Os últimos dias eram marcados por grande agitação na casa da Liga Pokémon, rumores sobre treinadores capacitados começavam a rondar dentre os membros da elite que se encontravam numa grande discussão do caminho que o governo deveria tomar para Sinnoh. A campeã Cynthia estava em seu escritório, cada um de seus Pokémons guardados dentro de suas pokébolas, e todas as suas vontades presas com eles. A moça havia se tornado campeã para viver o resto de seus dias atrás de uma mesa analisando papeladas e assinando contratos. A vida de campeão era mais dura do que aparentava.
A loira já estava impaciente com todas aquelas anotações, perdia a paciência de ficar presa naquele lugar, rodeada de pessoas interesseiras que não se davam nem na oportunidade de proporcionar um ombro amigo se necessário. Sentia falta dos tempos de sua aventura, de estar ao lado daqueles que amava, e no fim das contas, sua grande ambição de tornar-se o campeã de Sinnoh resumiu-se a uma mesa de escritório. A caneta falhou, a loira mexeu três vezes sem que a tinta voltasse. Forçou a ponta dourada com tanta força no papel que um rombo foi aberto de uma ponta a outra pela raiva e impaciência. Cynthia soltou um grito de desgosto e deixou a sala sendo capaz de acordar a Liga inteira.
Logo na porta do escritório da moça estavam dois dos membros da elite, Mark e Allen. O homem de óculos estava com mais uma papelada em mãos, mas só de ver o olhar da moça já era possível ver o seu estresse, logo, de forma sutil ele afastou as tarefas de perto da campeã. Cynthia jogou o cabelo para trás e soltou um suspiro, até que Mark ousou pronunciar-se:
— Senhorita Cynthia, precisa de ajuda?
— Não. — respondeu ela, tentando manter a calma — Só preciso ir embora daqui. Desaparecer dessa fortaleza.
A moça não havia nascido para ficar presa, precisava de liberdade. Quando se alcança seus maiores sonhos começam a chegar as demais tarefas, e você perde seu rumo, então, a vida parece perder todo o sentido.
Allen era o equilíbrio da equipe, e de fato, seria quem melhor desempenharia o papel de campeão se aquele cargo fosse deixado por Cynthia. Ele ajeitou os óculos e direcionou-se à moça:
— Gostaria de adiantar o período de férias, Senhorita Cynthia?
— Eu não posso, já enrolei demais. O governo está um caos, não consigo manter o controle de nada. São contas, números, afazeres importantes, reuniões. É como se eles quisessem me prender em uma gaiola. — disse Cynthia.
— Eu sei como se sente. — comentou Allen — Saudades do brilho de uma aventura? Do frescor do vento, da adrenalina de uma batalha... Saudades de voltar a ser uma criança sendo que nosso único objetivo era se divertir e seguir nossos sonhos... Eu compreendo.
Cynthia esboçou uma feição de tristeza, parecia estar com um pouco de febre. A moça cambaleou até o sofá e desabou sobre ele de forma cansada.
— Chega de trabalho. — disse ela — Eu preciso esfriar a cabeça. E acho que me distrair um pouco...
— Então você tem sorte de ter a Elite contendo os membros mais casuais e desatentos no mundo. Para não dizer outra coisa. — disse Allen com um sorriso — Por exemplo, digamos que a terceira casa defendida por Kyle e Lins encontra-se num momento de festa com show e bebidas à disposição do público.
— Estou indo para lá. — respondeu a moça.
Cynthia saiu de seu escritório a caminho da área onde se situava as arenas da Liga Pokémon. Aparentemente estava muito lotada, haviam outros treinadores e figuras famosas no pedaço, como uma festa de ricos que esbanjam dinheiro e não encontram mais nenhum método de gastá-lo. A loira não precisou de muito para chamar atenção e calar todos os visitantes logo na entrada. No momento Kyle e Lins estavam em um sofá com algumas garotas em volta, mas até mesmo a música parou quando Cynthia se aproximou. Todos pensaram que a festa tivesse terminado.
— Por favor, continuem. Eu só vim aqui para me divertir. — respondeu ela.
