Capítulo 4 – Cavern
& Valley
[FINAL]
[FINAL]
Os dias
que se seguiram na Ilha Pokémon foram repletos de surpresas agradáveis e
paisagens exuberantes. Dawn lhes mostrara uma passagem secreta descoberta na
saída do riacho que levava a uma caverna oculta repleta de cristais, onde
Vivian e Stanley se depararam com criaturas incríveis de todos os tipos. A
ruiva tomava todo cuidado para que o flash da câmera não cegasse nenhum
Pokémon, por isso as fotos não ficaram tão boas; estavam mais ocupados tentando
fugir de um Victreebel furioso e um Muk fedorento, adormecido na fenda mais
profunda da caverna. Dentre as maravilhas encontradas, os vestígios do ovo de
Articuno foi o que mais recebeu atenção, tanto que Stanley precisou guardar uma
lasca tão dura e brilhante quanto um diamante.
Logo
completaria uma semana que estavam alojados — ou melhor, perdidos — na ilha
remota. Em dados momentos, sentiam como se tivessem ficado presos em um parque
de diversões que fechara para uso exclusivo no fim de semana, sem horário para
voltar e nem pais para fiscalizar o que quer que estivessem fazendo.
A
preocupação com a forma que encontrariam para escapar dali parecia uma
realidade distante — a selva oferecia alimento de sobra, tinham a água potável
de nascentes e até energia por conta dos geradores na usina que alimentava o
laboratório onde Dawn fazia sua pesquisa. E se decidissem ficar? E se aquele
era seu destino, viver como um Pokémon selvagem? Primeiro, eles precisavam
sobreviver aos desafios da ilha.
A famosa
cadeia de montanhas que formavam a imagem de um Dugtrio podia se vista do
início do vale. O ZERO-ONE se adaptara ao seu formato de bote e agora flutuava
tranquilo no percurso, guiado pela correnteza que descia o vale.
— Rema, Stan! Esses seus bracinhos só servem pra fazer massagem? — gritou Vivian.
Os dois
não contavam que ZERO-ONE apresentaria um defeito durante a excursão. Vivian e
Stanley se espremiam dentro do automóvel tentando não se molhar; não fora uma
boa ideia os dois terem ido juntos, deviam ter escutado a voz da consciência de
Dawn que insistiu no fato dele ter sido construído para um único passageiro.
— Deixar
nossos Pokémon no laboratório foi uma ótima
ideia, viu — disse Vivian irritada, pressionando a mesma tecla havia uma hora. —
“Drinian e Primia precisam de um tempinho juntos também, vamos deixá-los aqui
com todos nossos Pokémon enquanto saímos SOZINHOS por aí para explorar uma ilha
PERIGOSA E MORTAL!”
— Ah, mas
você não negou na hora, né? — respondeu o rapaz, empurrando o bote com um remo
improvisado feito de um galho para que não batessem nas rochas pelo percurso. —
Se ao menos eu tivesse meu Gyarados, ele nos tiraria daqui em um instante.
— Seu
Gyarados é um medroso, isso sim! Ficou com medinho de enfrentar aquele leviatã
no oceano só porque era duas vezes maior do que ele.
— O
coitado tá traumatizado até hoje... — disse Stanley. — Vou conversar com ele
quando voltarmos.
— Isso se a gente voltar.
Vivian
tentou relaxar, mas estava tensa demais. O sol forte fazia o rosto arder e a
quantidade de Pokémon aquáticos curiosos que tentavam derrubá-los era insana;
de um grupo de Squirtles arteiros até um cardume de Magikarps desesperadas em
respirar. Vivian conseguiu fotografar apenas a cauda de um Dratini que saltou
tão rápido que deveria estar usando o Extremespeed,
um Goldeen belíssimo espirrou água em seu aparelho que parou de funcionar por
breves trinta segundos — o suficiente para que Vivian tivesse um mini-infarto —,
mas quase todas as fotos do vale estavam ficando horríveis. Aquele não era
mesmo um dia para sair de casa.
— Tá
dando tudo errado — resmungou a garota, como se o universo conspirasse ao seu
favor.
— Pelo
menos temos um tempinho só nosso.
— É, mas
estou ficando meio enjoada de só poder olhar pra sua cara.
— Ouch — resmungou Stanley, chateado.
Vivian só podia estar naquela fase,
mas agora precisava aguentá-la, visto que não tinha para onde fugir.
O bote
flutuou tranquilo até uma ilhota onde um grupo de Gravelers se amontoava para
dormir. Havia muito que se olhar na paisagem do vale que era de um laranja
penetrante, suas enormes paredes de rocha se erguiam como se estivessem olhando
um cânion inundado de baixo para cima, não havia um lugar parecido com aquele em
nenhuma outra região do mundo Pokémon.
Um
Sandshrew arteiro já os acompanhava no percurso havia pelo menos uma hora. Ele
entrava debaixo da terra quando percebia que o observavam, mas parecia gostar
de seguir a estranha presença de dois humanos em sua morada. Vivian tirara
tantas fotos dele quanto conseguira.
— Tenho
um amigo em Johto que tinha um Sandslash, foi um dos primeiros parceiros de
viagem dele — disse Vivian enquanto verificava a qualidade das imagens. —
Quando eu era pequena, lembro que meu avô Pryce o enfrentou com seu Sandslash
de gelo, foi uma das batalhas mais legais que pude presenciar, gosto muito
dessa espécie desde então.
— Hm —
Stanley respondeu meio desinteressado.
— Ah, vai
começar a dar resposta seca agora? Melhor conversar com uma parede.
— Só
estou meio cansado, Vi.
— Você tá
um cu hoje, hein? Cacete — reclamou Vivian frustrada.
— Epa,
epa! Pra que tanta raiva? Isso não vai nos ajudar em nada.
— Estou
aqui tentando criar um diálogo pra essa viagem ser menos maçante e você não
colabora!
— Então
senta e aproveita a paisagem — continuou Stanley.
— É, acho
que vou mesmo. Melhor do que conversar com você.
O
Sandshrew grunhiu alto. Vivian olhou para a criaturinha que se movia de forma
frenética, como se estivesse tentando avisá-los de alguma coisa.
— Olha
lá, nem ele quer nos ver brigando, então vê se para, tá?
— Acho
que não é isso que o Sandshrew está tentando dizer, Vi...
Stanley
apontou para frente. O bote ganhava velocidade, seguindo a correnteza em
direção de uma dúzia de cascatas que desaguavam onde os olhos não alcançavam.
Os dois começaram a remar desesperados na direção oposta, o pobre Sandshrew não
tinha nem chance de se aproximar ou pedir que seus amigos do tipo terrestres o
ajudassem. Incapazes de adiar o inevitável, Stanley abraçou Vivian com mais
força para que ela não caísse do bote e os dois se deixaram levar.
