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- Vista's Time Machine - Episode 5: [Im]Perfect World
Posted by : CanasOminous
Jan 3, 2015
Support Conversation (Vista x iDie)
Gênero: Amizade, Ação, Drama;
Tema: Em uma de suas viagens temporais, Vista modifica seu passado por uma decisão tola, de tal maneira que, pela primeira vez, ele sente que nunca deveria ter construído a Máquina do Tempo;
Simplesmente não
aguentava mais aquela vida. Estava farto da mesma rotina de sempre; dos amigos
chatos o importunando, das visitas indesejadas que atrapalhavam seu trabalho.
Quando queria ter um tempo só para si ou concentrar-se em seus afazeres, era surpreendido
por uma mulher quase nua correndo atrás de um garoto só de toalha pela sala,
molhando equipamentos, encharcando o chão, fazendo barulho e quebrando coisas.
Estava chegando a um nível insuportável.
— Marquiiiiinho! Você prometeu que iria
tomar banho comigo se eu ganhasse no stripper pôquer, e já estou quase sem
peças para serem tiradas, mas a vitória foi minha!!
— Eu nunca disse que concordaria com
isso! — O Mothim gritou, e em uma de suas tentativas frustradas de escapar, for
surpreendido por um homem másculo que surgiu logo na virada do corredor. De
peito definido e braços fortes, ele o agarrou o garoto de surpresa e o
arremessou no sofá.
— Peguei ele, fofa — respondeu Mozilla,
contente com sua conquista.
A moça até estalou os dedos e lambeu os
beiços.
— Perfeito. Agora leve-o para a banheira
e encha de bolhas que eu cuido do resto.
— Hah! Como se eu fosse deixar o prêmio
inteiro para você — Mozilla respondeu com um ar esnobe, passando uma das mãos no
cabelo de Marco. — Eu fiquei em terceiro lugar, então tenho direito de, pelo
menos, um pequeno percentual.
— Só tinham três jogadores, querido —
Wiki respondeu, já carregando Marco amarrado em suas costas em direção do
banheiro.
A mulher nem se ligou quando chutou um
emaranhado de fios num canto, dando três pulinhos desengonçados, mas
conseguindo equilibrar-se. Uma fumaça negra começou a pairar no ar, e ela
provavelmente vinha de onde Vista estava trabalhando.
— Credo, que cheiro horrível é esse? Tá
pensando demais aí, Vista?
O Metagross deixou uma de suas ferramentas
cair. Mais um de seus produtos arruinados quando, sem se dar conta, Wiki
tropeçara na tomada. A chave de fenda tiniu no chão. O ciborgue levantou-se sem
dizer mais nada e explodiu umas das paredes, deixando o lugar com a cabeça
prestes a explodir. Marco se assustou com a cena, mas Wiki e Mozilla deram
muita importância.
— Ihh, acho que pegamos pesado com a
bagunça dessa vez... — disse Marco de mãos amarradas, preso nas costas de Wiki.
— Não esquenta — respondeu a mulher. —
Daqui a pouco ele volta, esse monstrão de metal simplesmente não conseguiria
viver sem a gente, somos a vida dele!
Marco soltou um longo suspiro.
— Às vezes penso se ele não estaria se
virando bem melhor sem a gente...
Vista pisava com os pés firmes no chão.
Não encontrava harmonia alguma naquela guilda, parecia que todas as pessoas ao
seu redor só queriam abusar de sua boa vontade. Sentia falta das batalhas, das
guerras que participava quando ainda fazia parte da guilda Mithril, comandada
por iDie, o Pokémon Metálico mais poderoso de Sinnoh até então (antes da
chegada de Vista, pelo menos, ou assim ele considerava).
Enquanto tentava caminhar e tranquilizar
sua mente nos campos pacíficos dentro dos limites da guilda, foi surpreendido
por um tiro bem no meio de sua testa. A Life Orb que carregava encrustada em
seu elmo de ferro estourou, caindo aos pedaços no chão.
— Era uma peça de colecionador... —
grunhiu o Metagross.
