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Posted by : CanasOminous
Jul 3, 2014
Capítulo 6
Fraquezas da Alma
O silêncio acompanhou Helen desde que ela acordou, não desejou
um bom dia a ninguém, pois não havia alguém para compartilhar, e muito menos
motivo para desejar.
Terminou de se
arrumar, desceu as escadas de seu apartamento e foi para a escola andando.
Helen caminhou em silêncio, o céu plúmbeo anunciava uma frente fria que
possivelmente se aproximava, e com ela, os ventos da mudança. Por sorte fazia
um forte frio naquela manhã, cedendo assim uma oportunidade da desculpa que ela
vestisse um moletom preto com um capuz para esconder o cabelo que não mais lhe
caiam os ombros.
Helen chegou até a escola,
passou pelos corredores com as mãos no bolso e chegou à sala. Sentou-se numa
carteira mais ao fundo onde não podia ser notada, abaixou a cabeça e
simplesmente ficou ocultada pela escuridão almejando que ninguém lhe dirigisse
a palavra, muito menos Wes, ela odiaria ver a reação do rapaz quando ele
notasse que ela havia cortado seu cabelo e ficado daquela forma. Por um tempo
ninguém a chamou para conversar, porém, pouco tempo depois Stella chegou para
consolá-la.
— Que tristeza é
essa, menina? Levanta essa cabeça e sorria. — disse ela, não recebendo ao certo
uma resposta de Helen — Qual é, hoje está frio, mas não é motivo para vir aqui
vestindo tudo isso de roupas, você não vai ficar aí abaixada a aula inteira...
A menina tocou no
ombro de Helen que a encarou de relance por um curto período de tempo. Stella
levou as mãos até sua boca em sinal de surpresa, o olhar de lamento de Helen
parecia implorar para que ela não dissesse nada, mas Stella não pôde se conter.
— Eu não acredito que
você... Eu quero ver.
— N-Não... —
respondeu Helen de forma entristecida.
— Vamos lá, deixe-me
ver como ficou! Eu não acredito que você fez mesmo o que estou pensando, como é
que teve coragem? Deixe-me ver, Helen!
— Não!! Me solta!
Helen puxou o braço
de Stella que não a soltou, e por mais que aquilo não fosse por maldade, fez
com que o capuz da menina fosse para trás e revelasse seus cabelos tão curtos
quanto os de um garoto. Helen costumava ter seu rosto ocultado com o cabelo,
sentia-se sem nenhuma roupa com ele daquela maneira, completamente aberta e
vulnerável aos murmúrios alheios dos colegas.
Os olhos de Stella
demonstraram espanto, mas em seguida tornou-se um olhar de concretização total.
Helen abaixou a cabeça, mas a amiga segurou no ombro dela e tocou levemente nos
fios repicados da menina.
— Eu não acredito,
você cortou mesmo! Menina, ficou lindo. Tudo bem que o corte está um pouco
falho nas pontas, mas você não tem noção de como ficou melhor! É sério, realçou
mais esse seu rostinho, sem contar esses olhos de anime que só você tem. Helen,
você está linda!
Helen estava de
cabeça baixa e foi levantando-se aos poucos quando ouviu os elogios da amiga.
Stella era sincera, e certamente disse exatamente sua reação no momento. Helen
corou ainda mais no momento em que outras pessoas começaram a aproximar-se.
Olhares curiosos e prontos para julgar, gente que ela nunca havia visto na vida
e que agora pareciam dizer que tudo estava perfeito. Que ela estava “linda”.
A jovem acreditou,
viu algumas meninas elogiarem a coragem que ela tivera ao fazer uma mudança tão
drástica, mas ao longe estava um grupinho de meninos que pareciam fazer seus
murmúrios pessoais sem encará-la.
— É só para chamar
atenção.
— Ela está parecendo
um garoto agora.
— Menina de cabelo
curto é estranho demais.
Por mais que não
fosse aquilo que eles conversavam, era aquilo que Helen ouvia. Ouvia todos a
criticando, falando mal de sua pessoa. Ela abaixou a cabeça e tampou o rosto
com as duas mãos, recuando aos poucos. Stella sentou-se ao lado da amiga e
envolveu-a com um abraço aconchegante procurando entender o motivo da tristeza.
— O que houve? Você
não gostou do cabelo?
— Eles estão falando
de mim, todos eles... — balbuciava Helen, liberando algumas lágrimas.
— Eles quem? Está
falando dos meninos?