O
ZERO-ONE colidiu com força contra rochas, mas sua estrutura rígida aguentou
firme. Eles desceram tão depressa pela correnteza que três Staryus apareceram
girando velozes por pensarem que eles estavam brincando. O bote mergulhou fundo
com a queda da última cachoeira, mas suas boias haviam sido feitas para
resistirem a qualquer impacto. Encharcados, apavorados e com água até o pescoço,
a correnteza pareceu finalmente dar uma trégua. O coração de Vivian batia
forte, ainda tremendo com o ocorrido, ela encostou a cabeça no ombro de Stanley
e falou baixinho:
— Estou
ficando cansada dessa ilha... por favor, vamos embora.
O rapaz
concordou com a cabeça, agora só precisavam encontrar um meio.
— Era só
o que me faltava — falou Stanley, olhando mais a frente.
Vivian notou
que a água toda do vale era sugada para o centro do que parecia um redemoinho a
poucos metros da praia. Os dois pegaram seus remos, mas estavam sem forças para
enfrentar a fúria da natureza.
— Rema, Stan! Que baita final idiota seria
se morrêssemos aqui, enfrentamos o fim do mundo e uma Liga Pokémon pra terminar
afogados! Rema! Rema! Puta que
pariu, como eu odeio esse lugar!
— É uma
boa hora para sermos salvos pelo Poder da Amizade, não acha? — gritou o loiro
em resposta.
— Tá
esperando que a Dawn apareça aqui com o Piplup dela? Vai sonhando!
O
redemoinho ganhava força, sugando tudo ao seu redor. Como de forma milagrosa,
Stanley pressionou todos os botões que conseguiu ao mesmo tempo e o ZERO-ONE
voltou a funcionar, empurrando-os com um tranco para longe do redemoinho e
levando-os em segurança para longe dali.
Vivian
respirou aliviada. Depois dessa experiência, nunca é que tentaria voltar para o
continente nas costas do Gyarados de Stanley, o oceano poderia se revelar ainda
mais cruel e imprevisível. Sem contar que o leviatã ainda estava por ali,
rondando a ilha. Como o vale desaguava no mar, eles puderam enxergar suas
barbatanas bem longe como um submarino gigante, esperando outras malas ou
viajantes desavisados para jogar no estômago.
A
correnteza se separava em duas rotas, a segunda levava para uma lagoa calma e
tranquila que foi a primeira opção dos viajantes. Para a surpresa mútua, havia
uma cabana de madeira ali. Eles estacionaram o ZERO-ONE na costa e saíram da
água alongando as pernas depois de tantas horas espremidos dentro do bote.
— Quer ir
dar uma olhada? — perguntou Stanley.
Vivian
deu de ombros. Não tinham outra alternativa que não fosse esperar o Gyarados
gigante sair da rota, precisavam levar o ZERO-ONE até os trilhos enferrujados
na praia de onde seguiriam com tranquilidade até o laboratório. A rota do vale,
nunca mais.
A cabana
era de um aspecto rústico, mas parecia recente demais para os pesquisadores que
se alojaram na ilha havia vinte anos. De mobília simples, contava com cortinas
delicadas e almofadas em formato de Pokémon que davam um toque a mais de
meiguice; havia varas de pescar nos armários e comida podre nas prateleiras,
era como se seus donos tivessem saído às pressas. Uma cama de casal de lençóis
brancos fez Vivian imaginar que as pessoas que ali moravam deviam ser felizes
com a vida que levavam; conviviam com o que a natureza os oferecia e não havia
nenhuma outra preocupação do mundo exterior para aturdi-los.
— Imagina
só nós dois morando aqui, mozão? — insinuou Vivian, já um pouco mais tranquila
e doce do que horas atrás. — Poderíamos virar nudistas, plantar algumas berries, cultivar batata... não é a
nossa cara?
— Tá
doida? Você não é mais a exímia caçadora de insetos de quanto tinha quatorze
anos. Naquela época, eu até entendo que conseguiria viver só do que a natureza
te fornecer, mas na hora que a sua última carga de bateria acabar, aposto que você
pira.
— É, mas
o sangue de Azalea ainda passa por minhas veias! — respondeu, tentando se
convencer de que não era tão dependente da tecnologia quanto Stanley insinuava.
Stanley
já deixara a cabana, mas Vivian quis dar uma última olhada. Ela ajoelhou-se e
vasculhou embaixo da cama, onde encontrou o que parecia ser uma presilha. Ao
puxá-la, reconheceu o formato na mesma hora — uma Butterfree azulada, sujo e
gasto, mas era inconfundível.
— Stan.
Stan. Stan! — Ela começou a
berrar. — Meu Arceus, você não vai acreditar no que encontrei!
Vivian
voltou correndo para o namorado com a presilha em mãos, as palavras que saíam
de sua boca mal faziam sentido.
— O que é
isso? — ele perguntou surpreso. — Algum objeto raro?
— Stan,
isso pertencia à minha prima, Julia!
i
Vivian e
Stanley correram de volta para o laboratório com o ZERO-ONE ligado no modo de
tração no máximo. Uma tempestade forte parecia se aproximar, pois uma nuvem
cinzenta do tamanho de uma cidade se formou sobre o céu da ilha. Dawn até se
assustou com a chegada repentina dos dois, estava estudando os Porygon quando
uma ventania atravessou a porta e Vivian saiu atropelando suas mesas e
anotações com a mão erguida.
— Dawn,
tem mais alguém morando nessa ilha? — A ruiva perguntou enquanto chacoalhava a
amiga. — Você viu mais alguém nesse tempo que ficou aqui? Por favor, me
responde!
—
C-calma, Vi... — respondeu Dawn, ajeitando os óculos e limpando o jaleco. —
Céus, vocês estão péssimos. Por que demoraram tanto?
— Ficamos
presos no vale, mas isso não importa agora — disse Vivian, erguendo a presilha
na frente dela. — Isso. Como é que isso veio parar aqui?
— Eu não
tenho como saber. — Dawn tentou mantê-la calma, pois percebera que o assunto deixara
sua amiga exasperada. — Antes de mais nada, onde o encontrou?
Stanley
puxou uma cadeira para que Vivian se sentasse, ela estava tensa demais para
dizer qualquer coisa, mas tentou organizar as palavras como pôde.
— Essa
presilha é idêntica à que minha prima Julia usava... só ela tinha, era uma
marca dela, quando lembro de seus cabelos loiros penso neles presos para trás
com esse prendedor, e só consigo... só consigo pensar...
— Calma,
Vi — disse seu namorado. — Antes de mais nada, quem é Julia?
— Quem é
Julia?! Ela é só a mandante das Primas de Azalea, minha inspiração! Pensa numa
atriz bonitona e multiplica por mil vezes, ela é a Gardevoir do mundo Pokémon,
ela é minha deusa, minha louca, minha feiticeira! Eu me inspirei a vida toda na
Julia, queria ser como ela quando crescesse, mas de uns anos para cá perdemos
totalmente nosso contato e, do nada, essa presilha cai em minhas mãos, só pode
ser um sinal!
