Posted by : CanasOminous Sep 21, 2013

Queime, a Esperança
Os Fire Tales estariam recebendo uma visita especial naquele dia. Na realidade, estariam iniciando uma rotina completamente nova, o início de um treino intensivo em terras distantes, nada como o ensaios e preparamentos feitos até então. Toda a guilda se preparava para mudar de verdade, e o primeiro sacrifício a ser feito era a necessidade de dispersar-se.
Cada um de seus treinadores estariam sendo encarregados de treinarem com um integrante lendário de guildas do passado. Watt levaria consigo sua equipe de Pokémons, pois receberam a proposta de treinar ao lado de Don Corleone, pai de Al Capone e sua família de mafiosos especializados no tipo noturno. Aerus estava extremamente chateado por ter deixar seu amigo seguir seu próprio caminho e treinar ao lado dos demais membros, mas era necessário que ele fizesse para o crescimento do próprio esquilo.
E o dragão também tinha muito mais a se preocupar.
Akagi, a líder da guilda Rip Tide, estaria fazendo uma visita à base dos Fire Tales para conhecer aqueles que estariam sob seus cuidados nos próprios meses. Ela seria a responsável por acompanhá-los em seus treinos e ensinar-lhes tudo que precisassem aprender para serem tão grandiosos quanto os integrantes da guilda Legacy nos tempos antigos.
— Ainda farei aquele velhote do Ereon sentir orgulho de mim — Aerus balbuciava para si mesmo quando ouviu um de seus amigos gritar de longe:
— Galera, já posso ver a escolta da senhorita Akagi! Abram os portões! — disse Marco Polo.
Aerus e Watt deram um tempo nos preparos para a viagem e correram para o portão principal da guilda. Os demais membros também foram, até porque nenhum deles perderia a oportunidade ver alguém que já foi uma das estrelas mais lindas da geração passada, chegando a ser considerada até mesmo uma divindade para alguns Pokémons aquáticos. Por muito tempo foi conhecido simplesmente como a Imperatriz.
O movimento era grande, até mesmo mais do que os Fire Tales estavam acostumados. O som de trompetes anunciaram a chegada daquela mulher com o mesmo tratamento de alguém da realeza. Milena tentava aproximar-se da entrada principal para saber se Akagi realmente era tudo aquilo que falavam. Era impossível esconder que tinha um pouco de curiosidade, há tempos não via os demais homens da guilda tão agitados com a chegada de uma mulher desde que Wiki deu as caras.
— Dizem que ela é perversa... — comentou Glaciallis com a voz baixinha.
— Mano, tô esperando que seja tudo aquilo que contam as histórias! — Karl parecia animado. — Ouvi a galera dizer que ela era linda quando mais jovem, mas... Será que o tempo a tornou uma velha rabugenta?
— Ei, sem comparações, mocinho — respondeu Sophie esperando não ser comparada àquela figura da velha rabugenta que Karl vinha pensando.
Milena foi chegando cada vez mais perto até que pôde ver seis Kabutops altamente armados escoltando a mulher em segurança até a base. Quando conseguiu avistá-la teve a impressão de que um brilho mais forte emanou da entrada, sua visão foi ofuscada por alguns instantes, mas quando clareou e viu que ali existia apenas um ser humano mortal, não achou grande coisa. Esperava mais.

Akagi era uma Kingdra Shiny, e tudo que a fizera ser tão famosa em seu tempo certamente não havia desaparecido. Tinha o caminhar tão leve que parecia pisar sobre as nuvens e ser capaz de caminhar sobre as águas. Suas vestes brilhavam em uma tonalidade perolada e seu olhar perfurou corações de modo que poucos conseguissem suportar. Um gigante musculoso e de braços troncudos a acompanhava, era um Blastoise mal encarado de cabeça raspada que provavelmente ocupava o cargo como sub-administrador da guilda, e ninguém gostaria de arranjar confusão com ele.
Aerus foi em direção da moça e já recebeu um olhar desconfiado do gigante ao seu lado. O dragão ajoelhou-se diante de Akagi, segurou uma de suas mãos e beijou-a delicadamente num sinal de devoção e respeito.
— Obrigado por aceitar nossa proposta, minha senhora. Prometo que eu e meus companheiros juramos lealdade e daremos nosso máximo para honrar esta parceria entre nossas guildas.
Akagi dirigiu-lhe um sorriso de compaixão e afeto.
— Levante-se, querido. Sou uma mulher como qualquer outra, guarde todo este respeito para aquela que realmente mereça tudo isso — ela disse solenemente, cochichando bem baixo em seu ouvido na sequência. — Espero que saiba que é sua mãe, certo?
Aerus deu uma risadinha descontraída, e o Blastoise carrancudo ao lado da mulher, cujo nome era Megalith, apenas cruzou os braços e fechou a cara. Aerus levantou-se.
— Iremos fazer o possível para recebê-la bem em nossas terras. Só peço desculpas pela bagunça, estamos nos despedindo de nossos colegas que irão seguir com treinos ao lado de um velho conhecido seu, Don Corleone.
— Oh, o Godfather... É um pai exemplar, e sempre tem um espaço sobrando para mais um em sua família — disse Akagi. — Bem, mas não ficaremos para trás, certo? Creio que seria bom eu conhecer um pouco mais dos guerreiros que tornarei lendas nos próximos meses. Poderiam apresentar-me à estes jovens promissores?
Aerus fez um gesto honroso e guiou Akagi junto de Watt para o Salão Central da guilda. A escolta de Kabutops também foi seguindo-a junto de Megalith, e de longe agora começavam a vir outros Pokémons, soldados e serventes que estavam ali para prestar todo apoio necessário à deusa das ondas. Milena ficou parada por um tempo, observando-a distanciar-se. Por um instante achou-a até simpática, gostava de mulheres que não permitiam que o poder subisse à cabeça se auto considerado uma espécie de deusa ou algo maior. Akagi deveria ser, no mínimo, interessante.
Durante a tarde toda, Aerus, Watt e todos os demais membros da guilda fizeram o possível para que a Imperatriz se sentisse confortável em seus domínios. Milena ficou arrumando suas malas em seu dormitório, pois estaria partindo dentro de uma semana com os demais membros da equipe de seu treinador para começar sua nova rotina próximos meses. E na realidade, seria difícil ficar longe de tudo aquilo. Ter de deixar para trás as brincadeiras, uma guilda que a acolhera quando mais precisou.
— Ahh, seis meses parece muito tempo... Mas vai passar rapidinho, eu espero — ela balbuciava para si mesma enquanto testava roupas e descartava o que não era necessário.
Quando entardeceu, foi em direção da casa de banhos que já tinha suas banheiras ligadas com água quente direto de uma fonte natural. Milena despiu-se e caminhou até a beirada das banheiras naturais, colocou o indicador para ver se a água já estava numa temperatura agradável e percebeu que era uma temperatura excelente para entrar e descansar ali, podendo relaxar com todo aquele conforto.
Mas por um instante sentiu a falta de um velho amigo.
— Ohh, Mikau... Como eu gostaria de tê-lo aqui como nos velhos tempos...


