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Posted by : CanasOminous
Aug 8, 2012
Chovia na mesma intensidade em que lágrimas rolavam do rosto de uma pequena criança. A figura entristecida de uma menina era envolta por cobertores que tentavam protegê-la do forte frio e dos pingos cortantes do lado de fora. Uma mulher a abraçou, tentou aconchegá-la em seu peito e fazer com que dormisse, mas os soluços penetravam no silêncio como se trouxessem todas as memórias do que acontecera naquele último mês a cada suspiro inquietante.
A infância de Dawn se resumira ao pior momento de seu passado, e as notícias ruins vieram todas como uma avalanche que destrói tudo no caminho. Começando pelo primeiro impacto: O velho Ed havia morrido. Um indigente finalmente encontra seu destino, mas aquilo não faria diferença alguma se ninguém ligasse, uma vez que ninguém sabia de sua existência; porém, para alguns sua partida fora dolorosa demais.
Ed era tudo para Dawn. E agora, tudo se fora.
Todo o resto, não havia mais nada. Começando pelos tristes lamentos de seus companheiros que também não conseguiam acreditar que aquele velho cego solidário um dia realmente chegaria a cantar sua última canção, uma melodia de dor e lamento para aqueles que ficavam para trás.
A segunda triste notícia lançara um impacto imediato no coração daqueles ali presentes, Dawn ainda não conseguia entender o peso daquela dor.
— Celia, vamos procurar meus pais, eles podem ajudar. A mamãe tem uma amiga médica, ela pode fazer alguma coisa, pode fazer o tio Ed voltar...
A mulher não lhe dava ouvidos, estava perdida em todas as lembranças que aquele maldito velho lhe trouxera, e de todo o trabalho que também dera. No fim, parecia bom que ele tivesse finalmente ido, uma despesa a menos. Aquela seria a sensação de Celia há pouco tempo atrás, mas desde que uma certa garotinha entrara em sua vida ela nunca mais havia sido a mesma, uma vez que havia aprendido a dar valor àqueles a sua volta. Mais uma vez, ela pôde ouvir seu nome ser chamado:
— Celia, Celia! Não podemos fazer nada?
— Não, querida. O Ed se foi...
— Mas ele disse que iria me fazer melhorar no piano, ele não terminou de me ensinar tudo! Ele disse que cuidaria de mim, e eu o apresentaria quando reencontrasse os meus pais, eu não acredito no que você está falando!
— Dawn! Não consegue entender quando alguém tem de partir?
— Não, não, não!! — ela negava incansavelmente.
— É só isso que sabe dizer? Acha que o velho era imortal? Então digo que não era. Não consegue entender isso? O mundo não é lugar para os fracos, você não sobrevive se for um ninguém, parece que as pessoas nos proíbem de sermos felizes e fazermos o que gostamos!
— O Ed não era fraco!
Argumentar com uma criança não chegaria a nada. Celia ergueu-se num pulo, agarrou sua bolsa e partiu em direção da porta. Dean estava encostado na parede e tentou segui-la com o intuito de perguntar aonde ia, mas a resposta da moça havia sido mais rápida.
— Boa sorte, vocês dois. Eu estou fora disso.
Um fraco grito vindo da boca de Dawn ecoou nos ouvidos da moça, aclamando por seu nome, mas ela já estava farta. Sempre vivera com o ódio, e ele agora dominava seu coração. A impaciência de lidar com aquilo já havia estourado no coração de Celia, e que diferença faria um velho a menos no mundo? A mulher fechou a porta sem olhar para trás, restou apenas Dean com suas sobrancelhas caídas e uma expressão de não saber o que fazer, Dawn correu para abraçá-lo.
— Me leva para os meus pais, Dean. Eu não quero mais ficar aqui.
— Eu levo, criança. Eu levo. — mentia cada vez com uma dor maior.
