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- Aerus' Destiny
Posted by : CanasOminous
Apr 4, 2017
O
céu continuava o mesmo, mas por algum motivo parecia menos azul; a fogueira
ainda crepitava, mas o fogo já não aquecia como antes. Há anos perdera o brilho
nos olhos — se
realmente fosse um dragão, não teria mais interesse em ouro e nem joias. Os
anos o arrastaram como correntes pesadas em seus ombros e esferas de metal em
seus pés, estava perdido em um barquinho de madeira no meio do oceano sem
esperança de alcançar uma ilha.
Seus
amigos estavam mortos — uma lembrança amarga do tempo que consumia a tudo e
todos —, sempre pensou que teria sido melhor fazer amizade com o Senhor
do Tempo, Dialga, ao invés daquela mulher apaixonada que controlava o espaço.
Despertou
por causa do frio, mas dormir ao relento também não era nenhum conforto. A
fogueira, praticamente extinta, sua única missão era controlar aquela chama.
Ele levantou-se, jogou alguns gravetos na tentativa de ampliar a chama que
acabou por extinguir-se por completo. Não era a primeira vez que perdia seu
fogo, uma ajudinha daquele velho Houndoom cego seria bem vinda nessa hora. A
noite era o período mais cruel, pois a solidão avançava com a força do soco
mais forte de General. Lembrava-se das histórias e momentos de diversão que
compartilhara com eles, das batalhas e conquistas compartilhadas com cada um.
Onde estavam as medalhas, onde estavam os troféus? Sujos de poeira, como ele.
Coçou a barba e soltou um longo suspiro, tinha que esperar só mais um dia
passar.
Só mais um
dia.
A planície
era extensa e cercada por montanhas, qualquer um teria visto a explosão
luminosa que ocorreu e abriu uma enorme fenda no chão, exalando fumaça e poeira
como se um meteorito tivesse acabado de colidir com a terra. O dragão preferiu
não levantar-se para ver o que era. Estava velho, não tinha forças e nem
vontade. Que procurasse outro alguém.
Assim que
abriu os olhos, uma enorme sombra negra se projetava sobre ele.
— Look at that. O estado deprimente desta
pobre criatura... E pensar que você já foi o líder da Fire Tales.
O Garchomp
sentou-se e imediatamente reconheceu a figura monstruosa.
— Vista? A
máquina de guerra? Nosso tanque monstruoso que adorava destruir coisas?
— Yep. Back from
the future. I mean, from the future’s future. Oh, just forget it.
— O que
você está fazendo aqui? Você deveria estar... morto.
— Incorrect. Uma máquina não pode morrer,
mas posso ser destruído. Mas se não houver nenhum babaca para me reconstruir,
creio que as condições do nosso futuro sejam mais sérias do que eu havia imaginado
— falou Vista, sentando-se em frente ao dragão como dois velhos conhecidos que
se reencontram após longos anos em silêncio. — É melhor você também sentar-se.
Sou péssimo em contar histórias.
O Metagross
deu um único disparo na fogueira que explodiu e ardeu em chamas, alastrando o
fogo nos arredores de maneira contida, só para que eles tivessem um pouco de
iluminação naquela noite sem estrelas. Vista o olhava sério, ainda não ouvira
nenhuma pergunta ou dúvida de seu velho amigo, mas só de olhar para o semblante
dele podia compreender o que ele sentia.
— Você está
péssimo — falou Vista. — Pior que antes. O que fizeram com você?
— Acho que
fui atropelado por um caminhão chamado vida — Aerus respondeu.
— Quase não
o reconheci com essa barba de mendigo e essa cara de quem já viveu meio século.
Ainda não arranjou outro daqueles seus óculos escuros?
Aerus
permaneceu em silêncio, sem tirar os olhos do ciborgue. Sentira falta até mesmo
da maneira birrenta como ele sempre tratara todos.
— Eu já não
sou mais um garoto, Vista.
— Oh, come on. Não me venha com esse
discurso de gente velha — disse o ciborgue. — A sua alma é a última que deveria
envelhecer, ainda olho para você e enxergo o garoto inexperiente tentando
liderar uma guilda de fracassados que se tornou a maior da história. Things are getting serious, you know? Onde estão os outros?
Aerus
balançou a cabeça, incapaz de compreender.
— Eles
estão mortos, merda! Sério mesmo que você voltou do passado só para trazer...
essas lembranças? Para ficar jogando na minha cara como vivíamos tempos
maravilhosos? Eu aproveitei tudo que tinha que aproveitar, cacete, a Fire Tales
foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, mas acabou, porra!