Por um instante suas próprias mãos escorregavam por seu corpo, inconscientemente avaliando se suas curvas podiam ser mais belas e provocativas do que as de Akagi, a nova musa do momento. Milena soltou um suspiro e ficou no silêncio, observando o vapor sair da água estática e sem movimento algum.
A mulher fechou os olhos tentando relaxar no silêncio, até que ouviu uma voz terrivelmente grave atrás dela.
— Sensação ruim, patroa. Tô com uma sensação ruim...
Ela virou-se imediatamente tentando cobrir o seu corpo, e viu que o gigante Coffey estava de pé atrás da parede de pedras simples e mal dispostas. O negro era tão alto que conseguia ver tudo lá de cima, mesmo que não quisesse. Obviamente nem sabia direito o que estava fazendo ali, deveria apenas estar de passagem quando avistou sua amiga e decidiu parar e conversar. Milena não sentiu-se intimidada, pois sabia que de todos os membros era com ele que poderia sentir-se mais segura.
— Sensação ruim sobre o quê, Coffey?
— A guilda, o treino, o tempo que tá vindo... Muita coisa ruim vai acontecer... — ele disse com a voz entristecida, parecendo não saber muito o que dizia, ou pelo menos ter dúvida de sua própria verdade.
— ...Como sabe de tudo isso? Ou melhor, o que o levou a tal conclusão?
Milena levantou-se da banheira e cobriu-se ligeiramente com uma toalha. Correu até a porta de saída da casa de banhos, mas não viu nada nem ninguém. Pediu para que Coffey entrasse. O gigante tocou no ombro da mulher com suas mãos enormes e balbuciou assustado:
— Tô com medo, patroa. Os homens maus estão à caminho.
— Mas não tem ninguém, Coffey. Não tem ninguém aqui.
— Eles tão vindo... Tão vindo...
Fez-se o silêncio.
Milena checou tudo mais uma vez, mas não havia ninguém ali e muito menos nas redondezas. Rapidamente vestiu suas roupas e saiu na companhia de Coffey para averiguar a situação. Precisava falar com Aerus urgentemente, porque não era todo dia que um gigante como seu companheiro Rhydon ficava assustado com algo, sem contar que Coffey frequentemente tinha visões e mensagens misteriosas que nunca eram decifradas quando deveriam. Ignorá-las poderia ser o maior dos perigos.
Aerus encontrava-se no bar, e dava uma festa para receber Akagi e os demais integrantes da Rip Tide como seus convidados de honra. As bebidas de Sophie eram por conta da casa. O imenso Blastoise era cantado por Wiki, mas em momento algum mudou aquela sua cara mal humorada. Milena foi esgueirando-se entre tantos Pokémons aquáticos até encontrar Aerus que tinha uma caneca de vidro em suas mãos, rindo, falando alto e se divertindo como sempre adorava fazer.
— Aerus, preciso conversar com você.
— Opa, minha princesa! Chega mais — disse ele esticando os braços até os ombros de Milena e a envolvendo num abraço carinhoso. — Akagi, quero apresentar pra você a mulher mais linda e simpática da Fire Tales. Onde esteve, minha parceira? Essa festa só fica completa com você!
— Eu sei, eu sei... E nunca dispenso uma boa festa, obrigada pelos elogios, mas é que... — Milena parecia claramente assustada com algo, olhava para os lados a todo instante. — Não acha que deveríamos redobrar a vigilância hoje à noite?
— Vigilância? Temos o senhor Atros na vigília, e o exército da deusa da maré está do nosso lado! O que devemos temer?
— Uma virada no tempo — respondeu Milena de maneira discreta, distanciando-se de Aerus e indo para longe da festa.
A mulher chamou por Coffey que continuou a segui-la. O gigante não parava de olhar de um lado para o outro da mesma maneira, sempre desconfiado.
Ela foi caminhando lentamente pelo pátio vazio da guilda e sentou-se sobre uma banqueta de madeira, tentando observar as estrelas que brilhavam lá no céu numa tentativa frustrada. Quando Coffey também sentou-se do seu lado, o banco quase envergou por seu tamanho descomunal. Milena caiu na risada com o acidente de seu companheiro. O barulho da festa continuava animado do outro lado, e por um instante ela tentou imaginar se tudo aquilo não passava de coisa de sua cabeça.
— É... Acho que eu deveria me sentir mais segura com todos vocês aqui. Não há o que se temer dentro da Fire Tales, não?
Coffey ficou em silêncio, balançando o corpo lentamente pra cima e pra baixo como uma criança que espera ansiosamente por algo. Então ele parou. Olhou para cima como se tivesse previsto algo no futuro, e viu que um pontinho tão brilhante quanto o fogo passou zunindo pelo céu, deixando para trás um rastro vermelho destacante.
— Veja, uma estrela cadente! — disse Coffey, feliz.
— Acho que aquilo não é uma estrela cadente...
O ponto brilhante foi chegando mais perto até cair dentro da guilda. Soou como uma espécie de alarme, um aviso, uma mira que foca em sua presa, prestes a ser abatida. Milena tomou um verdadeiro susto ao perceber que aquilo na verdade era uma flecha de fogo. Como se não bastassem as chamas, havia magma preso na ponta. Aquilo poderia ter machucado alguém seriamente, poderia até ter matado.
A mulher levantou-se num salto urgente.
— É o que eu temia.
Correu em direção do portão de entrada, mas não avistou nada. Encarou bem os arredores, e a área de vigilância do senhor Atros continuava intacta.
— Se o ataque não está vindo do campo principal, eles certamente irão explorar onde somos mais fracos... — presumiu a mulher.
Ela logo correu para os fundos da guilda, uma área mais afastada que apenas os próprios integrantes sabiam que era mais enfraquecida. Foi então que ela sentiu o chão começar a tremer. Esgueirou-se por uma das paredes e tomou passagem por uma porta oculta que dava visão às montanhas que cercavam a base. Viu um exército se aproximando ao longe, com centenas de tochas acesas na escuridão e uma marcha elementar com o único intuito de destruição.
— É-É um ataque surpresa... Eles estão vindo para acabar conosco! — disse Milena preocupada.
— Os homens maus... Eles tão vindo, vão atacar todo mundo, todos nós... Não tem como detê-los.
Logo uma estrela ninja passou zunindo aos ouvidos da mulher, e Milena precisou esquivar-se com pressa da segunda para não ser acertada. Ela sentiu que seus fios de cabelo foram atingidos, e quando virou-se viu que existiam dois Staryus ali. Provavelmente eram batedores do exército inimigo que vieram para certificar-se de que ninguém os veria ou saberia de sua investida. A Milotic colocou-se em posição de ataque, pois seus inimigos pareciam ser rápidos e pouco dispostos a permitir que saíssem dali com vida.
— Coffey, saia daqui imediatamente. Diga para que Aerus e os outros se preparem, e que protejam a Imperatriz. Eu ficarei aqui para deter esses impostores.
O gigante balançou a cabeça negativamente. Colocou uma das mãos fortes no ombro da mulher e olhou profundamente em sua direção com aqueles olhos perdidos.
— Não. Você vai. Eu fico.
— M-Mas Coffey...
— A gente vai precisar de ajuda, de muita ajuda... De pessoas em quem a gente confia, e precisa que volte pra nós. A gente precisa dele.
Os dois soldados camuflados da raça dos Stayus lançaram mais estrelas ninja afiadas em direção de Milena, mas Coffey entrou em sua frente e elas cravaram em sua armadura de ferro sem causar nenhum dano. O gigante ergueu seus braços em posição de luta, ainda que meio desengonçado, nunca gostara de bater e enfrentar os outros. Mas quando o primeiro Staryu avançou, Coffey lhe deu um soco tão forte no rosto que os ossos do crânio do impostor pareceram ser partidos ao meio. O segundo batedor já se acuou.
Milena percebeu que não poderia ficar ali para pensar. Precisava agir com pressa.
Correu em direção do bar, e pelo barulho que lá estava teria sido impossível alguém ouvir qualquer coisa. Precisou sair empurrando gente que nunca havia visto, e por um instante preferiu aquela guilda vazia como sempre era. Demorou para alcançar Aerus, mas quando o alcançou segurou em sua mão fazendo com que o dragão se virasse imediatamente.
— A festa acabou — disse Milena num tom sério.
Aerus retirou os óculos escuros. Havia bebido muito, mas continuava sóbrio.
— O que aconteceu?
— Um exército está em nossa porta. Não sei de qual guilda se trata, nem por qual motivo estão a nos atacar. Mas temos de proteger a Imperatriz e nossa própria guilda. Duvido que seremos capazes se continuarmos sentados aqui rindo e nos divertindo. Mexam-se!!
Aerus parou de rir no mesmo instante. Watt ouviu a conversa, e logo a música cessou.
O Blastoise troncudo foi até eles, a atenção de todos os membros se dirigiu à Milena que explicou a atual situação que se encontravam. Logo o alvoroço começou, e algumas das mulheres mais jovens da guilda  Rip Tide começavam a entrar em pânico.
— E-Eles vieram para nos matar, é o exército dos Remarkable Five!! — disse uma jovem Goldeen.
— Os cinco notáveis? Mas por que iriam arrumar encrenca conosco? — perguntou Watt.
— Eles precisam se opor a todas as guildas que ousam levantar a espada contra eles, e vocês são os favoritos para o Torneio das Guildas — explicou-lhes Akagi. Eles querem, e vão, enfraquecê-los. Irão utilizar tudo que possuem para feri-los e tirar aqueles que amam.
— C-Cuidado!!
