que ele ainda não encontrara uma resposta para algo que o
incomodava. E quando aquilo o acontecia, nada fazia o jovem escritor pensar em
outra coisa.
— Ainda
pensando no presente? — perguntou Sinnoh, já imaginando a resposta.
Canas só
acenou com a cabeça.
Sinnoh
estava com pressa, mas antes de continuar com seus afazeres, a mulher olhou
para trás e mais uma vez o informou:
— Ela
está aí dentro, aproveite para parabeniza-la. E se quer uma sugestão, ainda
acho que ela adoraria um capítulo.
Respirou
fundo, e entrou. Ali estava uma garota, em uma sala muito confortável e jogando
um Wii U que ficava por lá para os horários de lazer. Usava um óculos de grau e
era bem alta, chegava a ser cômico notar o quanto mais alta era do que o
próprio Canas. O rapaz chegou por trás dela com as mãos também para trás. Ficou
examinando a partida de um jogo de corrida que também gostava muito. Só depois
de ganhar foi que a moça virou-se para cumprimentá-lo.
— Apesar
de ter ganhado essa, ainda estou perdendo para a Rosalina. Estou pegando as
manhas do controle, mas os gráficos estão muito bonitos, não acha? — disse
Vanessa com um sorriso.
— Estão
mesmo. Só espero que essa não seja a copa de 50 cilindradas, perder no easy está totalmente fora de cogitação —
ele também respondeu com o mesmo sorriso de teor amigável.
— Sou
burra, mas nem tanto, viu? — ela respondeu emendando uma risada adorável e
convidando-o a sentar-se para que jogassem juntos.
Aquilo
era algo que Canas gostava muito nela.
Apesar
dele às vezes fazer alguns comentários desnecessários, para Star-chan nunca
havia maus tempos. Nunca havia motivos para retrucar e começar uma discussão.
Se fosse com o Canas, principalmente tratando-se de Mario Kart onde odiava
perder, não pensaria duas vezes em erguer a voz e começar uma discussão
completamente desnecessária com qualquer pessoa por causa de um simples jogo.
Era um de seus defeitos mais cruéis.
— Dá um
espaço aí, deixa eu jogar também. Player
2.
— Sabe,
eu odiei esse Metal Mario, achei ele muito desnecessário no elenco de
personagens — comentou Vanessa, concentrada em sua partida.
— E
aquela Pink Gold Peach, então? Tiraram personagens fodas como o Dry Bowser, o
Dry Bones, King Boo, Diddy Kong e Birdo para colocarem essa joça! — respondeu
Canas, começando aquele tipo de bate-papo que só os dois entenderiam. Parecia
que tudo que falavam combinava.
Era
difícil desviar o olhar da TV em uma corrida tão intensa e acirrada quanto
aquela. Canas jogava com firmeza, mas olhava para o lado de vez em quando para
ver se sua companheira também olhava. Nenhum sucesso. Entre o intervalo de uma
vitória e outra, ele comentou em voz alta:
— Ah,
feliz aniversário. Eu queria ter preparado algo bacana para te dar de presente,
mas não consegui. Desculpa. Sou meio sem criatividade.
A garota
pausou o jogo antes de virar-se para ele.
— Quanta
ironia em uma só frase, hein? Eu já disse que não precisa de nada. E tem mais,
meu aniversário é só amanhã. Não me venha desejando hoje, se não vai dar má
sorte! — ela riu. — Vou completar 17 aninhos.
— Vish,
é o número amaldiçoado da Aliança Aventuras — respondeu Canas com uma clara
expressão de espanto.
— Lá vem
vocês com essa ideia do número 17 que até agora não entendo direito — ela
voltou a jogar, e os dois riram.
— A
Aliança Aventuras foi criada num dia 17, o blog de Sinnoh foi lançado em um dia
17, a antiga Johto estreou dia 17, Kalos começou dia 17, você vai fazer 17
anos, esse número significa muito pra gente. Altos mistérios.
— Hm,
então fazer 17 anos pode ser uma data importante para mim? — ela concluiu.