Viu ao longe Mikau correndo e gabando-se por
sua proeza de acertar-lhe um tiro bem no meio da testa. Pelo menos continuava
vivo. A paciência de Vista estava no limite. Sempre que tentava encontrar paz,
deparava-se com algo ainda mais irritante. Primeiro, Eva e Tom Sawyer
aproveitavam a tarde de sol para se divertirem na colina quando derrubaram uma
enorme pedra que arrastou-se montanha abaixo exatamente onde Vista estivera
sentado. A queda foi brusca. Segundo, Lyndis e Karl jogavam bola e
acidentalmente a Infernape acertou uma bolada bem na cabeça do ciborgue. Depois
eles ainda saíram correndo com medo de pedirem desculpas. O dia seguiu maçante
com situações semelhantes àquelas.
Corroendo-se por dentro e prestes a
explodir tudo, literalmente, sua paciência já limitada alcançou o auge quando Aerus
e Watt apareceram correndo por ali e o esquilo não viu por onde andava. Acabou
trombando com o guerreiro de metal que lhe lançou um olhar sinistro por baixo
de sua capa.
— Ouch... F-foi mal, senhor Vista! É que
estou com muita pressa, preciso de ajuda!
— Suma daqui antes que seja tarde,
esquilo — respondeu Vista.
— Espera, o tio máquina de guerra pode
ser perfeito para nos ajudar! — disse Aerus, contente. — É o seguinte,
parceiro, eu e o meu maninho saímos numa viagem hoje pela manhã quando
encontramos um objeto esquisito abandonado.
Watt o interrompeu, eufórico.
— Tecnicamente, um TM 64. Só não me
pergunte como!
— Pois bem — continuou Aerus. — E tu deve
conhecer melhor do que ninguém qual TM é esse. EXPLOSION! Quando trouxemos a
tal coisa para a guilda, eu ativei algum mecanismo estranho e somente então
descobri do que se tratava.
— Senhor Vista, achamos que ele vai
explodir a qualquer momento — continuou o pobre Watt, desesperado. — Não para
de apitar.
— Cara, nós estamos tentando descobrir
como desativar essa coisa há horas, antes que ela destrua a guilda inteira!
— Não é problema meu — respondeu Vista,
indiferente, preparando-se para ir embora.
— Graças à Arceus temos um bom engenheiro
na guilda, ou mecânico, ou programador, seja lá o que você faz! — respondeu
Aerus, contente. — Por favor, só dá essa ajudinha para os irmãos, coisa rápida!
— No — Vista respondeu com certa calma,
diferente dos “NOOO!” que ele costumava responder quando estava realmente
irritado. — Estou meio cansado, não tenho tempo para ficar resolvendo probleminhas
irrelevantes como esse.
Percebendo que suas tentativas haviam
sido em vão, Aerus apontou em sua direção e exclamou:
— Caramba, e o que você faz nessa guilda,
afinal de contas?
Vista parou de andar.
Watt percebera que teria sido melhor que Aerus
nunca tivesse dito aquilo. Teve medo de que uma batalha começasse ali no mesmo
instante. O imenso Metagross voltou e caminhou em direção dos dois, intimidando
os líderes da Fire Tales só com um olhar, chegando tão perto de encará-los no
rosto só para dizer:
— I should never have accepted
entering this guild.
Ele então virou e partiu, sem esperar
para ver a reação do Garchomp à uma ofensa tão grande quanto aquela. Pensou em
voltar para seu laboratório, onde sabia que teria paz, mas lembrou-se que Wiki,
Marco e Mozilla provavelmente deveriam estar continuando a festa maluca deles em
sua ausência.
Vista ausentou-se por várias horas, vagou
além dos limites da Fire Tales, enfrentou alguns bandidos desprezíveis e gastou
todo o tempo que fosse necessário antes de voltar para a casa, e nem mesmo
aquilo o havia acalmado. Sua mente continuava aflita e perturbada, só conseguia
pensar que sua vida andava de mal a pior.
A noite caiu, e ele abriu a porta com
cuidado. O silêncio finalmente prevalecia. Não havia sinal de seus amigos.
Caminhou até a máquina que estivera fazendo alguns reparos e a encarou com
atenção. Se realmente quisesse, poderia acabar com tudo aquilo antes mesmo de
começar, seria uma melhora e tanto. A Máquina do Tempo que nunca deveria ter
sido criada. Parou logo em frente ao enorme equipamento, encarando-o no escuro,
quando um ouviu um gemido baixo vindo do sofá, o que logo o enfureceu ao pensar
tratar-se de algo desrespeitoso.
— Damn,
Wiki! Vocês não conseguem me deixar em paz nem por um instante?!
