Posted by : CanasOminous Mar 27, 2013

Support Conversation (Yoshiki x Coffey)
Gênero: Mistério;
Tema: Yoshiki exercendo sua função como psicólogo em Coffey;
Sugestão do leitor: Master Titan.

Yoshiki estava em seu pequeno e humilde consultório, tinha a mão estendida sobre a mesa, batendo a ponta de uma caneta em volta de seus dedos numa velocidade impressionante. Era habilidoso com a técnica e em momento algum parecia temer errar e causar mais uma cicatriz em sua mão. Ele aguardava pacientemente a chegada de uma vítima, mas há tempos não aparecia ninguém. Jade estava deitada sobre uma poltrona suja brincando com um pequeno pedaço de barbante, seus truques formavam objetos para passar o tempo. Logo a moça parou e espreguiçou-se ao falar:
— Yoshiki, estou entediada. Podemos tentar algo novo? — sugeriu a garota.
O oriental parou e bateu a caneta com toda força contra a mesa, como se fosse um facão. Ficou em silêncio ao erguer seu olhar e pressentir uma estranha sensação, um vento que o incomodava e parecia anunciar a chegada de algo.
— Minha próxima vítima está a caminho. Keh, heh, heh... — sussurrou o psicólogo.
Jade ajeitou-se em sua poltrona olhando para a porta, apreensiva. Demorou um pouco, mas conforme se aproximava era possível ouvir passos pesados indo em direção do consultório. Yoshiki entrelaçou suas mãos e apoiou os cotovelos sobre a mesa. Estava ansioso por aquele momento, e sua tensão aumentava conforme os tambores rítmicos iam chegando perto.
Foi possível ver dois pés imensos debaixo da porta. Estava descalço, as unhas sujas e os calos demonstravam que ele era um andarilho que já viajara muito. A figura agachou e com suas mãos grotescas empurrou a portinhola de alumínio com certo receio. Jade pôde ver ali um homem negro com uma feição aérea  ele olhou tudo de relance e tentou entrar no consultório, mas bateu a cabeça no arco da porta, massageando a região que lhe doía.
— Tem alguém aí? — perguntou o visitante. — Estou precisando de ajuda...
Yoshiki ergueu seu olhar para poder encarar aquele gigante de olhos tão serenos. Coffey entrou e parou em sua frente com as costas encurvadas, assim que sentou-se sobre a cadeira a mesma veio a desabar, derrubando-o no chão. O homem pareceu mal sentir. Muito pelo contrário, ele apenas revelou um sorriso pacífico e cumprimentou-o.
— Oi — disse o gigante de maneira meiga.
— Seja bem vindo, destruidor — respondeu Yoshiki, voltando a sentar-se em sua almofada velha.
Jade estava apreensiva em seu canto. Já ouvira falar do imenso prisioneiro, mas nunca antes o vira perambulando pelo pátio dos Fire Tales. Temeu que algo perigoso pudesse acontecer, mas por sorte aquele homem não parecia buscar encrenca.
— Sua casa... — sussurrou Coffey com a cabeça baixa. — Sua casa é muito bonita.
— Eu não moro aqui, tecnicamente este lugar é onde atendo meus pacientes, como você. Sou um psicólogo soturno, o prazer é todo meu — disse Yoshiki, vendo Coffey forçar a visão como se não tivesse entendido muito do que o oriental dissera.
— Um psicólogo. — Repetiu Coffey com sua voz grave. — O que um psicólogo faz?
— Bem, eu resolvo problemas, dou conselhos. Eu salvo vidas. — respondeu Yoshiki, buscando uma faca dentro de seu kimono enquanto cortava a ponta de seu próprio indicador deixando escapar um pouco de sangue.
Coffey juntou as mãos e pareceu muito feliz com a notícia.
— Oh, então você é um anjo.
Yoshiki parou ao ouvir aquilo.
— Não. Acho que não.
Nunca ninguém o chamara daquela forma, primeiro porque ele apreciava fazer os outros sofrerem e propositalmente nunca os ajudava, segundo porque ele havia acabado de mentir. Como aquele misterioso sujeito poderia confundi-lo com algo tão divino?
— Posso te contar um problema? — perguntou Coffey como se fosse um velho amigo que compartilha segredos. — Eu tô perdido. Quero encontrar um caminho pra casa.
— Oh, uma criança perdida! Keh, heh, heh... — disse Yoshiki empolgado, levantando-se e indo direção do gigante. O rapaz tocou nos ombros definidos de Coffey e foi dando voltas conforme preparava um canivete e deliciava-se com a sensação de ter uma vítima em seu consultório. — Então diga-me, o que você faria se jamais.... jamais pudesse voltar para casa?!
Subitamente Yoshiki enfiou o canivete na costela de Coffey, mas a lâmina entortou de tal maneira que a pele do homem parecia ser feita de aço. Jade levantou-se estagnada com a cena enquanto Coffey continuava sonolento e pensativo ao seu lado, agindo como se nada tivesse acontecido.
— Bem, eu... Ficaria muito triste, muito triste mesmo — disse Coffey em resposta àquela primeira pergunta do psicólogo. — Mas num lembro de onde vim, num lembro nem quem sou eu. Você pode me ajudar? O que eu sou?