— Talvez
sim, talvez não... Acho que depende da pessoa e como ela aproveita isso, por
exemplo, meus tempos com 17 anos foram muito loucos e lembro que eu queria
muito chegar aos 18, mas depois que você chega percebe que não é nada demais...
— Então,
farei que esse aniversário seja tudo de bom! E que os outros daqui para frente
sejam ainda melhores. Independência, faculdade e vida nova.
— Depois
de um tempo, você prefere nem mais contar os números... — Canas riu. — Estou
quase com meus 20 e já me sinto um velho senhor com uma memória horrível.
Depois
de algumas horas de competição acirrada, (melhor não definir um vencedor por
hora, só depois de uma partida online kk), o tempo passou e eles nem notaram.
Era quase meia noite, haviam ficado nos domínios do Aventuras em Sinnoh e nem
perceberam o tempo passar.
— Às
vezes essa realidade me conforta mais do que a verdadeira, e você? — comentou
Canas, deitado no sofá enquanto tentava ter algumas ideias e só esperava os minutos
passarem para chegar meia noite.
— Você
sabe bem que gosto muito daqui, e fiquei muito feliz com seu convite. Tive a
oportunidade de conhecer Sinnoh como nunca imaginei — respondeu Star-chan.
O rapaz
olhou no relógio para confirmar. Faltava pouco. Ainda não sabia o que dar para
ela de presente, e passar as horas jogando vídeo game não ajudara em nada.
Talvez ficar deitado olhando para o teto resolvesse algo.
5
minutos.
— Canas,
já vou andando. É melhor voltar, minha mãe não quer que eu fique muito tempo no
computador hoje.
— Espera
— ele levantou-se segurando na mão dela. Aquele gesto a fez parar. — Ainda não
chegou o seu aniversário, sou eu quem terei azar se eu não ser o primeiro a te
desejar os parabéns!
A moça
ficou gentilmente corada.
— Que
fofinho — sorriu. — Mas você foi o primeiro! Na verdade, foi o último do ano
passado se considerarmos que você só me desejou os parabéns hoje pela tarde,
mas... Deixa pra lá. Foi muito bom jogar com você hoje, pode deixar que não
esqueci minhas obrigações com o blog e começarei a trabalhar nele assim que
possível.
—
Espera. De novo. Só um pouco — ele riu, meio corado e inseguro. — É que eu
tenho um presente para você.
— Jura? —
perguntou incrédula, realmente não esperava por aquilo, ou talvez tivesse suas
dúvidas... Era difícil dizer. — E o que é?
Canas
afastou-se dela e esticou suas mãos para os lados em direção do horizonte. Aos
poucos a sala começou a tomar uma forma diferente, as luzes se apagaram e no
lugar das paredes um belíssimo céu se formou, uma galáxia inteira. Porções de
estrelas cobriam o véu negro como pequenos pontinhos florescentes, cada qual no
seu respectivo lugar. Ali, dentro daquele cômodo, tudo era tão real, belo e
perfeito.
— Como
isso é possível? — ela perguntou.
Assim
que o relógio bateu a meia noite, as estrelas dançaram juntas em um ritmo de
festa, brilhando juntas para sua estrela a mãe, aquela que a inspirava.
— Posso
ser apenas um simples rapaz que sonha em ser escritor no mundo lá fora, posso
ser só um garoto que fica bastante tempo em seu quarto para escrever histórias
para leitoras que provavelmente nunca verá nessa vida; mas, aqui dentro, sou eu
quem dito como tudo deve ser — disse Canas, olhando para a estrela. — Feliz
aniversário, Vanessa! Que todo esse céu seja só para você, que você cresça e se
torne uma mulher forte, mas jamais se esqueça desse universo que durante tanto
tempo nos acomodou, nos acolheu e inspirou a seguir em frente, que uniu tantas
pessoas diferentes por um único motivo: Essa paixão em comum que nos moveu a
encontrar-se e dar valor para alguém que, mesmo distante, retribuiu da mesma
maneira.
Cresça,
mas nunca se esqueça! (:
— Canas Ominous.
PS: Só não vai crescer
demais, hein! Você já é maior do que eu! *risos*