Porém, ao olhar com mais atenção, viu que
Wiki apenas dormia ali tranquilamente, vestindo só as roupas de baixo, toda
encolhida de frio por conta do cobertor que estava derramado no chão.
Aparentemente, ela estava tendo uma noite conturbada.
— V-Vista... — murmurou enquanto dormia. —
Vista, não...
Será que estava tendo algum pesadelo com
ele? O que quer que aquele sonho significasse, certamente a amedrontava, como
uma menina que anda sozinha no escuro.
— Vista... Vista... — Wiki repetia, e seu
rosto começava suar a ponto de que algumas lágrimas rolassem mesmo com os olhos
fechados.
O Metagross soltou um longo suspiro.
— Talvez sua vida fosse muito melhor se
eu nem existisse, não é? — Vista murmurou em silêncio, sem a intenção de que
ela ouvisse.
Voltou a atenção para sua máquina do
tempo, e por fim decidiu. Iria embora dali para nunca mais voltar. Adeus Fire
Tales, adeus aos mesmos amigos de sempre. Adeus Marco, Mozilla, e adeus a uma
belíssima Wiki dormindo só com as roupas de baixo no sofá. Todas aquelas cenas
que um dia tanto prezara viveria apenas em suas memórias, e estava disposto a
aceitar o que o destino lhe reservava em qualquer universo alternativo que
encontrasse para habitar.
O ciborgue entrou em sua máquina do tempo
que iniciou-se e fez um clarão, começando uma onda de sons e barulho. Wiki era
conhecida por ter o sono pesado e ainda demorou para acordar e perceber o que
acontecia. Lentamente ela abriu um dos olhos e viu que seu amigo Vista estava
na máquina do tempo que ele mesmo reconstruíra, para o que viria a ser sua
última vez.
— Leve-me para uma vida onde eu jamais
entrei nessa guilda ou conheci essa gente. Vai ser melhor para mim — fez-se um
intervalo —, vai ser melhor para eles.
Uma onda se formou, e tudo ao seu redor
girou antes que se apagasse.
As viagens no tempo costumavam afetar
muito os humanos e até causar danos irreparáveis, mas Vista já fizera tanto
daquilo que já estava acostumado, e podia muito bem reparar os danos em seus
sistemas com enorme facilidade. Algumas vezes pareciam durar eternidades, e em
outras, apenas alguns segundos rápidos, como o piscar de olhos, ignorando toda
a física e ciência moderna. Não sabia se morria e voltava à vida nesse curto
intervalo de tempo, mas viajar no tempo já era como perambular pelas páginas de
um livro que pode ser aberto em qualquer hora e qualquer página que desejasse.
E isso o tornava o leitor da obra.
Mas havia um pequeno problema... Odiava
quando vinha parar naquele lugar — o Nada. Só ia parar ali quando algo
realmente ruim ocorria após uma
viagem no tempo que afetaria até mesmo o universo e, para isso, uma pequena
intervenção divina era comumente necessária.
Paula não estava com uma das melhores
expressões. As mãos estavam entrelaçadas, apoiadas sobre uma mesa redonda
gerada por energia cósmica com apenas duas cadeiras, uma em cada ponta. Vista
sentou-se meio desengonçado à espera do que a deusa do espaço teria a contar
para ele depois de mais uma desastrosa viagem no tempo. Se Dialga não fosse
irmão de Palkia e tivesse fortes afinidades com o pessoal da Fire Tales, ela
provavelmente já teria feito Vista vaporizar do universo pelas constantes quebras
que ele causava em todas as dimensões existentes.
— Quero ouvir de sua própria boca — começou
Paula. — De onde surgiu essa ideia ridícula de viajar no tempo para fingir que
nunca entrou na Fire Tales.
Vista deu de ombros, meio indisposto a
explicar.
— I
dunno. I guess I’m tired of them
— respondeu na maior sinceridade.
— Como você é rude...
A deusa piscou vagarosamente, e dessa vez
demonstrou um raro sorriso para a ocasião.
— Você vai adorar ver o que causou.
— O que houve dessa vez? Alguma explosão
cósmica? Algum defeito complexo na teoria da física ou interrupção temporal por
conta do encontro de ambas as minhas versões do passado e do futuro em uma
mesma linha temporal? Não tenho sido tão fácil de se surpreender depois de
tantas viagens.
— Veja por si só, meu querido.