Lins riu e pediu para que o garçom trouxesse mais uma rodada da melhor bebida. Eles juntaram uma mesa para que toda a Elite se sentasse na companhia da campeã, com exceção de Ike, que odiava locais muito movimentados. Logo as bebidas foram servidas, Lins era um sujeito que sabia como dar uma festa, enquanto Kyle escolhia os melhores convidados e as melhores músicas. O loiro chamou por um rapaz que estava no palco com uma guitarra, ele também era um treinador, e por sinal um dos melhores na temporada do ano passado. Seu nome era Theo, e com o passar dos dias acabou por desenvolver uma amizade com a terceira da elite.
— Theo, manda ver uma boa música para nossa chefia! — disse Lins.
— Pode deixar, vou tocar uma que ela sinta em seu coração. — respondeu o rapaz.
Lins riu, e voltou sua atenção para a mesa. Apontou para o palco com a cabeça, dizendo na sequência:
— Conheci esse cara há alguns meses. É um treinador e tanto, do tipo venenoso, além de ser uma boa pessoa. Se não estivesse tão ocupado em uma turnê eu iria pedir para que assumisse o cargo de líder de ginásio. — disse Lins.
— Ele parece tão novo. — comentou Mark.
— Você também parece novo, e está na Elite. — brincou Kyle — A questão é que apesar dos inúmeros treinadores novatos que começam suas jornadas, sempre existe alguém para marcar presença todo ano. Treinadores novos sempre surgem para representar.
— Pena que esse ano não trouxe ninguém forte o bastante para nos derrubar. Fala aí. — disse Lins.
— Temos sim, vocês que são desatentos e não prestam atenção às reuniões. Devo dizer que na última segunda feira realizamos...
— Allen, por favor, vamos falar sobre algo que não seja relacionado à reuniões compromissos ou trabalhos. — pediu Cynthia.
— Perdão, minha senhora, é a força do hábito.
— Eu sei que você desempenha perfeitamente o papel como o mensageiro da equipe, e por sinal, você até mesmo me ajuda em muitos momentos com os contratos e compromissos. Mas hoje não, por favor. — comentou a campeã.
Allen tomou um pouco de seu drink e se calou, enquanto Lins ergueu a taça e comemorou:
— Demoro, demoro! Nossa campeã! Sempre tão bela e cheia de vida, ela é gente como qualquer outra, tem que curtir um pouco. Um brinde, um brinde à Senhorita Cynthia!
— Oh, por favor, sem cortesias, estamos juntos nessa. Eu estava apenas precisando de um pouco de descontração e conversar com alguém que não fale de compromissos e reuniões. — respondeu ela.
— Veio para o lugar certo, princesa. Trabalho não é com a gente não. Heh, heh... — riu Kyle.
— Acho fascinante a forma como vocês se dirigem à sua chefe. — continuou Allen de forma descontraída.
— Hoje estamos aqui para aproveitara assim como todos os outros dias. — acrescentou o sujeito de cabelos vermelhos — Se chegamos ao topo quem é que vai nos tirar? Essa nova geração? Me poupe, nunca vi treinadores tão fracos, nenhum deles se compara aos tempos de ouro. Se depender da nossa companhia e da boa vontade do Ike, defenderemos essa Liga para sempre.
— Então devo dizer que me deparei com algumas boas novas vindas de Pastoria. Estão lembrados de nossa última reunião? Aquela que vocês não compareceram. Tratamos de assuntos junto de todos os líderes a respeito do que acontece de novo em Sinnoh. E agora, os filhos de Walter Wallers, o lendário, parecem estar causando muita repercussão...
Por um momento tanto Kyle quanto Lins decidiram se calar. Mark ficou pensativo, afinal, todos eles haviam se encontrado com aqueles irmãos em sua trajetória. Allen lançou um olhar para Cynthia que o observava de forma séria.
— Me desculpe novamente, Senhorita. É a força do hábito...
— Não, não. Acho que é um fato interessante, não escondo que os filhos de alguém que respeitei durante toda a minha infância estejam atuando no mesmo ramo. Diga-me quais são as boas nova sobre esses rapazes? — perguntou Cynthia.
— Um deles é um coordenador, o outro, treinador. São irmãos gêmeos, e ambos brilham com a mesma intensidade. Recebi um relatório de que Lukas Wallers vem causando grandes revelações nos Contests por que passa, ele tem ideias e luta pela igualdade, e onde quer que esteja ganha ainda mais admiração. Agora quanto ao Luke, devo dizer que apenas uma comparação seria o suficiente para fazer com que vocês tremam até a base. Estão dizendo que é um treinador tão capacitado quanto o Volkner.