Uma imensa pedra de lava caiu do telhado e derreteu a madeira do teto e de algumas mesas do bar. O ataque quase atingira Karl e Sophie próximo da recepção, e somente então Aerus percebeu a seriedade da situação. As mulheres visitantes gritavam, e a escolta de Kabutops de Akagi colocou-se em volta da mulher para protegê-la de qualquer perigo. O gigantesco Blastoise apagou a rocha de magma com um de seus canhões d'água para que ela não machucasse mais ninguém e gritou para os soldados de sua guilda que até então riam e se divertiam.
— A festa acabou, rapazes. Devemos proteger a Imperatriz, armas em mãos! — ordenou o imediato.
Akagi trocou um olhar com Aerus e tocou em seu ombro:
— Eu posso ajudar.
— Não! — O dragão respondeu-a com rapidez.
— Não irei ficar parada enquanto meu povo precisa de mim.
— Por favor, senhorita Akagi. Você é nossa visitante, seria uma desonra para minha guilda se eu não pudesse protegê-la em meus próprios domínios. Permita-nos destruir esses imprestáveis, e logo voltamos para a bagunça. Fechado?
Akagi não concordou com aquilo.
Tanto Aerus quanto Megalith eram tão teimosos que não poderiam ser convencidos do contrário. A Kingdra Shiny logo foi escoltada para longe dali, enquanto membros da Fire Tales e da Rip Tide preparavam-se para a guerra lado a lado sob comando de seus superiores.
Todos correram para fora, e puderam ver de longe que o exército inimigo se aproximava. Pedras de magma eram lançadas de longe através de catapultas, uma técnica avançada desenvolvida por Torkoals de Hoenn. As mais altas e resistentes estruturas da Fire Tales eram danificadas pela primeira vez desde sua fundação. Milena não viu Coffey em nenhum lugar.
— M-Mas são muitos! Eu nunca vi tantos guerreiros de uma guilda inimiga reunidos dessa maneira. O que fizemos para eles? — indagou Watt.
— Acho que não se trata mais de parcerias ou rivalidades, Bola de Pelos — respondeu Aerus. — Todos são inimigos de todos a partir de agora. O torneio logo chegará, e quanto mais guildas forem destruídas antes mesmo de tentarem estar lá, melhor.
A parte que era atacada da guilda não recebera nenhuma provisão defensiva, e aquilo mostrava o quanto os Fire Tales eram amadores naquele sentido. Foi possível ver cinco Magcargos avançarem cem direção do portão de entrada, mas imediatamente a escolta pessoal de Kabutops da senhorita Akagi atacou-os com o Hydro Pump e derrubou-os ali mesmo na entrada. Havia centenas de Pokémons de fogo, eram centenas! Milena virou-se num susto quando viu uma das pedras de magma cair muito perto de onde ela estava e esmagar dois soldados da Rip Tide. Aquela cena foi horrível para seus olhos, e ela nem pôde fazer nada para ajudar aqueles dois pobres coitados.
Aerus gritou alto:
— Estamos em guerra, amigos! Não vão morrer, ou serei obrigado a buscá-los no inferno! — ele riu alto e por um instante percebia-se que não era a primeira guerra daquele calibre que o dragão participava. A batalha contra os clones na Ilha de Ferro já fora uma experiência desagradável o suficiente para querer repeti-la.
Aerus ativou as duas lâminas em seus braços. Seu sorriso era insano. Por aquela pequena área mais frágil começaram a entrar dezenas de outros Pokémons. Alguns vinham pelos ares e outros pulavam a muralha mais baixa. Começaram a disparar flechas para todos os lados, e na mesma velocidade os Fire Tales iniciaram um contra ataque. Aerus avançou cortando as resistentes armaduras de fogo com suas lâminas, eles iniciaram uma resistência improvisada, mas era claro que não estavam preparados para aquilo.
Um soldado inimigo de armadura cintilante avançou em direção de Milena. Ela revidou da machadada de seu adversário, mas quando disparou o seu Hydro Pump percebeu que ele esquivou-se com a mesma facilidade. Foi acertada no rosto com um soco, sendo arremessada no chão como um trapo imprestável. O soldado de armadura pesada avançou em direção dela com o machado em mãos, pronto para atacar, mas neste mesmo instante o gigante Coffey interveio mais uma vez e com o punho fechado acertou um soco que entortou o capacete do inimigo, afundando-o ali mesmo.
O negro ajudou Milena a levantar-se, e ela já ofegava de cansaço mesmo antes de começar.
— Então é isto? Isso é o que nos espera daqui para frente? Guerras, batalhas, sangue, mortes? — seus olhos reviravam perdidos para a luta e as casas em chama.
Tudo aquilo que eles haviam construído começava a desabar.
Coffey falou com sua voz grossa:
— É a nossa vida, patroa. Nascemos e vivemos para isso. O mundo segue esse ciclo.
Ele e Milena trocaram olhares.
— Você sabe que precisamos dele — disse o gigante.
— Dele quem, Coffey?
 Dele. O homem mau.
Ela sabia desde o começo que era Mikau.
— O Mikau já não está mais em nossa guilda para nos defender. Não podemos mais contar com a ajuda dele.
Milena correu e colocou seus poderes aquáticos em ação. A guilda de Akagi era composta inteiramente por Pokémons aquáticos, então não seria difícil apagar o incêndio que se alastrava. Porém, logo ela percebeu que aquelas pedras de magma não eram normais. Assim que o fogo se apagava, Gravelers imensos vestidos em armadura completa saíam dali e pegavam os soldados de surpresa. Dois Poliwags foram pegos de surpresa por pancadas e porretes do tamanho de um bastão de baseball.
Um Luxray apareceu ali e disparou uma onda elétrica contra todos eles.
— Saiam de nossa casa, seus vermes insolentes! Não façam com que o grandioso Alexay tenha de revelar o poder absoluto para cima de vocês. Absolutíssimo! Dischaaaaaaaarge!
Alexay disparou uma onda elétrica que não causou dano algum aos Gravelers, pois todos eles eram guerreiros do tipo terrestre. Ele retirou a cartola e fez um aceno cortês.
— Bem, creio que seja hora de... FUGIR! E pode ter certeza que sou veloz. Velocíssimo!!
O Luxray não esperou nem dois segundos para sair correndo dali. Milena nem se lembrava de quando aquele sujeito havia entrado para a guilda, mas teve de lidar com os Gravelers que continuavam avançando. A própria Milena quase foi ferida mortalmente, mas Wiki fez questão de disparar um raio de gelo contra dois inimigos que iam atacá-la e abatê-los antes do pior.
— Tome cuidado, fofa. Esses caras são cheios de seus truques! — disse Wiki.
Milena percebeu como era inexperiente em guerras. Percebeu o quanto ainda precisava treinar. Os membros da Fire Tales eram fortes e conseguiam se cuidar, mas doía em seu coração ver tantos outros soldados da guilda Rip Tide sofrerem, serem apunhalados nas costas, sendo que deveriam estar ali somente para divertir-se.
Seus joelhos fraquejaram e ela foi até o chão.
— P-Parem... Por favor, Coffey... Faça-os parar...
Uma explosão foi ouvida, e o gigante cobriu o corpo frágil da mulher para que ela não fosse atingida pelos escombros. Da parede enfraquecida surgiram três Torkoals imensos, expelindo lava que ao atingir seus inimigos os fazia gritar de dor pelas queimaduras. Um homem imenso da raça dos Camerupt surgiu logo atrás, e aparentemente era ele quem lançava as pedras da destruição. As tochas ainda brilhavam lá longe, e o exército parecia não ter fim.
Aerus foi surpreendido quando o Camerupt o encarou com olhos furiosos. Avançou e deu-lhe uma cabeçada com seu elmo de ferro que ocultava os olhos, de modo que Aerus precisasse se esquivar para não ferir-se. Era um homem alto e de braços largos, e embora vestisse pouca armadura aquilo aumentava sua velocidade. Carregava um porrete do tamanho de uma árvore nas costas, e em cada braço tinha um canhão que lançava fogo.
— Fire Tales! Preparem-se para queimar!
O Camerupt riu para o desagrado de todos.
— Eu sou Kilauea, um dos capitães da guilda Flamboyant Passion, e estou aqui sob ordem de Bonna Party para reduzi-los à cinzas! Preparados para encarar a fúria da natureza?
Ele e Aerus começaram a trocar ataques, mas por sorte o Garchomp continuava ágil e atento, mesmo sem ter se aquecido e muito menos sem ter se vestido decentemente para a batalha, ainda estava de chinelos e camisa listrada da festa no bar. Mas os números do inimigo continuavam longe de terminar, e acima de tudo eles precisavam manter Akagi em segurança.
Coffey estava agachado com os braços a envolver Milena. A mulher começou a chorar e soluçar, desejando que tudo aquilo terminasse de uma vez por todas.
— Não chora, patroa. Não chora. Ou eu choro também... — disse Coffey com seus olhos vermelhos, já deixando as lágrimas escorrerem somente por ver sua amiga daquela maneira.
Milena levantou-se e enxugou o rosto na manga com pressa.
— Coffey, preciso dar um fim nisso tudo. Proteja nossos amigos, irei procurar ajuda.
Ela começou a correr para fora da guilda por outra saída, uma área onde sabia que os exércitos inimigos ainda não haviam alcançado.
Tudo queimava, tudo ardia em chamas agora. Ela não viu seus amigos, e por um instante imaginou se eles poderiam ter morrido. Balançava a cabeça tentando livrar todos aqueles pensamentos. Precisava concentrar-se em apenas uma coisa naquela situação. Um certo amigo exilado que habitava em uma cabaninha de palha na praia, não muito longe dali.