No centro da mesa redonda do vazio, uma
imagem se formou, como um espelho que a tudo revelava. Paula mostrou a guilda
dos Fire Tales, exatamente como sempre fora. Não havia nenhuma mudança, nem
mesmo uma pedra fora do lugar. Pôde ver muitos membros lá, estavam todos
contentes, treinando, levando a vida como sempre levaram, absolutamente sem
nenhuma mudança significativa.
— Está querendo dizer que minha presença
na guilda é irrelevante? — vociferou o ciborgue, irritadíssimo.
— Continue olhando.
Mais acima na colina, havia um
laboratório, coincidentemente no mesmo lugar onde ele próprio construíra o seu,
mas a diferença era na construção que havia se tornado um pouco mais moderna e
arranjada. Vista continuou olhando a imagem ilusória com atenção. Uma porta se
abriu, e dali de dentro Wiki surgiu mais linda e radiante do que jamais vira.
Lembrava-se de como adorava ver aquela mulher sorrir, mas nunca antes a havia
visto daquela maneira. Na sequência viu Mozilla carregar Marco no colo enquanto
os dois davam muitas risadas e se divertiam, pareciam ser os mesmos de sempre,
só que mais felizes.
Seus olhos se arregalaram quando ele viu
uma quarta presença surgir. Ali estava iDie, seu rival e maior inimigo num
passado muito distante.
— NO.
NO. NOOOO!! — Vista gritou com todas as suas forças, incrédulo. — What’s this? Por que esse monstro está
na guilda deles, como isso aconteceu?!!
— Você desejou que nunca tivesse entrado
na Fire Tales, e seu desejo foi coincidido em sua viagem no tempo, mas o
universo fez seu trabalho ao colocar outra pessoa em seu lugar, com as mesmas
capacidades, se não superiores — contou Paula com um sorriso de certa forma
sarcástico, como se percebesse que finalmente o feitiço voltara contra o
feiticeiro. — Não vê como eles estão felizes agora?
Como isso era possível? Como os amigos
que mais prezava nessa vida agora estavam andando com a pessoa que mais odiava,
e para piorar, como eles pareciam felizes! Viu Wiki segurar em uma das mãos de
iDie e leva-lo adiante, linda e radiante como sempre. Quando foi a última vez
que ela o tocara daquela maneira, mesmo que inconscientemente?
— Venha logo, iDie! Vamos apresentar essa
ideia para o pessoal da guilda! — gritou a moça contente, sendo seguida pelos
outros três.
— Acalme-se, senhorita Wiki, não vamos
querer vê-la espatifar-se no chão com todo esse entusiasmo, right? — sorriu iDie com alguma estranha
habilidade de prever o futuro, uma vez que Wiki tropeçaria nos próprios pés e
por pouco não saiu rolando colina abaixo, se não fosse interceptada por mãos
ágeis que lhe deram apoio.
iDie a segurou com carinho, sem malícia
ou maldade, com o simples intuito de realmente vê-la bem e segura. Se a situação
fosse com Vista, ele provavelmente a teria deixado se esborrachar no chão e
depois rido dela enquanto Marco corria desesperado para socorrê-la. De qualquer
maneira, no final Vista teria ficado para cuidar dos ferimentos dela a sós,
como adorava fazer. Não era por maldade, simplesmente gostava das coisas assim.
Na realidade, percebeu que adorava quando tudo era assim.
E ver tudo que acontecia parecer longe e
inalcançável o incomodou mais do que uma faca que vai entrando aos poucos em
seu coração.
— Obrigada, você é um amor — disse Wiki,
com um carinho sobrenatural. A mulher ainda segurou no elmo de ferro de iDie e
deu-lhe um beijo gentil no rosto, berrando na sequência: — Já que está me
segurando, quebra um galho e me leva assim pra base! Já cansei de andar.
— Absolutely
— concordou iDie num gesto gentil e colocando-a em seus ombros, como se ela
fosse sua filha e pilota. Wiki estava alta e imponente, sentia o vento soprar
em seu rosto. Tinha sob os pés um tanque de guerra que lhe dava mais segurança
que nenhuma outra máquina poderia, um guerreiro de metal para chamar só de seu.
Vista teria adorado jogá-la no chão e
gritado: Not my problem! Mas não teve
essa oportunidade
Aquilo estava ficando cada vez pior.