A risada de Lins foi interrompida. A música continuou a rolar, mas por um momento a mesa da Elite manteve-se em silêncio. Volkner foi simplesmente o treinador mais memorável de sua temporada. Nunca enfrentou a Elite por ser convidado a virar líder de ginásio antes, mas caso decidisse enfrentar a Liga por um algum motivo, ele certamente faria um enorme estrago de modo que nenhum deles ali presentes fossem capazes de segurar.
— É... Ouvi dizer que o Volkner pretende enfrentar a gente no fim do ano caso o vencedor da Liga seja um fiasco. Precisamos estar preparados, derrubar esse cara vai ser jogo duro. — disse Kyle.
— Treinem, meus companheiros. Treinem muito. Vocês estão a duvidar da capacidade da nova geração? Digo que temos algumas figuras que representam os tempos de ouro. — disse Allen.
— Eu mesmo tive a oportunidade de me encontrar com os Irmãos Wallers, e sinceramente, se eles seguirem o mesmo nível de crescimento que tinham até a disputa da Liga teremos algumas grandes revelações. — continuou Mark.
— Me parece muito interessante. — disse Cynthia, apoiando um dos cotovelos sobre a mesa e revelando um sorriso de curiosidade.
Seus pensamentos eram cobertos de dúvidas, afinal, onde estariam aqueles garotos promissores? Cynthia sentia uma verdadeira necessidade de enfrentá-los um dia, mas naquele momento tudo que ela precisava era calma. Haveria a Liga no fim do ano, e se tivesse sorte o vencedor seria aquele jovem treinador. A única coisa que não era certeza era sua vontade para continuar no cargo, ser o campeão era uma tarefa maçante.
Enquanto a conversa fluía, logo eles puderam ver a figura de um homem se aproximando. Ele vestia um par de óculos de sol que o tornava reconhecível onde quer que fosse, e naquele instante, parecia ter surgido exatamente quando se precisava dele. Era Glenn Combs, outrora um grande membro da Elite 4 da Liga Pokémon.
— Cynthia, a campeã de Sinnoh! É um prazer conhecê-la, Senhorita, e devo dizer que sua beleza é ainda mais admirável pessoalmente. — elogiou o homem — Se me permite dizer, sua voz é espetacular, eu adoraria gravar uma música ao seu lado algum dia, sou o dono de uma gravadora muito famosa. Meu nome é Glenn Combs.
— Um dos integrantes da Elite em seus tempos de ouro. Você trabalhava ao lado de Senhor Walter, estou certa disso?
— Sim, nós ainda somos muito próximos, desde os tempos de moleque. — respondeu Glenn com um sorriso que esboçava vagas lembranças de sua época. Cynthia fez um aceno cortês e convidou a sentar-se na mesa.
— É uma honra tê-lo aqui. Agora a pouco falávamos sobre os filhos do ex-campeão.
— De fato, esses dois pestinhas se destacam por onde quer que passem. — Glenn gabava-se como se fossem seus próprios filhos.
— É uma pena que um deles tenha agido de forma incoerente nos últimos ginásios. Dizem que ele zomba dos líderes e causa enormes equívocos.
A risada e o prestígio de Glenn logo desapareceram quando a moça lhe dirigiu palavra. O homem colocou sua taça na mesa e esboçou uma feição de dúvida.
— Foi mal, eu não entendi direito. Está querendo dizer que um dos filhos do Walter tem ilusões de superioridade?
— Certamente. — respondeu Allen, que estava ao lado.
— Ele também?
— O que quer dizer com isso? — perguntou Cynthia.
— Senhores, minha senhora, peço-lhes licença, preciso fazer uma ligação.
Glenn correu para fora do salão de festa, sacou o Pokégear e imediatamente tentou fazer uma ligação. O celular apitava, apitava, e apitava. Tocou três vezes antes de anunciar a caixa postal. Glenn desligou-o aos murmúrios.
— Vamos lá, velho. Atende logo.
Não houve resposta. Glenn se encontrou obrigado a mandar uma mensagem para aquela pessoa e esperar que recebesse uma resposta o quanto antes. Marcou cada letra com cuidado e atenção, apenas torcendo para que ela chegasse às mãos do remetente o quanto antes.
Em algum lugar distante de Pastoria um grupo de aventureiros mal podia imaginar que eram capazes de atrair a atenção até mesmo das figuras da alta Elite. Para o governo dirigir sua atenção à apenas duas crianças era porque elas realmente se destacavam e tinham a capacidade de chegar longe.