Dawn e
Stanley se entreolharam, tentando ligar os pontos.
— Por que
você nunca nos contou dessa prima se ela é tão importante para você? —
perguntou Dawn.
— Nunca
contei? Hah! Como se eu... nunca contei mesmo? — indagou Vivian confusa.
— Eu
conheço todas as suas primas de Azalea — disse Stanley. — Você fala tanto delas
que conheço cada uma por nome, mas eu nunca ouvi falar de nenhuma Julia.
— Vocês
só podem estar brincando. Eu vou mostrar a diva que era essa mulher.
Vivian
tirou seu celular da bolsa e começou a vasculhar as fotos mais antigas que
tinha com a prima de quando eram crianças, mas quando chegou ao limite de suas
recordações percebeu que não havia nada. Acessou o Zap-Zapdos, mas lembrou-se
que Julia não era do tempo de smartphones
e provavelmente nem saberia como usá-los; pensou nas cartas que deixara em
casa, mas estavam longe demais para provar que a caligrafia dela estava ali, que
ela era real.
— Vi —
Stanley tocou as costas dela gentilmente. — Essa garota... existe mesmo?
— É claro
que existe! Tá me achando com cara de doida? Calma que eu vou achar, lembro
dela ter me mandado uma foto do arquipélago das Ilhas Laranja faz um tempo, era
cada cenário surreal que até parecia ser fake.
— Espera —
Dawn começou. — Ilhas Laranja?
— É —
Vivian balançou a cabeça impaciente. — Sei que quase ninguém conhece, tem gente
que nem considera canon, mas é um
baita de um lugar bonito para visitar, um dia pretendo ir até lá com minha
prima para ela mostrar a vida de luxo que tem tido nos últimos anos, porque só
aceito isso como desculpas para alguém demorar tanto só pra entrar em contato.
Quanto custa pra enviar uma cartinha pra outra região, uns quinze conto?
Dawn e
Stanley se entreolharam pasmos e pareceram compartilhar pensamentos. Vivian
continuava com os olhos fixos na tela do celular, seus amigos procuravam a
melhor forma de dar-lhe a notícia, mas nenhuma pouparia o choque abrupto que
viria a seguir.
— Vivian,
você... não ficou sabendo? — perguntou a pesquisadora.
— Sabendo
de quê?
— As
Ilhas Laranja...
— Quê que
tem as ilhas? Vai me dizer que não são laranja?
— ...
afundaram — respondeu Stanley com a voz séria.
Vivian
parou de mexer no celular e olhou para ele.
— Tá me
zoando?
— Não, Vivi,
jamais brincaríamos com isso! — respondeu Dawn. — Apareceu em todos os
noticiários na época, foi notícia por meses, um desastre terrível! Acho que foi
antes até de começarmos nossas jornadas por Sinnoh.
Vivian
começou a fazer as contas com os dedos, e o tempo em que Julia parara de enviar
cartas batia com as datas.
— Eu não
fazia ideia — murmurou a ruiva, sem reação.
— Você
tinha parentes lá? — perguntou Stanley. — Caramba, Vi, isso é terrível. Eu não
fazia ideia... você não assistia TV? Seus avós teriam te contado, alguém na sua
família saberia disso.
— Eu nunca
gostei muito de TV, tá legal? Eu sempre dizia para meus pais que não queria
saber das tragédias do mundo, nunca fui de me atualizar com notícias, mas... cacete,
vou provar que existe.
—
Existe o que?
—
Minha prima, oras!
—
Qual delas?
Vivian
abriu a boca, mas a fechou devagar.
Não
lembrava.
Não
era possível que tivesse esquecido o nome dela, era como se uma força exterior
arrancasse seu brinquedo favorito de dentro da caixa. Sabia que a conhecia,
então por que aquelas lembranças maravilhosas pareciam se tornar escassos, como
uma história contada por outra pessoa?
Vivian
abriu a galeria do celular e voltou a procurar qualquer registro da prima.
Talvez se continuasse insistindo encontraria alguma imagem ali para mostrar que
eles estavam errados, que tudo não passara de um mal entendido.
Será que
sua família também conspirara para ocultar aquela informação? Seus avós sabiam
e ela era a última a saber, como sempre acontecia? Quando se deu conta, haviam
lágrimas escorrendo pela tela principal.
— E-eu
acho que tenho o número antigo — disse Vivian com a voz trêmula. — Vou ligar
pra ela, mas talvez não me atenda porque é muito ocupada, sabe... a essa altura
deve estar bebendo Berry Juice na
sombra de uma palmeira ao lado da namorada. E-eu lembro da voz dela. Minha prima.
Minha melhor amiga...
Vivian
começou a chorar compulsivamente. Stanley tirou o celular da mão dela e a
abraçou com força. Queria confortá-la, mas sabia que nenhuma palavra que
dissesse aliviaria aquele peso. Talvez estivessem só sendo precipitados, talvez
tudo não passasse de um mau entendido que ainda os faria rir muito daquela
situação dali a alguns anos, mas naquele exato instante machucava tanto que
chegava a doer. Vivian enterrou o rosto no peito dele, agora incapaz de conter
os soluços altos e as lágrimas que molhavam sua camisa; vê-la chorar era uma
cena tão dolorida que Stanley se via desarmado, poderia chorar a qualquer
momento junto dela, mas queria ser forte para suportar o sofrimento pelos dois.
Nenhuma
foto, nenhum relato. Será que Julia viveria apenas em suas memórias?
— Por
favor, não me deixa esquecê-la... — disse Vivian, enterrando a presilha em
direção ao peito como se quisesse trocar o seu coração pelo dela. — É a única
coisa que sobrou...
Começou a
ventar muito lá fora, não tardou para que uma chuva torrencial caísse com uma
força que somente ilhas tropicais conheciam. Dawn identificou uma tempestade
vinda do oceano que ela só presenciara uma vez na vida quando era criança e lhe
trazia lembranças avassaladoras; a imagem do bote tentando evacuar a ilha de
Dewford, em Hoenn, que custou a vida de seus pais ainda atormentava seus
sonhos.
Vivian
ergueu-se depressa e se desvencilhou dos braços de Stanley, correndo para fora.
— Não
deixe ela sair, é muito perigoso! — implorou Dawn.
Vivian
correu depressa e bateu a porta. O vento estava tão forte que as palmeiras se
curvavam perante ela. Não era possível enxergar um metro a sua frente, uma
enxurrada de folhas era varrida para longe, as gotas perfuravam como navalhas.
— Pare de brincar com as minhas lembranças! —
Vivian gritou com as mãos na cabeça, como se condenasse as divindades. — Eu odeio essa ilha!