Correu até o local onde apenas ela sabia que o atirador estava morando. Era uma pequena zona de treinamento à beira das ondas. Já fazia tanto tempo que Mikau havia sido exilado da guilda que ele havia até mesmo construído uma casinha improvisada em uma área perfeita para melhorar sua pontaria e suas técnicas ao lado do oceano, seu lar. Pra falar a verdade, ele estava bem até demais.
Milena chegou lá ofegante, estava descalça porque tinha jogado os saltos para longe de modo que pudesse correr com mais pressa. Por mais que fosse tarde da noite, Mikau não descansava nem dormia. Estava treinando como sempre, vestindo apenas seus shorts e com os pés a tocar a areia e as ondas que o atingiam fracas e serenas. A mulher o chamou, e quando Mikau virou-se revelou um sorriso tentador . Seus músculos estavam à mostra, e a cicatriz no peito mais parecia uma tatuagem sensual.
— Milena... Veio me dar todo o seu amor, querida?
Ela desabou na areia da praia, e somente então Mikau percebeu que ela tinha machucados e até mesmo algumas queimaduras mais fracas. Ajoelhou-se ao lado dela e limpou a fuligem de seu rosto tão belo.
— M-Milena? O que aconteceu?
— N-Nós precisamos de você... A guilda... A guilda está em chamas... Estão nos atacando, estão destruindo tudo. Nós precisamos de você, Mikau...
O homem fechou a cara por um instante. Ignorou a situação, ignorou seu amor por Milena, ignorou tudo.
— E por que eu deveria prestar meu apoio à eles, se quando eu mais precisei ninguém veio? O Aerus sabe muito bem como lidar com essas situações, ele logo colocará tudo sobre controle... Ele sempre colocou.
— Você não entende...  — balbuciou Milena.
— Se ele queria tanto a minha ajuda, por que ele mesmo não veio pedir?
— Mikau, é a nossa guilda, nossos amigos, nossa... família.
O atirador mordeu os lábios e olhou para longe. Era possível ver que acima das árvores muita fumaça era expelida, como se um vulcão estivesse entrando em erupção. Mikau ainda não demonstrava reação alguma.
— Vocês não precisam mais de mim.
Levantou-se e voltou para sua pequena cabaninha de palha na beira da praia.
Milena estava pasma com aquilo, e por um instante imaginou quando é que havia perdido aquele que mais amava. Percebeu então que Mikau não usava a Mystic Water que ela lhe dera. Deveria ter perdido no mar, ou então jogado fora. A moça não conseguiu nem levantar-se, mal pôde sair dali. Abaixou o rosto e encostou na areia, chorando bem baixinho sua única tentativa de evitar tanta tragédia.
Houve mais uma explosão causada pelo exército da Flamboyant Passion, e cada som daquela batalha travada fazia seu coração doer. Então, a sombra de Mikau logo projetou-se sobre ela. Milena continuava caída no chão, mas quando ergueu os olhos viu que o atirador estava lá, com o colar em seu pescoço.
— Eles não precisam de mim, Milena — repetiu Mikau.
— Eu sei — ela falou bem baixinho. — Sou eu que preciso.
Mikau revelou um sorriso. Finalmente havia ouvido o que queria.