As vozes. Seria a resposta
de Helen, mas nada saiu de sua boca.
— Eu vou lá falar com
eles, não se preocupe.
Stella fazia questão
de armar o maior barraco com os garotos, que nem sequer entendiam o motivo da
discussão. Logo o Professor de álgebra chegou, cessando a briga. O velho
acabara por notar a grande mudança tomada por Helen, e por sinal chegou até a
elogiá-la, mas a garota continuava extremamente amargurada por dentro. Por
sorte Wes faltara na aula, não havia perigo dele caçoar dela como os demais.
As aulas passaram em
um silêncio profundo enquanto ela permanecia mergulhada em seus pensamentos.
Ainda ouvia aqueles sujeitos caçoando e rindo da cara dela, por mais que
nenhuma outra pessoa ouvisse. Helen tentou seguir até o fim da aula
normalmente, mas na hora de ir embora deparou-se com três garotos que ela vira
pela amanhã. Os mesmos que Stella discutira.
— Ei, garota. Que
ideia é essa de falar que a gente tava falando de você? A gente nem abriu a
boca. — disse um dos sujeitos.
— Me desculpe... —
respondeu ela envergonhada.
— Qual é, é só isso
que tem a dizer agora? Não vai correr dizendo pros outros que a gente te achou
horrível desse jeito? Nossa, se queria chamar atenção conseguiu.
Seria possível notar
caso aqueles meninos estivessem brincando, mas eles falavam muito sério. Helen
abaixou a cabeça novamente, implorou várias vezes por perdão, mas os garotos
continuavam a equivocar com ela. Ela recuou lentamente e a cada passo sentia-se
mais aprofundada num abismo de amargura.
— Me desculpem, não
vai mais acontecer de novo. Eu prometo.
— É bom mesmo, fica
falando coisas que nem é verdade.
Helen abaixou a
cabeça dando passagem para os rapazes que nem olharam para trás. Não era
possível dizer se alguém vira a humilhação, mas ela também não fez questão de
olhar. Enquanto voltava para seu apartamento foi como se rastejasse em um mar
de lamento, carregando o peso de uma humilhação nas costas. Não tinha nem
coragem de olhar nos rostos das pessoas, de repente elas poderiam caçoar da
menina. Todos podiam. Quando abriu a porta de sua casa foi até seu quarto e
abraçou a cama desejando nunca ter saído de sua zona de conforto naquela manhã.
O céu estava nublado,
e parecia que em breve começaria a chover. O pesar das nuvens cinzentas
transmitiam uma sensação de tristeza, era como se todo o mundo conspirasse para
sua depressão.
— Triste manhã, não?
Helen não respondeu,
fez a questão de virar a cara para a voz que ouvira. Não sabia diferenciar se
aquele era Will, Wes, Stanley, Sophitia, Sarah, ou qualquer outro companheiro,
sabia apenas que ouvia algo vindo de alguém indesejável. Helen abraçou o
travesseiro com mais força e murmurou:
— Me deixe em
paz. — mas a voz ria e insistia em fazer
presença:
— Você é
apenas uma menininha tão frustrada com a vida. Tão atordoada e sofrida... Você
é covarde. Você teme essa vida e não consegue admitir.
Helen parou e
virou-se na cama. Acabou por notar um brinquedinho que deixara logo na bancada
para uma aventura que ela realizaria no dia seguinte. Era um Giratina, uma
serpente de asas com um olhar tenebroso que agora a fitava e vazio e realizava
um convite macabro.
— O que você quer?
— Quero que
se divirta ao meu lado, vou te apresentar uma aventura que você nunca viu
antes. Proponho um jogo. — disse o Giratina.
— Não quero brincar
de nada hoje...
— Não se
perguntou de onde estariam seus companheiros? O ratinho elétrico, o dragão
colossal, o golem de aço, a felina rósea, a estilista azulada... Onde estão
todos eles? Estão aqui para te consolar?
Helen levantou-se da
cama e lançou um olhar rápido em volta do quarto. Não se lembrava ao certo de
onde deixara seus companheiros, mas eles provavelmente estavam guardados no
armário desde a visita de Stella. Helen limpou as lágrimas dos olhos e encarou
a serpente de forma severa.
— Onde estão eles?
— Oh, então passou a
interessar-se no nosso jogo?
— Diga-me, agora,
onde estão meus amigos?
— Você vai saber,
você vai saber. Venha comigo, vamos nos divertir.