Stanley
tentou abrir a porta, mas o vento estava tão forte que precisou usar todo o
peso do corpo para empurrá-la. Ele chamou Primia, a Scizor era forte e pesada o
bastante para agarrar sua treinadora e trazê-la para dentro, mas Vivian gritava
para o céu como se esperasse uma resposta para as consequências que a
assolavam.
— Vivian,
sai daí! — gritou Stanley. — É muito perigoso!
Um raio iluminou
o céu cinzento, cortando o véu esfumaçado que se formava. Vivian fechou os
olhos e esperou ser atingida, quem sabe assim pagasse pela displicência de
nunca ter sequer investigado o motivo de sua prima ter parado de entrar em
contato havia tantos anos. Um trovão esbravejou, tão alto e ensurdecedor quanto
a ira de Thundurus. O raio veio em seguida como uma lança.
O metal
de Primia atraíra uma descarga elétrica tão forte que foi como se todos ali
tivessem sido atingidos por um Thunder.
Vivian sentiu o impacto no peito e caiu de bruços no chão a quatro metros dali,
imaginando estar morta. Na verdade, não ligava. Preferia que acabasse assim
mesmo. Com o rosto sujo de lama, ela fechou os olhos e esperou que a morte a
levasse, mas no minuto que se seguiu estranhou a calmaria que a cercara.
Uma mão
estendeu-se em sua direção. Ela olhou para cima e enxergou o rosto de Julia,
tão puro e angelical, mas com aquele semblante sacana de quem a puxaria
escondida para um banheiro público para fazer besteira.
“Vai
mesmo ficar aí deitada, sua preguiçosa? Não é assim que as Primas de Azalea se
comportam”.
Vivian
não tocou a mão dela, mas sentiu alguém levantá-la no colo.
— Graças
aos céus, ela está viva — ouviu a voz de Dawn, fraca e distante.
Não soube
dizer quanto tempo ficara naquela situação, mas pareceu levar apenas alguns
segundos. Estava com o rosto ensanguentado por uma rocha que a atingira e
sentia muito frio.
Ao abrir
os olhos, viu Stanley debruçado sobre ela com os olhos lacrimejando.
— E-eu não
saberia o que fazer se te perdesse... — disse o rapaz entre soluços enquanto a
acariciava no rosto. — Você é minha vida.
— Calma,
mozão — disse Vivian daquele jeitinho que só ela conseguia. — Vaso ruim não
quebra.
Os dois
tentaram rir, mas a situação não permitia. Primia estava muito ferida, mas
graças a ela o impacto do raio não fora nem metade do que seus treinadores
receberam. Drinian estava aninhado ao lado da Scizor enquanto Dawn revirava
seus pertences atrás de um Hyper Potion e
um Paralyz Heal. Era muito mais fácil
um Pokémon se recuperar daquele dano do que um humano.
— Eu vi
minha prima, Stan... ela tá bem — falou Vivian.
— Sério? —
perguntou ele, cheio de esperança. — E ela é bonita, que nem nas suas
lembranças?
— Linda.
Como uma deusa, uma louca, uma...
Vivian
fechou os olhos, exausta, e adormeceu um sono tranquilo onde sonhou com sua
família reunida no natal, festejando a ceia e comendo até não aguentarem mais.
ii
Após uma
noite turbulenta, a tempestade deixara estragos permanentes na ilha, Dawn
tentava tranquilizá-los ao lembrar como a natureza era única e perfeita, sendo
capaz de se recompor sozinha em questão de alguns meses para a fauna tão
característica que a compunha.
Na manhã
seguinte, Vivian foi andar logo cedo na praia para apreciar o nascer do sol. O
local estava vazio sem a presença de nenhum Pokémon, nem mesmo os Lapras ou o
Gyarados gigante deixaram suas tocas. Ficou sentada sobre um tronco de árvore
caída observando o mar quando seus amigos se aproximaram e sentaram-se ao lado,
em silêncio. Stanley sabia que quando a namorada ficava quieta demais era
porque havia algo errado.
— Vocês
acham que eu fiquei louca? — perguntou Vivian. — E se ela nunca existiu mesmo?
— É sua
prima, pô. Se você diz que a conheceu, quem somos nós para duvidar? — brincou
Stan.
Vivian
começou a massagear o coração, sentia ele estranho desde que por pouco não fora
atingida pelo raio.
— Esse
espaço no coração... parece que nada vai preenchê-lo — disse a ruiva. — Por que
as pessoas precisam ir embora? E por que depois que elas se vão nós tentamos
agir como se nada tivesse acontecido?
— Chega
um momento da vida, quando nos deparamos com a morte de alguém, que nós
percebemos como nossa existência é frágil e finita — falou Dawn. — Alguns
aprendem isso mais cedo do que outros, então começamos a nos preparar desde
então. Por isso vivemos essa busca eterna de um sentido, talvez algo que nos
eternize ou que ao menos marque as pessoas à nossa volta.
— É
errado eu sentir saudade?
— Claro
que não — disse Stanley, puxando-a para mais perto. — Saudade é uma coisa boa.
Às vezes ainda me pego chorando pela morte do meu avô. E isso não é ruim.
Significa que temos tantas coisas boas para lembrar, não? Eu guardo essas
memórias como tesouros.
— É —
Vivian encostou a cabeça nele. — Eu só queria ter tido a chance de me despedir
dela...
A garota
fechou os olhos, mas um clarão pareceu incomodá-la. Ao abri-los, viu a estranha
forma de um Pokémon descer do céu, tinha uma coloração perolada rosa e uma longa cauda, parecia brincar nas nuvens como se fossem feitas de algodão doce. Ao
tocar o chão, a criatura assumiu uma forma humana. Era uma garota loira, de
vestido florido e sorriso travesso. Vivian ficou de pé na mesma hora ao vê-la,
a humana aproximou-se. Não encontrava palavras para expressar sua surpresa.
A garota
luminosa em sua frente estendeu a mão, como se pedisse algo. Vivian percebeu
que estivera segurando a presilha de Butterfree. Ela a entregou, e a garota a
prendeu em seus cabelos dourados.
Ela
apontou para o coração e começou a fazer uma sequência de gestos que Vivian não
compreendia.
— Ela
disse que sentiu muita saudade de você — falou Dawn, surpresa ao descobrir que
faria uso da linguagem de sinais que aprendera na faculdade. — E está pedindo
desculpas por partir repentinamente.
Vivian
mordeu os lábios, mas não se aguentou; logo estava se debulhando em lágrimas de
novo. Queria abraçá-la, mas não sabia se ela continuaria ali caso o fizesse.
— “Você é
uma garota forte. Deve continuar seguindo em frente” — Dawn repetiu, atenta aos
gestos. — “Eu te amo muito. Muito. Muito. Muito. E estou bem aqui, não precisa
se preocupar. Sei como é difícil dizer adeus, parece fácil até chegar a sua
vez. Mesmo que eu não volte para casa, quero que continue prezando sua família,
pois é nela que está o seu lar.”