O rapaz segurou numa das mãozinhas da pequena e desceu as escadas. Deu algumas boas olhadas ao redor, esperava que Celia estivesse ali esperando-os, mas não havia sinal dela. A moça realmente estava decidida a desaparecer da vida dos dois. E agora, Dean estava sem rumo, sem reação, sem consolo dos únicos que conhecia, ele era apenas um ladrão com um anjo entre os seus braços. Ele não poderia contar para Dawn onde seus pais estavam, seria chocante demais para ela.
Os dois voltaram para Sandgem, talvez encontrassem algo no pequeno vilarejo. O velho depósito continuava como sempre, o piano de Ed no mesmo lugar com as marcas empoeiradas de seus dedos calejados e a presença oculta da solidão que lhes agravava ao ver o piano. Dawn começou a chorar quando se lembrou do velho.
— Eu quero os meus pais...
Era Dean quem havia começado toda aquela história. Ele salvara a criança das garras do mar, e por que houvera de roubá-la das águas? Agora o oceano estava em fúria e descontava tudo sobre o sujeito. Seria melhor se ele tivesse largado Dawn lá, e fim de assunto. Nada daquilo teria acontecido, nem ao menos um sinal daquele mês terrível lhe atormentaria para sempre.
As palavras ainda não lhe saíam.
— Dawn, escute, tenho algo a dizer... Os seus pais, eles... Bem, não sei como te explicar, mas eles...
Dawn ergueu os olhos entristecidos e observou o rapaz por um instante. A feição triste dele era mesclada com o sentimento de esperança ao ver uma pequena flor nascer em meio ao concreto. Não havia porque arrepender-se de suas decisões, todas elas se interligam de alguma maneira no futuro.
Por mais que Dean tivesse uma vida difícil ele sabia que tudo que havia feito valera a pena. Aquela criança ao seu lado havia o ajudado a acreditar que havia algo mais certo na vida do que apenas existir. Era preciso viver. Era preciso ter esperança em algo ou alguém.
— Você tem que ser forte, tudo bem? Me promete que vai ser forte?
Dawn abaixou o rosto um pouco pensativa. Aquele dia foi o único momento que Dean pediu algo para a menina. Pediu para que ela fosse forte, que encarasse os desafios do mundo e jamais desistisse, mas Dawn não compreendeu. Ela era nova demais para entender.
— Seu pais não podem voltar... — disse Dean fazendo uma pausa — Não me olhe dessa forma! Ah, é difícil explicar, juro que eu jamais gostaria de estar em uma situação como essa, mas você tem de entender... — ele abaixou o tom de sua voz cada vez mais — Seus pais morreram, Dawn.
A criança não respondeu, primeiramente recuou como alguém que evita ao toque de algo que lhe machuca. Dean tentou segurá-la, mas ela chorou antes, tão alto quanto qualquer outra vez. O rapaz não podia fazê-la parar, e Dawn correu para fora.
— Você está mentindo! — gritou ela várias vezes, embora em seu coração de criança ela já temesse por aquilo.
Nesse momento, dois guardas passavam próximos ao depósito. Uma menininha chorando, um sujeito mal encarado tentando segurá-la, aquilo só significava uma coisa para aqueles dois policiais.
Dean chamou pelo nome de Dawn duas vezes, mas a menina não parou, apenas escondeu-se atrás de um caixote.
— Dawn, me ouça! Não deixe que as coisas ruins te afetem, siga em frente! O Ed lhe disse isso, siga o seu coração e faça aquilo que você gosta!
— Cale a boca, insolente! Tenta assediar a garota e ainda lhe dirige a palavra? E o que temos aqui? Ora essa, é o ladrãozinho de Jubilife que sempre está roubando os bares e padarias, quem diria que de um pobretão em necessidade você chegaria a esse nível.
Dawn correu em direção dos guardas, tentando fazê-los largar Dean. Agora os policiais seguravam o ladrão e de e nada adiantaria sua velocidade.
— Vocês entenderam tudo errado, ele é o meu amigo! — gritou Dawn.
