Posted by : CanasOminous Dec 29, 2018


Capítulo 3 – Vulcan & River

Stan, acorda! O mar tá pegando fogo!
O rapaz levantou-se apavorado com uma pokébola em mãos. Imaginou se não seria obra dos Galactics e seus planos de destruição global, ou quem sabe os Rockets tinham instalado uma base de operações secreta na ilha, mas deparou-se com uma namorada agitada que saltava em seu colo enquanto brincava com suas bochechas.
— Brincadeirinha! — Vivian esparramou-se na barriga dele, como se estivesse se espreguiçando em uma cama quentinha e confortável. — Bom dia, mozão. Dormiu bem?
— Melhor, agora que você foi a primeira coisa que vi no dia.
Stanley tornou a relaxar, a essa altura já devia estar acostumado com as formas excêntricas de ser despertado, afinal, era bem similar ao que ela fazia quando os dois viajavam juntos por Sinnoh — em algum momento da jornada, lembrava-se de tê-la ouvindo pedir um par de desfibriladores emprestado, mas graças à Arceus nunca chegou a usá-los.
Ela era sempre assim, dinâmica e enérgica às sete da matina; já ele preferia uma madrugada tranquila para ouvir música e divertir-se com os amigos. Vez ou outra, Vivian tentava acompanhá-lo em suas maratonas de seriados quando encontrava algo novo no Natuflix, o maior serviço de streaming Pokémon da região, mas acabava dormindo no segundo ou terceiro episódio. Mesmo assim, Stan amava a companhia dela, porque sempre que queria alguém para comentar a batalha final sua namorada dizia cheia de empolgação: “Sério? Uau, me conte mais! Adoro saber das coisas que te fazem feliz.”
Por sinal, onde estavam?
Stanley olhou para os lados, ainda sonolento. Não se lembrava de nenhuma rota de Sinnoh que tivesse uma visão tão linda do oceano e o horizonte distante, muito menos que o sol intenso os castigasse como se estivessem no auge do verão. A ficha caiu, trazendo-lhe lembranças de que estava viajando com a namorada em uma ilha deserta atrás de nada em específico, e como sentira saudade daquilo! Aventurar-se pelo desconhecido com ela, se continuassem progredindo mais alguns capítulos logo se deparariam com Luke, Lukas e Dawn trazendo as novidades e conquistas de suas aventuras. Ele olhou para o lado e deparou-se com Vivian se trocando, a moça vestia apenas seu shortinho e chinelos enquanto vasculhava a mala de Stan atrás de algo que servisse nela, e acabou optando por uma jaqueta larga e um boné velho da Liga Pokémon que a protegeria do sol.
— Tem o seu cheirinho... — disse Vivian com o rosto enterrado na jaqueta.
Todas as roupas dele estavam bem dobradas e organizadas por cor e degradê, do jeito que Stanley gostava. Vivian adorava vestir de usar as roupas dele, pois cabiam direitinho nela, a danada ficava bem em qualquer moda masculina.
— De cabelo curtinho assim, vão pensar que sou um garoto — disse ela enquanto se olhava no reflexo de seu celular. Stanley não pôde deixar de brincar:
— Seria um garotão sexy.
— Ai, para, tá querendo um agradinho, né? — Vivian pegou-se rindo, mas bem que se contentaria de ouvi-lo elogiá-la o dia inteiro. — É muito nojento eu usar sua escova de dente?
— Nojento seria se você não escovasse — respondeu Stan.
— Às vezes dá a impressão de que não fazemos essas coisas enquanto estamos nos aventurando, né? — disse Vivian. — Tipo, imagina se nós fôssemos escritores de uma história, você perderia tempo descrevendo tarefas do cotidiano de seus personagens como usar o banheiro, preparar o almoço, essas coisas? Isso cortaria totalmente o clima.
— Não sei, acho que depende das prioridades que temos e do quão rápido um autor quer terminá-la.
— É, faz sentido. Oxi, você trouxe até pente, shampoo e condicionador? Por isso que eu adoro ter um namorado prevenido que nem você, Stan, não preciso ficar me preocupando com esses utensílios dispensáveis! — disse Vivian enquanto vasculhava o nécessaire dele. — Não acredito que você trouxe protetor solar e cortador de unhas também. Eu te amo, mozão.
Vivian e Stanley retomaram a jornada pela Ilha Pokémon logo cedo, a começar pela trilha que levava ao túnel escuro. O local costumava ser a entrada de uma usina desativada, os pesquisadores que estudavam os arredores precisavam de uma fonte de energia que alimentasse suas máquinas e a presença de Pokémon elétricos no local como Magnemites, Electrodes e Electabuzz auxiliavam os geradores. Um dos principais motivos de estudo que cativara a atenção de diversos pesquisadores à época era a influência de nuvens tão grandes que pareciam acomodar algo dentro delas; tais nuvens afastavam tempestades tropicais e mantinham o clima regular, tornando o habitat perfeito para os mais diversos tipos de criaturas — mas elas ainda aconteciam, era impossível controlar a natureza.