— Agora eu também estou tentando descobrir. —Yoshiki dessa vez brandiu uma katana exposta em uma das paredes, mergulhando a espada contra o pescoço de Coffey, mas mesmo com a segunda tentativa uma curvatura foi feita na lâmina que quase rachou no meio. Coffey coçou a nuca como se tivesse sido picado por um inseto.
— Chefe? O senhor está bem?
Yoshiki jogou sua espada para trás do sofá.
— Nunca estive melhor — disse ele com uma risada forçada.
O psicólogo imediatamente correu em direção de sua assistente que vira a cena, Jade estava ainda mais espantada com aqueles ocorridos.
— V-Você viu o que aconteceu? A pele desse homem entortou uma faca!! — disse a garota.
— Eu vi, eu vi, mas não é possível, ele deve ter uma fraqueza...
Yoshiki voltou pacientemente para sua mesa, sentando-se, pegando a caneta e puxando uma pasta para ouvir seriamente o que aquele gigante tinha a dizer.
— Primeiro, eu não posso resolver seus problemas. É, desculpa, o seu caso é meio complicado, então já aviso que não posso te ajudar.
— Que pena... — respondeu Coffey, mas ainda assim, o gigante continuou ali parado, como se esperasse que algo sobrenatural acontecesse.
Yoshiki arqueou uma das sobrancelhas e perguntou:
— E o que está fazendo aqui até agora? Eu já disse que não posso te ajudar.
— Eu só... Eu só queria conhecer vocês, só queria saber se precisavam de ajuda. O pequeno chefe disse que eu deveria andar pela base e fazer amigos. Vocês também estão procurando uma casa?
— Aqui é a minha casa, de certa maneira — assumiu Yoshiki de forma séria, já um pouco entediado ao ver que seus planos deram errado mais uma vez.
Coffey parou e lançou um olhar pelo local. Era simples e humilde, mas aconchegante e com traços característicos da personalidade daqueles dois. O gigante sorriu e balançou a cabeça lentamente.
— Eu queria ter um lar como esse.
— Não fique se fazendo de coitado, você tem a Fire Tales, tem essa bendita guilda inteira pra você. Agora faça-me o favor de dar a meia volta e sair pela porta que você entrou, a consulta terminou.
Os olhos amendoados de Coffey estavam semiabertos, e agora demonstravam uma certa harmonia, como alguém que finalmente assimila algo.
— Faz sentido — disse o prisioneiro.
— O quê faz sentido?
— Esse lugar. Tudo. Todos nós. Agora faz sentido que... a gente tornou esse lugar a nossa casa — respondeu Coffey de forma enigmática, voltando-se para o psicólogo em sua frente. — Você é um bom homem. Obrigado, obrigado por ajudar.
Yoshiki fez uma careta do outro lado da mesa. Estava frustrado por mais uma vez ter ajudado alguém quando não era essa a sua intenção.
— Você não bate bem da cabeça, né?
— Não — respondeu Coffey, apontando com o indicador para sua própria cabeça, em seguida desviando para a região de seu peito. — Não, com a cabeça, mas com o coração.
O gigante apoiou-se em seus joelhos e despediu-se num cumprimento antes de sair agachado pela portinhola de entrada. Jade ficou ali, observando a cena e tentando assimilar aquele estranho encontro. A moça voltou-se para seu companheiro e murmurou:
— Ele... Ele parece o andarilho daquela história.
— História? — perguntou Yoshiki interessado no assunto, ajeitando os facões em seu kimono e encerrando as consultas naquela noite.
Jade pareceu pensativa conforme se ajeitava em sua poltrona velha.
— Certa vez ouvi dizer que existia um homem solitário nesta vida sem sentido, que ele foi enviado do céu para a terra sem objetivo algum. Ele caiu neste mundo vazio e desde então têm procurado uma forma de voltar para sua casa. Dizem que é como um símbolo de boa sorte, que ele caminha por aí só para... dar um sentido aos que não possuem
— Então ele é um anjo — brincou Yoshiki pensativo, ignorando o fato daquela história ser verdade ou não. Mas ainda assim, não deixou de pensar a respeito por várias horas. — Quem diria que encontraríamos um em um lugar como esses...
— Bem, creio que basta procurar que encontramos mais coisas do que imaginamos nas pessoas — suspirou Jade. — Há certos sentimentos que apenas o coração pode revelar.
Jade virou-se em sua poltrona e procurou por um violão que lembrava-se ter guardado ali há muito tempo. Estava empoeirado, mas sentia que podia lembrar-se daquela canção que certa vez ouvira alguém cantar. A moça passou suas mãos lentamente sobre os fios do instrumento musical, murmurando uma canção bem baixinho conforme deixava seus pensamentos irem junto ao vento, deixando seus desejos para que aquele misterioso sujeito um dia encontrasse o seu lar.