Estendeu a mão para ajudá-la a levantar-se e os dois logo correram em direção de sua velha guilda. Ao chegar lá, notou que de fato o fogo se alastrava começando a destruir os dormitórios e até mesmo o salão central, onde provavelmente Akagi estava. Os outros Pokémons aquáticos da guilda da mulher tentavam ajudar, mas já ficava difícil conter a destruição, o magma da guilda inimiga era mais potente do que o esperado, e corroía a pela até os ossos. Os olhos de Mikau arderam em chamas, pois agora era ele quem estava frustrado por ver o estado que haviam deixado aquilo que um dia ele chamou de lar.
Passou correndo por todos. Wiki virou-se ao vê-lo retornar, e até mesmo quem não gostava de sua presença foi espantado por um guerreiro que sozinho partia em direção da linha de frente do inimigo.
— Mikau!! — gritou Wiki assustada.
O atirador pegou impulso na carcaça de um Torkoal derrotado, e quando pulou puxou um de seus braços para trás enquanto o outro apontava para frente, como se fosse uma arma. Ele fechou um de seus olhos para melhorar a pontaria, mas eram tantos soldados inimigos que ficava difícil saber quem seria o escolhido a provar do doce néctar da morte. Decidiu que seriam todos. Mikau puxou o ar com tanta força que parecia que ali havia o gatilho manual de uma metralhadora, e depois disso só se ouviu o barulho do mar.