— Você, garotinha, iremos levá-la para onde quer que os seus pais estejam. É perigoso andar por essas bandas sozinhas, por pouco não lhe acontece nada pior! — respondeu um dos guardas.
— Dawn, corra! Não deixe que a prendam sobre quatro paredes, nem que a limitem de seguir todas as regras desse mundo. Crie asas e siga o que ama.
Foram as últimas palavras de Dean. Dawn era pequena, mas tinha pernas longas; foi capaz de despistar um dos guardas e acabou indo para uma área da cidade que não mais conhecia. Olhou para trás vendo se alguém ainda a seguia, e talvez na esperança de ver Dean correr até ela como um jato. Porém, ninguém mais passou por aquela rua naquela tarde.
Os passos da menina foram atrasando até que ela se sentasse atrás de uma parede e apenas esperasse o destino lhe pregar outra peça. Assustou-se ao ver alguém se aproximando e retirando todas aquelas caixas que a escondiam, e então, revelou um largo sorriso ao notar a presença de Celia toda descabelada.
— Finalmente te encontrei, menina. — disse Celia.
— O Dean... Pegaram o Dean... — respondeu Dawn entristecida.
— Ele sai dessa. — mentiu mais uma vez, mas agora Dawn já estava farta de todas aquelas mentiras em suas costas.
— Vocês mentiram pra mim, disseram que eu poderia reencontrar os meus pais, mas o Dean disse que eu não posso mais!! Eles afundaram naquele dia, não foi?!
A primeira reação da mulher foi mentir mais uma vez, mas era maldade demais continuar a enganar a criança. Celia agachou e segurou em uma das mãozinhas da pequena para levá-la para longe, onde fosse mais seguro. Dawn tentava segurar o choro enquanto as dúvidas continuavam a cercar sua mente. Agora eram apenas as duas, de quatro restaram apenas dois e aos poucos o mundo lhe arrancava alguém de sua família.
— O que fazemos, Celia? Ficamos só nós duas? Me ajude a fazer algo, deixe que eu faça o mesmo que você, que eu não seja uma indigente e que os policiais não me peguem! Eu quero ser alguém importante!
Uma das sobrancelhas de Celia se arquearam em enorme fúria, e o ato seguinte não pôde ser controlado. Ela virou e deu um tapa tão forte que Dawn ainda o sentiria depois de anos, mas a criança não chorou. Aquele tapa fora mais um ato de amor e compaixão do que raiva, e então Celia pronunciou-se com uma voz entristecida.
— Nunca diga que quer ser igual a mim, nunca diga isso.
— Mas você é tudo que me restou...
Celia permaneceu perdida em seus pensamentos não tendo ideia do que fazer em uma situação como aquela. Algumas nuvens cinzentas se aproximavam e uma forte chuva era anunciada com o entardecer. A mulher agarrou na mão da pequena e mais uma vez guiou-a para onde seu coração indicava.
As duas chegaram até uma pequena casa com um grande laboratório ao lado. Aquela era a área de estudos de um renomado professor da área, e que por sinal destacava-se muito como um pesquisador. A chuva começou, e as duas seguiram até em frente a porta que tinha uma proteção em forma de arco esculpido em pedras para que as duas se abrigassem da chuva.
A mulher limpou o rosto molhado da menina e a encarou. Dawn desviava o olhar que a todo momento obrigava Celia a segurar em seu rosto implorando para que prestasse atenção. Ela segurou nos ombros de Dawn e a encarou:
— Dawn, querida, me ouça. — disse ela, vendo os olhos dispersos e chateados da pequena — Me ouça! Não chore, suas mágoas irão passar, lembra-se da canção?
— Mas eu quero ficar com você... — repetiu Dawn.
— Eu não posso, eu não desejo isso. Às vezes precisamos sacrificar algumas coisas para um futuro melhor... O Ed tornou-se nada para fazer com que tudo que ele tinha ganhasse valor. Foi isso que ele escolheu para a vida dele, e assim como eu, quero que você se torne uma linda mulher!