“Prenda-se a mim enquanto seguimos
Enquanto passamos por esta estrada desconhecida
E embora esta onda esteja nos amarrando
Saiba que você não está sozinho
Porque eu vou fazer deste lugar o seu lar

Acalme-se, tudo vai ficar claro
Não dê atenção aos demônios
Eles enchem você de medo
A dificuldade pode trazer você para baixo
Se você se perder, sempre poderá ser encontrado

Apenas saiba que você não está sozinho
Porque vou fazer deste lugar o seu lar.”
Clique aqui para ouvir a Jade's Song!

{ 7 comments... read them below or Comment }

  1. Quando vi o SC de hoje, logo pensei que seria uma coisa hilária, que iria rir e tudo mais. Mas, prezado Canas, você bem que gosta de acabar com as ilusões e jogar um trem desses nas nossas cabeças! kkk! Sério, muito foda. Muitíssimo foda. Só isso. Words, incredibly, fail me.

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  2. O Coffey é uma figura estranha e misteriosa da história, talvez seja um dos personagens mais enigmáticos que restaram na fic. Agora não há todo aquele drama para saber quem é o treinador da Titânia, ou quais eram os planos do Proton e da Comandante Mars... Tudo acabou, e sobrou o Coffey. Mas o que exatamente ele é?

    A princípio o Master Titan sugeriu comédia para esse Doctor Knife, mas cara, não tem como trabalhar com comédia com o Coffey, eu nunca consigo fazer nada engraçado com ele... O fato dele ser meio ingênuo não torna ele mais engraçado, acho que isso só o faz ficar ainda mais... misterioso. Bem, mas ainda temos 30 personagens dos Fire Tales para o nosso querido Doctor Knife atender, e ainda preciso seguir com aquela sua sugestão do Atros. Doctor Knife: Episode 3 kkk No fim das contas o curioso é que o Yoshiki sempre acaba ajudando seus pacientes, quando na verdade queria o contrário.

    Bem, nos resta ficar pensando sobre toda essa história enigmática. O Coffey... Estou tentando trabalhar com vários gêneros diferente, e às vezes é bacana colocar uns personagens que têm aparições tão raras! (: Valeu pelo elogio, estarei trazendo novos SC assim que possível, abraços ae parceiro!

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  3. Oeeee, olha o Doctor Knife em ação kkkkkk. Apesar de não ter tido um clima de comédia, o fato dele estar tentando decepar sua vitima, quero dizer, seu paciente ou cliente, dane-se, algum dos dois, e o cara nem percebe q esta sendo atacado, isto deve ser frustante -.- kkkkkkkkkk.
    Ah, e não se esqueça do Yoshiki e a Wiki/Mozilla, vou continuar insistindo nisso u.u kkkkkkkkk, deve ser estranho ter q tratar alguém com uma dupla personalidade assim, como dizer, tão gritante u.u kkkkkkkkkkk
    Mas enfim, faça o q achar melhor, e assim será. Esperando os próximos SC (principalmente o do Al e a Connie e do Al e o General kkkkkkkkkkkkk). Ate mais ver Canas, sayonara! (nossa, q doença a minha de falar coisas nada a ver e misturar linguas -.- kkkkkkk)

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  4. Oi, Laísa! Pode ficar tranquila porque dois de seus Supports já estão prontinhos, apenas aguardando a hora certa de ser postados! (: E aliás, o Support do General e o Al acabou servindo para um contexto muito mais importante do que imaginei, você pediu um vilão que colocasse medo, então pode ter certeza que com essa simples sugestão irá ingressar na história um oponente capaz de fazer frente aos Fire Tales!