Vivian
balançava a cabeça infinitas vezes, usando as mãos para limpar as lágrimas e
cobrir o rosto. Jamais recusaria um último pedido de sua capitã. A garota
luminosa desviou o olhar e encarou o horizonte.
—
“Ninguém nunca sabe quando sua história vai terminar, mas... o que importa é a
aventura de viver, não?” — Dawn fez uma pausa até entender o que a última frase
significava e percebeu que estava chorando também. — “Adeus, amada e querida
prima”.
Vivian
correu para abraçá-la, mas assim que tocou seu rosto a garota luminosa se
desfez em brilho e borboletas rosadas, de onde um Pokémon de aparência felina
ergueu-se em direção do céu e desapareceu em uma nuvem colorida.
— Aquela
era... Mew? — perguntou Stanley.
Vivian
sorriu ao vê-la subir, ciente de que ela agora pertencia ao mundo, tal como sua
prima Julia — uma indomável criatura, cheia de amor para oferecer e que vivera
uma vida plena até o fim de seus dias.
Satisfeita
com o encerramento daquela história, levou a mão ao bolso da jaqueta e percebeu
que havia algo ali dentro. Quando o retirou, deparou-se com um pedaço de
guardanapo amassado e seus olhos se iluminaram.
— Acho
que acabei de descobrir uma forma de sairmos dessa ilha.
ii
De
malas prontas, os três aguardavam o resgate no lugar marcado. Stanley reunira
seus poucos pertences recuperados enquanto Dawn resumira três meses de pesquisa
em uma pasta e um pendrive, havia
inclusive estudos antigos sobre o DNA que ela encontrou em livros e pastas velhas
— pretendia lê-los e
decifrá-los com calma quando chegasse em casa. O encontro com o Mew levantara
uma interessante teoria — seria possível que a técnica Transform dava a possibilidade de um Pokémon se parecer com
humanos? Será que os Pokémon lendários conseguiam ler pensamentos e interpretar
sentimentos com um simples toque através do Synchronize?
Como provaria o que havia acabado de ver? Isso era conteúdo de sobra para começar a tese
de seu TCC na Unisyno quando voltasse e tirar uma nota 10.
Vivian
subira até o ponto mais alto da ilha. Por mais que os últimos dias tivessem
sido frustrantes, podia dizer que sentiria muita falta daquela terra inóspita
que a abraçara de forma tão inusitada, trazendo respostas para perguntas que a
acompanhavam havia tanto tempo. Balançava as pernas contente do alto do
penhasco quando ouviu alguém se aproximar.
—
Stan, vamos tirar uma última foto? — perguntou Vivian.
Ela
sentiu um estranho cheiro de fumo e, quando olhou para trás, havia um rapaz que
ela buscou em sua memória algum resquício de lembrança que o envolvesse, apesar
de não conseguir.
Imaginou
que devia ter seus vinte e poucos anos, mas a expressão fatigada de quem viu
muito o fazia parecer mais velho do que realmente era. A velha calça jeans surrada
com diversos tipos de panos diferentes remendados dava àquele jovem uma
aparência suja — sem falar na jaqueta vermelha que o vento litorâneo insistia
em fazer ser notada a cicatriz de queimadura que ele carregava no corpo e se
estendia até a altura do peito.
Com
uma das mãos ele segurava o boné branco e vermelho, mas seus olhos não se
desviavam do horizonte.
—
Então, Mew foi até você por vontade própria — disse o rapaz. — Pensei que ela
teria medo de se aproximar de humanos depois de tudo que aconteceu.
—
Quem é você? — perguntou Vivian. — Achei que a ilha fosse deserta.
—
E é — respondeu ele, se desfazendo do fumo enquanto descia a colina com as mãos
no bolso. — Nada além de fantasmas.
Vivian
desviou a atenção. Se estava conversando com fantasmas, então estava ficando
louca mesmo. Quando se virou novamente só para ter certeza, deu de cara com
Stanley.
—
Pode me explicar como é que você tinha o telefone do Falkner no seu bolso?
—
Ah, sobre isso... eu o enfrentei e conquistei sua insígnia no mesmo que dia
você chegou em Johto, era uma das novidades que eu queria te contar e acabei me
esquecendo. Ele me passou o telefone para trocarmos uma ideia, nada com
segundas intenções, só achei que seria bom ter o contato de um policial e líder
de ginásio, sabe? Mas quem diria que isso acabaria sendo útil na hora de chamar
o resgate para uma ilha, hein?
—
Calma, chuchu, não estou te julgando — brincou Stanley ao vê-la suar frio. —
Não sei quem é esse Falkner, mas se você gosta dele, então deve ser gente boa. Eu
não ligo de você ter outros amigos, não quero que fique presa dentro de casa me
esperando.
—
Uou, você é o melhor namorado mesmo. Valeu, mozão! — disse Vivian, roubando-lhe
um beijão bem dado. — Qualquer hora fazemos uma festa a três que vai ser uma
beleza.
—
Boa! Uma batalha a três seria bem divertida — respondeu Stanley que não
entendera o sentido da frase.
Quando
os dois desceram a colina, Dawn aproveitava o tempo que tinha para fazer o
último estudo do comportamento dos Lapras. A última recarga de bateria de seu
celular tinha acabado e não havia espaço para mais nenhuma foto. Vivian esticou
as mãos bem para o alto, como se pudesse tocar o sol lindo que fazia depois da
tempestade da última noite.
—
Sabe, tudo isso me fez pensar. A vida é tão curta, a gente nunca sabe
quando nossa história pode terminar e se teremos mais chances de continuar a
escrevê-la, o capítulo acaba mais cedo do que a gente espera e a temporada não
dura tanto quanto gostaríamos. — Ela virou-se
para Stanley e segurou sua mão. — Então,
AME quem te AMA! Apesar das dificuldades do dia a dia, depois disso tudo vem a
paz, e a gente só precisa encontrá-la.
A
conversa se perdeu quando o vento forte anunciou a chegada de diversos Pokémon
voadores. Um Pidgeot, um Skarmory e um Fearow grandes o bastante para carregar
seus passageiros pousaram na costa, ofereciam até mesmo cintos de segurança e
um espaço entre as pernas para levar suas bagagens. Falkner desceu da enorme
ave para cumprimentar Vivian que corou ao vê-lo vestido com seu uniforme de
polícia e a feição de galã de novela.
—
Em que confusão você foi se meter, hein, ruivinha? — brincou Falkner.
—
Você não tem noção da sorte que tive ao descobrir que seu número ainda estava
no meu bolso, e não é só isso, você foi o único que recebeu meu sinal! — disse
Vivian. — Como isso é possível?
Falkner
tirou um aparelho Nextel do bolso e falou num tom brincalhão:
—
Deve ser porque ele é meio velho.