Dawn abraçou Celia que a envolveu com braços de mãe que a mulher nunca mais viria a ter. Nunca amou tanto uma criança quanto aquela, e sabia que provavelmente não mais veria Dawn fora de suas lembranças e seus sonhos. Celia bateu na porta três vezes, aguardou pacientemente até que um velho fosse atender.
O Professor Rowan provavelmente estava para expulsar aquela moça da frente de sua casa, mas havia uma criança ao lado de Celia. Uma pequena garota. A mulher estava ofegante e cansada, os cabelos mal cuidados e as roupas completamente encharcadas. E em sua frente a pequena Dawn. Precisava pensar cautelosamente em palavras que não dessem a ideia de que ela apenas queria abandoná-la, quando na verdade sua intenção era salvá-la do tormento das ruas.
— Você é o Professor Rowan, certo?
— O que quer aqui? Quem é você? — indagou o velho um pouco assustado.
— Li no jornal a sua entrevista sobre o naufrágio do barco clandestino, e eu soube que um grande pesquisador, amigo seu, veio a desaparecer nas águas turbulentas do mar. Esta é a Dawn, a filha dele.
Rowan ficou estático, não acreditando ao certo que o maior tesouro de seu falecido amigo fora salvo, e agora ressurgia como se todas as suas preces tivessem sido atendidas.
— Torne essa garota alguém na vida.
Não houve despedida. Celia entregou a criança nas mãos do velho e saiu de lá correndo, e ainda que as palavras de sua boca mal saíssem coerentes desejou de todo seu coração que Dawn tivesse um futuro próspero quando crescesse.
— Faça aquilo que ama.
A mulher correu em meio à chuva que engrossava e aos poucos desapareceu. Contornou uma casa como se fugisse de algo, ou apenas lamentasse não ter tido a oportunidade de propor uma vida melhor à uma menina que tanto amou. A chuva continuou, continuou, e continuou praticamente por toda a noite. De quatro, agora restara apenas um. Mas enquanto um lutasse para viver haveria a oportunidade de um novo começo; Dean, Celia e Ed acreditavam na esperança, e quando tudo apontava para que eles desistissem foi a esperança que se manteve em pé. The Dawn of a New Day. O amanhecer de uma nova manhã.
• • •
A noite não calou-se, e por longas horas a menina ardeu em febre e descansou sobre o leito da casa do velho professor. Quando despertou estava em uma fofa cama de cor amarelada, e próximo à janela estava um senhor com um cachimbo e olhos graciosos. O professor Rowan já estivera em melhores dias, mas pelo menos o tempo lhe dera muito renome e experiência compensando a falta de saúde. Naquele dia, o sentimento de gratidão por saber que Dawn estava bem fazia com que o velho se esquecesse de todos os seus problemas.
— Onde estou? — indagou a menina.
— Em Sandgem. São pouco mais das dez da manhã do dia vinte e sete de outubro, se quer saber. — disse um velho homem, soltando um longo suspiro sem desviar seu olhar da janela — Você é uma figura abençoada, minha pequena Dawn.
— Quem é o senhor?
— Provavelmente não irá lembrar-se, mas eu a vi quando era apenas uma menininha. Sou amigo há tempos de seu pai, e sofro muito pelo falecimento dele. Presumo que ainda queira descansar, é um processo difícil de recuperação.
— Ela me deixou... — respondeu Dawn, sem dar muita atenção àquilo que Rowan dissera. O Professor levantou-se e enfiou as mãos no bolso do jaleco.
— Refere-se àquela moça?
— Sim, a Celia... Ela me abandonou... Assim como todos os outros...
— As pessoas fazem esforços por amor, Dawn, elas deixem de fazer aquilo que amam por quem realmente amam, consegue entender o que digo?