— For Arceus’ sake, você está mais boca
suja do que eu me lembrava... Talvez o Watt possa dar um jeito nisso.
Aerus
ativou a lâmina enferrujada que jamais saíra de seu antebraço. Ele deu um grito
de ódio e partiu para cima de Vista, cravando a lâmina no peito do ciborgue que
recuou e cambaleou para trás, arrancando-o de cima de seu corpo e atirando-o
contra a parede.
— Damn, kid! Você continua impulsivo como
sempre! — Vista verificou seus sistemas para ter certeza de que nenhum fio fora
danificado. Se sua armadura defensiva não estivesse em seu auge, aquele golpe
do velho Garchomp ainda teria machucado um bocado.
— Não...
fale... mais... do Watt... — Aerus murmurou entre os dentes.
— Eu sempre
soube que o esquilo era o equilíbrio entre vocês.
— Vocês?
— You and Titânia.
Aerus
berrou novamente e partiu para cima de Vista como um animal selvagem, ele
tentava riscar a armadura de metal, mas sua arma já não era afiada há anos.
Vista precisou prensá-lo contra uma rocha usando seus braços mecânicos.
— That’s why I’m here! Você continua
impulsivo e faz merda atrás de outra, ouve um nome que lhe traz algumas lembranças
e já perde a cabeça! Talvez os anos não tenham o feito amadurecer como devia.
— Me larga,
sua sucata de merda! Eu não preciso de você aqui, eu não quero nenhum fantasma
do passado voltando para me atormentar! Me deixa em paz!
— Não pense
que eu saí direto do conforto do meu passado perfeito para consertar esse seu
futuro de merda, eu só estou aqui como um favor — Vista falou furioso, poucos
eram capazes de confrontá-lo naquela situação. Mas após ver a situação
deplorável em que o velho Aerus se encontrava, acabou se compadecendo da
situação.
Após ser
largado no chão, Aerus tentava recuperar o fôlego, tossindo sem parar.
— Onde está
a menina? — perguntou Vista.
— De quem
você está falando? — perguntou o dragão, abalado com aquele súbito encontro.
— Your daughter.
Aerus
arregalou os olhos. Não entendia algumas das palavras do vocabulário
sofisticado do Metagross, mas compreendia o que aquilo significava.
— Minha...
filha?
— Yes, yes. Um filhotinho do demônio, se
me permite dizer. Céus, aquela garota move montanhas com as próprias mãos se
assim desejar. Deve ter herdado a força da mãe e o temperamento do pai, porque
é justamente por causa disso que eu estou aqui.
Eram tantas
informações para assimilar que Aerus sentiu seu cérebro travar.
— Não, não
pode ser...
— Oh, you do. Eu vim busca-la.
Vista
prensou Aerus no chão, impedindo-o de ataca-lo de novo. O dragão rangia os
dentes.
— Vai me
deixar terminar? Enfim, vou resumir a história. A garota é mais poderosa do que
você imagina. Ela não deveria estar aqui, é uma ameaça até mesmo para o tempo e
espaço, tanto é que tenho permissão da própria Palkia para vir aqui dar um
jeito nas coisas.
Aerus foi
erguido pela cabeça, tendo de olhar bem de perto nos olhos do ciborgue
mecânico.
— E você vai
me ajudar a consertar a merda que a sua filha fez. Got it?
i
Se as
noites eram frias e solitárias, então as manhãs revelavam um lado ainda mais
difícil para continuar vivo. A garganta seca era um sinal de pouca água e as
planícies áridas eram uma lembrança das terras férteis de muitos anos. Vista se
transformara em um carro que corria em alta velocidade enquanto Aerus
permanecia quieto em seu canto, aguardando aonde quer que a viagem os levasse.
Desde o retorno do Vista do passado, vinha tentando apagar todas as lembranças
da Fire Tales que voltavam à tona.
— So, everyone is dead, right? — perguntou
Vista, sem esperar por uma resposta. — Damn,
deve ser cruel pensar em seguir em frente sem aqueles idiotas... Eles tiveram
mortes trágicas?
— Não é da
sua conta — respondeu Aerus, abraçado aos seus joelhos como um mendigo acuado
por grandalhões armados com ferro e bastões.
— Aquele
fracassado do Marco não viveu o bastante para me reconstruir? Nem a Wiki e o
Mozilla aguentaram? Quando eu voltar para meu tempo vou me certificar de
ensiná-los direitinho a me reconstruir, vão ter que treinar três vezes por dia.