O túnel era menos assustador do que imaginavam. Após passarem a primeira noite na ilha, ela parecia se tornar mais amigável, os Pokémon continuavam chegando perto o bastante para Vivian tirar ótimas fotos, pois estavam desacostumados com a presença de humanos. O grande Torterra continuava a guiá-los, afastando Zubats que voavam por todas as partes e até mesmo um Haunter brincalhão que tentou assustá-los.
— Stan, saca só — disse Vivian, apontando para uma estranha forma amarelada. — Olha aquela pedra esquisita.
— O Luke teria dito que é um fóssil ancestral — brincou Stanley, apanhando um pedregulho e atirando-o nela.
Para a surpresa dos dois, a pedra gigante pareceu se levantar e rastejar devagar pelo chão de lama, o par de olhos vermelhos brilhando na escuridão do túnel como dois faróis. Stanley abriu a boca ao reconhecer um Kabuto, um Pokémon fóssil que desaparecera havia milhões de anos, ele era tão grande que poderia dizer que havia um humano escondido ali dentro. Aquele achado não poderia passar despercebido, os dois poderiam revolucionar a ciência juntos! Stanley já estava com uma Ultra Ball na mão quando Vivian o puxou para trás.
— Nem pensar! Já disse que aqui é uma reserva, sem capturas.
— Mas olha só o tamanho daquele Kabuto! O Luke ia pirar de inveja se eu trouxesse um Pokémon fóssil pra casa. Poxa, pensa no meu lado, só protagonista tem chance de ser agraciado com um desses... Ninguém vai acreditar em nós quando voltarmos.
— É para isso que existem câmeras, fofo. É só mirar, encontrar a melhor pose, e...
FLASH!
A caverna toda se iluminou. O brilho do aparelho foi tão intenso que o Kabuto se assustou e caiu para trás. Eles olharam para o alto e uma aglomeração de Zubats assustados que forravam o teto saíram voando por todas as partes, Vivian sacou a pokébola de Primia para que a Scizor os protegesse dos ataques, pois o Torterra encontrava-se imobilizado — todos seus ataques como Stone Edge e o Earthquake colocariam em risco a segurança de seus treinadores.
Assim que os Zubats se dispersaram, os dois treinadores viram que o Kabuto estava com o casco virado para baixo e as perninhas balançando para cima, incapaz de se mover.
— Pobrezinho, não podemos deixá-lo ali... — disse Vivian. — Vai, tá esperando o quê?
— Eu? Assim que eu o virar esse bicho vai me fatiar em pedacinhos, ele tá até grunhindo de raiva, consegue ouvir? — respondeu Stanley.
— E eu lá tenho cara de que aguentaria esse peso todo? Pode não parecer, mas eu sou uma lady delicada — disse Vivian com uma piscadela forçada. — Affe, vai logo, coloca esses muques pra funcionar e me ajuda aqui.
— Se prepara pra correr, hein...
— Você tem que ser mais lerdo que um Metapod pra ser alcançado por um Kabuto.
Vivian arregaçou as mangas e os dois começaram a revirar o Pokémon, mas perceberam que nem de perto ele era tão pesado quanto imaginavam. De fato, ele tinha a carapaça macia e um semblante artificial.
— Graças ao céus, pensei que fosse morrer aqui! — eles ouviram uma voz mecânica.
Stanley piscou, pois tinha certeza de que aquela frase não fora dita por Vivian.
— O P-Pokémon tá falando! — disse o loiro em sinal de surpresa.
— Cacetada, mas isso é impossível — comentou Vivian, intrigada. — Será que é um clone modificado ou algum tipo de mutação? Admito que às vezes consigo escutar a Primia falando na minha cabeça, mas tem que rolar muito Poder da Amizade envolvido.
— Essa ilha tá mexendo com a nossa cabeça, Vi. Sempre suspeitei que faltassem alguns parafusos em nós, mas... isso aqui é novidade — Stanley começou, certo de que estava conversando com um Pokémon selvagem como se fosse algo natural. — Sério, é cada história doida que a gente ouve, Onix que fala, Pokémon montando guilda e lutando com espada, Torchic usando Leer... eu não duvido de mais nada nesse mundo — falou Stanley.
— Gente, vocês estão me ouvindo? Alôôô? — gemeu o Kabuto. — Ainda estou aqui. Dá pra alguém me ajudar?
Os dois encaram o Kabuto, aguardando novas ordens.