Os
viajantes se posicionaram nos pássaros que alçaram voo, deixando para trás as
boas lembranças que a Ilha Pokémon lhes trouxera e todos os seus mistérios.
iii
Aquela
viagem parecia ter acontecido há tanto tempo. Estava deitada em sua cama com as
pernas no colo de Stanley que massageava seus pés. Com seu pijama confortável,
cabelo lavado, bateria e barriga cheias, não havia muito que Vivian pudesse
reclamar da casa de sua avó. Sentira falta das pelúcias de Spinarak e do
conforto de sua cama, nem mesmo quando ficara anos viajando por Sinnoh imaginou
que sentiria tanta falta de casa.
Havia
acabado de terminar de montar seu mural de fotos e o colocado na parede em frente
a sua escrivaninha. Imprimira tantas que fora difícil escolher apenas trinta, enchera
os arredores de imãs personalizados e frases motivadoras; queria ter algo para se
lembrar de cada fase da vida — da viagem com os Irmãos Wallers por Sinnoh, de suas
brincadeiras com cada geração de primas em Azalea, das desventuras na Ilha
Pokémon e as tantas experiências maravilhosas ao lado do namorado.
Stanley
estava terminando de assistir um episódio inédito de “Steven Stone e o Universo
das Pedras” quando Vivian espreguiçou-se e se esparramou de braços abertos na
cama.
—
Stan, eu percebi uma coisa... — Ela fez suspense até que ele perguntasse o que
era.
—
E?
—
Sou muito grata e feliz pela vida, pelos amigos e pela família que tenho.
Stanley
sorriu. Ainda era a mesma Vivian adorável de sempre.
De
repente, foi como se uma lembrança que há muito a importunava a acertou em
cheio, obrigando-a a sair correndo pela casa à procura de alguém.
—
Ô, vó! — ela gritou do andar
de cima. — Sabe onde tá aquela carta que chegou
aqui semana passada?
—
Se foi você quem guardou, é você quem deve saber! — respondeu dona Katherine da cozinha.
—
Mas tava aqui no meu quarto!
—
Ah, aquela carta? Joguei fora. Seu quarto tava uma bagunça,
menina.
Vivian
voltou a esparramar-se no sofá. Estava
frustrada, pois queria ter tido a chance de reler a carta para ter certeza de
que não deixara escapar nenhum detalhe.
—
Stan, eu estava aqui pensando com os meus botões... Quem será que era o tal de
C?
—
Do que você tá falando? — perguntou o rapaz.
—
Do remetente que me enviou aquela carta estranha, sugerindo que eu fosse
explorar a Ilha Pokémon. Ele afirmou que eu encontraria respostas para
perguntas que há muito vinha fazendo, e eu realmente encontrei, mas como é que
ele poderia ter tanta certeza disso?
—
Deve ter sido a Cynthia. C de Cynthia. Dawn falou que foi ela que a mandou para
lá, não?
— Na verdade ela disse que estava
cumprindo estágio a mando do próprio Profº Carvalho. Será que foi ele?
—
Você teria que ser muito especial para que um pesquisador do calibre dele
decida entrar em contato — respondeu Stanley.
—
Ah, tanto faz! Depois dessa loucura toda,
acho que vou pra Kalos passar um tempinho com a minha prima Kath...
Vivian
deu-se por satisfeita com a resposta de que tanto Cynthia quanto o Profº
Carvalho poderiam ter sido os responsáveis pelo envio da carta. Mas, no final
das contas, aquilo não importava mais. Nunca teria pensado que uma jornada
atrás do desconhecido a faria descobrir algo mais sobre si própria, sobre
histórias que havia deixado para trás e a maravilhosa sensação de mergulhar no
mundo Pokémon esperando apenas ser surpreendida.
Afinal, viver por si só é uma grande aventura, não?
Afinal, viver por si só é uma grande aventura, não?
Eu senti que desta vez entendi melhor as referencias kk
ReplyDeleteOtimo Capitulo para enterrar a mini fanfic. Gostava que tivesse sido um pouco mais longa, mas a forma como está até é um bom equilíbrio.
Quase emocionei na parte do Mew. Obrigado por apelar tanto a sensação de nostalgia, saber lidar com a saudade e partida de alguém é algo que eu aprecio bastante em seus capítulos e personagens (pelo menos no que eu vi até agora). Ohana Dreams trabalhou muito bem com isso, e mais uma vez, sou testemunha de tal trabalho bom <3
Espero ver muito disso também em Matéria
Agora se me dá licença, vou assistir “Steven Stone e o Universo das Pedras” também. ATé breve <3
Esse especial foi uma verdadeira enxurrada de referências mesmo! E creio que isso deve ao fato de existir o Discord, os próprios autores agora podem estar mais perto dos leitores, como era nos tempos dos chats em blogs. Nós criamos tanto memes e zoeiras que só a gente vai conseguir entender, eu gosto de refletir isso na história, são como memórias do que gostávamos naquela época, sabe? Steven Stone e o Universo foi pensando em você kkkk
DeleteFico feliz que tenha gostado, Shii :3 No fim das contas, mesmo que eu tenho feito diversas cenas cômicas, acabou que o especial servia para falar desse drama de pessoas que nos abandonam e como continuar seguindo. Foi um verdadeiro prazer escrever sobre um jogo antigo como Pokémon Snap, porque ele também tem um valor muito nostálgico para mim, ainda mais quando pude trabalhar os Pokémon da primeira geração.
Engraçado você notar essa semelhança com Ohana Dreams, eu não tinha nem reparado. Devo ter essa mania de acabar falando sobre família, saudade e despedidas, são conceitos básicos que me tocam, então acabo refletindo isso diretamente nas minhas histórias também. Matéria com certeza terá muito desses elementos, é uma Jornada do Herói disfarçada dos desafios que a vida nos apresenta kkkkkk Obrigadão por vir comentar esse último episódio Shii, e até a próxima! :3
Mano, não sei se você percebeu, mas você causou um dos maiores desastres naturais de todos os tempos do mundo Pokemon, porque ou as Ilhas Laranja afundaram por causa daquele treco das placas Tectônicas, ou tu simplesmente derreteu calotas polares do mundo todo e afogou as ilhas espalhadas pelo mundo e costas de regiões.
ReplyDeleteMas agora, sem zoeira, gostei muito do capítulo, desde esse comecinho onde nós temos Stan e Vivian no Zero-One contra as correnteza, o meio onde nós temos eles encontrando essa cabana, e esse fim onde Vivian passa pelo desespero, "morte" e renascimento. Essa parada do Mew eu já previ desde que eu associei a imagem do capítulo com o item da cabana, embora eu estava tentando me convencer de que Julia estava viva, mas tudo bem, acontece.
Essa parte final, desde o homem que diz que na ilha só há fantasmas até voltarmos no quem é C deixa muito espaço para teorias e até desenvolvimento. Realmente fiquei intrigado, principalmente com o homem estranho que aparece na ilha... O pior foi que eu li a descrição e me lembrei do Red, embora pode ser o Ash que o Dento vive dizendo que é Canon... Mas eu realmente estou aqui raciocinando pra ver se eu descubro. Talvez seja alguém de uma Kanto antiga, ou um personagem qualquer que não conheci, no mais, é um mistério, que eu vou tentar descobrir.