As imagens continuaram. Ao chegar nos
limites da guilda, todos receberam o grande iDie como um verdadeiro líder. As
crianças o rodeavam, Lyndis chutara uma bola em sua direção que fora agarrada
com perícia, e depois lançada para muito longe de propósito (bem, pelo menos
nisso eles concordavam que fora divertido). Aerus, o grande líder, o recebera
de braços abertos.
— Diga aí, Máquina de Guerra! O que faz
por aqui num dia desses? Nós sentimos a sua falta!
— Desenvolvi um novo mecanismo capaz de
aumentar o ataque físico de todos os guerreiros com essa prioridade, o Choice Band. E para os outros não
ficarem de fora, criei também o Choice
Specs para os guerreiros com Sp.
Attack — explicou iDie.
— Isso é incrível — admitiu General,
impressionado com a capacidade de criação do Metagross. — Vai nos auxiliar
muito na guerra contra os Remarkable Five!
— Poxa, eu queria usar esses óculos
maneiros, mas eles são só para Sp. Attack! — afirmou Aerus, referindo-se ao Choice Specs. — Eles ficam tão legais em
mim, nunca tentei usar algo nesse estilão. Agora irei substituir meus óculos
escuros por um par de óculos coloridos em tons de vermelho e amarelo. STYLE.
— All
right — iDie respondeu com dedicação. — Preciso continuar minhas criações
antes que a data das batalhas chegue, mas até lá, quero que sintam-se livres
para visitar-nos no laboratório para ver como as coisas andam. Podemos dar uma
festa, vamos sair juntos e festejar, pois uma mente vazia também é oficina de
Darkrai. Let’s keep our minds clean!
Todos os membros da Fire Tales
concordaram em uníssono, erguendo as mãos juntas, ansiosos por uma batalha onde
tinham a certeza da vitória. Todos continuavam fortes e confiantes como nunca,
a diferença é que agora tinham alguém para incentivá-los ainda mais ao invés de
simplesmente reclamar o dia inteiro.
A imagem se desfez, e dessa vez Vista encontrou-se
num lugar diferente. Paula não estava mais em lugar algum. Ao seu redor havia
um cenário desolado, tecnológico, diversos equipamentos impressionantes que iam
muito além do que sua imaginação e criatividade teria condições de criar.
Porém, era uma visão triste e abandonada. Ele estava no centro de tudo, era
como o dono supremo de todas aquelas invenções.
— Pelo visto teve tempo o suficiente para
fazer com que suas maiores ambições se tornassem reais, não é mesmo, old friend?
Vista cerrou os punhos ao reconhecer
aquela voz. Viu que iDie estava no lado oposto do campo, e dessa vez não era
nenhuma ilusão ou imagem de sua mente, ele era muito real. Estava armado dos
pés ao pescoço, suas maquinações eram incríveis e refinadas, diria até belas,
tinham um design que não caberia a sua mente criar. Nunca pensou que seu rival
teria tanto tempo para aperfeiçoar-se daquela maneira, principalmente com as
obrigações que tinha na Liga.
— Estive aguardando este nosso encontro —
disse Vista num estado de frenesi incontido. — Você roubou tudo que eu tinha!
— Digo o mesmo — iDie concordou. — Mas
não permitirei que você roube o bem mais precioso que encontrei nesta nova
vida: My friends, my guild, my Family.
Perto de onde seu rival estava, Vista aos
poucos percebeu que Wiki, Mozilla e Marco estavam todos ali, gritando bem alto.
Até mesmo Aerus e Watt estavam juntos, os membros da Fire Tales cantavam pela
vitória de seu amigo, mas Vista notou que algo estava errado... Por que não
diziam o nome dele?
— Vamos lá, iDie, detona esse cara! —
gritou Aerus.
— Falta muito pouco, nós confiamos em você,
não desista, não tenha medo dele! — continuou Marco, e ver seu pequeno pupilo
gritar pelo inimigo só não o feriu tanto quanto o que veio a seguir.
— iDie, destrua esse monstro, e vamos
voltar para casa!
Wiki. A sua Wiki havia dito aquilo? E o
monstro era ele? Não, aquilo não
poderia estar acontecendo... Somente agora as palavras de Paula fizeram
sentido. Quando viajou no tempo, o universo encarregou-se de inverter os papéis.
iDie tornara-se membro efetivo da Fire Tales, era bondoso e criativo, mudara a
guilda para melhor e ajudara a todos com suas ideias revolucionárias. E quanto
à Vista, caíra no mesmo campo que iDie ocupava em seu próprio universo, um
caminho triste e solitário, mas supremo.