— Então, amigo... como é que podemos te ajudar? Perdeu-se da sua família?
— Sei que pode parecer estranho, mas isso é uma fantasia — disse o Kabuto. — Li o artigo de um pesquisador famoso de Kanto que relatou seus experimentos enquanto aprendia os hábitos, costumes e limitações de Pokémon ao se fantasiar como eles, só não imaginei que minhas patinhas fossem me impossibilitar de ativar o botão que desativa o traje! Eu fui muito burra.
— Burro foi quem criou essa porcaria — falou Stanley.
— Não, burro é a pessoa que entrou aí dentro — respondeu Vivian.
— Será que vocês podem parar de me azucrinar e me ajudar logo? É só apertar o botão vermelho na minha lateral esquerda.
Vivian apressou-se a localizar o botão. Ao apertá-lo, uma cortina de fumaça foi exalada e a carapaça do Kabuto se abriu, liberando uma forma humana que saiu dali de dentro. Os dois se remexeram ansiosos, estavam no aguardo de uma revelação histórica, talvez o encontro com alguma celebridade internacional ou alguém no nível do próprio Professor Carvalho, porém...
— Ah, é só a Dawn — falou Vivian.
— Oi, Dawn — respondeu Stanley.
— Não acredito que de todas as pessoas fui encontrar justo vocês — disse a garota ao se livrar da fantasia. — Bem que reconheci suas vozes, mas é difícil enxergar com aquela roupa toda.
— Vem cá, me dá um abraço, amiga! — disse Vivian contente, já recuperada. — Você nos deu um sustinho aqui agora, mas estamos felizes em... pera, o que você tá fazendo aqui? E que coincidência doida a nível ex-machina é essa? SERÁ QUE ARCEUS ESTÁ CONSPIRANDO CONTRA NÓS?
— Gente, calma, acho que posso explicar... mas primeiro será que podem me dar uma carona para fora desse túnel? Eu adoraria respirar um pouco de ar puro depois de tanto tempo presa no corpo de um Kabuto.
Dawn acompanhou-os pela trilha enferrujada até a saída, onde o Torterra estacionou. A garota fartava-se das frutas que seus amigos tinham recolhido, considerava-se sortuda por ter se deparado justo com dois conhecidos de uma região tão distante, mas não estava em posição de reclamar de nada.
— Eu vim para a Ilha Pokémon para fazer uma pesquisa na minha área.
— Verdade, você queria ser pesquisadora, né? — perguntou Vivian. Todo mundo se esquecia daquele detalhe.
— Pois é. Depois de viajar por Sinnoh com vocês, eu senti que precisava continuar seguindo esse sonho, sabe? Apesar de eu nunca ter exercido muito, acho que levo jeito!
— Ai, menina, estou tão feliz por você! Eu jurava que você seria a terceira protagonista inútil e sem ambição pelo resto da sua vida, mas pelo visto todos têm uma chance de redenção.
— Obrigada pela parte que me toca — respondeu Dawn com ironia. — Eu me formo ano que vem pela Unisyno. Tenho muita sorte de ter alguém como a Cynthia que se ofereceu para pagar o curso que custa os olhos da cara, ela vive dizendo que nunca é tarde para uma formação, estou me esforçando ao máximo para ser a melhor da turma! Tive até aulas de libras, não que eu vá usar, mas é sempre bom entender dessas coisas quando se lida com pessoas.
— Gente, que maravilha, então logo mais você tá desempregada que nem a gente — continuou Vivian.
— Tá afiada hoje, hein? Mas devo concordar, tá difícil pra todo mundo... Pelo menos estou feliz em trabalhar com o que amo, e a Ilha Pokémon oferece tantos meios de pesquisa únicos! Foi a Cynthia quem conseguiu pra mim uma autorização, ela conhece muita gente importante. Estou aqui cumprindo estágio, o Profº Carvalho ficou contente em oferecer uma vaga para retomar a pesquisa dele atrás de informações do lendário Mew e suas habilidades de transformação. É no que pretendo formular minha tese, “Pokémon e sua habilidade de assemelhar-se a forma humana através do Poder da Amizade”.
— Mew? Tem um Mew aqui? — perguntou Stanley, ignorando o restante.
— Tinha. Mas foi há muito tempo... mas não custa nada checar os rastros e registros dele, certo? Como iniciante no ramo, ainda quero aprender e contribuir o máximo que puder com o mundo.
— Olha só, toda determinada e altruísta! Não se preocupa, até o fim do curso isso passa — disse Vivian dando-lhe alguns tapinhas nas costas. — Estou orgulhosa de você, amiga. Quem diria que viria a ser uma personagem importante, hein? Achei que seria para sempre que nem aquele seu Piplup fracassado!
— Vivian, estou começando a considerar seus comentários uma ofensa...
— Também te adoro, linda.