Hydro Pump

Não houve um disparo, e sim, uma tsunami. Mikau disparou um simples projétil que logo aumentou de tamanho e pareceu liberar a fúria do oceano em cima de todo aquele exército. As tochas foram apagadas, e soldados começaram a afogar-se naquela inundação em plena terra seca.
Quando ele havia se tornado tão forte e Milena nem havia notado?
Mikau recuou por um instante, mas depois daquela investida o inimigo demoraria para iniciar a próxima onda de ataques. Wiki correu em direção do homem e o abraçou com carinho, ao lado estavam também Tom Sawyer, General e Lyndis. Todos foram surpreendidos pela visita inesperada do atirador.
— Que bom que voltou!! — disse Wiki, dando-lhe um beijo na bochecha.
— Ô, diacho! ‘Ôces da Fire Tales sempre acham arguma coisa mais batuta pra surpreender! — dizia o Rioluzinho com uma risada.
— É bom tê-lo de volta, soldado. Isso irá fazer com que eles precisem de mais tempo para iniciar um novo ataque — continuou General.
Mikau ficava até mais rejuvenescido com todos aqueles elogios, mas ainda havia trabalho a fazer. Voltou em direção de Milena, e deixou que General e seu batalhão controlasse o acesso dos inimigos na entrada. A mulher procurava Aerus e Coffey por toda parte, mas não via sinal deles.
— A Imperatriz Akagi está aqui, nós precisamos protegê-la.
— Quem? — perguntou Mikau.
— Akagi, uma das integrantes da lendária guilda Legacy no passado. É uma Kingdra Shiny, mulher fabulosa, mas em nossa atual situação não podemos permitir que o inimigo a alcance.
— Mulheres, sempre esperando serem resgatadas — ele deu uma risadinha sarcástica. — Mostre-me o caminho. Não gosto de deixar princesas presas na torre.
Os dois foram em direção do salão central e se depararam com o mesmo Camerupt ao lado de cinco Torkoals derrotados, mas o líder continuava de pé para enfrentar Aerus e um Blastoise troncudo de cara fechada. O Camerupt preparou seus canhões de fogo, e quando disparou uma explosão intensa foi ouvida e um dos pilares cedeu. O Garchomp conseguiu desviar-se, mas o Blastoise acabou por ser atingido bem no peito caindo de joelhos no chão com fortes queimaduras por todo o corpo.
— Eu esperava mais dessa nova geração, muito mais! — provocou Kilauea, chutando a cara de seu oponente. — Ou será que até mesmo nos tempos da guilda Legacy vocês eram fracotes assim?
— Não irei permitir que alcance minha senhora! — respondeu o Blastoise com suas últimas forças.
O Camerupt riu num tom cínico, e quando encostou um de seus canhões de lava na cabeça do inimigo disparou sem dó nem piedade. Aerus recuou espantado com aquele estrondo que terminou num baque surdo dolorido.
— Você é o próximo, Draconeon. Vou mostrar-lhe que quando um vulcão entra em erupção não existe humano ou Pokémon que possa lhe fazer frente!
Aerus trincou os dentes, mas não recuou. Akagi estava na outra sala, e apesar de cansado ele deveria honrar sua promessa.
— Não vou permitir que passe. Os vulcões deveriam continuar adormecidos.
— Oh, mas de vez em quando é bom exalar toda a raiva. Lava Plume!
Mais uma vez o canhão de fogo de Kilauea disparou para todos os lados, e Aerus mal conseguia atingi-lo para tirar vantagem. Precisava de alguém para enfrentar aquela luta juntos, alguém que conhecesse bem seus movimentos e soubesse como trabalhar em equipe.
— Ei, grandalhão. Quem te deu a permissão de bater nesse dragão desengonçado? Só eu posso tirar uma com a cara dele — provocou Mikau de longe.
O Camerupt se virou.
— Então, o lendário atirador da Fire Tales decidiu voltar... Engraçado, os boatos diziam que você havia sido exilado por esses patifes. O que o fez voltar?
— Hm, talvez a vontade de me opor à tudo que é certo — Mikau deu de ombros. — Você mesmo disse que eu não poderia estar aqui, mas estou. Da mesma maneira que, sem mim, eles estariam encrencados. Sabe como é, eu gosto de mudar as peças e colocá-las no meu jogo.
O atirador apontou para a cabeça do Camerupt com sua arma.
— Só que você não faz parte dele.
Mikau fez três disparos contra o inimigo, acertando dois no ombro e um na perna. O adversário urrou de dor, e Aerus aproveitou a oportunidade para atacá-lo em seu descontrole. Mesmo ferido, o Camerupt não cedeu. Continuou a investir, e enquanto Aerus realizava ataques rápidos com lâminas praticamente invisíveis, Mikau lhe dava a cobertura de longe com projéteis de gelo que perfuravam até mesmo a mais resistente das armaduras.
— Bastardos! Eu irei enterrar todos vocês na terra com as cinzas da destruição!
Mikau foi até as costas de seu adversário, e quando estava perto o suficiente encostou a mão em sua coluna e simulou a arma manual. Fez um disparo simples, mas que com toda certeza o incapacitaria de levantar-se nos próximos anos de sua medíocre vida imóvel. Kilauea caiu com os olhos estáticos e a pele mais esbranquiçada.  Aerus ofegava de cansaço, mas quase quis dar um soco em seu amigo ao revê-lo.
— Idiota, era para eu ter acabado com ele, agora a reputação toda vai pra você!
— Aerus, meu bom amigo, não percebeu que sem minha ajuda você estaria lutando uma batalha perdida?
— Agora não tem mais como saber... — o dragão bufou de raiva. — De qualquer maneira, valeu pela ajuda, seu desgraçado. Tô te devendo uma.
General e o senhor Atros pareciam já ter controlado a situação do lado de fora, e quando os inimigos souberam que seu líder fora derrotado começaram a recuar.
Os Fire Tales puderam então ajudar os feridos, mas alguns precisariam de sérios meses de descanso até se recuperarem, isto se conseguissem. Mikau imaginara que aquele Blastoise da Rip Tide estava morto, mas pelo visto o grandalhão só teria de conviver com uma cicatriz em sua cara feia para sempre, não que ele se preocupasse com isso. O sub-administrador tinha muito mais com que se preocupar.
— Akagi, minha senhora Akagi! Onde ela está?!
— Eu estou bem, Megalith. Obrigada por proteger-me — disse-lhe a mulher ao sair de uma sala escondida, dirigindo um olhar rápido para todo seu exército presente.
— Conseguimos detê-los — explicou Aerus já muito exausto. — Mas tivemos algumas baixas, é difícil ganhar o jogo sem sacrificar alguns peões...
— Serei obrigada a ensinar-lhe algumas táticas, Aerus Draconeon — respondeu Akagi com certa rigidez. — Não estamos jogando, não estamos brincando de xadrez. Você está lidando com vidas, com esposas que passarão a noite em luto e crianças que não receberão o carinho de seus pais na hora de dormir. Treinei minha vida toda para evitar que isso aconteça. Deveria ouvir mais aqueles que sabem o que dizem — ela virou-se para Milena, que se não fosse por seu aviso o resultado poderia ter sido ainda pior.
Voltou a encarar o Garchomp de igual para igual.
— Se for para ser um líder, que proteja o seu povo até o final, e tenha certeza de que fez tudo que pôde. É a última vez que você tentará dar ordens para mim, Aerus Draconeon, e que sirva como lição para este seu senso de honra falho e contraditório.
Aerus intimidou-se com aquela lição de moral, mas analisando tudo como era, percebeu que se tivesse se preparado melhor e averiguado a situação com mais cautela, poderia ter evitado muitas perdas. Preferiu dar festas, diminuir a guarnição, ignorar os conselhos dos amigos. Certamente, o líder da Fire Tales ainda tinha muito a aprender.
— Obrigada a todos vocês.
Não houve festas e nem comemorações por parte da Rip Tide. Eles eram de uma guilda sete vezes maior do que a Fire Tales, mas possuíam soldados novos e que estavam em treino, eles não precisavam ter tido um fim daquela maneira. Akagi estava frustada e desamparada, e exatamente por aquele motivo odiava alguns homens e aquele seu senso de sempre querer se destacar.
Foi então que seus olhos encontraram os de Mikau.
Ela parou ali, e ele também. Mikau ergueu o queixo como se quisesse examiná-la com mais atenção, e assim fez Akagi. Milena notou aquilo claramente, mas estava tão cansada que não teve tempo de sentir raiva ou inveja, apenas incerteza. Mikau havia acabado de sair de uma guerra, mas parecia uma criança que triunfava em dominar seu velho parquinho de diversões.
Akagi não falou nada, mas em seu rosto um sorrisinho discreto se formou sem que ninguém notasse. Aparentemente ela teria bastante tempo para conhecer aquele atirador nos próximos seis meses de treino.
De repente, o corpo destruído do Camerupt tentou levantar-se, sendo capaz de ativar um dos canhões em direção da Imperatriz que continuava virada de costas.
— Minha senhora, cuidado!! — gritou um dos soldados.
Mikau notou, e quando ergueu sua voz para chamar a atenção da mulher, percebeu que Akagi virou-se e deu um disparo tão forte na testa do monstro que dessa vez o líder da equipe inimiga não teria nem mais um cérebro para pensar.
Sua escolta de Kabutops e os demais ali presentes arregalaram os olhos. Akagi virou-se para eles com desdém.
— Eu não sou apenas um rostinho bonito. Há muito mais que torna uma mulher poderosa, e o corpo é a arma apenas das mais tediosas.
Mikau não havia percebido, mas estava de boca aberta. Akagi olhou para ele, e especificamente para ele. Saiu da mesma maneira que entrou, sem dirigir mais palavras, mas deixando um estranho sentimento no ar.
O atirador só despertou de seu transe quando Aerus lhe deu um tapa nas costas.
— É oficial. Tu tá de volta na guilda.
— Como é?
— Estou falando sério. Com você pelo menos me sinto mais invencível, e na boa, depois do que aconteceu hoje percebi que vou precisar dos meus melhores guerreiros de volta para encarar o que está por vir — continuou o dragão. — E aí? Topa uma rodada de bebida por minha conta?
— Você não aprende mesmo... Não é melhor cuidarmos dos feridos?
— Tem razão... Só espera a "senhorita dureza" aqui dar uma acalmada, e vamos continuar a festa logo mais, por que não tem coisa melhor do que um pouco de bebida para levantar os defuntos! Sacou? Levantar os defuntos? Hah, hah, hah...
— Você é terrível...
Mikau riu e olhou para Milena, que fez um aceno singelo com a cabeça como se pedisse para que ele ficasse, e certamente incentivasse para que fosse festejar com seus velhos amigos, somente para comemorar os velhos tempos. O Seadra sorriu e gostou do que viu. Era aquela a recepção que esperava, era a maneira que Aerus tivera de pedir desculpas sem parecer um idiota completo.
— Claro, vamos beber. E aliás, pode me apresentar aquela sua amiga mais tarde?
— A Akagi? Poxa, ela será nossa professora nos próximos seis meses, deu sorte. Deu pra ver que é bem severa, mas que homem não curte uma mulher de atitude? E cá entre nós, vocês dois são da mesma “espécie”. Tu combina muito com ela.
Mikau olhou para Milena enquanto Aerus o levava para fora, mas não teve tempo de ver a reação da mulher quanto àquilo que o dragão dissera.
Ela agora estava ali, sozinha, apenas na companhia do rastro de destruição que a guerra deixara em sua guilda, seu lar. Sentou-se sobre uma pilastra destruída e abraçou seus próprios joelhos que estavam à mostra por conta do vestido rasgado e um pouco ensaguentado. Começou a sentir frio agora que o fogo fora controlado, um frio solitário que a dominava por dentro, próximo de seu coração.
— A gente precisava dele — disse uma voz grossa.
Milena virou-se e deparou-se com Coffey, extremamente machucado da batalha, mas ainda calmo e tranquilo como sempre. A moça suspirou em sinal de tristeza.
— Eu sei, mas por um instante imagino se não voltei a despertar um mal que estava adormecido dentro dele — sua voz morreu no silêncio. — O Mikau estava melhorando, Coffey. Estava mesmo. Quando ele fica longe disso tudo, acaba por tornar-se um verdadeiro amigo, leal, carinhoso... A melhor pessoa do mundo. Mas quando se envolve com batalhas e prazeres da vida... Sinto que se torna o pior.
— Acho que a guerra continua, patroa... Todo dia, todo dia.