Porém, naquele momento os Irmãos Wallers não passavam por bons momentos. Dawn estava sentada em sua cama do Centro Pokémon de cabeça baixa e com as mãos no rosto. Parecia pensativa e abalada desde os ocorridos na batalha de ginásio da manhã passada, a menina ainda refletia e lembrava-se das palavras ditas por Luke em seu momento de raiva. Nesse momento, foi Lukas quem entrou no quarto da menina. O garoto parecia ainda mais frustrado e deprimido. Dawn ergueu-se num pulo dirigindo sua palavra ao amigo.
— Encontraram o Luke? — perguntou ela.
— Não, e acho melhor ele continuar escondido. Por causa dele a Vivian e o Stanley foram embora. — disse Lukas, não escondendo um pouco da raiva.
— Como assim?
— O Stanley ficou realmente irritado com aquele acontecido, e depois de tudo, alegou quase não conhecer o amigo que tinha antes. Parece que os dois estão em pé de guerra novamente, então, eles decidiram continuar a viagem até Veilstone, como eles tinham planejado.
— A Vivian foi com ele?
— Sim, de uma maneira ou de outra ela ainda é a acompanhante de viagem dele, e não poderia deixá-lo sozinho. Os dois estão seguindo para Veilstone agora. — continuou o garoto.
Dawn esboçou uma triste feição e sentou-se na cama novamente.
— Eu gostaria poder ter me despedido adequadamente. Nessa situação parece que o Luke e o Stanley se tornaram verdadeiros rivais, mas é uma sensação pior do que quando ele lutou contra o Lúcio. Eu nunca queria que isso tivesse acontecido, jamais, jamais...
— Ei, ei! — disse Lukas, segurando nos ombros de Dawn — Não foi culpa sua, okay? O Luke é quem escolheu esse caminho para ele, então as consequências virão de uma maneira ou de outra.
— Mas o que podemos fazer para lidar com essa situação? Continuamos viagem ao lado dele? Eu não sei se eu seria capaz de continuar amando ele, sendo que no fundo eu... Sempre acreditei que ele não gostasse de mim. — disse Dawn caindo no choro. Lukas tentou consolá-la, e ficou assim por mais um tempo. Sua estadia em Pastoria havia terminado, e agora os jovens continuariam sua viagem até a próxima cidade por uma longa semana.
Dawn continuou deitada na cama lamentado em silêncio. Quando ela disse já estar melhor Lukas desceu as escadarias do Centro para continuar sua busca pelo irmão. Depois de um tempo finalmente encontrou o garoto em um penhasco com vista para o mar.
Lukas aproximou-se sem dizer nada, seu irmão se virou, fitando-o por um momento. Logo tornou a virar e encarar o oceano mais uma vez.
— Eu acho que estou perdendo a cabeça. — presumiu Luke.
Lukas não respondeu, por um momento sentiu vontade de gritar com seu irmão e colocar tudo para fora, mas não o fez. De uma maneira ou de outra, ele era seu irmão, e gritar num momento como aquele só pioraria a situação. Preferiu ficar em silêncio e apenas ouvir. Sentou-se ao seu lado ainda sem encará-lo.
— Eu não sei o que deu em mim. — comentou Luke — Eu só sei que... É inevitável.
— A Dawn ficou mal por sua causa. A Vivian e o Stanley foram embora por causa disso. Todos nós ficamos muito chateados por conta de seus atos...
— E mais, meus Pokémons me odeiam agora. Fiz eles lutarem contra quem mais amam no mundo, levei um esporro da Titânia, xinguei a garota que eu mais adoro, eu levantei a voz pra você, cara! Você, que tentava me proteger! — dizia Luke.
— Não consegue se controlar? — perguntou Lukas chateado, notando uma imensa tristeza no coração do irmão.
Luke escondeu seu rosto entre seus braços, ficou encarando o chão como se não tivesse coragem de olhar para o irmão numa situação como aquela.
— É como se uma voz ficasse falando dentro de mim, ficasse gritando que eu sou invencível e eu ficasse apenas ali parado, vendo tudo acontecer... Consegue entender o que estou dizendo?
— É complicado dizer... — prontificou-se Lukas.