Valeu aí Canas por me, ou melhor, por nos proporcionar mais uma aventura da qual poderemos nos lembrar.
Até depois!
Sir, pode ter certeza que o desastre nas Ilhas Laranja será um assunto extremamente importante no universo da Aliança Aventuras! Aqui foi a primeira vez que vocês ouviram isso ser citado, mas é um dos pontos cruciais que unirá toda a nossa timeline, aos poucos espero que os demais autores cheguem na parte derradeira onde esse evento será explorado, especialmente Kanto e Johto. Com certeza foi algo grande, eu não decidiria apenas afundá-las, fica tranquilo kkkkkk Eu comecei esse especial e mencionei a Julia já pensando nas consequências que o afundamento das Ilhas teria na vida de personagens como a Vivian.
DeleteFico feliz que tenha curtido o capítulo cara, tentei separá-lo em três atos pra ir aumentando a tensão antes do suspiro final, a Vivian não precisou de 100 capítulos para ter a sua própria Jornada do Herói, da morte ao renascimento, que doideira, né? kkkk Usei o Mew porque ele é um dos pontos chave em Pokémon Snap, é o último Pokémon que você precisa fotografar. No meu plano inicial, a Vivian teria encontrado o túmulo da prima, mas achei pesado demais, prefiro deixar que o leitor intérprete se a Julia está viva ou não, sei lá, são tantas teorias!
O homem misterioso levanta muitas ideias interessantes, ao mesmo tempo que parece óbvio, também fica o mistério de como ele chegou nesse estado... Não se preocupe, tudo isso se relaciona com as atuais fics da Aliança, a Julia é o último elemento interligado com uma fic antiga, agora as pontas estão devidamente fechadas.
Obrigado por continuar acompanhando mais um especial das distantes terras de Sinnoh, quem diria que aquele capítulo que começou como uma brincadeira para explorar uma revanche da Vivian com o Falkner acabou se tornando uma jornada tão profunda kkkkkkk Acho que esse sempre foi meu principal intuito, que as histórias mais simples acabem nos marcando de alguma maneira. Grande abraço, e até a próxima!
Ai caray Canas
ReplyDeletePoxa mano, Julia senpai nao esta entre nos. Logo nao havera yuri. É um dia de lamento para todos nos. *pombo*
Mas caraca, que bom ler coisas assim. Capitulos pequenos e também inspiradores. Ay
Poxa, que aventura ne, e altas referencias! Achei muito legal!
E tipo, po, MEW, QUE QUE TA ACONTECENDO MANO, QUASE ME PERDI
E AQUELE CARA LA MANO, É TIPO UM ASH OU RED TÁ LIGADO, OU NENHUM DOS DOIS, OU NINGUEM
OU APENAS
F A N T A S M A S
UHUL
Consegui por ler tudo só agora (eu me esqueci e fiquei jogandofufufufu)
Gostei muito dessa mini serie de capitulos. Bom trabalho Canas!
Oi oi, White! É sempre um prazer recebê-la aqui ♥ Mesmo que Julia não esteja mais entre nós, o aprendizado dela será eternizado na Aliança Aventuras! Acredita que, parando pra pensar, eu acho que ela foi a primeira personagem homosexual da Aliança? Lembro dela já demonstrar isso pouco antes da Wiki, o que mais tarde abriu espaço para muitos outros casais do Aventuras em Sinnoh como o Mozilla e Marco, Dawn e Cynthia, Lana e Vallerie na sua fic e por aí vai. Ela deixou um legado enorme para trás kkkkkk
DeleteAchou curtinho? Menina, esse capítulo devia ter umas 5500 palavras, é dos grandes! E esse especial pode enganar, mas passou das 50 páginas. Se você leu tudo e não se cansou, significa que fiz um bom trabalho em manter os leitores entretidos.
Teve Mew usando seus poderes de transformação, um cara sinistro usando boné do Red/Ash (o que é deveras importante para a timeline da Aliança Aventuras, depois te contamos!), enfim, o que começou como um especial engraçadinho sobre as aventuras da Vivian acabou rendendo muito pano para teorias e mistérios, hein? kkkkkkk Fico muito feliz que tenha gostado White, agora, quem sabe ainda rola aquele especial yuri entre Cynthia e Dawn ou um inusitado Capítulo 102? Conto com você por aqui para conferir o resultado :3 Beijos!
Opa
ReplyDeleteNão comentei no capítulo anterior, mas tô aqui (mesmo demorando).
Cara, ótimo capitulo, ótimas referências. E aquele fantasma, Red?
Mew, se transformando em coisas aleatórias desde o filme do Lucario.
Infelizmente não li as aventuras nas Ilhas Laranja, mas mesmo assim o capítulo foi muito emocionante.
Ver a Vivian chorando é muito impactante para qualquer um que conheça a personagem.
E quem será que enviou a carta, será que foi a Cynthia, o professor Carvalho?
Eu acho que foi o....
CANAS!
Isso mesmo, hahahahagahahha.
Não sei se você ja revelou, mas tá ai.
Bom, ótimo capítulo e até o próximo especial ou Sinnoh 2.0.
Opa, toda hora é hora de comentário, Alefu! Ainda mais daqueles inesperados, é sempre legal voltar de uma festa ou de um dia corrido e saber que alguém mais curtiu o capítulo kkk Esse especial inteiro teve referências de sobra, e o fantasma então? Deixei uma sementinha plantada para coisas que só acontecerão daqui há muito tempo, espero que tanto eu quanto os autores consigam chegar até lá!
DeleteSaudades das Ilhas Laranja, ninguém tem nem um print para lembrar da história ou dos personagens :') Assim como a Vivian disse, "agora ela só existe na minha memória". E legal você comentar da cena onde ela chora, realmente, foi um baque! Ver a Dawn chorando, ou até o Luke e o Lukas, não causa o mesmo impacto. Até hoje nunca tínhamos tido a chance de fazer uma viagem tão pessoal ao lado da Vivian, eu mesmo adorei entender mais essa minha personagem que merecia tanto carinho.
E quanto à revelação final, mencionei só nas notas pra confirmar que era o C de Canas, mas eu quis deixar subentendido, como se a causa de tudo isso não fosse importante, e sim, o resultado. Eu só precisava que a Vivian viajasse, então é engraçado imaginar que a vida também é assim, muitas vezes só precisamos de um empurrãozinho do "destino" para ir e tentar algo novo, né? kkk Fico feliz que tenha concluído a leitura cara, torço para que voltemos a nos ver na Sinnoh 2.0!
Chega ao fim mais um especial aqui em Sinnoh. Cara, como você busca essas referências de tão longe pra poder montar todas essas histórias, ao mesmo tempo que executa a evolução de personagens que você considerava esquecidos.