A imaginação de Helen
foi tomada por uma escura neblina. A menina colocou as mãos na frente do rosto
tentando dissipar a camada espessa que lhe ofuscava a visão, mas ainda não
enxergava nada. A risada macabro de Giratina ainda podia ser ouvida de longe, ecoando
em algum lugar.
Não estava muito
disposta a brincar naquela tarde, mas em território inimigo era preciso agir à
sua maneira. Nada havia sido combinado, mas a chuva parecia marcar hora para
iniciar, e o céu estava nefasto o suficiente para que todo o quarto fosse
tomado pela escuridão; pintado em sua cor de chumbo como se o ambiente a
transportasse para a própria imaginação.
— Onde estou?
— Na área mais
obscura de suas ideias.
Helen forçou a visão,
podendo então notar uma imensa placa com letras garrafais outrora legíveis. Há
tempos anunciaram as boas vindas àquela cidade, hoje destruída pela terrível
potência química de destruição. Giratina envolveu o corpo de Helen e assim a
rodeou como uma serpente que prepara o bote sobre uma caça.
— Consegue sentir em
seus ossos o grito e a lamentação das almas que aqui vagam? Ela foi destruída
há muito tempo por conta de uma explosão ocorrida na usina nuclear. Os homens
não são capazes de dominar a própria força... — dizia
com certa convicção de que apreciava aquele caos.
— Por que me trouxe
aqui? — indagou Helen, mas a voz continuava a pairar pelo infinito e rir como
uma aranha que acaba de prender uma presa em sua teia.
— Baseada em
Chernobyl, a cidade fantasma. Você se lembra muito bem de quando leu livros à
respeito, concentrei todos os seus medos neste único lugar. — disse o
Giratina — Um local estranho para se habitar, não? Você não pode ficar
aqui por mais de quinze minutos, ou a radiação irá contaminá-la.
— Esta é a minha
imaginação. Posso ficar aqui o tempo que quiser. Não vou temer um simples
pensamento ruim como esse. — respondeu ela de forma grossa.
— Certamente,
e eu a trouxe aqui exatamente para isso. — acompanhou — As
pessoas não têm medo do escuro, elas temem o que há dentro dele.
Helen caminhou seguindo
uma sombra no céu que parecia presente em outra dimensão. A serpente
escondia-se em seu mundo, rastejava sobre seus pés e a envolvia sem que ela
percebesse. O céu era sempre escuro, e não mudara por mais de vinte e cinco
anos. Aquela usina estava abandonada há muito tempo, e cada cena formava-se
perfeitamente na mente da menina que vira imagens e imaginara a situação de
quem passou por aquilo.
Todas as suas mágoas,
seus medos e temores; Giratina era capaz de concentrá-los todos e resumi-los à
um único sentimento no coração da pequena.
A menina só parou
quando pisou em algo macio o suficiente para chamar sua atenção. Helen agachou
e pegou o objeto.
— Uma boneca.
— Tudo
perdido. Todos perdidos... Aprisionados nessa dimensão sem volta entre os dois
mundos.
— Por que me trouxe
aqui? Onde estão meus amigos? Eu quero ir embora!
— São
perguntas demais para uma única frase. Quero que olhe para o seu interior, para
você mesma — disse o Giratina, envolvendo a menina e tocando em seus
cabelos curtos — Está vendo que bonequinha linda? Os cabelos dela são
curtinhos. Tão curtinhos...
Helen olhou
atentamente para aquele brinquedo. Soltou-o na hora ao ver praticamente sua
imagem naquela figura perdida no mundo. Lembrou-se imediatamente dos colegas de
sala que a ridicularizaram, as vozes em sua mente que diziam o quanto estava
feia. Ela colocou as mãos em sua cabeça e a chacoalhou em sinal negativo. Negou
várias vezes, queria sair daquilo, mas a brincadeira de Giratina havia apenas
começado.
— Me deixe ir! Me
deixe ir!
Helen correu para o
vazio, e o vazio a trouxera para a solidão. Avistou de cima da colina um velho
circo com seus panos azulados e acinzentados de poeira. Tudo rasgado, tudo
abandonado sem que sequer houvesse o tempo para corroer sua imagem
entristecida. Os olhos da menina começaram a lacrimejar.
— Ah, o
circo! Você não adora circos? — perguntou o Giratina.
— Mas parece
abandonado...
— Ele não está
abandonado, foi fechado, porque quem ia não voltava mais.
Helen olhou para cima
estática
— Você prefere fazer as
coisas sozinha, então procure por seus amigos. Antes que seja tarde mais.