Dawn abaixou a cabeça refletindo sobre o que o Professor dissera, mas aquela mensagem só faria sentido quando ela tivesse mais maturidade, ainda que as palavras tivessem sido fixadas em sua mente.
Rowan caminhou até um armário que havia ao lado da cama e retirou alguns doces. Entregou-os para Dawn, que não via um daqueles desde que chegara à Sinnoh. O velho riu ao ver a expressão de felicidade da menina mudar tão rapidamente. Ela já havia sofrido demais como uma adulta, agora deveria apenas voltar a agir como uma criança.
— Eu não queria tocar neste assunto, mas acho importante que saiba. Nós pensamos que você estivesse morta, havia apenas um sobrevivente até então e cinco pessoas desaparecidas. Aqui, em minhas mãos, tenho os últimos pertences de seus pais.
Havia três pokébolas com o Professor, que mais tarde revelariam ser Glaceon, Leafeon e Lairon. Três dos Pokémons presentes na equipe de seus pais, ainda que alguns tivessem desaparecido, e provavelmente nunca mais fossem encontrados. As palavras mal saíram da boca da menina, que logo começou a chorar.
— São os Pokémons da mamãe e do papai...
Dawn cambaleou colocando a mão no rosto para evitar mostrar o quão feliz estava com aquela notícia. Era muito bom ver que algo de seus pais estava seguro, eram suas últimas lembranças. O professor segurou no ombro da menina para que ela se deitasse.
Dawn cambaleou colocando a mão no rosto para evitar mostrar o quão feliz estava com aquela notícia. Era muito bom ver que algo de seus pais estava seguro, eram suas últimas lembranças. O professor segurou no ombro da menina para que ela se deitasse.
— Minha pequena, descanse... Entenda que eu estou aqui agora, e dê graças aos céus por estar viva e com saúde! Vamos fazer alguns exames amanhã, ver como você está por dentro. — comentou Rowan logo fazendo um sinal de alívio — Ora, e por Arceus! Fico a imaginar como sobreviveu todo esse tempo nas ruas.
— Meus amigos cuidaram de mim. — respondeu ela, tentando forçar um sorriso. Rowan acenou algumas vezes positivamente, e então disse:
— Devo dizer que você encontrou anjos, minha querida. Os seus anjos da guarda, e acredite, eles nunca deixarão você. Assim como seus pais. Nunca se esqueça disso.
O tempo passou, e com ele a vida de Dawn começou a voltar a caminhar gradualmente. Com passos lentos e cuidadosos a pequena começou a viver ao lado do Professor Rowan auxiliando-o como sua assistente nas pesquisas. Tanto que em sua vida como pesquisadora o velho homem fora uma importante peça para suas decisões. Certo dia ele perguntou:
— Diga-me uma coisa, Dawn. Pretende seguir o mesmo caminho de seu pai? Você seria uma excelente pesquisadora.
— Para falar a verdade, eu nunca gostei do ramo, Professor. Mas se for para ajudar o senhor, então posso agir como sua assistente.
— Não lhe obrigo a seguir isso, mas sabe como são os dias de hoje. Crianças que sonham em serem treinadores e coordenadores, quase que como sonhos automáticos; mas devo dizer algo, ouça apenas o seu coração.
— E como eu posso ouvi-lo, Professor?
— Deixe o tempo dizer.
Alguns dias mais tarde voltou ao depósito para tocar piano escondida. Aprendeu seus esquemas sozinha e com livros que o velho Rowan lhe dava. Mas sentia aquilo mais como um hobbie do que um sonho. Na verdade ela ainda não sabia diferenciar os dois, e sentia falta do apoio para seguir um dos caminhos. Chegou a mudar de sonho várias vezes, ganhou até mesmo um Pokémon, seu Piplup, para acompanhar em jornada.
— Quero sair em uma jornada agora! Este será meu novo sonho!