i

Dawn os guiou até a base onde se instalara na ilha havia menos cerca de três meses. Apesar de abandonado há quase duas décadas, o laboratório recebera reparos com o auxílio de Sly, o Machamp da garota que era especialista em reconstrução. Dawn estava magra, com cabelos desgrenhados, olheiras fundas e os óculos sujos realçavam um lado que seus amigos nunca tinha visto antes.
— Tem certeza que essa é a Dawn mesmo? — perguntou Stanley. — E se for algum outro Pokémon disfarçado de humano?
— Stan, você não tem ideia do que a faculdade faz com as pessoas — respondeu Vivian.
Dawn andava de lá para cá, tentando reunir seus pertences e organizar o que devia ser seu escritório improvisado nos últimos meses, mas ouvi-la falar tão cheia de empolgação sobre seus estudos e o que havia acontecido nos últimos anos enchia seus amigos de uma sensação reconfortante — eles percebiam que ali estava a garota meiga, meio estabanada e alegre que por tanto tempo acompanhara Luke e Lukas como se fosse sua irmã mais velha.
— Vocês não vão acreditar no que encontrei — disse a pesquisadora cheia de empolgação. — Deem só uma olhada nisso!
Ao puxar um pano velho, Dawn revelou um triciclo amarelo que mais se parecia com uma cápsula do tempo. Dada a sua empolgação, ela esperava que seus amigos reagissem de forma bem diferente; ali estava uma raridade preservada e esquecida pelo tempo.
— Contemplem: ZERO-ONE! Totalmente automatizado, essa máquina representava o auge da tecnologia do final do século XX, seus motores foram adaptados para aguentarem altas temperaturas, os pneus transformam-se em botes e ele até podia voar! Há inclusive um escudo feito com estudo avançado baseado no ataque Protect, feito para que nenhum Pokémon possa ferir o motorista enquanto ele se aproxima. Só que...
— Não parece estar funcionando — comentou Stanley.
O rapaz passou o dedo pela lataria e tirou uma crosta de poeira. Vivian saltou no assento principal e procurou pelo volante, não tinha compreendido o que Dawn quis dizer com “automatizado”, não conseguia imaginar que uma máquina poderia guiá-la ao seu objetivo com a tecnologia limitada da época. Na lateral da porta esquerda, ela se deparou com a caligrafia que pertencera ao seu antigo proprietário:

Todd Snap, 1998.

— Bom, acho que sei como fazer funcionar — disse Stanley com ar de sabichão.
— Tá brincando? — perguntou Dawn. — Como? Eu já tentei de tudo. Teria sido fácil se eu tivesse aqui o Metagross ou o Porygon-Z do Luke, mas não tenho nenhum Pokémon tão avançado.
— Você trouxe seu Probopass? Essa tecnologia é antiga, acho que uma forte recarga na bateria já resolveria. Tenho um Magnezone para ajudar.
Dawn se esquecera completamente que seu Pokémon do tipo rocha e metálico era especialista em golpes elétricos.
Enquanto os dois Pokémon trabalhavam, Dawn levou Vivian para o andar superior para apresentar o restante do laboratório e as mais de duzentas páginas de anotações que fizera desde que chegara à ilha.
— Dá pra acreditar que aqui existem ovos dos três pássaros de Kanto? Ovos, Vivian. Ninguém nunca encontrou nenhum, não há relatos da forma de reprodução de nenhum Pokémon lendário, mas encontrei restos de casca de ovo na região do túnel, do vulcão inativo e da caverna profunda. O Zapdos só nasce com uma descarga intensa de eletricidade, o ovo de Moltres precisa ser mergulhado em lava e o de Articuno só nasce com um ritual de dança das Jynx!
Sem prestar muita atenção nas divagações da amiga, Vivian mordiscava uma maçã.
— Onde é que você encontrou isso? — perguntou Dawn.
— Ali no depósito.
— Mas isso é... ração de Pokémon disfarçada. Deve estar guardada aí já faz uns vinte anos.
Vivian parou de mastigar, mas logo deu de ombros e continuou comendo.
— Se não mata, engorda — disse ela com uma risada.
Curiosa do jeito que era, Vivian logo encontrou mais o que bisbilhotar. Dawn estivera estudando uma esfera colorida que se encontrava imóvel na mesa, do tamanho de uma pokébola comum. Ao acioná-la, uma cortina de fumaça roxa fedida foi liberada e cobriu a sala como o Smokescreen de um Koffing.
— Isso aí é uma Pester Ball, fruto do estudo do Profº Carvalho. Serve para incomodar os Pokémon e fazê-los sair de seu esconderijo sem machucá-los — explicou Dawn, abanando o ar com uma pasta.
— É, mas eles devia ficar bem irritados e furiosos! — retrucou Vivian. — Posso pegar umas três? Já sei como acordar o Stanley amanhã.