Espere, e o Mikau? Está para nascer um atirador mais capacitado do aquele
desgraçado! Diz que fui eu que matei ele, please.
— Você não
tem nem mais corpo — Aerus rompeu o silêncio. — Sua cabeça está em um tanque
líquido em um museu. Alguns dizem que você ainda pensa em uma forma de fugir de
lá.
— Tragic. Um final digno. Sobrou mais
alguém que possa nos ajudar nessa demanda?
— Bom...
para ser sincero sobrou alguém com quem jogo xadrez à tarde. Eu compro alguns
remédios para ele, mas não tenho condições de tomar conta dele.
— Você não
tem condições de cuidar nem de si mesmo.
Vista
dirigiu até uma cabana isolada perto do mar. Ao menos a vista ali continuava a
mesma, era o mais perto que tinha do seu tempo, céu nublado e uma garoa fina em
tardes de inverno. Esteve pensando a viagem inteira em quem iria encontrar ali,
se desse de cara com um Mikau velho e rabugento não poderia segurar a risada,
mas na primeira vez que se deparou com o silêncio naquele cômodo frio, percebeu
que não tinha tempo para brincadeiras.
A casinha
tinha rampas e nenhum degrau, a mobília era de uma madeira simples, mas pelo
menos a privacidade e o sossego proporcionados eram melhores do que imaginá-lo
em um asilo. Na varanda de frente para o mar, estava um homem de cadeira de
rodas com os cabelos loiros. Apesar da idade avançada — quase vinte anos à
frente de Aerus — ele ainda devia fazer sucesso com as velhinhas. Os cabelos
bem penteados para trás tinham alguns fios brancos na raiz, mas ele sempre
tentava pintá-los para esconder a idade. O rosto fora o mais ferido pela idade,
um sinal de que nem mesmo a criatura mais perfeita do mundo poderia ser bonita
para sempre.
O velho
Seth ouviu a porta abrir-se, mas não se importou em ir recebê-los.
— Eu não
vou jogar xadrez com você de novo. Estou cansado de ganhar, Aerus. Você nem ao
menos tenta — a voz de Seth estava um pouco rouca, mas ainda era possível ouvir
um pequeno rastro da canção melodiosa que um dia saíra de sua boca.
— Eu trouxe
uma visita dos velhos tempos. Só cuidado com o coração.
Assim que
Seth virou a cadeira de rodas, deparar-se com Vista não o deixou tão surpreso
quanto Aerus esperava. Parecia que os dois haviam se encontrado na última
manhã.
— Aqui está
alguém que eu não esperava ver de novo — disse Seth.
— Damn, os dois maiores rivais de antigamente
agora se reúnem aos domingos para jogar xadrez na beira da praia. Time changes — murmurou Vista.
—
Certamente, meu nobre visitante do passado. Prefere chá ou café? Por favor,
sente-se enquanto o Aerus prepara um pouco para nós. Eu vou adorar ouvi-lo.
Aerus não
preparou nada. Vista compartilhou com Seth maiores detalhes sobre o estrago que
a suposta filha de Aerus causara em universos alternativos e como ele fora
enviado do passado justamente para consertar aqueles problemas. Mesmo após ter
destruído sua máquina do tempo e jurado nunca mais usá-la, a urgência do plano
obrigou que decisões maiores fossem tomadas em prol da existência de todos
naquele universo.
— E onde
está a menina? — perguntou Seth.
— Poderíamos
perguntar para o pai ausente e imprestável dela — respondeu Vista, olhando para
Aerus que parecia cada vez mais furioso ao ouvir aquela ideia sem sentido.
— Vocês
acham mesmo que eu não saberia que tenho uma filha? Que nem saberia o nome
dela? Que eu abandonaria uma menina criada pela própria Titânia, a mulher que
mais amei nessa vida? Pela forma enigmática que vocês se comunicam, parece até
que estão contra mim e eu sou o culpado disso tudo!
— Você foi
lerdo para muitas coisas nessa vida, caro amigo — disse Seth. — E ser pai foi
uma delas.
— Talvez eu
não a tenha conhecido ainda porque eu estava ocupado demais cuidando de um
velho de cadeira de rodas que não consegue nem mais preparar um café decente —
respondeu Aerus.
Vista
ergueu-se para impedir que aquele duelo de velhinhos partisse para o nível de
disputa de bengalas.
— Pelo
menos algumas coisas não mudaram. Come
on! Onde é que uma menina de oito anos se esconderia nesse mundo caso
estivesse completamente sozinha e desamparada? O único lugar que a traria
conforto nas horas difíceis, onde ela se sinta acolhida quando mais precisar?