A vontade se perdeu pouco depois. Aquele suposto sonho esvaiu-se até tornar-se lembranças da infância, de suposições que fazemos ao ver todos os demais fazendo o mesmo. A verdade é que ela tinha muito tempo para decidir o que realmente queria ser, mas chegou um dia em que deixou de ouvir seu coração. E agora, parecia que todos queriam opinar sobre o que ela queria e deveria ser.
A cada ano que passava Dawn desempenhava melhor os seus deveres como pesquisadora, mas o próprio Rowan sentia que aquele ainda não era o caminho dela.
— Esses dias eu estava me perguntando, qual é o seu maior sonho? — perguntou Rowan.
— Tornar-se uma grande pesquisadora. — respondeu ela, quase que de forma automática.
— Sabe, você desempenha isso muito bem, mas eu não a vejo amar o que faz, por isso acredito que apesar de ter muitas habilidades na área você tenha outros objetivos. Talvez algo adormecido que não tenha sido despertado... — assentiu o velho.
— Ora, Professor. Que pergunta tola, todo jovem pesquisador em Sinnoh desejaria ser seu assistente. Muitos querem ser treinadores, coordenadores, e têm grandes sonhos com isso. Todo mundo quer.
— Mas você não é todo mundo.
Ele estava certo. E agora? Dawn abaixou a fronte e admitiu:
— Sinto que se eu não me tornar o que a sociedade quer então serei uma pessoa fraca, e os fracos não tem lugar nesse mundo. O mundo não é lugar para um coração frágil como o meu...
— Então pegue-o, e tente mais uma vez.
O Professor levantou-se e tocando nos ombros da menina disse com insistência:
— Você tem que encontrar o que você ama. Não pare de procurar.
Dawn abaixou e esboçou um sorriso, mas ainda assim não conseguiu dizer o que realmente queria para sua vida. Almejava ser pianista, um segredo oculto em seu coração que nunca foi capaz de compartilhar com ninguém. Era apenas uma vontade que permaneceu adormecida como um dom que certas pessoas nascem para ter. Mas ainda assim as sábias palavras que o Professor dissera permaneceriam caminhando ao lado de Dawn até o momento em que ela mais precisasse: Você tem que encontrar o que você ama. Não pare de procurar.
Uma flor nasceu e desabrochou. Foi sufocada no concreto, mas um dia ela ainda ergueu-se para que viesse a se tornar a mais bela flor com sentimentos guarnecidos numa caixa branca. Dawn viveu na rua, mas não veio a passar fome de comida, e sim, de viver. Ela deveria passar a ter fome de vida. Aprender a tocar piano parecia algo tão fútil a princípio, então para que Dawn usaria aquilo em sua vida? O futuro é incerto, e por isso devemos acreditar que todos os pontos se ligarão de alguma maneira. Continue à procura daquilo que ama, não descanse.
Finalmente o término deste especial!
ReplyDeleteNão que esteja ruim, pelo contrário, enredo bem feito, descrições ótimas que eu chegava a sentir toda a tristeza da pobre Dawn. Só que esse especial foi muito triste, só com o povo sofrendo. Ele encerrou-se em um momento oportuno, pois agora que eles passarão pela mesma rota onde Dawn perdeu seus pais gostaria de saber o que eles farão.
Agora que você citou nesse capítulo outros pokémons dos pais da Dawn que provavelmente se perderam no mar fiquei curioso se ela os encontrará ou não, a Dawn precisa de uma captura nova na minha opinião (se bem que você disse no FormSinnoh que a Dawn chegaria perto de capturar um pokémon por volta do capítulo 46, que foi o anterior, mas desistiria).
Enfim, parabéns por mais um especial concluído e aguardo anciosamente sexta-feira, o capítulo 46.5 O ladrão.