    E a propósito, sua sugestão do Yoshiki com a Wiki poderia servir bem como um Doctor Knife, não acha? Vish, mas já são tantas! O Yoshiki está bombando mesmo nos Suports kkk O Moa sugeriu o Atros, e a Kohai o Marco, vamos ver qual desses três será a próxima vítima de nosso adorado psicólogo kkkkk Obrigado pelo comment querida, até a próxima!

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  5. AE, O NOVINHO DOCTOR KNIFE ENTRANDO EM AÇÃO XD

    Mas se tinha um SC que eu queria ver era Lyndis e Al e/ou Chaud e Eva... Eu já tinha lido ontem, mas tava com preguiça de comentar. Hoje acordei doente pra caraca, quase passando mal, e tava na esperança que tivesse um novo capítulo pra eu ler... Ih, mas os capítulos novos são... AMANHÃ, DEUS SEJA LOUVADO :D

    Há certos sentimentos que só o coração pode revelar... Mais uma frase para o meu discurso final para AeS. Mas eu queria ter um psicólogo legal como o Yoshiki, a minha é praticamente o CSI da minha vida, e aquele lugar parece uma câmara branca de tortura emocional... ;-;
    O.K, sem Chaud e Eva. ME GUSTA LYNDIS E AL! E ainda torço pra que quando Lyndis vire uma Infernape, ela e o Al fiquem juntos.

    Não tem um lugar que eu não possa ir sem ver AeS... Eu tava lendo um de meus livros aleatórios de ficção (Oksa Pollock e o mundo invisível.), e uma das criaturas da história mencionou Al Capone... O PLANETA ESTÁ CONSPIRANDO CONTRA MIM :(

    Ah, mais uma coisa: Estou tão louca pra jogar o Trunfo de FT, que acho que já vou imprimir, mesmo que esteja incompleto.

    SAYONARA, CRIADOR DE ANJOS IMAGINÁRIOS! (Ou não.)

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  6. Diga ae, Juh! Você tem sorte, a Lyndis e o Al, assim como Chaud e Eva são personagens que na maioria das vezes sempre aparecem juntos nas cenas. É muito frequente que mesmo que eles não sejam os mais importantes no capítulo, em alguma cena esses "grupos" acabam por aparecer unidos. Eu acho isso interessante, porque exatamente como na vida real os personagens aqui da fanfiction se separam de acordo com o companheiro que se identificam, sabe? Acho isso tão interessante, é como se eles tivesse vontades próprias kk

    "Quem procura, acha!" É uma frase que ouvi certa vez, e realmente, quando paramos para pensar em algo parece que tudo ao nosso redor é semelhante a isso. Eu mesmo nunca imaginei encontrar uma moça igual a Wiki, e olha só agora, encontrei DUAS que são muito parecidas!! Onde será que elas ficaram escondidas esse tempo todo? kk Fico feliz que Sinnoh seja tão presente em você, mas ei, não vá ficar pensando na história na hora de estudar hein, não faça que nem eu... Eu mesmo deveria estar revisando uns trabalhos agora kkk

    Ahh, espere só mais alguns meses Juh, aí você poderá imprimir o Super Trunfo! Realmente, se você quiser já será possível impri-lo agora, vão ficar faltando algumas cartas para jogar, mas acho que dá para se divertir um pouco (: Mal posso esperar para lançar o Super Trunfo também, mas veja só, se eu esperei 8 meses, o que custa esperar mais 8 para deixá-lo impecável? kkk Obrigado pelo comment querida, beijos!

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  7. Oxe. Canas, admito que quando vi essa sugestão, de um support do Coffey e do Yoshiki fiquei um tanto quanto curioso, já que são personagens voltados para humor e drama, respectivamente. Pelo menos por enquanto. Mas você lidou com tudo de uma forma excelente, mesclando os dois, criando uma forma de que fiquemos mais curiosos para conhecer o Coffey. Realmente ainda tenho minhas dúvidas a respeito dele, e imagino que você ainda tenha suas cartas na manga. Indo para o próximo capítulo /õ/

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