Levou pelo menos quarenta minutos para que Stanley terminasse os reparos. Assim que voltaram para o primeiro andar, o Probopass havia terminado a descarga de energia no ZERO-ONE enquanto o Magnezone fazia os últimos reparos ligando partes metálicas enferrujadas. A máquina acendia os faróis e ligava o motor por alguns segundos, mas ninguém soube como fazê-lo se mexer.
— Bom, fiz o que pude — comentou Stanley limpando o suor do rosto. — Mecânica não é tão fácil quando pensei, se tivéssemos 3G eu teria ligado para o Roark ou o Sr. Byron nos dar algumas dicas...
— Pelo menos podemos tirar umas selfies dentro dele, o que me dizem? — sugeriu a ruiva.
Vivian saltou para dentro e ergueu a câmera com Dawn e Stanley unidos logo atrás dela para uma fotografia improvisada. Flash! Flash! Flash! Tirou fotos o bastante para matar toda a saudade que tivera de Dawn, de caretas a expressões com biquinho e beijinho dos dois lados do rosto de seu namorado. Enquanto revia as imagens, Vivian não parava de sorrir.
— Só falta o Luke e o Lukas agora — disse Dawn, como se lesse seus pensamentos.
— Pois é... eu queria voltar a ser criança e voltar para aquela época — falou Vivian. — Acho que a vida tinha menos preocupações e eu só me importava em... ser feliz.
— Para ser sincera, um dos motivos de eu ter continuado aqui tanto tempo é porque não há sinal, então não tive como chamar ninguém para vir me buscar. Mas também não estou preocupada com isso porque me permitiu mergulhar de cabeça em minhas pesquisas sem intromissões. Tenho avançado como nunca, mas acho que já reuni o bastante — disse Dawn. — Como é que vocês pretendem fazer para ir embora? Marcaram horário para alguém vir te buscar?
— Na verdade, caímos aqui de paraquedas — respondeu Vivian.
— Literalmente — continuou Stanley.
— Espera — falou Vivian. — Isso quer dizer que estamos presos aqui PARA SEMPRE?! Na real?
— Não tenho nenhum Pokémon voador e meu único aquático é o Duke, não acho que ele conseguiria nos levar para casa sem desmaiar no caminho.
— Duke, você só tinha uma missão... — comentou Vivian esfregando os olhos com a ponta dos dedos, visivelmente decepcionada.
— E tem um Gyarados do tamanho de um Wailord rodeando a ilha — disse Stanley. — Melhor descartar a fuga pelo oceano.
— Ouvi dizer que a Ilha Pokémon confunde bússolas e rastreadores — falou Dawn —, é muito difícil para alguém localizá-la, pois se situa em uma região chamada Triângulo dos Snorunts, e por aqui já aconteceram inúmeros naufrágios e desaparecimento de aviões que não deixaram rastros. Dizem até que foram encontrados navios intactos, sem nenhum passageiro, sendo que não foi levado dinheiro ou pertences.
— Isso só tem um significado — Vivian ergueu as mãos e falou: — Aliens.
Dawn pegou-se rindo tanto que sua barriga chegou a doer. Os três ali reunidos traziam tantas lembranças de suas aventuras pelas terras de Sinnoh... Se tivesse direito a um pedido, gostaria de voltar para aqueles tempos com os olhos de hoje, talvez assim pudesse corrigir alguns erros que ficaram para trás, teria se preocupado menos com coisas sem importância e aproveitado mais ao lado de pessoas que amava. Talvez até tivesse acertado nas batatas gratinadas, mas que graça teria? Será que isso teria influenciado em tudo que veio depois? Gostava da vida que tivera como ela era, e era adulta o bastante para entender o significado de saudade.
— É, a gente vai morrer — disse Dawn, com os olhos ainda lacrimejando de tanto rir.
Vivian estava para sair do velho automóvel quando o ZERO-ONE de repente começou a flutuar, seus pneus transformaram-se em jatos e ele levitou a uns vinte centímetros do chão. Impressionada com uma tecnologia tão antiga continuar a funcionar quase duas décadas depois, Dawn pediu que a companheira mantivesse a calma enquanto ela tentava alcançar o monitor.
— Calma, Vi. Está vendo uma tela grande? O ZERO-ONE só segue o percurso quando colocado nos trilhos, deve haver algum botão para desligar.
— Mas como é que ele vai seguir os trilhos se estiver VOANDO? — berrou a garota.
Vivian apertou qualquer coisa e puxou todas as alavancas que encontrou, os jatos se transformaram em boias, fazendo tanto a máquina quanto a menina quicarem com a queda. Todos se pegaram rindo com o ocorrido, até que Dawn teve uma ideia inusitada.
— Ei, o que acham de explorarmos algumas localizações? Perto do túnel de onde nos encontramos a atividade explosiva de alguns Electrode e Digletts revelou uma passagem que dá no vulcão desativado — disse a pesquisadora. — A área é um pouco perigosa, quase fui atropelada por um Rapidash e queimada por dois Magmar que brigavam atrás de comida, mas garanto que verão algumas cenas únicas por lá. Se você jogar uma Pester Ball dentro do vulcão, ele expele uma fumaça sinistra com a forma de um Koffing!
— Tá brincando — falou Vivian. — Até parece magia!
— Sabe o que magia me lembra, Vi? — perguntou Stanley. — Aquele filme.
Os dois se entreolharam, fizeram caretas, engrossaram a voz e começaram a rir sem parar.
Oooohm, Wingardium Leviosaaaaa!
Stop it, Stan, stooooop!
Dawn os observou com os olhos semicerrados, incrédula por breves segundos. Perguntava-se aonde é que arranjara aqueles dois como amigos e se o destino tinha sido justo em enviar justo eles para resgatá-la.
— Às vezes sinto que vocês ainda têm quatorze anos...