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  1. Caralho! Que capítulo tenso!
    A Fire Tales mostrou que tem poder, e isso com certeza vai dar uma puta dor de cabeça pro iDie, quando ele souber que a Rip Tide tá junto com a guilda promissora, ah, ele vai surtar!
    E o Mikau, que isso cara? Ele arrebentou um exército todo com uma pancada só, e tenho certeza que esse triângulo amoroso com ele, Milena e Akagi, ainda vai dar o que falar.
    No aguardo pro próximo
    See ya

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  2. MIKAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU, SEU LINDJO, VOCÊ VOLTOOOOOOU!!!!!!!!!!!!!!!
    Pera aí manolo nada de clima entre ele e a Akagi. NÃO CURTI ISSO! MIKAU É DA MILENA E PONTO FINAL, sem climinha e sem nada, o.k.?

    Hoe Canitas estava esperando isso dês de manhã, não saiu da minha cabeça a possibilidade de você postar hoje mais um capítulo de Fire Tales. E sinceramente adorei, estava tudo tão misterioso a parte do Coffey e depois tudo começou a pegar fogo, literalmente. Uma guerra pra Sinnoh parar e apreciar, isso sim. Se já foi um começo intenso nem consigo imaginar as próximas batalhas. Desculpa aí mais não fui com a cara dessa Imperatriz, e quando eu vou só um acontecimento bem maneiro me faz mudar de ideia e só para constar tudo piorou com a troca, miserável, entre ela e Mikau e só piorando a situação Aerus tinha que botar lenha na fogueira NA FRENTE DA MILENA! Aaaaaaah sim a Milena, ela vai estar sempre assim tão frágil e indefesa dependendo dos outros para não morrer? Quero que ela entre em ação pô! Pensei que o Coffey tinha morrido, ainda acho que ele vai morrer, mas também acho que não... duvida até o final da guerra. Vamos ver se me lembro de alguma coisa... amei tudo, como se isso fosse novidade. Pois é to indo, até mais!

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  3. Akagi! Imperatriz dos mares! Destruidora dos mundos!
    Que Kingdra foda! Mas não foda, como qualquer Pokémon que é foda, mas ela é foda de um nível tão fodástico mas tão fodástico que fico até impressionado com minha falta de adjetivos. Ela é foda. As simples as that! Quero muito, mas muito mesmo ver ela em ação. Não só estraçalhando os neurônios de um Camerupt qualquer, mas sim ensinando. Sendo Aquela professora brava igual o capeta e foda! Super foda! kkk!
    Mas falemos de assuntos sérios. Como foi foda essa batalha! kkk! Nó, hoje o Canas se superou! Puta que pariu! Tô muito nostálgico (o que não é muito bom pra quem já tava indo dormir kkk) com a forma que senhorito Ominous escreveu isso! Nossinhora! E vai continuar nesse nível de fodicidade, ou melhorar, tenho certeza. kkk!
    Acho que uma das primeiras coisas que comentei aqui, há uns 11293855 anos atrás, foi que a escrita de Nicolete só melhorava, sendo que sempre ficava boquiaberto com a melhora. E, hoje, depois de tanto tempo, Canas só melhora. Sempre me deixando nostálgico. Ainda mais esse final de semana, em que decretei (sim, tenho esse poder kkk) que é o "Final de Semana do Moacyr". kkkkkk! Tô muito felizão esse final de semana. Thank you, mister Ominous. kkk!
    E a Milena? Tomara que crie vergonha na cara e vai treinar. Ela tem de fazer isso. Mostrar pro Mkau (que tá se achando, mas se fizer filhadaputagem, volto a odiar ele kkk) que ela é foda. Que faz coisinhas bonitinhas, mas também destrói prédios e move montanhas. kkkk!
    Nó, tô muito nostálgico e felizão. kkk!
    Mas vou me indo-me, né? Amanhã tenho que comentar mais.
    Adieu, povo feliz!
    Moacyr

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  4. Cara, que medo dessa guerra... Notei que você focou bastante na Milena, de forma que mostrasse um lado dela que eu ainda não conhecia direito. A atitude de querer deixar de ser apenas um rostinho bonito, e virar uma guerreira... E man, que retorno triunfal foi esse do Mikau! Que ótimo que voltou, precisarão muito da ajuda dele quando de fato a Liga começar (eu citei a liga em todos os comments, percebeu? É pra mostrar o nível da ansiedade kkkk) E Canas, essa Akagi... Adorei ela kkkkk Moça bonita, de atitude, forte... Será que ela não me aceita pra treinar um pouco também? -v- kkkkkkkk Quero conferir a ficha dela logo! Abraços, man!

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  5. NÃO. O MIKAU VOLTOU. Não........... NÃO. Cara... Eu sei que o inimigo era poderoso, mas... Ainda assim. Parece que todo mundo depende do Mikau. A... Sei lá! Sinceramente, eu estou TORCENDO pra esse Mikau X Akagi funcionar. Pra ver se a Milena arruma homem melhor e que realmente seja uma boa pessoa.

    Ao contrário de 90% por cento dos leitores, EU NÃO CURTI a volta do Mikau. Que ele ficasse por lá, mesmo! Eu senti o mesmo quando o Mikau e a Tih foram embora: Fiquei triste no começo, mas... A partida deles foi pra que eles não ficassem dependentes de alguém. E agora... O BUNDA MOLE VAI VOLTAR.

    MAS ENFIM! Vamos ir pra uma parte que não me deixe ****? VAMOOOOOOO!