Vista, o Pokémon Metálico mais poderoso
do mundo. Adorava a maneira como aquilo soaria quando finalmente alcançasse se
objetivo. O imperador da tecnologia. A encarnação do mal e o último desafio que
se estendia entre seus amigos e a vitória na Liga Pokémon. Era tudo que
gostaria de ter ouvido, mas não daquela maneira.
— No,
no... Isso não está acontecendo — murmurou Vista, recuando devagar.
iDie avançou com velocidade, atirando com
suas balas projetadas para nunca errarem o alvo e certificando-se de ferir seu
oponente com toda a convicção que sentia em seu coração. Por mais que Vista
também estivesse furioso, sentia-se mais machucado por dentro do que
enfurecido. Sentia-se arrependido, na verdade. Não se lembrava da última vez
que sentiu vontade de desculpar-se com todos e pedir por uma segunda chance,
mas aquilo de nada adiantaria. Eles não o ouviriam.
Seu rival acertou-lhe um soco no queixo,
mas Vista revidou com um soco três vezes mais intenso do que era acostumado. O
que acontecera com seu corpo? Como estava tão poderoso? Era essa a troca de
seus amigos? A amizade pela força suprema?
— iDiE!! — A voz de Wiki foi ouvida como
um lamento.
— Fique afastada, my dear sweet
child. Eu nunca vou permitir que esse monstro machuque vocês... Esta
rivalidade é nossa, Vista. Deixe-os fora disso! — gritou iDie.
— Why
would I do that? — o ciborgue murmurou com a voz baixa, mas foi recebido
com um forte disparo de canhão. — They
are... They are my friends...
— E ainda age com ironia para cima de mim?
— iDie gritou, enfurecido. — Vista, o Andarilho Fantasma, você será destruído! Eu
vou proteger meus amigos, custe o que custar!
iDie aproximou-se o suficiente para
encostar seu canhão no peito de Vista. Ele disparou, ferindo-o mortalmente e
fazendo-o ajoelhar-se no chão.
— Eu o farei arrepender-se de todas as
suas ações em sua vida — disse-lhe iDie.
Já cansado daquela humilhação, seus olhos
arderam em chamas. Vista ergueu-se e, com um golpe inesperado, perfurou o peito
de iDie. Ele chegou bem perto e sussurrou baixo:
— Você não tem ideia de quanto tempo
esperei por isso.
O que havia acontecido? Por que dissera
aquilo? Aquelas palavras há muito guardadas saíram de uma maneira que não
planejara. Onde esperava os aplausos, viu apenas tristeza. Olhou para suas
próprias mãos, e viu ali garras mortíferas. No lugar de seu rosto, existia
apenas uma máscara de terror e medo. O que havia acontecido com ele?
— iDiE! — gritaram seus amigos. — iDiE!!
Não desista, levante-se! Derrote-o, estamos contando com você!
Wiki apoiou-se em uma das arquibancadas,
ameaçando entrar e parar a luta antes que seu amigo se ferisse, mas Aerus a
impedia. Com os olhos de vidro cheios de lágrimas, a mulher encarou bem fundo
os olhos de Vista e falou:
— Você é um monstro! Eu vou matar você! Eu te odeio mais do que tudo
nesse universo, eu te odeio!!!
Vista recuou. Seu maior sonho se
realizara, ele havia superado seu rival, iDie, mas por que não conseguia
comemorar? O que estava faltando? Levou as mãos até a cabeça e caiu de joelhos,
sussurrando baixo o profundo arrependimento em seu coração. Não esperava que
ninguém ouvisse, mas falou da mesma maneira.
— Por favor, me desculpem por tentar
arrumar minha vida que já era perfeita... Desculpe-me por ter uma vida boa, mas
exigir uma melhor — ele ergueu seu rosto, e então começou a gritar e repetir
com todas as suas forças. — I’m sorry! I’m sorry! I’m sorry!
Com a fronte baixa encostada no chão, Vista
sentiu suas lágrimas escorrerem. Pensou que elas já haviam se extinguido havia
muito tempo, desde que se tornara uma máquina, mas ficou feliz por saber que
elas ainda estavam ali. Devia mesmo ter passado tal humilhação. Queria ser mandado
embora, ridicularizado, preferia perder tudo que sempre sonhou em ter a
vivenciar aquilo.