ii

Vivian e Stanley toparam a ideia de explorar a ilha. No fim das contas, a viagem até a Ilha Pokémon pareceu se tornar uma verdadeira excursão de escola ao invés de se sentirem isolados em uma localidade remota que talvez levasse anos até que fossem resgatados.
Com o ZERO-ONE como guia, o percurso foi rápido e direto, pois em seu código estava o comando de seguir os trilhos enferrujados até o fim. Como só havia espaço para uma pessoa dentro dele, Stanley e Dawn acompanharam Vivian de longe nas costas do Torterra enquanto a garota se divertia no carrinho como se estivesse em um parque de diversões. Ela fotografou tudo que tinha direito, desde o vulcão inativo distante até uma horda de Charmanders que começou a segui-los atraídos pelos cabelos ruivos de Vivian — deviam imaginar que ela fosse sua mãe. Três pequenos Vulpix também se divertiam correndo ao redor, nunca antes tinham visto nada tão grande quanto Drinian. Um casal de Ninetales observava os filhotes de longe, deixando-os brincar a tarde toda na companhia dos humanos.
Eles subiram no alto da montanha até o ponto em que ela descia e terminava na floresta onde o rio se formava. Dawn contou-lhes que a fauna ali era ainda mais única e excêntrica, Drinian continuou a caminhada sem reclamar, era um Pokémon forte e orgulhava-se de levar seu treinador aonde ele pedisse. Vivian quase se perdeu com a fofura dos Bulbasaur que se escondiam em troncos de árvore caídos e Stanley precisou ouvir piadas de como ele e os Slowpoke eram criaturas parecidas.
Na travessia do rio, Dawn localizou um Porygon que se camuflava com apenas a ponta do nariz para fora e o corpo coberto de lodo.
— Fiz descobertas incríveis com os Porygon nessa ilha — disse a pesquisadora. — Levantei uma tese de como esse Pokémon artificial criado pelo ser humano não precisa viver em cidades grandes para se ambientar. Nos tempos em que o Profº Carvalho estava na ilha, pesquisadores trouxeram diversos espécimes de Pokémon para ver como eles se acostumavam, e os Porygon foram um deles. Apesar de não se reproduzirem, os três exemplares se misturaram bem ao cenário, adaptando o corpo ao ambiente.
De tanto tagarelar a respeito do ecossistema e as maravilhas da Ilha Pokémon, Dawn adormeceu o caminho todo de volta na rede nas costas do Torterra. O ZERO-ONE deslizava devagar pelos trilhos da mesma praia em que Vivian e Stanley haviam pousado um dia antes, passava das seis e meia da tarde e o céu estava coberto por um tom alaranjado com a família de Lapras deslizando distantes.
Vivian ergueu a câmera de seu celular — sobrava apenas 17% e duas cargas de seus carregadores portáteis.
— Você sabe que fotografar essa cena nunca vai se igualar ao momento em que vivemos, não é? — ela ouviu Stanley perguntar.
Vivian abaixou os braços e refletiu. Em toda sua vida, nunca presenciara uma visão tão linda, e por que estava desperdiçando aquele momento tentando prendê-lo em uma tela? Queria lembrar-se dele para apreciá-lo quem sabe anos mais tarde quando estivesse casada e com filhas, mas percebeu que também precisava vivê-lo e compartilhá-lo com quem realmente importava.
Ela se levantou do automóvel e fez menção para que Stanley se aproximasse.
— Vem, pode pular — disse Vivian com os braços estendidos. — Sei que você prefere estar com os dois pés no chão, mas eu não vou te deixar cair.
O rapaz saltou de seu Torterra e segurou-se nela, o coração ofegando.
— Tem espaço para nós dois? — perguntou.
— Não, mas a gente se espreme um pouquinho.
— Você pode sentar no meu colo, se quiser.
Stanley acomodou-se primeiro, dando espaço para Vivian ficar confortável. Ela relaxou o corpo e descansou a cabeça no ombro dele, os braços de seu namorado se entrelaçaram em sua barriga, podia sentir o aroma doce dela feito mel, mesmo que não estivesse usando nenhum perfume; foi beijando sua nuca e subiu até as bochechas onde encontrou seus lábios que se grudaram como polos opostos.
— Tá confortável? — perguntou Stan.
— Tô — Vivian respondeu num momento raro em que estava corada. Ela podia ter seu jeito meio moleque, gostava de sentar-se de pernas abertas e falar gírias feito um garoto, mas só Stanley conhecia aquele lado tão sincero e casual que o fez apaixonar-se por ela. — Se eu começar a ficar excitada é culpa sua.
Stanley sorriu encabulado, mas nunca estragaria aquele momento para dizer que suas pernas estavam dormentes devido ao peso dela.


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  1. Senhor Canas! Você virou um rei da comédia! Eu ri praticamente o tempo todo! eu fiquei com dor nos músculos da barriga de tanto rir! Que incrível! Tantas referencias para entender!

    E quando precisou ser intimista e sensível, um cristal tocou no meu kokoro e eu derramei uma ou duas lagrimas aqui.

    Não esperava ver a Dawn, fico feliz que ela tenha conseguido ingressar na UNISYNO e estar quase formando, e estar estagiando. TAMO JUNTO DAWN!

    ESTOU ANSIOSO PARA O PRÓXIMO CAPITULO SENHOR CANAS! ME EMOCIONE MAIS! E EU QUERO MAIS DESSA VIVIAN MARAVILHOSA! SÓ VEM ADN!