Deve ter restado um lugar assim no mundo...
ii
Vista se
lembrava da placa que um dia tivera de colocar no portão principal da guilda.
Não havia mais letreiro e nem muros, aquele deveria ter sido palco de uma
guerra sem medidas que não deixara nada para trás além de rastro e destruição.
Aerus empurrava a cadeira de rodas de Seth sem olhar para os lados, ele só
olhava o chão e fingia que não existia nada ao seu redor. Sem uma fogueira
ligada, aquelas redondezas eram muito frias. Aerus colocou uma manta sobre o
ombro do Dragonite e certificou-se de que ele estivesse confortável em sua
cadeira naquela longa caminhada.
— Oh, eu
lembro desse lugar... Era o bar da Sophie, não? — apontou Seth.
— Já virei
muita mesa de ponta cabeça nesse salão... Era ali que ficavam os dormitórios?
Lembro que a Wiki alugava um quarto antes de irmos para o laboratório na
montanha. Damn, já dei cada susto
naquelas crianças...
Aerus
mantinha o semblante imparcial. Só queria dar logo o fora dali.
— Pronto.
Já terminaram sua excursão? Podemos ir embora? — ele os apressou. — Eu odeio esse
lugar.
— Aerus,
meu bom amigo, não podemos abrir mão de tantas lembranças maravilhosas. Você já
se esqueceu das competições de braço de ferro no bar? Ou das festas com os
demais membros da guilda, as viagens para o parque de diversão, as brigas e
batalhas que travamos aqui para protegermos a guilda — a nossa guilda? Não abra
mão de seu passado, Aerus. Ele ainda é uma parte importante do seu
amadurecimento.
— Eu não
esqueci... Eu jamais esqueceria.
Duas
pequenas rochas deslizaram, Vista virou-se com seu canhão preparado e Aerus
ativou suas lâminas enferrujadas em sinal de alerta, seus sensos continuavam
ótimos apesar dos anos. Seth também percebeu, mas ele já não conseguia mover-se
com a mesma facilidade, por isso virou sua cadeira de rodas e falou com a voz
bondosa.
— Sabemos
que você está aí, querida... Por que não vem até nós?
Aerus ainda
não tinha percebido que estava tão perto de onde costumava ser o seu quarto.
Talvez até tivesse percebido, mas preferiu fingir que não existia mais nada ali
— o que de fato era verdade. Vista guardou seu canhão e ele retraiu a lâmina de
volta para seu braço. Havia uma menina de pé sobre os destroços de uma parede
tombada. Ela tinha o cabelo acinzentado ainda curto, mas uma trança singela
fora preparada com todo carinho do lado direito. Seus olhos eram intensos, do
tipo que poderia intimidar um inimigo a desistir antes mesmo de entrar em uma
luta. Ela usava um vestido branco com botinhas, preso ao cinto improvisado
carregava alguns mantimentos e provisões. No braço esquerdo carregava parte da
armadura que um dia pertencera a sua mãe, a mão direita não largava a bainha da
espada quase do seu tamanho, presa à suas costas.
Seth
revelou um sorriso discreto, Aerus permaneceu trêmulo sem sair do seu lugar.
— Damn — disse Vista, olhando para a
menina e depois para Aerus. — Ela tem a cara da mãe, mas nunca achei que fosse
parecida com você. Tem certeza que é a sua filha?
— Olá,
querida. Por que não se aproxima? — Seth convidou-a gentilmente.
Vista
ergueu seu canhão e atirou de forma inesperada. Uma rede feita de correntes
disparou contra a menina que retirou a espada das costas a tempo de reduzir a
rede a pedaços de ferro deslocados. Aerus gritou indignado por seu amigo ter
arruinado aquele momento.
— Não
acredito que você fez isso, sua merda de sucata ambulante!
—
Assustamos a menina — Seth meneou a cabeça.
— Minha
função é pegar a menina e dar o fora daqui. Eu não dou a mínima para o que você
sentir.
Vista
disparou em uma perseguição atrás da garota. Aerus queria persegui-lo, mas não
queria deixar Seth sozinho naquela situação. O velho Dragonite segurou-o com
sua mão fraca e concordou com a cabeça, insinuando que ele deveria persegui-la
também.
Aerus
correu por cima dos escombros, vez ou outra escorregava por já não ter muito
equilíbrio, mas não podia deixar que algo acontecesse com aquela criança. Não
de novo.