Alguém aproximou-se. Teve medo de
levantar e encarar os olhos de Wiki decepcionados, não sabia como a encararia,
como se tudo que haviam passado jamais tivesse existido. Foi quando sentiu o
toque suave de Paula, tocando sua cabeça com a suavidade de uma divindade. A
mulher então aproximou-se como uma mãe que aninha o filho em seus braços quando
ele mais precisa, dizendo com a voz mansa:
— Brincar com a vida dos outros é
divertido, mas não é nada legal quando a vítima é você, não é? — sussurrou a
deusa. — Você viajou no tempo, tentou tornar tudo melhor, divertiu-se o
bastante para rir e ter muitas histórias para contar. Mas espero que agora você
tenha percebido que o que você tem feito foi terrível, Vista. É hora de parar.
Diante dos pés da deusa, o soldado sem
sentimentos chorava como nos dias em que entrara no exército e o obrigaram a
entrar naquela vida sem retorno. Ele não conseguia olhar nos olhos dela. A
Guardiã do Espaço brilhava em sua armadura cintilante, e o simples vislumbre de
sua força total o destruiria.
— Por favor, — ele clamou com a voz
baixa. — Me dê outra chance.
Era a primeira vez que Paula ouvira uma
frase tão sincera de Vista. “Por favor” não fazia parte de seu vocabulário,
exceto quando dizia ironicamente para que calassem a boca ou trouxessem um
refresco.
Paula agachou, segurando com as duas mãos
no rosto do ciborgue e sibilando o mesmo sorriso que fez com que um humano
normal se apaixonasse por ela. Agora estava transformada mais uma vez,
assumindo sua aparência apenas como Paula, a mulher que tanto o ajudara a consertar
suas burradas em cada viagem no tempo que fizera.
— Vá, e viva sua vida imperfeitamente
perfeita. Tenha bons sonhos, criança, e não direi para que esqueça essa
aventura, mas para que sempre lembre-se dela e torne-a um exemplo enquanto durar
sua existência.
• •
•
Ao abrir os olhos, Vista encontrou-se no
mesmo lugar de antes, seu laboratório velho e bagunçado, com calcinhas
penduradas na cadeira, salgadinhos abertos e ferramentas espalhadas por todos
os cantos. Em sua frente, estava a máquina do tempo, imóvel e inalterada. Wiki
ainda dormia no sofá.
O ciborgue arqueou uma das sobrancelhas.
No fim das contas, percebeu que ainda odiava aquele lugar. Vira tanta coisa boa
que logo sua mente começou a pipocar com tantas ideias de como melhorá-lo. Queria
começar tudo de novo, mas dessa vez ao lado de seus amigos. iDie podia muito
bem ser um sujeito mais tranquilo e organizado, mas ele jamais aprenderia a
conviver com a rotina maluca dos Fire Tales. E daquilo Vista não abriria mão.
Adorava causar algumas explosões.
Correu em direção da mulher e pegou-a na
colo dando-lhe um susto daqueles.
— Ei, que assédio é esse? Deixa eu
acordar primeiro! — gritou Wiki, espantada.
— Arrume suas coisas, andrógena. EVERYTHING IS GOING TO EXPLODE!
— Como é que é?!
Antes que Wiki pudesse fazer mais
perguntas, Vista levou-a nas costas e foi em direção do quarto onde Marco e
Mozilla também estavam, e deu-lhe um susto ainda maior por interrompê-los no
meio da madrugada.
— CARAMBA! Bate na porta antes, cara! —
resmungou Mozilla.
— Ué, o que estou fazendo aqui? Ou
melhor, COMO VIM PARAR AQUI? — gritou Marco.
Vista agarrou-os, somente com suas roupas
de baixo, pijamas, ou o que fosse que estivessem usando na hora. Saiu correndo
no meio da madrugada até se deparar com seus companheiros de guilda em volta da
fogueira no meio da noite, encarando um objeto em forma de CD enquanto General
suava na tentativa de desativá-lo.
— Vamos lá, cara, você consegue, ou vai
tudo explodir! — gritava Aerus, impaciente.
— Meu caro companheiro, entrei na Fire
Tales para lutar e comandar exércitos, e não para desarmar bombas ou lidar com
esse tipo de pressão! Nunca senti tanta dúvida entre cortar um fio vermelho ou
o verde, acho que eu cortaria a garganta de inimigos com mais facilidade... —
bradou General com as mãos trêmulas. — Mas o problema é que esta coisa não tem
fios...