— Eles estão aqui? O
Wes está aqui? — indagou ela surpresa.
— Quem vai, não
volta. — emendou o Giratina ainda rindo
e fazendo questão de fixar suas palavras na mente da criança.
Helen ergueu-se num
salto e desceu a colina em direção do circo. Havia diversos brinquedos
abandonados, lojas sem seus lojistas, ruas vazias habitadas por nada. O vento
dançava anunciando que ali ainda havia a presença de algo. Algo que os olhos
não podiam ver. Helen forçou sua voz que soava chorosa e tímida:
— Tem alguém aí? Onde
estão vocês? Pessoal, podem me ouvir?
— Senhorita, estou
aqui.
Aquela voz ela
poderia facilmente reconhecer. Era Will, seu Pikachu. Ele estava numa área onde
os olhos não alcançavam. Era como um prédio enorme, e o bichinho de pelúcia no
alto dele. Embaixo, uma piscininha. Praticamente um balde d’água. Não havia
escadas para chegar lá, não era nem possível explicar como o Pikachu fizera seu
caminho até o alto. Helen olhou três vezes notando o caminho sem volta, e então
gritou:
— Will, não pule!!!
— Não tem nenhum
outro método para descer. — respondeu ele
calmamente.
— Não, não faça isso!
Não faça!
Helen rogou várias
vezes, vendo seu amigo à beira de um precipício. Ela percebia exatamente o que
a serpente queria com ela, procurou por todos os seus medos em seu coração, e
agora aproveitava-se de cada um deles para expor o seu terror ao máximo.
— Giratina, me
ajude! O que você fez com meus amigos?
— Eu? O que você fez. Essa não é sua imaginação?
— Eu nunca faria isso
com nenhum deles!! — gritou ela.
— Não
faria? Mas então, você se colocaria no lugar dele?
Quando Helen se deu
conta era ela quem estava naquela enorme estava. Havia subido até lá num piscar
de olhos enquanto a maléfica serpente ainda ria e gabava-se de suas artimanhas:
— Você ficaria no
lugar de um deles?
Helen gemeu de medo,
nunca antes sentira aquilo em uma de suas aventuras. Gostaria poder dizer que
sim, mas não o faria. Era uma covarde, embora não quisesse admitir.
— Você foi
humilhada na escola. Humilhada. Todos riram de você, não percebeu? Você não tem
amigos, é sozinha, e nem mesmo você faria algo por você, consegue entender?
Você nasceu e tornou-se arrogante para não poder ser amada, você é covarde para
não admitir seus erros.
— Não é verdade. —
murmurou ela.
— Prove.
— Não é verdade...
Helen agachou, não
tendo onde encostar àquela altura. Tampou os olhos e desejou de todo seu
coração sair daquela situação, mas não era o coração que o criava, era sua
mente.
Quando ela ergueu seu
olhar estava numa sala escura sem poder ver nada. Tentou apalpar os lados, mas
não havia paredes. Nem mesmo encontrava o interruptor de luz, estava
completamente perdida no vazio.
E então, uma única
luz foi acendida, e no centro dela havia um Groudon acorrentado. Helen gritou
pelo nome de Wes, mas o dragão estava enfraquecido demais para responder. Ela
correu para abraçá-lo, ver seu guardião numa situação como aquela havia
destruído todas as suas esperanças.
— “Tudo vai
ficar bem, tudo vai ficar bem”. Percebe que as pessoas mentem para você o tempo
todo? — repetiu a voz de Giratina. — Você não tem ninguém. E
você sabe.
Helen lamentou e
chorou por muito tempo. Ajoelhou-se no chão e encolheu-se como um filhote sem
dono. Chorou, chorou e chorou. Por ouvir a verdade. A verdade que sua mente não
conseguia acreditar até depois do ocorrido com aqueles colegas mal
intencionados. Num último ato ela se levantou, encostou a mão no rosto do
dragão e derramou mais uma lágrima sobre suas escamas de cor escarlate.
— Eu sou uma covarde.
Giratina riu.
— O que disse? Eu não
ouvi direito.
— Eu sou uma
covarde... Eu só queria ter amigos que cuidassem de mim, mas como lidar com
isso se nem eu mesma acredito neles?
Wes abriu um de seus
olhos e arrancou todas as correntes como se fossem raízes de uma árvore
indesejadas. O dragão rugiu contra a escuridão como se buscasse atingir algo, e
das sombras caiu uma serpente. Wes encarou Giratina e segurou em sua cabeça com
suas garras:
— Então, você
era o Medo? — indagou o Groudon.