Vista era
grande demais, e por isso, um alvo fácil. Ele avançava pelos antigos domínios
da Fire Tales, empurrando escombros na tentativa falha de encontrar uma menina
mirrada naquele campo desolado. Ele revirou uma parede quando viu que a luz
fora tampada por um breve instante, a garota havia saltado do alto com a espada
em mãos, procurando cravá-la no centro do elmo de prata do ciborgue. Vista
sabia que aquela era a espada de própria Titânia, uma arma capaz de cortar até
mesmo o aço mais resistente. O Metagross agarrou a menina pelo corpo e
arremessou-a contra o chão sem dó na tentativa de contê-lo.
— You come with me.
A garota
franziu o cenho e segurou as enormes garras da criatura, pressionando-as com
tanta força que o metal se retorceu entre suas pequenas mãos. Vista recuou
incrédulo, a garota guardou sua espada e ergueu os dois punhos, insinuando que
lutaria contra ele usando sua própria força. Vista tentou disparar contra as
pernas da menina a ponto de fazê-la parar, mas ela deu um salto e socou o peito
do ciborgue com tanta força que ele foi arremessado para longe.
Aerus viu o
estado em que seu amigo se encontrava, mas não conseguia compreender por que
eles lutavam.
— O que
está acontecendo aqui? Por que vocês estão lutando como se suas vidas
dependessem disso? — indagou Aerus.
Vista
levantou-se pronto para mais. Ele disparou com a força de um canhão contra a
garota que esperou o impulso de seu oponente para brandir sua espada. Ela
arrancou um braço inteiro de Vista sem fazer força, o Metagross sentiu o óleo
jorrar e ele compreendeu que não poderia aguentar muito tempo.
— Pelo
menos posso confirmar que sua mãe te treinou direitinho — disse Vista. — Mas
você também herdou algumas habilidades do seu pai, como a de atacar primeiro e
perguntar depois.
— Você
nunca vai me levar de volta. — disse a garota. — Eu sei que serei punida.
A garota
pisou no peito do ciborgue e o impediu de levantar-se como se tivesse o peso de
uma torre inteira. Vista borbulhava de raiva, a garota brandiu a Anima Argentum
e colocou-a no pescoço de seu inimigo, perfurando-o e arrancando sua cabeça.
Pasmo com a
cena, Aerus gritou de longe, mas não a tempo de impedi-la.
— Platina! O que pensa que está fazendo?
A garota
recuou no mesmo instante que o ouviu. Parecia ter medo daquela voz — austera,
furiosa. Pela primeira vez em muito tempo o velho Aerus pôde vê-la tão de
perto. Ela era a cara da mãe em tantos sentidos... tinha os mesmos olhos que
ela. Era como uma mini Titânia, andando livre e solta para além dos limites da
guilda ou aonde tivesse vontade.
— Tih...
minha Tih... — Aerus tentou aproximar-se. Queria abraça-la, mas ela recuou. —
Como pode estar aqui?
Platina
virou-se e correu, desaparecendo nos destroços. Aerus ajoelhou-se no chão,
incapaz de compreender o que estava acontecendo e por que aquele fantasma do
passado voltava para assombrá-lo. Suas mãos rasgavam a terra, precisava descontar
sua raiva em alguma coisa, com a lâmina enferrujada tentou partir uma pedra ao
meio na medida que seus gritos de agonia ecoavam pelos quatro cantos da velha
guilda abandonada.
— Oh, please, stop crying... Sei que ficou
triste com a minha morte momentânea, mas eu ainda estou inteiro. Ou quase —
disse a cabeça de Vista, deslocada de seu corpo.
Aerus
revelou um sorriso discreto, mas não estava chorando por ele.
— Como se
eu me importasse com um monte de sucata feito você.
— É a
garota. Ela morreu há tanto tempo — afirmou Seth, arranjando dificuldades para
passar pelos escombros com sua cadeira de rodas. — Senhor Vista, devo admitir
que dessa vez você fez uma verdadeira bagunça na linha do tempo do nosso
universo.
— ME? Oh, a culpada é sempre a máquina, e
não quem a usa! Eu disse que havia parado completamente com as viagens no
tempo, até destruí a última máquina, mas veja só: a filha do nosso querido
líder parece ter encontrado a versão reserva que eu criei. Ela a usou para
viajar no tempo à própria vontade e depois o culpado sou eu!