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    1. E pensar que quem vasculhar o FormSinnoh vai ver que eu dizia odiar comédia kkkkkkk Pior que essas referências surgiram de conversas aleatórias com vocês no Discord, vocês são foda ♥ Fui só escrevendo o que deu vontade e fiquei surpreso com a forma como ficou natural e divertido de se trabalhar um capítulo que brinque até com a própria história, é quebra da quarta parede para todo lado kkkkkkkk Qualquer hora faço um post com todas referências e easter eggs do Aventuras no Desconhecido pra deixar marcado.

      Fico feliz também de ver como a Dawn se tornou muito mais palpável e que você se identificou, ela está tentando agir como adulta, mas ainda enxergamos aquela garota que saiu em jornada há tanto tempo. E o fato da Dawn nunca ter se empenhado em se provar pesquisadora foi uma sacada que nem sei de onde surgiu, nem nos últimos 100 capítulos eu me senti tão conectado a ela, é ótimo ter dado essa chance para uma personagem que merecia atenção.

      Acho que eu costumo gostar mais das comédias quando elas sabem acrescentar algo no fim, não sou chegado naquelas programas que só tentam fazer graça. Inclusive, é uma ótima sacada investir numa personagem divertida como a Vivian e acabar indo para um tom mais sério, é tipo um filme de drama com o Adam Sandler, tem um que acho muito foda. O último capítulo não vai demorar para sair, aposto que vocês vão curtir o desfecho para esse trama da Vivian e suas desventuras atrás de nada! hahae

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  2. Resolveu tirar esse capítulo pra dar patada e fazer piadinha com os outros, safado? Pois fique sabendo que sem aquele Torchic distribuindo Leer pra geral você não teria uma lembrança tão boa da AEH antiga. Ah, tem aquela do Rayquaza também, então esquece.

    Cara, tantas referências nesse capítulo que não tem nem como falar de todas, senão o comentário fica maior que o próprio capítulo! Mas você tem conseguido trazer esse clima de nostalgia com sucesso! Dá pra sentir totalmente a sensação de estar ainda em 2011, lendo AES durante a tarde, na época em que a gente só achava que tinha preocupações, mas na verdade era bem tranquila a vida.

    E mais uma vez a gente consegue ver uma evolução na Dawn como personagem. Fico feliz de vê-la evoluindo agora após o fim da história, mostra que ela seguiu em frente e conseguiu encontrar um foco para seu futuro. Ela retomou o sonho de ser pesquisadora (que a Vivian estava certa, ninguém lembrava disso kkkk) e acredito que ela tem potencial para ser das grandes. Pelo menos você conseguiu passar a impressão de que esse potencial é verdadeiro, e não apenas conversa fiada dela.

    E nem tem o que falar sobre o desenvolvimento dessa relação entre a Vivian e o Stanley. Eu já devo ter dito isso, ou não, sei lá, mas na AES a gente só via a superfície desse relacionamento. Agora estamos realmente descobrindo o que há entre esses dois. Realmente uma aventura no desconhecido kkkkkk

    Mais um excelente capítulo, como sempre. Já estou esperando o próximo!

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    1. Torchic usando Leer está eternizado em memes e conversas aleatórias, por mais que a antiga Hoenn esteja imersa no mar do esquecimento, ELE SOBREVIVEU! Chega uma época na vida que tá tudo tão na merda que você só aceita o que vier e faz piada disso, é tipo a tirinha da casa pegando fogo com o cachorrinho amarelo lá dentro que diz: Tá tudo ótimo. Nós somos o dog na vida kkk

      Pô, saudades de voltar sexta feira da escola só pra ler Sinnoh numa época que minha maior preocupação era tirar 6 na prova de química e física... É incrível como a Aliança tem esse poder de nos transportar para essa época, temos uma máquina do tempo e não sabíamos. E eu achando que me livrar de Sinnoh me faria crescer, que eu precisava continuar evoluindo, sendo que na verdade eu nunca devia ter dado as costas para uma história que foi tão especial para mim. Obrigado por me fazer olhar para trás e lembrar tudo disso cara.

      A Dawn foi uma agradável surpresa, eu não trabalhava com ela na época porque eu não sabia como. Levei 5 anos escrevendo no escuro, e então, num capítulo especial totalmente aleatório, encontrei a resposta. Sinto que ela continuará progredindo mesmo offscreen, se eu continuar trazendo novidades para Sinnoh eu com certeza quero mostrar mais do progresso dela como pesquisadora e suas descobertas.

      Estou aprendendo muita coisa com o Aventuras no Desconhecido, o casal Vivian e Stanley também cresceu demais, e acho que cheguei a comentar como eles eram os que eu menos gostava (eu curtia até mais a Clarisse com o Lúcio do que eles kkkk), no fim das contas, eu só precisava dar um tempinho para mostrar o cotidiano deles para perceber que os dois sempre tiveram muita química, o Stan como ele cara mais na dele e a Vivi como a garota espontânea cheia de energia que arrasta o namorado gamer pra viver umas aventuras doidas kkkk É, mano, me diverti demais escrevendo isso tudo... Foram 50 páginas que passaram como se fossem 10, eu apenas me deixei levar e as palavras tomaram forma que nem magia.