Não demorou para que Vista chegasse
correndo e destruindo tudo. Ele jogou seus amigos no chão, agarrou o TM e
arremessou-a com enorme força em direção de seu velho laboratório. O aparelho
saiu deslizando pelo ar como um disco. Demorou pouco mais de alguns segundos
para que caísse suavemente no chão explodisse tudo nos limites da Fire Tales,
causando um tremendo choque até mesmo na base, mas pelo menos sem ferir
ninguém.
Todos o olharam espantados, até que Aerus
ergueu as mãos pro céu e gritou.
—
ALELUIA! Eu sabia que você estava brincando e que de última hora ia salvar a
gente, viva ao grande Vista!
Seus companheiros comemoraram juntos e o
ciborgue sorriu, contente. Wiki estava toda descabelada e vestindo apenas suas
roupas de baixo, ainda tentando entender o que havia acontecido e o motivo de
tanto alarde.
— Beleza, deixa eu entender... Então você
mandou uma bomba para a nossa casa, explodiu tudo, e agora não temos mais onde
morar — disse a mulher com a voz irônica. — Oh, meus parabéns, Vista. Você
merece o troféu de idiota do ano!
— Bem, eu estava planejando recomeçar de
qualquer maneira — contou o Metagross. — E dessa vez, sem chances de
reconstruir aquela máquina. Chega de viagens no tempo.
— Pensei que elas tivessem acabado desde
o primeiro episódio — continuou Mozilla.
— Mas ele sempre dá um jeito de
reconstruir, né — brincou Marco.
— Not today, kid. Not today.
— Vou querer ser recompensada mais tarde
com aquele seu mecanismo esquisito que cria um monte de tentáculos
cibernéticos, espero que pelo menos isso não tenha sido destruído — continuou
Wiki, indignada. — E guarde o que eu vou dizer, agora você vai ter que me
suportar um bom tempo, porque eu não vou te largar enquanto não reconstruir
tudo! EU QUERO MINHA CASA DE VOLTA.
— Not
bad.
— Mandou bem, hein, parceiro! — disse
Aerus, dando um forte soco nas costas do ciborgue, que por acidente abaixou a
cabeça e fez com que seu elmo de ferro caísse. Todos os demais membros arregalaram
os olhos. Wiki quase soltou um grito de espanto ao ver a real face de Vista.
O dragão olhou primeiro para a máscara
caída, e depois para o rosto de Vista.
— Ops.
— Qualquer um que tenha visto o que acaba
de ver, não será poupado —murmurou Vista, voltando a colocar seu elmo enquanto
lançava um olhar mortal para todos os demais membros da Fire Tales. — Fujam,
seus merdinhas, enquanto ainda dá tempo! Hah, hah. Porque eu vou pegá-los, e nunca mais vou soltar.
Cara,o fim me deixou curioso:qual é o rosto real do Vista?
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DeleteInfelizmente aqui está algo que não irei revelar para vocês, leitores! kkkkkkkkk Conversei muito com toda a equipe de Sinnoh, e no fim percebi que revelar a identidade ou a face verdadeira de Vista acabaria com toda a magia em volta do personagem.
A princípio o próximo capítulo é onde tudo aconteceria, a Capítulo 98, Parte 2. Poderíamos finalmente ver o rosto do ciborgue mecânico da guilda. Todavia, isso revelaria um lado mais "humano" dele, e o veríamos não mais como a máquina de guerra que ele é, mas como alguém... normal. É como ver o rosto dos protagonistas em Assassin's Creed, ou ver pela primeira vez um vilão temido. Ouvi alguém dizer certa vez que temos medo do que não conhecemos. Talvez por isso Voldemort fosse tão assustador no começo, ou então porque Sauron consegue ser um vilão que nem tem forma e ainda assombrar muitos.
Quando fiz alguns rabiscos sobre o rosto do Vista cheguei a imaginá-lo parecido com o Tony Stark, ou quem sabe até um garotinho pequeno nerd e de óculos? Eram muitas opções, mas preferi deixar que vocês leitores o fizessem! Então, infelizmente não mostrarei o rosto real do Vista. Mas isso com certeza seria uma ideia interessante para fanarts, não? kkk
Verdade.
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