    A BATALHA. MANO. MANO. QUE PERFEITOOOOOOOO. CHUPOU, CAMERUPT. (Vou fingir que foi SÓ A AKAGI QUE TE OWNOU, NÃO O MIKAU BUNDA MOLE ;*) Mano mano mano mano... QUE PERFEITO. Sem comentários, Canas, que MÁXIMO! *O*

    Eu axei que alguém ia morrer, My Little Pony. QUE SUSTO DO CARAMBA, NÃO FAÇA ESSA MALDADE COMIGO, FERA. Armaria Tio Canas, NÃÃÃÃMMMMM... ;-; Bixo ruim, mano ;-; NÃO MATE O COFFEY DIVOSO. NÃO MATE, MY LITTLE PONY MALDITO. NÃO OUSE A ENCOSTAR UM DEDO NAQUELE ANJINHO :C

    MILENA. TREINE E DERROTE SEU NAMORADO BUNDA MOLE. PROVE PRA ELE QUE VOCÊ NÃO DEPENDE DELE. E DÊ UM CHIFRE NELE POR MIM. (VOCÊ É BOI GARANTIDO, PUXA O RABO DELA, UM CAPRIXOSO A INSISTIR,CONVERSA PRA BOI DORMIR!)

    Milena, FIQUE ÉPICA. POR TODOS NÓS. BJS.

    CANAS! UMA COISA URGENTE: Sabe qual é meu WALLPAPER? O WALLPAPER DA GLACIALLIS, A DIVA DO GELO. \*_*/

    Só queria avisar isso mesmo -q

    SAYO, E NÃO TOQUE NO COFFEY!

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  6. Diga ae, galera! Eu queia poder ter estado aqui para responder os comentários de vocês, mas eu estava sem internet kkk Mas ainda assim, fico muito feliz em ver que vocês captaram a essência do episódio, tenho muito orgulho desses leitores tão espertos kkkkkk Eu queria dar esse sustinho em vocês para que pensassem que alguém poderia morrer, mas não, ainda não é hora. Acho que eu consegui assustar, e é para ficar espantado mesmo, as próximas batalhas deixaram de ser lutinhas para se transformarem em verdadeiras guerras!

    E outra coisa que me deixou muito feliz foi a opinião de vocês quanto à Milena. Era isso que eu queria, que vocês pedissem para vê-la mais forte! Ela é uma daquelas mulheres que sempre ficam na sombra do homem, e de certa forma a frase da Akagi pode se encaixar exatamente à ela: Eu não sou só um rostinho bonito. Diferente de certas pessoas. A Milena é, sim, só um rostinho bonito. Ela nunca fez muito na história, e tinha aquela típica personalidade de quem sentava e chorava quando a situação apertava. Tentava ser forte, mas seu coração continuava fraco. E podem ter certeza, percebi com este episódio mais do que qualquer coisa que vocês se importam MUITO com a Milena, e ela aprendeu uma grande lição com essa batalha: Que terá de ser mais forte para proteger não apenas os seus amigos, mas a si mesmo. Prometo à vocês um dos Gijinkas mais lindos de Sinnoh, encomendado pela Litos. Ela inclusive já está pronta, simplesmente... Divina.

    Outra coisa que quero realçar é que consegui cumprir minha meta, três postagens num fim de semana! Ufa, nem eu acreditei que eu conseguirei, mas os números foram bem altos, estou contente com o resultado. Essa de fato foi a Semana do Moacyr, agradeçam seu companheiro pela postagem tripla, se ele não tivesse pedido isso umas 58 vezes eu não teria feito kkkkkkkkkkkk Mas olha só cara, deu certo! Uma hora sempre vai dar. Valeu a pena, valeu a pena kkkkk O Miaku está de volta para a felicidade de alguns e a tristeza de outros! *risada maléfica* Adoro ver o pessoal com medo dele, você nunca sabe quando o cara vai encarnar o diabo e fazer mal para alguém. Mas não se preocupem, ele vai se comportar mais agora. Com uma professora dessas do lado, quem é que não iria? Akagi sempre cheia de atitude, severa, decidida... Essas mulheres só nos encantam! rs. Fiquem tranquilos meus caros, os Fire Tales estão em boas mãos.

    Mais uma vez agradeço os comentários e o apoio de todos. Este foi um episódio bem longo e cansativo, mas é uma guerra pra valer, e creio que trouxe mais uma vez uma espécie de "revolução" na fic, porque ela começou a tomar um caminho completamente diferente em minha escrita, que espero continuar melhorando cada vez mais. Ainda teremos alguns episódios com batalhas nesse estilo, e grande parte da Liga será assim. Vocês conseguem aguentar de ansiedade? Eu já estou quase infartando kk Obrigadão gente, abraços!!

    PS: Show de bola que você colocou o Wallpaper, Juh! Eu queria muito ter postado os wallpapers dos demais personagens para você colocar daquele que mais gostar, mas antes preciso ver se recupero os arquivos do meu computador, aí se der tudo certo estarei atualizando as imagens! Eu tinha terminado de pintar o Coffey no mesmo dia, nem acredito que perdi o arquivo dele... Dói só de pensar que terei que fazer tudo de novo kk

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  7. Canas, eu já posso te espancar agora ou você ainda tem mais alguma maneira de despedaçar meu coração? :D (sinto que era melhor eu não ter perguntado -q)
    É oficial: Eu. odeio. essa. bitch. QUE PORRA FOI ESSA, A GUILDA DELA E A GUILDA QUE A RECEBEU ESTAVAM SENDO DESTRUÍDAS E ELA ACEITA DE BOAS FICAR "EM SEGURANÇA"? PORRA, MULHER, SE TU É TÃO SINISTRA ASSIM SIMPLESMENTE SAI DO LUGAR ONDE TE COLOCARAM E VAI MATAR GERAL! Que nojo, sério. E depois ainda vem com discursinho de que agiram errado. Até agiram, mas você concordou, então a pior é você :)
    E como se não bastasse...... Poaar, mano. O Mikau e ela se encarando..... E o fdp do Aerus (numa boa, estou magoada com ele e-e) ainda diz aquela merda.... Eu estou em prantos, é sério, EU NÃO CONSIGO PARAR DE CHORAR, E MINHA VONTADE REAL ERA QUEBRAR UMA MEIA DÚZIA DE QUALQUER COISA QUE ESTIVESSE NA MINHA FRENTE mas sou pobre e não tenho como fazer isso PRA TU ENTENDER A RAIVA QUE ESTÁ FERVILHANDO DENTRO DE MIM!
    SABE O QUE EU QUERIA, DE VERDADE? UM CHURRASQUINHO DE KINGDRA SHINY, ISSO ME FARIA HIPER FELIZ, IMAGINA ESSA BITCH QUEIMANDO LENTAMENTE (CLARO QUE ELA ESTARIA VIVA ENQUANTO COZINHA, ÓBVIO), CARA, SERIA O PARAÍSO! *OOOOOOOOO* (sinceramente estou a ponto de imprimir uma imagem dela, picotar em mil pedacinhos e tacar fogo. mas eu teria que fazer isso muitas vezes pra me acalmar, ia acabar o estoque de papel da casa, não ia prestar -q)
    Mas querem saber? O Mikau voltou por quem mesmo? SIM, PELA MILENA! <3 <3 <3 OTP DA VIDA, NENHUMA BITCH PODE DESTRUIR UM AMOR DE VERDADE! <3

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