— Descobriu
rápido. — assentiu o Giratina.
— Está a
duvidar de minha Mestra, e a fazê-la sofrer. Não vou permitir isso.
— O que você vai
fazer, Wes? Queimar-me com seu fogo? Amaldiçoar-me e continuar mentindo para
ela como sempre fez?
— Eu o
agradeço por mostrar o que nenhum de nós era capaz de fazer, Gilbert, mas ainda
assim o medo pode salvá-la, fazendo que ela perceba o que deve evitar e o que
não deve. — o Groudon ergueu a serpente para próxima de si e o encarou
diretamente nos olhos avermelhados — Não posso torna-la corajosa, mas
posso garantir a companhia de alguém que sempre esteja ao lado de minha Mestra.
E você sabe, você não pode ganhar disto.
Giratina permaneceu
em silêncio. O dragão lançou a serpente para longe que só parou quando suas
asas serviram como ponto de equilíbrio. Giratina continuou a rodopiar a menina
que tinha os olhos úmidos e chorosos, em seguida lhe dirigindo a palavra:
— Medo. Você sente
medo, garota.
O dragão lançou uma
explosão de fogo com tanta força que Giratina foi inteiramente consumido pelas
chamas. A menina sentiu alguém envolvê-la com braços ternos e cuidadosos. Por
mais que não houvesse nada ali foi como se o Wes real a abraçasse procurando
protegê-la de tudo que havia em volta. Era seu Groudon, era o seu Wes que tanto
desejara. Por mais que não houvesse nada além do relance de imaginação que
tivera, Helen desejou poder sentir aquilo pouco mais antes que desaparecesse
aos poucos em sua mente. E então ela ouviu:
— Eu sempre
vou te proteger.
A escuridão cessou.
Helen correu para acender o interruptor da luz do quarto e percebeu só então
estar caída no chão de seu aposento. O brinquedo de Giratina estava no chão,
provavelmente havia sido atingido por ela enquanto procurava pelo interruptor.
Helen abriu o armário e encontrou seus bichinhos, juntou todos eles e
abraçou-os como se não os visse há muito tempo.
— Pensei que eu havia
perdido vocês.
— Helen,
tenho que falar contigo. — aprontou-se o dragão vermelho.
— Diga-me então, Wes.
— Sei que
pode parecer estranho, mas o Giratina queria ensiná-la algo. Ele representa
suas fraquezas, todos os pontos que a tornam vulnerável aos olhos alheios. Com
essa aventura ele quis claramente deixar uma mensagem. Ele quer que você vença
os seus medos.
— Só falta
você pedir para ele entrar na equipe. — presumiu o Pikachu, que não
havia gostado nada daquela aventura.
Wes manteve-se sério.
Will até intimidou-se um pouco com a seriedade dr Groudon que na verdade sempre
estava animando e divertindo a equipe.
— Admito que
quando se trata de seriedade você consegue ser o melhor. Agora, Senhorita,
aceitaria mesmo o Giratina depois de tudo que ele fez a você?
— Minhas fraquezas.
Ele é o único que as conhece. E também o único que pode vencê-las. Vamos
levá-lo conosco.
— Entendo. — comentou
o Pikachu de forma pensativa.
— Esse processo vai
ser bem demorado... — disse Helen.
— Eu estarei
aqui para ajudá-la a enfrentar todos os seus medos. — disse o Groudon
— Entrei para sua equipe prometendo isso, e agora vou cumprir minha
missão até o fim.
Aquela história havia
ajudado a menina a conhecer os seus medos. Ela não poderia ser submissa aos
outros, aprendeu que deveria andar de cabeça erguida, agir com competência, ser
corajosa... Deveria levar todas aquelas lições para sua vida, e principalmente
entender a principal delas: Ela não precisava pensar que estava sozinha, sempre
teria alguém ao seu lado.
Olá Canas! Primeiramente queria me desculpar por ter demorado de ler este capítulo. Gostei do capítulo e realmente foi uma boa ideia ter pensado em fazer com que o medo fosse o inimigo da Helen. Nossa, a equipe de Pokémons da Helen está completa!
ReplyDeleteVolto para pensar sobre a junção da realidade com a imaginação. Você consegue relacioná-los muito bem, é algo muito "equilibrado". Espero pelo próximo capítulo!
(Trecho retirado da Arena Pokémon, 17/07/2012)