— Mas por
quê? Por que ela viria para o pior futuro de nossa cronologia? — Aerus
perguntou. — Por que ela teve de vir justo para o futuro em que eu a perdi?
iii
Platina
correu até ter certeza de que não iriam mais persegui-la. Havia deixado os
limites de sua antiga guilda, mesmo que soubesse que nela houvesse uma magia
que a mantivesse invisível aos olhos do inimigo. Ela sentou-se e abraçou os
joelhos, sentindo uma lágrima escorrer pelas lembranças e o arrependimento que
a corroía por dentro.
— Desculpa,
papai, eu não queria...
Platina foi
surpreendida pelo som de três pessoas conversando. Ela escondeu-se e tentou
espiar, mas parecia que alguém a havia encontrado antes. Havia um homem trajado
de preto e máscara, em seus dois ombros havia cabeças que falavam sem parar,
como se tivessem vida própria.
— Viu só?
Viu só? Eu disse que havia sobrado um! — disse a primeira cabeça.
— Só pode
ser um fantasma. Todos esses membros asquerosos da Fire Tales deviam estar
mortos! — respondeu a segunda. — Nós cinco a destruímos e precisamos de muito
mais do que um exército inteiro para isso. Só pode ser uma maldição!
— Quem é
você? — indagou Platina, preparando sua espada.
O homem de
máscara manteve-se silencioso, mas suas mãos falaram por ele.
— Ora, nós
somos a Hydra, o Hydreigon. Um dos atuais membros dos Remakable Five. E o que
um fantasma como você faz nessas terras? Vocês da Fire Tales são um perigo e devem
ser eliminados!
Platina
preparou sua espada e defendeu-se do primeiro golpe do homem mascarado. Agora
ela compreendia como viagens no tempo poderiam ser perigosas, prometera a si
mesma que aquela seria a última vez que usaria uma das máquinas do Sr. Vista
para fugir.
A Hydra era
letal em seus golpes, mas Platina defendia-se de um dos guerreiros mais
poderosos daquele tempo como se enfrentasse um oponente qualquer. Ao ouvir o
som de metal se colidindo, Aerus soube que sua filha estava em apuros, mas temia
não chegar lá a tempo.
— É a
menina. É bom você salvar a versão do passado se quiser que no futuro volte a
encontra-la — respondeu a cabeça de Vista. — A morte de alguém do passado no
futuro resultaria em um desastre completo em todas as realidades. Nem mesmo a
guardiã do tempo poderia permitir isso.
— Eu
preciso encontra-la! — bradou Aerus.
— Eu posso
leva-lo — respondeu Seth em sua cadeira de rodas. — Mas tem que me prometer que
vai aprender a preparar um café decente.
— Vá à
merda, Seth!
— Até onde sei
a garota é sua filha.
Aerus teve
de ceder, prometendo até cozinhar nos domingos se necessário. Seth revelou um
sorriso discreto, de suas costas duas enormes asas surgiram, ainda fortes o
bastante para erguer Aerus e leva-lo até a cena de batalha. A cabeça de Vista
também foi levada, mas seu enorme corpo teve de ficar para trás.
Chegando no
local, Platina enfrentava a Hydra que a atacava com a força de três homens.
Seth o largou do alto de forma que Aerus conseguisse alvejar seu oponente pelas
costas, mas as cabeças alertaram de seu inimigo antes. Agora, pai e filha se
uniam para enfrentar uma ameaça desconhecida.
—
Destrua-os! Não deve restar ninguém dessa guilda amaldiçoada para contar
história!
— Vocês não vão tirar minha filha de mim de novo!
— gritou Aerus.
A garota
prendeu a respiração ao ouvir seu pai, lutando para defendê-la daquela forma.
Sentiu vontade de chorar e abraça-lo como sempre fizera, mas aquela vontade
teria de ficar para depois. Os dois confrontavam Hydra de igual para igual, o homem
mascarado tinha de lidar com a fúria de um pai e o desespero de uma filha.
Aerus acertou-o no peito com as duas lâminas, mas o homem revidou cravando uma
faca da mesma forma. Platina gritou ao se deparar com a cena, brandindo a
espada de sua mãe e perfurando o inimigo de uma ponta a outra.
Aerus caiu
no chão, trêmulo. Fazia tanto tempo que não lutava, mas o sangue de guerreiro
ainda borbulhava dentro dele. A ferida sangrava muito, Seth talvez pudesse
leva-lo ao hospital voando, mas precisavam ser rápidos. Platina segurou seu pai
em seus braços, dessa vez incapaz de conter as lágrimas.
— Papai,
desculpa, eu não queria ter fugido, é que eu fiquei com tanto medo...
— Medo de
quê, minha querida? Você estará segura enquanto estiver comigo — respondeu o
velho Aerus, tossindo sangue. — Eu jamais vou deixar que algo aconteça com você
de novo... Não enquanto eu estiver vivo.