Luke ainda estava de cabeça baixa, por um momento encolheu-se em seu canto como uma criança que teme por levar uma surra, e apesar de toda a raiva que cobria seu coração, as palavras seguintes foram proferidas com tanta sinceridade que era possível ver que ele também sofria.
— Eu não quero perder vocês. — fez-se uma pausa — E eu sei que se eu continuar assim vou perder.
Luke ainda estava sentado, sério. Àquela altura poderia dizer que ele queria chorar, mas nenhuma lágrima escorreu de seu rosto. Luke era um garoto forte, e parecia decidido por cada decisão que tomava. Suas próximas palavras soaram quase que como uma lástima:
— Lukas, eu quero que vocês sigam viajem sem mim.
Fez-se um silêncio por alguns segundos até que ambos tivessem compreendido o sentido daquela frase. Lukas não recuou, pelo contrário, levantou a voz em direção de seu irmão.
— Você está de brincadeira? Nós somos gêmeos, desde que nascemos nós dois estivemos juntos, e você acha que é agora que nós vamos nos separar?
— Mas se eu continuar assim eu vou acabar te machucando de novo! — Luke gritou — Eu não aguento mais fazer você e a Dawn chorarem por minha causa. — sua voz foi diminuindo de tom até se tornar apenas um sussurro — Dói demais...
Lukas conseguia apenas escutar o desabafo do irmão, Luke enterrou o rosto nas mãos, o barulho das ondas tornava-se mais forte com a batida na encosta e o silêncio pairava.
— Luke... — Lukas colocava as mãos nas costas do irmão afagando-as em uma demonstração de carinho — Todo mundo pode errar um dia, ainda dá tempo de você mudar.
— Não sei se consigo.
— Mas é claro que consegue! Você é meu irmão gêmeo, eu sou a pessoa que mais conhece sua força interior e sua vontade! Levanta.
Lukas esticou a mão para Luke que ergueu-se num salto, ainda cabisbaixo sem saber muito bem como encarar o irmão que agora lhe dava uma lição de moral bem merecida.
— Você pode contar com a gente para tudo que vier. A Dawn é sensível, e todos nós nos encontramos em um momento delicado agora, mas eu não vou deixar que isso aconteça mais.
— Não vou aguentar te machucar novamente.
— Iremos dar um jeito nisso!
— E se eu perder o controle de novo, e...
— Eu não vou deixar.
Luke ergueu o cenho e encarou o irmão esboçando um sorriso. Lukas abriu os braços para lhe dar um abraço, prometendo que estaria ao lado dele nos piores momentos até o dia em que Luke realmente se tornasse o treinador mais poderoso de Sinnoh, mas junto de todos os seus amigos.
— Eu prometo que dessa vez eu vou protegê-lo. — Lukas sorria.
Luke suspirou, se aconchegou mais ao abraço do irmão, sua cabeça que antes possuia um turbilhão de pensamentos começava a clarear, as memórias ruins agora só pareciam pesadelos distantes. No fundo Luke sentiu que queria mudar, não por si mesmo, mas por Lukas, por Dawn, pelas pessoas que lhe eram importantes. O treinador apertou mais o irmão e sorriu.
— Esse não era o papel do irmão mais velho? Proteger o irmão mais novo?
— Nós somos gêmeos. — riu Lukas.
— Continuo três minutos mais velho.
Os dois se encararam e riram juntos, apesar de tudo, Lukas também amava seu irmão e estava disposto a lutar por isso, Luke sentia o mesmo, no fundo do seu coração queria mudar, mas sabia que seria uma tarefa árdua.
— Pronto para seguir viagem? — perguntou Lukas.
— Acho que sim.
— Comece se desculpando com a Dawn, vamos seguir lentamente e retomar nosso estilo antigo com o tempo. Seus Pokémons acreditam em você, nós acreditamos em você, e eu torço por sua recuperação. Todos nós torcemos.
O garoto sorriu, agradeceu, e logo começaram a caminhar. Luke voltou-se para o oceano que tinha sua ondas batendo no penhasco com voracidade, mas também recuavam com uma calma tremenda.
— Obrigado por não desistir de mim, irmãozinho.
— Hum? Disse alguma coisa?
— Ah, nada não, vamos indo, ainda tenho que me desculpar com a Dawn e com todos os meus pokémons.
Lukas sorriu, seria uma batalha enfrentar todos esses problemas, mas juntos, o garoto sentia que tudo daria certo, pois juntos eles poderiam enfrentar qualquer coisa.