      E sabe o que magia me lembra? Oooooohm, Wingardium leviosaaaaaaa kkkkkkk

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  3. Canas, foi tanta referência que eu já não tava aguentando... Mano, a melhor de todas foi a do Leviosaaaa~~~. Foda.

    Mas bem, você fez algo como eu pedi pra tu, que foi a parte ali no comecinho sobre a higiene dos personagens, que traz além de um aspecto casual, um aspecto de aprendizado pra qualquer um que pense na utilidade delas. Ok, deixando essa boiação de lado, posso dizer que amei o capítulo. E devo confessar, ver a Dawn ali eu não esperava. Sério, por você ter mencionado o Luke e o Lukas no começo do capítulo, eu achei que um deles ia aparecer. A Dawn foi muito inesperada. E eu até gostei Bastante disso.

    Eu vou finalizar aqui o comentário dizendo que, entre referências e tiradas cômicas, você trouxe além de um capítulo bem escrito, um capítulo nostálgico.

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    1. Vivian e Stanley foram basicamente um resumo de todas as nossas madrugadas de loucura no Discord kkkk Pô cara, eu sempre me preocupei com essa questão da higiene dos personagens! Como eles dormem, do que se alimentam, mas é exatamente como a Vivian comentou, isso acaba ficando meio irrelevante para a trama. Vez ou outra eu gosto de trabalhar isso, e é possível encontrar diversas cenas no comecinho da Saga Pérola onde eu demonstro bastante como os personagens estão se virando em seus primeiros dias no mato, mas conforme fui chegando ao final isso desapareceu por completo. Adoro iniciar umas conversas onde os personagens parecem saber que são personagens kkk Altas viagens.

      Luke e Lukas de novo?? Eita, nem eu saberia explicar o que eles estariam fazendo nessa ilha, mas a Dawn coube como uma luva kkkkkkk Vou deixar os gêmeos descansarem um pouco e começar uma nova fic com 100 capítulos das Aventuras de Dawn Pesquisadora em busca do emprego encantado. Sucesso na certa hahae Valeu cara, fico muito feliz que estejam curtindo esse especial. Por mais aleatório que ele pareça, ainda é um reencontro muito especial com esses personagens onde estou revivendo e redescobrindo muito do que me fazia amar escrever essa história. Grande abraço!

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  4. Uma das coisas que mais to curtindo por esses capítulos é a tranquilidade de acompanhar tudo. Apesar de não ter jogado o Pokémon Snap, você trouxe descrições super incríveis de imaginar – e que bom que tinha algumas das referências nas Notas, isso deu ainda mais beleza pra quem não conhecia. Foi muito importante aquele trechinho sobre um autor descrever cenas cotidianas... Acredito que você veio aqui escrever esse especial porque queria, e o fez porque te foi prazeroso! Não que Sinnoh antes não fosse, mas depois de concluir, não havia mais um compromisso, sabe? Tudo que vem depois, por isso, sinto muito como uma visita nostálgica e tranquila com o melhor do que ainda nos faz amar esse blog muitos anos depois: as imagens de um mundo Pokémon maravilhoso a se desbravar, as criaturas fantásticas, e os bons momentos entre amigos com os personagens.

    Isso também diz muito sobre a gente, sabe... Sinto que os leitores que ainda estão aqui, que acompanham esses capítulos também o fazem porque gostam disso, porque tem essa saudade e também se sentem assim. Agora não existe mais aquele compromisso marcado na sexta-feira, mas uma visita casual na esperança de encontrar alguma coisinha em nome dos “velhos tempos”. Por isso tenho achado tão especial cada parte, me soa menos como uma despedida, mais como uma oportunidade de relembrar tudo que mais amamos por aqui!

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    1. Como já cheguei a comentar no último comentário, Pokémon Snap é um dos meus jogos da vida! Com 6 anos não tem muita coisa que se seja bom, mas aqui estava algo que eu zerava, apagava e finalizava de novo até decorar onde cada Pokémon estava escondido. Se eu pudesse eu teria estendido para uns 7 ou 8 capítulos que são a duração total de fases, só mostrando esse cotidiano que tanto adoro. Mas estou contente com o resultado, acho que aprendi a ir mais direto ao assunto depois de escrever tanto filler em Sinnoh kkkkkkkkk

      Cara, é louco como temos uma história com cada pessoa que comenta aqui, né? Imagina só virar famoso e de repente começar a receber milhares de cartas e comentários de todas as partes e não poder dar atenção a todos? O que eu mais amo é essa parte, esse entrosamento, lembro de cada um com tanto carinho! Acho que até hoje tem só um leitor que eu sinto que não tive a chance de me despedir, que é o Archie, aquele cara do avatar de Groundon... Ele foi uma das primeiras pessoas que me apoiaram a publicar um livro juvenil, isso láááá em 2011 talvez quando eu nem pensava em Matéria. Queria muito ter presenteado ele com um exemplar, mas vou deixar isso nas mãos do destino, por que ele sempre sabe o que faz, não? ;) (Depois da história do carimbo tem como não acreditar em destino? kkkkkkkk)

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