— Ela
estava com medo justamente de você, seu velho idiota — disse a cabeça de Vista.
— Tudo começou quando sua filha quis brincar com seus óculos escuros e acabou
quebrando-os. Eu nunca o vi tão irritado, Aerus, você deveria aprender a
controlar mais esse seu temperamento e a entender que ela é só uma criança.
Crianças cometem erros, por isso elas precisam de pais que as ensinem o que é
correto.
— Eu ia
pedir desculpas, pai, só que você estava tão furioso — disse a pequena Platina,
segurando a mão machucada e ensanguentada do velho. — Ficava dizendo que ia me
punir se me pegasse...
— Eu disse
isso? — Aerus perguntou, incrédulo, por um breve instante lembrando-se daquela
tarde que já acontecera há tantos anos. — Minha nossa, eu disse.
— Então foi
por isso que a garota escapou para o lugar mais distante de você — presumiu
Seth, sentado sobre uma pedra enquanto assimilava a cena. — Você sempre foi um
péssimo pai, Aerus.
— Eu
tentei, cacete! Eu juro que tentei — respondeu ele, abraçando a menina e
desejando nunca tê-lo perdido. — Maldição, garota, eu só quero ter você de
volta... você e sua mãe. E o Watt. E o Mikau. E o General. E a Wiki. Cacete, eu
só quero todo mundo de volta, mesmo que isso pareça impossível! Por favor,
voltem para seu tempo e deem alguns tapas na cara do jovem Aerus. Eu precisava
ter aprendido algumas lições sobre como cuidar de crianças quando tive a chance,
lembrem-me de valorizar mais meus amigos, de amar mais, viver mais.
— Eu
mandarei o recado — disse Vista. — Só não sei se ele vai entender na hora...
— Eu me
certificarei de que entenda — respondeu Platina.
Céus, ela estava
começando a falar igual à mãe.
Platina
segurava a cabeça de Vista, esperando que o ciborgue programasse mentalmente
sua máquina do tempo que os levasse de volta para o passado. Talvez aquele
futuro nunca mais existisse. Talvez seus amigos não morressem de forma tão trágica que
lhe desse pesadelos à noite. Talvez eles
tivesse mais tempo de fazer tudo certo da próxima vez.
— Vocês
ainda podem mudar esse futuro desastroso em que vivo? — perguntou Aerus.
— I don’t know. Talvez com algumas
decisões certas e união nós certamente faremos diferente — ponderou Vista. — Just kidding. Você acha mesmo que a
guilda mais incrível desse continente poderia ter um fim como esse? Se alguma
coisa acontecer de errado, pode ter certeza que eu viajo quantas vezes forem
necessárias para consertar tudo, vou até para outra dimensão para acertar as
contas com o escritor. We’ll be safe.
— Quando
voltarem, poderiam sugerir que o jovem Aerus aprendesse a preparar café desde
cedo? E diga também para ele praticar um pouco de xadrez, quero ter algumas
partidas mais interessantes quando eu ficar velho e moribundo e não tenha
nenhuma companhia mais agradável — disse Seth, devolvendo o olhar para seu
velho amigo de tempos atrás. — Apesar de ser a única.
Platina
ensinaria aquilo com todo prazer. Quando voltasse, a primeira coisa que faria seria dar um forte abraço em seus pais e dizer o quanto os amava, o quanto queria ser como eles quando crescesse. A última visão que teve daquela realidade era
a de seu pai, um velho ranzinza e cansado deitado sobre o chão com o peito
sangrando, um pai triste e arrependido de ter perdido seus maiores tesouros.
Talvez aquela viagem no tempo tivesse sido importante para que ela visualizasse
o futuro e que dessa vez não esperasse que os outros a protegessem.
Era ela
quem iria protegê-los.
— Não vai
pedir desculpas para o seu tio por ter arrancado a cabeça dele do corpo? —
perguntou Vista.
— Não.
— Menina
levada... I like that. Ao chegarmos
em casa, deixa que eu conserto os óculos do seu pai.