ReplyDeleteVivian e Stan tiveram o momento de atenção que mereciam. Eles precisavam dessa pitada de protagonismo na história. A Dawn também evoluiu muito aqui, mas não vou falar muito sobre ela agora, porque eu sei o que vem por aí. ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Eu fiquei me perguntando quem era o Sr. C. Essa dúvida ficou martelando nos parágrafos finais, e eu já frustado por imaginar que jamais descobriria, daí as coisas foram se encaixando e surgiu na minha mente a teoria de que o C poderia significar Canas. Porque eu sempre vi muito em você essa questão de se tornar íntimo de seus próprios personagens, saca? E aí tive essa confirmação lendo acidentalmente a sua resposta ao comentário do Alefu logo acima.
Aproveitando o gancho, esse cara misterioso seria quem? O boné a princípio me fez pensar na hipótese de ser o Red, mas não consegui pegar a referência dessa cicatriz. É tanta informação que eu me perco kkkkk
Parabéns por mais um trabalho concluído. A gente nunca se cansa de vir aqui ler algo novo com esse ambiente azul em volta :v
Terminar um especial, mesmo esses curtinhos de 3 ou 5 capítulos, sempre me trazem uma baita sensação de dever cumprido. Isso era ótimo para me manter motivado enquanto eu continuava avançando na história principal, é bom sentir isso outra vez. Vivian e Stanley eram de longe os que mais mereciam isso, fico feliz por finalmente ter dado um momento para que os dois brilhassem e provassem porque eram personagens merecedores do Omascar kkk E falando em personagens esquecidos, eu tenho começado a lembrar de tanta coisa que deixei meio inacabada em Sinnoh, agora mesmo me veio à mente o Looker, o Proton... E acho que tenho umas ideias bem loucas de como trabalhar com eles na Sinnoh 2.0 kkkkkkkk
DeleteSempre gostei de brincar com essa quebra da quarta parede entre autor e personagem, isso é ainda mais nítido em Matéria por exemplo, no fim das contas é como se o velho Canas continuasse olhando e zelando por cada personagem, afinal, a aventura deles continua mesmo sem que precisemos escrever sobre elas kk
Hmm, um cara de chapéu familiar, porém diferente do que estamos acostumados, e ainda por cima com uma cicatriz... Isso é muito importante para nosso universo da Aliança. Eu pensei que você já soubesse, até porque discutimos esse assunto no grupo ultra mega blaster secreto de produção de fics, mas talvez você não estivesse online no dia kkk Depois comenta com o Dento que te damos uma explicação geral sobre tudo que rolou!
Valeu por sua presença em terras estrangeiras, caro companheiro, acompanhando e comentando minhas histórias doidas. 2019 agora é o ano de você terminar Sinnoh de uma vez por todas, e dá uma corrida porque o 102 já está saindo do forno e vai ter mais uns 4 ou 5 capítulos para acompanhar kkkkkk Grande abraço!
É, eu não tava preparado pra Sinnoh 2.0! HAUSHDAUSHD Quando eu imaginei como esse especial ia terminar, não imaginava que ia ser assim! Foi tudo tão leve e risonho que depois você deu aquele tombo na gente sem mais nem menos?!!! O que você fez com a gente na Elite não foi suficiente?? HAUSDHASU
ReplyDeleteTô brincando, porque tudo foi tão necessário e foi um puta final poético. Quem diria que esse especial não só funcionaria como um fechamento de alguns personagens que mereciam um pouco mais de espaço, como também para fechar algumas coisas que ficaram abertas nos próprios blogs. Lembro do Talk Show, das duas primas juntas e desses momentos e especiais que remetem não só a um passado delas, mas mesmo um momento dos próprios autores... Foi um jeito muito bonito de encerrar algo que ficou aberto, e que precisava desse fechamento. Sinto que foi um ponto final em algo muito maior que um arco de fic, foi lidar com o próprio fechamento de um ciclo sem que houvesse chance de despedida.
Sério, que coisa linda... A cena da Vivian foi devastadora, tem personagens que a gente sabe que quando perdem a calma é porque a coisa fica séria. A gente não gosta de ver ninguém chorando, mas quando vê alguém como a Vivi, que geralmente é a pessoa que sempre coloca todo mundo pra cima, isso derruba muito. A cena dela entregando a presilha foi linda, muito linda mesmo. No final das contas, fazer de Sinnoh esse espaço onde você podia elaborar experiências, vivências, memórias e sonhos foi o que tornou tudo tão especial, tudo como uma casa que a gente sempre gosta de visitar e se sentir acolhido, igual à casa da família da Vivian. E, ainda hoje, é tudo tão de coração que nunca perde a beleza. Obrigado por trazer essa sensação pra gente de novo, é sempre um prazer imenso visitar as terras de Sinnoh <3
Se tem uma coisa que eu amo é começar algo de um jeito super bobinho nível almoço com batatas gratinadas, e quando menos se espera a história evolui para SEQUESTRO, FIM DO MUNDO, BATALHA SANGRENTA ENTRE GUILDAS E GIJINKAS E ESPADAS KKKKKKK Nunca será o suficiente.
DeleteQue show você comentar isso da Vivian! A gente se acostuma tanto a ver aquele personagem que está sempre feliz que quando ele chora por qualquer motivo que seja, rapaz, quebra o coração todinho. Acho que foi a primeira vez que a Vivian falou tanto sobre coisas do coração, que ela parou de ser "aquele alívio cômico" e o leitor percebe que ela sente como qualquer outro.
E eu queria saber justamente da sua reação por você ser um dos poucos da velha guarda mano, poucos aqui lembram da Júlia ou do Talk Show! Você sabe como as duas eram apegadas, e eu nunca aceitei essa ideia de que um dia ela simplesmente esqueceu a prima. Só quem fez parte daquela época doida vai entender o real peso por trás desse capítulo, é como uma carta que o "eu" atual envia para o passado, é a nossa forma de dizer: Tá tudo bem agora.
Lembro que eu e o Dento planejamos esse plot todo em dois dois, foi um verdadeiro fechamento mesmo. Eu amo esses simbolismos, e às vezes amamos tanto alguém que tudo que podemos fazer é permitir que eles partam. No final do Pokémon Snap sua última missão é fotografar a Mew, e tem essa questão dela ser o único Pokémon com Transform além do Ditto.
É, querida Júlia, que você siga seu caminho em paz rumo à terra onde vivem os personagens das fanfics deletadas... Querido Haos, muito muito muito obrigado por tirar um madrugadão e comentar todos esses capítulos, foi um verdadeiro presente! Já ri bastante, me emocionei e matei a saudade, porque sempre que alguém comenta em algo meu eu volto para dar uma olhadinha no capítulo e lembrar de como foi a sensação de escrevê-lo. Você já tem seu quarto de honra separado aqui nas terrinhas frias, sempre <3