Diga, Rodrigo! Obrigado pelos elogios meu caro, esse tipo de especial é bem complicado de se lidar mesmo, você começa a lê-lo já sabendo o final e por isso ele não impressiona, mas meu foco com ele foi revelar alguns pontos bem ocultos que o leitor precisava redobrar a atenção para perceber. Isso que você citou dos Pokémons perdidos era um deles. Eu me lembro de ter dito que a Dawn poderia capturar algo no 46, e por mais que ela não tenha capturado nada nesse lembre-se que ainda tem o 46.5, que não deixa de ser o mesmo número kkkk Santa memória em lembrar-se de coisas tão pequenas que eu cito hein. Agora com esse episódio especial teremos só mais algumas revelações e damos um fim temporário à Dawn, mas ainda assim garanto que muita coisa vai influenciar no roteiro entre esses Pokémons (: Para quem acompanhou o especial Sadness Orchestra o próximo capítulo virá repleto de interligações e outros fatos curiosos, aguardem!
ReplyDeleteAdorei o final da Sadness Orchestra. O enredo ficou ótimo e a história ficou perfeita. Fiquei muito triste quando a Celia deixou a Dawn e foi embora, mas esse foi um dos pontos fortes do capítulo. Espero ansioso notícias desses Pokémons.
ReplyDeleteHey Canas, senti a emoção deste capítulo do começo ao fim. Foi perfeito, de forma que lamentamos pelo fim deste grande especial. Quase derramei lágrimas quando a Célia abandona Dawn, mas também senti aquela alegria profunda quando a menina acordou a salvo, e que o professor a havia acolhido. foi lindo, um final dígno para esta série maravilhosa, nunca esquecerei estes momentos lendo Sadness Orchestra.
ReplyDeleteQue maneira explêndida de terminar um especial, ein cara? Olha, lhe dou um dez pelo enredo! O Ex-Elite 4 em questão de estória em si foi meu preferido, mas não posso mentir que esse foi muito melhor escrito, o que mostra o quanto você evoluiu! A infância da Dawn... Quem diria que tanta coisa aconteceria para que essa pequena garota sentisse um gostinho de como a vida poderia ser? Adoro os Fire Tales por exemplo, tudo que tem um enredo diferente, mas relatar algo parecido como o mundo real também é show!
ReplyDeleteEm uns pontos apenas eu achei que você deu uma corridinha com o enredo, sabe? Embora eu saiba que você quis relatar rápido, para que o leitor não perdesse o foco e se distraísse, apenas percebendo a essência principal, e por isso posso dizer que este final ficou mesmo muito legal! Pobre Dawn, mas pelo menos uma boa vida a aguarda. Um irmão mais novo, um amor... Ok, ok, parei. Que lindo gesto do professor Rowan, ainda bem que tudo acabou bem para a Dawn. Embora que fique bem triste por saber que a Célia, o Dean e o Ed não tiveram um final feliz, mas acho que ao saber que a Dawn será bem cuidada se sentirão melhor. Excelente especial esse, man!
E finalmente foi terminada a história de Sadness Orchestra... cara devo admitir que este especial possui o meu respeito, ele possui um toque de criatividade e realismo completamente fora dos padrões de fics que vemos hoje em dia!
ReplyDeleteO sofrimento da Dawn e a separação do grupo deixou um aperto no coração! E as palavras que você colocou em cada linha deste especial foi perfeita.
A interligação com a história central dá um ar a mais a este especial, pois faz com que tenhamos este especial como um exemplo de vida, mesmo sendo uma história ficcticia!
Com sempre, só tenho elogios a fazer, e lhe parabenizar por este grande feito!
Flw
CHOREEEEEEEEEEEEEEEI, E CHOREI MTO TT.TT
ReplyDeleteCANAS, VC CONSEGUE SER TÃO MALVADO QNTO EU! >_<
esse especial ficou DIVINO *-* cada detalhe, cada fala, cada cena, era como se vc estivesse presente, vendo tudo, sentindo tudo... realmente Canas, vc tem o dom d escrever e fazer o leitor se sentir dentro da história ^^
PS: tadinha da Dawn, q vida sofrida ='/