The true pegadinha of first April , Steelix e Garchomps não podem ter filhos juntos
ReplyDelete(Um Metagross que constrói maquinas do tempo e eu questionando os Egg Groups )
Um cenario pós - apocalíptico ,todo mundo da Fire Tales morto ,por causa do óculos ? Com certeza dar uns tapas/Meteor Mash/Zen Headbutts / AK-47adas na cara do jovem Aerus vai ser uma das melhores coisas que o Vista fez na vida ,e o cara fica feliz que está com a cabeça presa num tanque liquido num museu ? Melhor personagem
Eu comentei isso com um amigo ontem mesmo cara, e pra explicar como é que uma Steelix ficou grávida de um Garchomp? kkkkkk Mas pior que de todas as coisas bizarras que aconteceram nessa fanfic, isso deve ser o de menos! Se formos levar em conta os egg groups, alguns dos poucos que poderiam realmente cruzar seria tipo a Roserade com Pachirisu ou Togetic. Acho que iria sair algo, no mínimo, bizarro kkk
DeleteEsses Blackglasses já arrumaram tanta treta na história! Não faz nem sentido o Aerus usar um item que dá boost em Sp. Attack do tipo Dark kk Vista, do vilão que substituiu a Titânia para um dos personagens mais fodas da fic! Foi bacana, foi bacana. Senti saudades dessa galera. Obrigado por vir comentar, companheiro Donnel!
EU NÃO TENHO PALAVRAS
ReplyDeletePRA DIZER
O QUANTO NOSTALGICO E SAD ISSO FICOU
MEU CORAÇAO BATEU DE NOVO
Que capitulo, meu arceus ;3;
Quase que chorando ao ler isso, peloamor
Como é lindo ver algo sobre os FT! E CARALEOS, TITERUS É CANON! É CANON!
Sera Platina ta solteira?? :v?? (Brinks)
Cara, que escolha de nome ne :v
ESSA MENINA ARRASOU
MAS ARRASOU MEU CORAÇAO
E tudo por... um oculos escuro? Bem, sao OS oculos escuros ne :v (cara eu tbm tenho um, meu xodó)
Bacana, bacana
Mas eu sempre pensava se um Garchomp e uma Steelix pudessem ter filhotes. Mas ai eu lembro: THIS. IS. SINNOH. Entao tudo é possivel :v
Cara, esse capitulo alegrou o meu dia :')
WAAAAAAAAAAAHHIIIIIIITE! Se vocês sentiram a nostalgia, imagina só como foi pra mim sentar em frente ao mesmo notebook que usei para escrever toda a Saga Platina e abrir o Word, depois colocar o título e sentir as palavras fluirem... Minha nossa, foi mágico! kkk Eu adoro mexer com os sentimentos de vocês, né? Um capítulo que não os faça sentir nada seria uma capítulo desperdiçado, eu gosto de tensão, dessa explosão de sentimentos! Que sejam eles de raiva, amor, saudade ou tristeza, só me digam que sentiram algo! kkkkkkk
DeleteMAS QUER MAIS PROVAS DE QUE TITERUS É CANON DO QUE O CAPÍTULO 99, MENINA? A essa altura já deve ter rolado altas festas na banheira, se é que você me entende ( ͡° ͜ʖ ͡°) kkkkkkk Para ser bem sincero, a filha desses dois não estava nos planos até mês passado. Sempre brinquei com os filhos do Mikau, da Jade e do Yoshiki, do Karl e da Lyndis, mas nunca do Aerus e da Tih. Do jeito que essa garota é, duvido que ela encontre um cara tão cedo, ela consegue se virar sozinha!
Ainda estou procurando alguma explicação lógica para um filhote de Steelix e Garchomp, mas tenho falhado miseravelmente kkkkkkk White, minha nobre companheira, obrigado por marcar presença nessas terras depois de tantos anos acompanhando e comentando as postagens ainda como WV. Hoje podemos nos orgulhar de ver onde essa fic chegou, e tudo por causa de vocês, leitores! Saudades de ouvi-los, saudades de escrever, saudades de alegrar as sextas da galera, saudades de tudo dessa merda... :') QUE SAUDADE, PORRA! Hah, hah.
Canas, vim comentar que este support ficou muito foda, até me fez pensar em um possível prólogo pra uma nova Sinnoh, mas deixe isto para outro tempo. Mas agradeço por nos dar esta agradável surpresa.
ReplyDeleteValeu, companheiro Naponielli! Por mais que seja um especial simples, é importante pra mim porque fazia muito tempo que eu não trabalhava com a galera de Sinnoh kkkkk Ainda quero trazer mais um ou dois especiais pra cá, só que aí focado em todos os Fire Tales pra matar a saudade da galera. Sem matança nem guerra, só a boa e velha zoeira :v
DeleteACHEI A MINHA PRIMEIRA FANFICCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC
ReplyDeleteSaudades...
kkkkkkk O tempo passou, mas continuamos por aqui! \õ
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